20
NEXT PUB • TERMINAL DA TAIPA Lao Si Io admite que não sabe em quanto ficará PÁGINA 2 • VIOLÊNCIA DOMÉSTICA IAS e DSAJ não sabem onde está a lei PÁGINA 4 • LEI DO PATRIMÓNIO Comissão vai entregar diploma segunda-feira PÁGINA 3 USO DE POWERPOINTS EM TRIBUNAL DIVIDE JUIZ E DEFESA PÁGINA 6 LA SCALA AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • QUINTA-FEIRA 18 DE JULHO DE 2013 • ANO XII • Nº 2895 PUB MOP$10 PUB Ter para ler Foram ontem conhecidas as regras de investimento na Ilha da Mon- tanha. Quem lá quiser pôr uma empresa terá de investir, no mínimo, 200 milhões de yuan e garantir um volume de negócios de 300 milhões por ano. As PMEs de Macau, a quem foram prometidos mundos e fundos, ficarão obviamente de fora. PÁGINA 5 200 MILHÕES DE YUAN Mínimo para investir em Hengqin A ver a ilha por um canudo WAN KUOK KOI “Dei muito dinheiro aos portugueses” CENTRAIS ENTREVISTA À REVISTA NEXT

Hoje Macau 18 JUL 2013 #2895

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Edição do jornal Hoje Macau N.º 2895 de 18 de Julho de 2013

Citation preview

Page 1: Hoje Macau 18 JUL 2013 #2895

NEXT

PUB

• TERMINAL DA TAIPA

Lao Si Io admite que não sabe em quanto ficará

PÁGINA 2

• VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

IAS e DSAJ não sabem onde está a lei

PÁGINA 4

• LEI DO PATRIMÓNIO

Comissão vai entregar diplomasegunda-feira

PÁGINA 3

USO DE POWERPOINTS EM TRIBUNAL DIVIDE JUIZ E DEFESA PÁGINA 6LA SCALA

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • QU INTA-FE IRA 18 DE JULHO DE 20 13 • ANO X I I • Nº 2895

PUB

MOP$10

PUB

Ter para ler

Foram ontem conhecidas as regras de investimento na Ilha da Mon-tanha. Quem lá quiser pôr uma empresa terá de investir, no mínimo, 200 milhões de yuan e garantir um volume de negócios de 300 milhões por ano. As PMEs de Macau, a quem foram prometidos mundos e fundos, ficarão obviamente de fora. PÁGINA 5

200 MILHÕES DE YUAN Mínimo para investir em Hengqin

A ver a ilha por um canudo

WAN KUOK KOI

“Dei muito dinheiro aos portugueses” CENTRAIS

ENTREVISTA À REVISTA NEXT

Page 2: Hoje Macau 18 JUL 2013 #2895

TIAG

O AL

CÂNT

ARA

TIAG

O AL

CÂNT

ARA

2

Depois do relatório do Comissariado de Auditoria ter revelado que o novo terminal marítimo na Taipa custa mais cinco vezes do que o valor inicial, Lao Si Io garan-tiu não ter certezas de que os custos ficarão pelos três mil milhões. Mas agradeceu ao CA pelo documento e garante que, agora, vão ser feitos estudos “profundos”.

O ESSENCIAL

hoje macau quinta-feira 18.7.2013POLÍTICA

O Secretário para as Obras Públicas falou sobre o relatório do Comissariado de Auditoria. E pôs mais gasolina no fogo

ANDREIA SOFIA [email protected]

O secretário para os transportes e obras públi-cas, Lau Si Io,

não sabe quanto vai custar o novo terminal marítimo na zona do Pac On. A indeci-são dos valores foi ontem confirmada em declarações aos jornalistas, à margem de mais uma reunião sobre a lei de terras.

“Vamos esforçar-nos para que as estimativas não se prolonguem mais do que o previsto. Não podemos fazer nenhuma promessa, porque o projecto está em andamento e há condições que são imprevistas.”

Lau Si Io disse ainda que “em diferentes fases deverá ser feita uma actualização, e por isso vamos fazer as actualizações e chegar a um

RITA MARQUES [email protected]

O Governo mostra-se em-penhado em estudar o plano sobre “Terra de

Macau destinada a residentes de Macau”. Depois do anúncio, em

OBRAS LAU SI IO DESCONHECE CUSTOS TOTAIS DO TERMINAL DA TAIPA

“Não podemos prometer um número certo”

POLÍTICA “TERRA PARA RESIDENTES” SERÁ ESCRUTINADA POR INSTITUIÇÕES ACADÉMICAS

Terras para quem as apanhar

A ideia, por diversas vezes discutida em plenário, prende-se com a possibilidade dos novos aterros e os terrenos revertidos ao Executivo poderem ser entregues aos residentes ou para construção de infra-estruturas públicas, como habitação social

Maio, de que a Universidade de Macau (UMAC) estaria encarre-gue de fazer o estudo da política habitacional, ontem foi publicado em Boletim Oficial que está nas mãos do Instituto Politécnico de Macau (IPM) o “estudo e análise económica e jurídica sobre ‘Terra

número certo no final, que vai ser um pouco diferente do que o previsto inicial-mente”. “O tamanho do projecto está definido, mas não podemos dizer que as estimativas terão um núme-

ro certo, porque talvez haja insuficiências que precisam de ser melhoradas. Estamos a esforçar-nos para ter um número certo, mas não podemos prometer”, disse ainda.

O relatório do Comis-sariado de Auditoria (CA), divulgado esta semana, dá conta da derrapagem de um projecto cujo valor aumen-tou cinco vezes desde 2007, altura em que o plano do

terminal foi alvo de mu-danças. De 583 milhões de patacas, o projecto passou a custar mais de três mil milhões.

Apesar de desconhecer os valores certos, Lau Si Io garantiu que as obras no Pac On estarão concluídas até ao final do ano.

RELATÓRIO COM “RESULTADOS POSITIVOS”À semelhança da resposta já dada pelo Gabinete para o Desenvolvimento de Infra--estruturas (GDI), responsá-vel pelo projecto, Lau Si Io disse que o Executivo vai seguir à risca as indicações do CA.

“O relatório teve resulta-dos positivos e vamos fazer um profundo estudo e umas melhorias de acordo com o relatório. O Governo vai seguir o principio de usar adequadamente o erário público e um adequado planeamento.”

Para além da parte finan-ceira, o CA acusou ainda o GDI de não ter feitos estu-

dos sobre o futuro fluxo de passageiros, prevendo que o novo terminal possa não ter capacidade.

Mas Lau Si Io disse apenas que, apesar de existir “uma base” do que deve ser feito, o Executivo “ainda está a procurar as formas de fazer as melhorias”.

“O mais importante é que a função do terminal seja adequada ao seu futuro desenvolvimento e utiliza-ção. É muito importante ver como vamos fazer no futuro uma maior ligação entre o transporte aéreo, terrestre e marítimo. Houve muitas mudanças no desenvolvi-mento de Macau e notámos que no local do terminal houve mudanças ao nível dos viadutos e do movimen-to de pessoas.”

Lau Si Io disse ainda que o novo terminal não vai servir apenas para o transporte de passageiros, à semelhança do que já acon-tece com o terminal existente na península, onde é feito o transporte de mercadorias.

de Macau destinada a residentes de Macau”. O Chefe do Gabinete do Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Wong Chan Tong, será o responsável pela celebração dos dois contratos com o Executivo.

A ideia, por diversas vezes discutida em plenário, prende-se com a possibilidade dos novos aterros e os terrenos revertidos ao Executivo poderem ser entregues aos residentes ou para constru-ção de infra-estruturas públicas, como habitação social.

A nova adjudicação denota agora as preocupações de Lau Si Io, que disse, no início do ano na Assembleia Legislativa, ser uma

Lau Si Io

matéria muito complexa ao nível jurídico, já que era preciso iden-tificar se as empresas registadas no território estarão incluídas ou não neste plano, por exemplo. No entanto, o responsável disse também que rejeitava o modelo de Hong Kong na implementação desta política. Em seu entender, excluir as pessoas colectivas e vender casas a não-residentes só após trinta anos da compra não lhe parece viável.

O próprio Chefe do Execu-tivo, Chui Sai On, admitiu em plenário este ano que eram ne-cessários mais estudos sobre o tema, uma vez que se mostrava confuso com o conceito.

Para já, não há data para imple-mentação do política, nem tampou-co prazo fixado para a conclusão do estudo. Também não está ainda fixado o valor que o Governo irá pagar às duas instituições.Chui Sai On

Page 3: Hoje Macau 18 JUL 2013 #2895

3 políticahoje macau quinta-feira 18.7.2013

RITA MARQUES [email protected]

A reunião de ontem pretendia “resol-ver os problemas” deixados do dia

anterior. No entanto, mais questões foram levantadas ao Governo, que esteve no-vamente representado pelo secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Cheong U, o que atrasa para segunda-feira a afinação destes detalhes.

“Este é o deadline, temos de terminar todos os trabalhos para finalizar a última versão para apresentar ao Chefe do Executivo e do seu gabinete ser então encaminhada a versão alternativa”, explicou ontem Cheang Chi Keong,

20 listas na corrida às eleições JÁ estão disponíveis para consulta em edital

os nomes de todos os candidatos às próximas legislativas e a relação entre as candidaturas, no sufrágio directo e indirecto. Segundo os Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), estão na corrida um total de 145 candidatos pelo sufrágio indirecto, num total de 20 listas. Pelo sufrágio indirecto mantém-se os cinco colégios eleitorais. Até ao passado dia 15, os SAFP rece-beram um pedido de rectificação de morada por parte da “União para o Desenvolvimento”, de Kwan Tsui Hang. Foi ainda feito um pedido de “substituição de candidato inelegível” no âmbito do sufrágio directo.

A “Aliança da Democracia de Sociedade”, de Ng Cheok Hei, e a “Frente do Movimento Operá-rio”, de Wong Nai Seong e Chio Chun Tai, foram eliminadas porque “não gozam de capacidade eleitoral activa”. Os mandatários da candidatura ainda podem reclamar junto dos SAFP até ao pró-ximo dia 22. De seguida será publicado um edital com a “relação completa de todas as candidaturas admitidas” nas instalações do grupo candidato.

ANDREIA SOFIA [email protected]

AS entidades que no passado ob-tiveram terrenos do Governo a título gratuito vão ter direito ao

prazo de um ano para decidirem se a concessão em questão vai estar abran-gida ao abrigo da velha Lei de Terras ou se, pelo contrário, passa a reger-se pelo novo diploma.

Esta medida de transição entre os dois diplomas foi o ponto mais importante do debate de ontem que juntou deputados e Governo. Contudo, os deputados não querem que a finalidade do terreno seja alterada, caso o proprietário se decida pela nova lei.

“No período de um ano o concessio-nário pode reverter a concessão gratuita por uma onerosa, basta ir pagando um prémio adicional. Mas uma vez con-vertido para uma concessão onerosa, pode-se ou não mudar a finalidade inicial? Na proposta de lei, mesmo que seja alterada para uma concessão paga, não é permitida a mudança de finalida-de. O que pretendemos é que, mesmo permitindo a conversão, e da opção dentro do prazo, o concessionário não possa mudar a finalidade”, explicou a deputada Kwan Tsui Hang.

A medida transitória vai abranger so-bretudo associações sem fins lucrativos, que receberam do Executivo terrenos de forma gratuita para construírem as suas

instalações. Hoje os deputados vão voltar a reunir-se, uma vez que ainda não há consenso sobre a questão.

“A posição do Governo é aberta uma vez que se tratam de concessões antigas e depois de terminado o prazo não po-dem ser feitas alterações”, disse Kwan Tsui Hang.

“Há quem entenda que isto já prevê uma mudança de finalidade, e que isto pode prejudicar os interesses de determinadas pessoas. Há ainda opiniões que entendem que, uma vez feita a conversão, esse terreno deve ser tratado de forma idêntica a outros terrenos onerosos”, acrescentou a deputada, que preside à comissão de análise do diploma.

EXPROPRIAÇÕES EM “APERFEIÇOAMENTO”Para a nova reunião, ficou também agendada uma clarificação da adenda sobre as expropriações pedidas pelos proprietários de bens classificados ao Governo. “A norma ainda está em aperfeiçoamento. Há que reunir vários requisitos”, explicou Cheang Chi Keong, sem meios de resposta para dar conta das indemnizações que serão atribuídas ou se os proprietários terão apoios financeiros do Governo para custear as obras de reparação do imóvel. “Devemos ver a expropriação como um furo para ser aproveitado porque há imóveis que se vão deteriorar e não havendo mecanismo, é difícil de poder salvaguardar ou proteger esse imóvel”, justificou a nova medida.

“As assessorias das duas partes [Governo e AL] vão continuar até ao fim-de-semana a discutir no sentido de introduzir os ajustamentos que sejam necessários porque temos de arrumar o texto de trabalho para a reunião”Cheang Chi Keong,

deputado

LEI DE TERRAS CONCESSÕES ANTIGAS COM PERÍODO TRANSITÓRIO

Pagar ou não pagar, eis a questão

Ainda há muitas “questões pendentes” que estão a atrasar a produção da versão final da proposta de Lei de Salvaguarda do Património. Mas o prazo (segunda-feira) será cumprido. Custe o custar

PATRIMÓNIO DEPUTADOS PREOCUPADOS COM O ANDAMENTO DA DISCUSSÃO

Cumprir prazo... a bem ou mal

presidente da 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL).

“As assessorias das duas partes [Governo e AL] vão continuar até ao fim-de--semana a discutir no sentido de introduzir os ajustamen-tos que sejam necessários porque temos de arrumar o texto de trabalho para a reunião”, frisou o deputado, salientando a preocupação face ao andamento da dis-cussão e pressão de trabalho, numa altura em que a lei terá impreterivelmente de ser aprovada em plenário até 15 de Agosto.

DÚVIDAS E SOLUÇÕESSobre as novas questões que despertam dúvidas, Cheang

Chi Keong explica que se referem, por exemplo, às no-vas zonas de protecção (re-presentadas num mapa ane-xo à lei). “Algumas medidas e plano de gestão devem ser estendidos ou aplicados às zonas de protecção mas haverá problemas.[...] As

medidas a serem aplicadas ao centro histórico e às zonas de protecção são as mesmas? Ou há necessidade de uma tratamento diferenciado?”, questiona o representante da 2ª Comissão.

No entender da mesma, as duas soluções conjun-

tamente seria o ideal. No entanto, não especificou quais as velhas e novas regras a serem aplicadas às zonas de protecção, nem se esta será ampliada. “Temos pedido à assessoria para es-tudar e analisar o problema”, indicou.

Outra das novas questões apresentadas prende-se com os imóveis em vias de clas-sificação. “Entendemos que as restrições aplicadas aos imóveis classificados também se devem incluir nos em vias

de classificação”, defende a comissão, ainda que entenda que “não devem ser atribuídos os mesmos direitos”.

Recorde-se que o prazo de classificação foi encurta-do para 12 meses em vez dos 18 meses iniciais, segundo a versão apresentada esta semana pelo Governo aos deputados. Uma emenda considerada “benéfica” pela comissão, que sugeriu esta alternativa, clarificou ontem Cheang Chi Keong. “Caso contrário, durante esse perí-odo o imóvel seria afectado porque não pode ser transac-cionado. E mais com o apoio do Conselho do Património Cultural é considerado um prazo bastante longo. Quan-to mais demorado, maiores os malefícios.”

Page 4: Hoje Macau 18 JUL 2013 #2895

A Lei da Violência Domés-tica é um engulho para um Governo que nem sabe dizer onde ela anda. O IAS empurra para a DSAJ que empurra para o IAS. Mas a sociedade civil mexe-se: uma petição para considerar crime público já recebeu 5300 assinaturas e existem uma série de iniciativas na manga. Os promotores querem saber a opinião dos candidatos às eleições sobre a matéria para que as pessoas possam votar em consciência.

O ESSENCIAL

4 hoje macau quinta-feira 18.7.2013SOCIEDADE

CECÍLIA HO REUNIÃOCOM IAS FOI “DESAPONTANTE”

DSAL Quase dois mil pediram emprego Dados referentes ao segundo trimestre deste ano mostram que houve 1938 candidatos inscritos na Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) para a obtenção de emprego, uma redução de apenas 1% face aos primeiros três meses do ano. “Despedimento” e “termo do contrato” foram as principais razões para a procura de emprego, num processo onde 53% dos candidatos possuíam entre 45 e 59 anos. Os que “acabaram de chegar a Macau” eram 6%, enquanto que apenas 5% procurava o primeiro emprego. Quanto às habilitações literárias dos candidatos, 52% tinham apenas o ensino secundário, enquanto que os candidatos com licenciatura ou mestrado eram apenas 15%. As vagas mais procuradas foram para os cargos de segurança nos prédios, “trabalhador não qualificado nos estaleiros de obras de construção”, empregos administrativos, de limpeza e relacionados com vendas. Os salários exigidos pelos trabalhadores variaram entre 8659 e as 10919 patacas. Contudo, a fasquia apresentada pelos empregadores foi mais baixa, situando-se entre as 7050 e as 9364 patacas. “As maiores diferenças observaram-se nos salários de segurança ou porteiro de prédio e vendedor, com mais 23% em cada valor salarial”, explica a DSAL.

Famílias Inquérito a orçamentos está quase prontoA Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) pretende concluir a recolha de dados, e fazer o respectivo tratamento, do “Inquérito aos Orçamentos Familiares 2012\2013” ainda este ano. É o que indica um comunicado da própria DSEC, que realizou ontem a 26ª sessão plenária da Comissão Consultiva de Estatística. Para o segundo semestre deste ano, a DSEC quer “iniciar a revisão do período base do Índice de Preços do Consumidor (IPC), divulgar os resultados sobre a participação da população local em actividades culturais, assim como realizar a Conferência Satélite do Congresso Mundial de Estatística”. No que diz respeito à ligação com a Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM), face à divulgação de dados financeiros, a DSEC garante que a entidade “continuará a executar funções de órgão produtor de estatísticas oficiais da RAEM”.

RITA MARQUES [email protected]

A FINAL quando será concluída a produção da proposta de lei con-tra a violência domés-

tica? O Governo parece não saber. Nem quando será entregue à As-sembleia Legislativa nem onde se encontra. Isto porque nenhum dos dois departamentos do Executivo responsáveis pela produção do di-ploma tem em mãos o documento.

Em resposta escrita ao HM, o Instituto de Acção Social (IAS) explica que “a lei já chegou à última fase”. Uma expressão que deixa dúvidas. Está nos preparos finais para ser entregue à aprova-ção do Conselho do Executivo? A pergunta foi feita por telefone à porta-voz do organismo mas a resposta não foi conclusiva. “Não sabemos quando vai ser entregue. Se é este ano ou não ainda não sabemos. Está já na competência da DSAJ, a quem cabe a apresentação da proposta de lei”, indicou.

DE HERODES PARA PILATOSA bola passou, por isso, para o organismo tutelado por André Cheong, também questionado pelo HM. “Esta direcção de serviços não dispõe actualmente da proposta de lei de violência doméstica pelo que não tem conhecimento sobre o seu procedimento legislativo”, reagiu por e-mail.

Não se sabe em que mãos pára a proposta de lei contra a violência doméstica. O IAS passa à DSAJ, que diz já ter “concluído os trabalhos de análise” e que “não dispõe da proposta de lei”

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA IAS E DSAJ DIZEM NÃO TER EM MÃOS A PROPOSTA DE LEI

O diploma fantasma

5300assinaturas foram já recolhidas

no sentido de tornar a violência

doméstica num crime público

Então está na competência de que departamento? A questão foi depois dirigida via chamada telefó-nica, um porta-voz da DSAJ expli-cou que “já concluiu os trabalhos de análise sobre esta proposta de lei” e, por isso, já não se encontra com o objecto em mãos.

O organismo disse ainda que é ao IAS a quem cabe a entrega depois ao Conselho do Executivo. O IAS nega. E o círculo vicioso de relegar competências continua. Em resposta tardia, no entanto, o organismo, presidido por Iong Kong Io, avança que “o Governo está a fazer a revisão final” e, por isso, deverá estar na competência da “área jurídica”, não adiantando porém mais pormenores.

OPINIÕES EM ABERTO?O IAS recebeu recentemente o Grupo de Cidadãos pela Violência Doméstica como Crime Público, organizado por Cecília Ho, profes-sora do programa de serviço social no Instituto Politécnico de Macau, que elaborou uma petição para criminalizar publicamente o acto.

Até agora, já conta com 5300 assinaturas, entre as quais quatro deputados, 27 associações, entre as quais dois grupos feministas de Hong Kong. “Durante a reunião, os participantes todos consideram que a legislação precisa de ser melhorada para ajudar as vítimas de violência doméstica”, explica o IAS.

O grupo pretende ainda convi-dar candidatos às eleições legisla-tivas para saber se concordam com a criminalização pública ou semi--pública da violência doméstica, de modo a que os eleitores votassem em consciência sobre uma matéria importante.

“Estamos agora a planear uma conferência de imprensa, em meio ou fins de Agosto, juntamente com visionamento de filme sobre violência doméstica e um fórum de

discussão, para anunciar as nossas preocupações e alertar o público que elege a saber se o candidato em que vota está a favor da vio-lência doméstica enquanto crime público”, explica Cecília Ho ao HM. Mas a recolha de opiniões parece estar a chegar ao fim. “A sociedade já teve uma discussão extensa e o Governo também já ouviu muitas opiniões preciosas.”

Cecília Ho deixou claro que a reunião com o IAS foi “desapontante”. “Tentaram apenas convencer-nos a acreditar que encaram muitas dificuldades e obstáculos ao tornarem a violência doméstica num crime público, que advêm do sistema legal, nomeadamente, do Código Penal. E que se propusessem mudar a lei, demoraria cinco ou seis anos, por isso, solicitaram o nosso apoio e pediram que desistíssemos”, explicou a académica, que usa as palavras “inútil” e “ineficaz” para o crime semi-público aplicado a esta prática já que “não alcança a tolerância zero”, ainda que tenham a intenção de prevenção na nova lei. “Nesta recolha de assinaturas, recebemos cinco casos”, continuou. “Se os vizinhos e assistentes sociais que detectem estes casos, ainda que os denunciem, a vítima não irá

apresentar uma queixa formal que será necessária no caso de crime semi-público e nada será feito para ajudá-las. Nós reiterámos esta visão ao IAS”, frisou. Sobre a inviabilidade do processo legislativo poder ser revertido, a académica remete culpas para o atraso do sistema jurídico em Macau, que coloca as vítimas e membros familiares em risco. “O que posso dizer é que se o Governo é irresponsável e não respeita nem ouve os cidadãos, enviaremos uma queixa à para a Convenção dos Direitos Humanos da Nações Unidas”, deixou claro. Ainda assim, mantém esperança, e nesse sentido vai entregar a petição ao Chefe do Executivo e o grupo espera também ter uma audiência com Chui Sai On, depois das eleições legislativas, que decorrem em 15 de Setembro.

Ainda assim, a porta-voz do IAS não quis confirmar se a proposta actual que prevê a violência doméstica como crime semi-público se irá manter tal como está. “Não sabemos se será a versão final. Se ainda vão ser recolhidos mais dados ou não. Já não nos cabe a nós recolher quaisquer opiniões. Já não temos palavra a dizer”, frisou.

Cecília Ho

Page 5: Hoje Macau 18 JUL 2013 #2895

As regras de investimento na Ilha da Montanha foram ontem apresentadas. Os res-ponsáveis dizem que existem boas oportunidades para as PMEs. Contudo, a exigência de um investimento mínimo de 200 milhões de yuan e de um volume anual de negócios de 300 milhões de yuan mos-tra que os 30% de espaço que ainda sobram não será para pequenas empresas. Também se fala em criar produtos para entrar no mercado dos países lusófonos.

O ESSENCIAL

5 sociedadehoje macau quinta-feira 18.7.2013

CECÍLIA L [email protected]

O Instituto de Promoção para o Comércio e In-vestimento (IPIM) já recebeu 53 sugestões

de investimento na Ilha da Mon-tanha. Contudo, e com base nas reacções ao seminário de ontem, que serviu para explicar as regras para investir em Hengqin, as Pe-quenas e Médias Empresas (PME) têm receios de não estar à altura de tamanho investimento. Isto porque terão de investir, no mínimo, 200 milhões de yuan e ter um volume de negócios anual na ordem dos 300 milhões de yuan.

Liuyang, director do Con-selho de Gestão da Nova Zona de Hengqin, disse que as PME podem optar por juntar-se e criar um grupo grande de investimento. O responsável disse ainda que as terras da Ilha da Montanha são “preciosas” e que já há planos para 70% dos terrenos. Restam apenas 28 km2 para serem desenvolvidos até 2020.

“Temos como alvo o desenvol-vimento dos serviços de alta quali-dade e indústrias transformadoras. Nos últimos três anos a ilha de Hengqin tem registado uma grande

O ensino superior em Macau já apresenta actualmente uma crise por falta de es-

tudantes locais mas a escassez de jovens qualificados vai ser ainda mais agravada. A tese é defendida por Lam Fat Iam, membro do Con-selho de Educação para o Ensino Não Superior, ao explicar que a taxa de nascimento entre 1999 e 2003 foi muito baixa o que resultará em falta de estudantes universitários nos próximos 18 anos. Por essa razão, entende, Macau tem de aceitar a entrada de estudantes não-residentes.

“Agora há cerca de seis mil alunos que acabam os estudos secundários, 85% deles entram no ensino superior. Metade dos quais vão para universidades fora de Macau e cerca de três mil ficam nas universidades locais. Mas a partir do ano lectivo 2018/2019, os graduados da escola secundaria

serão apenas três mil, se a pro-porção de estudantes locais que ficam em Macau for igual, logo, apenas 1500 pessoas vão para as universidades em Macau. Este número não chegará para preen-cher as vagas de primeiro ano de uma universidade”, explicou o académico ao jornal Ou Mun. E, sugere, a sociedade deve ser “mais tolerante quanto à discussão sobre a proporção de estudantes locais e não-residentes” que darão entrada no ensino superior.

Devido ao aumento do cam-pus da Universidade de Macau (UMAC), que se muda definitiva-mente para a Ilha da Montanha no próximo ano lectivo, e à expansão de oferta académica da Universida-de Cidade de Macau e Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, em língua inglesa), Lam Fat Iam prevê que o cenário deverá piorar drasticamente. “A guerra

no recrutamento dos estudantes está para acontecer no futuro”, defendeu.

NÃO HÁ ALTERNATIVAEm seu entender, não há outra solução para resolver este pro-blema iminente. A proporção dos estudantes não-residentes terá de aumentar no futuro. “Aliás, a pro-porção de alunos não-residentes já é maior nos cursos de mestrado e doutoramento do que os estudantes de Macau. O fenómeno é natural, a sociedade não deve manter a sua posição conservadora.

O problema que deveria ser endereçado era melhorar o nível das universidades. Se os profes-sores perderem o trabalho por falta de estudantes.” Lam Fat Iam considera que, para atrair estudan-tes melhor, as universidades têm que aumentar a sua qualidade de ensino e investigação. “Isso não

será resolvido em curto-prazo, mas podemos desde já fortalecer a promoção, aproveitar a vanta-gem de Macau enquanto cidade internacional e garantir bolsas de estudo aos não-residentes, a fim de incentivá-los a escolher as uni-versidades locais. Assim podemos escolher os melhores.”

Por outro lado, explica, é pre-ciso balançar o mercado conforme a procura. Agora o recrutamento de estudantes não-residentes deve ser reforçado mais tarde, quando houver mais estudantes locais, pode voltar a ser minimizado esta absorção de alunos de fora.

A nova política, que permitirá os residentes não-locais a estudar cá, explica o académico, não implica que sejam absorvidos no mercado de trabalho local, tal como tem sido debatido em praça pública pela sociedade. Esse não é para já o problema, garante. - C.L.

Ng Kuok Cheong critica controlo orçamentalNg Kuok Cheong apresentou ontem uma interpelação oral questionando as falhas no sistema de controlo orçamental. Na interpelação, Ng aponta que a razão das falhas é a falta de legislação relevante, perguntando ainda quando vai o Governo criar a proposta da lei e o mecanismo de fiscalização correspondente. O deputado frisa ainda que sob o sistema orçamental existente, os cidadãos “têm razão para se preocupar com o terminal marítimo de Pac On, a UMAC na Iha da Montanha, metro ligeiro e outras obras”. “O governo de RAEM deve terminar com rapidez os orçamentos completos e exactos das obras para que seja satisfatória a resposta ao público”, destacou.

Quais PMEs, qual quê... A Ilha da Montanha fica reservada para “tubarões”, a maior parte do continente

ILHA DA MONTANHA EMPRESAS TERÃO DE INVESTIR,NO MÍNIMO, 200 MILHÕES DE YUAN

Pobrezinho não entra

intensidade de investimento, com uma estimativa de 21,4 mil milhões de yuan.”

Segundo Yenzhen, vice-direc-tor do mesmo conselho, os primei-ros projectos poderão começar a ser desenvolvidos logo no primeiro trimestre de 2014. Os valores dos

ENSINO SUPERIOR ESPECIALISTA ALERTA SOBRE CRISE EM CINCO ANOS

Recrutamento de estudantes abrirá guerra

terrenos vão ser ajustados a cada seis meses.

VALORES A BATER NO CÉUPara o sector comercial e financei-ro, o primeiro andar de um edifício para estas funções pode ir dos cinco mil até aos 10 mil yuan por

metro quadrado, o que pode atingir os 200 milhões de yuan com os cálculos totais. As empresas terão de pagar até 75 milhões de yuan em impostos, por ano.

Jackson Chang, presidente do IPIM, garantiu que os interessados poderão entregar os requerimentos

entre 1 de Agosto e 31 de Outubro. Como tal, devem ter, no mínimo, uma experiência de dois anos em actividades comerciais. Os pro-jectos que estejam de acordo com os planos políticos de cooperação regional terão vantagens, o que poderá ser positivo para “motivar as PME a participar de forma conjunta”, disse Jackson Chang.

OLHAR O MERCADO LUSÓFONOChen Yuehua, vice-director do de-partamento do comércio da província de Guangdong, disse ter efectuado visitas a sete países de língua portu-guesa desde 2009, tendo confiança no mercado lusófono para os inves-timentos em na Ilha da Montanha.

“Com os 126 milhões de dó-lares norte-americanos do fundo de cooperação entre a China e os países de língua portuguesa, considero que os negócios desta nova zona podem entrar nos países lusófonos. Por isso já estou à espera da terceira Conferência Ministerial do Fórum Macau”, concluiu.

Page 6: Hoje Macau 18 JUL 2013 #2895

TIAG

O AL

CÂNT

ARA

POWERPOINTS O QUE DIZ A DEFESA

6 sociedade hoje macau quinta-feira 18.7.2013

JOANA [email protected]

O Tribunal Ju-dicial de Base (TJB) permi-tiu ontem o

acesso a PowerPoints para “ajudar” à memória de uma testemunha do Co-missariado contra a Cor-rupção (CCAC), em mais uma sessão do julgamento do caso La Scala. Apesar de uma oposição total da defesa, Mário Silvestre – presidente do colectivo de juízes – aceitou o recurso a esta tecnologia, ainda que com condições que acaba-ram por não ser totalmente cumpridas.

A situação não é nova. Os investigadores do CCAC, arrolados como testemu-nhas pelo Ministério Pú-blico (MP), já têm vindo a servir-se de powerpoints para traçarem o percurso dos arguidos, a estrutura de empresas e datas de diversos eventos nos julgamentos de Ao Man Long - condenado a

“Em que ponto ficará a espontaneidade das respostas se

está tudo preparado?”

Alexandre Correia, advogado de Chan Ying Lun

“Ouvir a testemunha como se fosse o julgador é inoportuno”

Ana Fonseca, advogada de Xun Yanping

“Oponho-me, a testemunha deve usar-se da memória e não

dos powerpoints, que nem correspondem ao que está nos

autos”

Ho Chon Hou, advogado de Fong Chun Yau

“Expresso a minha mais profunda discordância, transforma

a testemunha num perito sem que este o seja”

Pedro Redinha, advogado de Luc Vriens

“Como é que uma testemunha vem aqui, de forma ilícita

interpretar e tirar conclusões de documentos que não estão

nos autos? Já tivemos isto em julgamentos anteriores, mas

os maus exemplos não devem ser seguidos”

Rui Sousa, advogado de Steven Lo

“As testemunhas vão conduzir o MP e o tribunal, parece que

o CCAC é que é o juiz”

Leong Weng Pun, advogado de Joseph Lau

“É intolerável que estas coisas continuem a acontecer

em tribunais de Macau, qualquer dúvida no conteúdo

do depoimento deverá ser esclarecida por consulta aos

documentos constantes dos autos e terão de ser indicados

por quem está a inquirir a testemunha”

João Miguel Barros, advogado de Pedro Chiang

LA SCALA TRIBUNAL PERMITE POWERPOINTS PARA AUXILIAR MEMÓRIA DE TESTEMUNHAS

Tecnologia origina mais uma polémicaO dia foi agitado ontem no TJB. Tudo devido à permissão do uso de powerpoints pelas testemunhas do CCAC. O juiz disse que é para avivar a memória dos investigadores, mas a defesa contestou que estas testemunhas são “privilegiadas”, por terem sido arroladas pela acusação e serem as únicas que se podem socorrer de documentos

29 anos e meio de cadeia por corrupção - e nos dos casos conexos. Entre os documen-tos mostrados, aparecem ainda excertos “truncados” e “descontextualizados”, segundo a defesa, dos cha-mados cadernos da amizade. Era nestas agendas, recorde--se, que o ex-secretário para as Obras Públicas e Trans-portes apontava os alegados encontros e negócios com os seus corruptores.

MALFADADA TECNOLOGIA O recurso a este meio foi contrariado diversas vezes e ontem voltou a não ser excepção. O dia foi muito agitado em mais uma au-diência, não tendo havido quase tempo para inquirir testemunhas. Os advoga-dos de defesa começaram logo de manhã a opor-se à utilização dos powerpoints, até porque alguns – como o caso da defesa de Steven Lo – já tinham apresentado requerimentos para que este processo não fosse utilizado.

“A lei objecta documen-

Chiang, respondem a tudo do MP porque já estão progra-mados, mas quando fazemos perguntas nunca se lembram”, continuou João Miguel Bar-ros. As testemunhas do CCAC fazem também parte do rol da acusação no caso das ETAR, que tem Pedro Chiang como arguido por corrupção e lava-gem de dinheiro.

Lei Tong Leong, contu-do, afirmou que “se não o dei-xassem usar o powerpoint, não iria poder responder”. A inquirição vai continuar na próxima semana, para que o investigador tenha tempo de apresentar um powerpoint “mais limpo”, ou seja com documentos apenas constan-tes dos autos.

tos manipulados e fabri-cados pelas testemunhas, que não correspondem aos originais de onde foram extraídos”, começou por dizer Rui Sousa, defesa do empresário de Hong Kong.

Todos os advogados subscreveram isto e todos dizem que o uso dos po-werpoints peca pelo mesmo problema: estas testemunhas – “que ajudam na conde-nação” – não respondem a perguntas, fazendo uma palestra e, dizem ainda, con-duzindo elas o julgamento.

“Trazem a tribunal um depoimento ensaiado (...), vêm fazer um discurso, não prestar um depoimento e com uma ideia preconcebida do que vêm dizer, sem es-pontaneidade”, atirou João Miguel Barros, defensor de Pedro Chiang, acrescentan-do que as testemunhas do CCAC, pelo facto de serem arroladas pelo MP, são pri-vilegiadas.

O TJB deixou, no en-tanto, a inquirição da teste-munha seguir. Apesar de ter

colocado como condições que Lei Tong Leong não se utilizasse de documentos que não estivessem nos autos e que se socorresse dos powerpoints apenas se necessitasse que lhe fosse avivada a memória, o Chefe do Departamento de Investi-gação do CCAC iniciou um discurso sobre a estrutura da Moon Ocean, empresa de Steven Lo que adquiriu os terrenos em frente ao aero-porto, e sobre encontros que Ao Man Long terá tido (ver texto na página 7).

ACESSO AOS CADERNOS ORIGINAIS Um dos problemas que os advogados dos arguidos apontam para a utilização deste esquema – além de considerarem ser violador da lei – é o facto de alguns documentos aparecerem truncados, não permitindo que a defesa consiga fazer o contraditório.

Ontem, contudo, e ape-nas pela segunda vez em julgamentos conexos ao de Ao Man Long, o juiz per-mitiu que os originais dos cadernos da amizade fossem mostrados aos advogados. No entanto, devido ao dever de sigilo, a defesa não pode mencionar nomes constan-tes nesses apontamentos, uma vez que o julgamento é público.

A manipulação é ou-tro dos argumentos mais batidos da defesa. “As testemunhas vêm antecipar as alegações finais do MP, tomando posição a favor da acusação”, disse João Miguel Barros, acrescen-tando que os investigadores do CCAC tomam como princípio de que todos os arguidos são culpados. A acusação de manipulação de documentos não foi bem digerida pelo procurador--geral adjunto, que disse ser esta uma acusação grave. “Não posso aceitar que me digam que há conluio entre

o MP e o CCAC, para conde-nar uma pessoa inocente.”

Toda a defesa queixa-se, no entanto, que os investiga-dores do CCAC são privi-legiados. “Se a testemunha não se lembra, então para-se a inquirição. Não vejo por-que é que temos de forçar a memória? Estiveram aqui testemunhas que falaram de casos relativos a 2004 e disseram que não se lembra-vam e ninguém os forçou, e esta, que fala de casos mais recentes (2008), precisa de powerpoints. Só porque é do CCAC e ajuda a acusação”, criticou Rui Sousa.

“A testemunha também é minha e não traz documentos consigo que ajudem Pedro

Page 7: Hoje Macau 18 JUL 2013 #2895

POWERPOINTS O QUE DIZ A DEFESA

CCAC Ao Man Long com Lau e LoDepois de ter sido dada autorização para que Lei Tong Leong, Chefe do Departamento de Investigação do Comissariado contra a Corrupção (CCAC), falasse, o investigador afirmou que Ao Man Long teve encontros com Joseph Lau e Steven Lo, os dois empresários de Macau responsáveis pelo empreendimento La Scala. Os dois homens, recorde-se, estão acusados do crime de corrupção activa por alegadamente terem pago 20 milhões de patacas ao ex-secretário para as Obras Públicas e Transportes para ficarem com os terrenos em frente ao aeroporto. Lei Tong Leong afirma que o CCAC sabe que os dois homens mantiverem contactos com Ao Man Long. “A 22 de Junho, [Joseph] Lau, [Steven] Lo e Ao Man Long encontraram-se num restaurante do hotel Golden Dragon”, começou por dizer a testemunha, apresentando um documento. Rui Sousa e Leong Weng Pun, defesa dos dois empresários, interromperam dizendo que, do papel do CCAC, não constava o nome de nenhum dos homens. Lei Tong Leong apresentou então outro documento, de registo de entrada e saída nas fronteiras, para dizer que Lo e Lau entraram em Macau às 17h desse dia, acompanhados de mais um homem de apelido Lau, que seria funcionário de Steven Lo e detentor de uma empresa de nome Tou Keng, que, diz o investigador, “foi a empresa que fez a transferência dos 20 milhões de patacas para a conta” de uma das off-shore de Ao Man Long. Mais ainda, diz, os três homens pagaram a conta do restaurante às 20h38 e às 20h46 saíram do território. Segundo a testemunha, a Jones Lang LaSalle – que representava a Moon Ocean no concurso por convite para a aquisição dos lotes onde estava, recentemente, a ser construído o La Scala, sabia de antemão que os terrenos iam ser vendidos. “Uma semana antes do concurso a convite pediram uma planta dos terrenos do aeroporto à Heng Ip [empresa de arquitectos que prestou serviços à Moon Ocean]”, acusou Lei Tong Leong. Esta tem sido uma das armas da acusação, mas a defesa contesta que o facto de existirem estudos prévios para os lotes provém do facto de se saber no meio imobiliário que os terrenos já estavam à venda desde os anos 90. A audiência continua para a semana com a mesma testemunha e mais duas provenientes também do CCAC, arroladas pelo MP. Estas são as últimas a serem ouvidas antes das alegações finais do julgamento. - J.F.

7 sociedadehoje macau quinta-feira 18.7.2013

NO início do quatro trimes-tre arrancam as obras de construção da passagem

de ligação entre a Estrada da Bela Vista e a Avenida de Venceslau de Morais. A ideia, explica a Direcção de Serviços de Obras Públicas e Transportes, é aliviar a “pressão cada vez maior” de trânsito entre a zona norte, o

centro da cidade e os NAPE. Sobretudo, refere, aquando da vedação da Rua dos Pescadores, por exemplo, durante o Grande Prémio de Macau (GPM).

No entanto, o projecto só deverá estar concluído em ano e dois meses (420 dias), logo, não irá beneficiar as deslocações na 60ª edição do GPM, que este

ano se prolonga por dois fins--de-semana. O viaduto terá um comprimento de 110 metros e duas faixas de rodagem, apenas num sentido, que somente serão abertas nos dois sentidos na altura do evento de modo a facilitar a circulação.

A construção vem equipada de um passeio para permitir aos

peões deslocarem-se directamente ao Jardim da Montanha Russa, à zona do lazer do reservatório e às escolas perto.

A DSSOPT recebeu quatro propostas para a construção do viaduto, cujo orçamento máximo ascende às 25,9 mil patacas e deverá garantir cerca de 60 novos postos de trabalho. - R.M.R.

Anteneiros aceitam cooperar com Governo “A maioria” dos proprietários das companhias de antena (anteneiros) entregou ontem uma “carta de intenção de cooperação e um plano concreto celebrado conjuntamente” junto da Direcção dos Serviços de Regulação de Telecomunicações (DSRT). Segundo um comunicado, os anteneiros terão “revelado que consentem utilizar a fonte dos sinais dos canais televisivos fornecida pela TV Cabo S.A. e transmitir os sinais às famílias através da rede dos fornecedores do serviço de antena comum”. À imprensa chinesa, Yeung Ka Ke, representante dos anteneiros, disse haver um acordo com a solução apresentada a curto prazo depois da decisão do tribunal, por forma a “garantir que todos os cidadãos tenham acesso à televisão. Nós, 12 anteneiros, faremos tudo pelo interesse público”, disse Yeung Ka Ke, garantindo que o acordo é a única solução. O responsável garantiu que as cartas contém diversas perguntas de ordem técnica, entre outras, mas não quis revelar mais pormenores, dado não existir consenso entre os 12 anteneiros. Já o Governo promete concluir a análise da carta “o mais rapidamente possível” por forma a dar “continuidade ao cumprimento rigoroso da decisão do acórdão do Tribunal de Segunda Instância (TSI), do respeito pelo contrato de concessão e sem prejuízo do interesse e direito legal dos cidadãos de receber os canais televisivos abertos”. A DSRT apela ainda a que “mesmo que a carta de intenção recebida envolva a maioria dos fornecedores do serviço de antena comum de Macau, os fornecedores que não constem na carta comuniquem imediatamente com a DSRT ou a TV Cabo, para evitar o impacto na recepção dos sinais televisivos por parte dos cidadãos”.

Suspeita de burla dá prisãoO Ministério Público (MP) concluiu a investigação sobre um caso com “fortes indícios de crimes de falsificação de documentos, burla e branqueamento de capitais cometidos de forma grave”, tendo sido decretada a prisão preventiva do suspeito Kong (mulher), que aguarda julgamento no Estabelecimento Prisional de Macau (EPM). Quanto aos outros dois suspeitos, Ma e Chan, terão de pagar uma caução e realizar apresentações periódicas às autoridades. Kong é mãe de Chan. Segundo um comunicado, a investigação começou em Agosto de 2010, quando a Policia Judiciária (PJ) “comparou uma grande quantidade de documentos financeiros, comerciais e de transacção e descobriu que, desde 2007, Kong trabalhou em colaboração com Ma, dono de uma empresa de construção, e emitiu recibos falsos para o fornecimento de produtos”. A operação levada a cabo pelos suspeitos correu bem, pois terão conseguido burlar seis bancos, com 200 empréstimos financeiros no valor de 2500 milhões de dólares de Hong Kong. “Depois de receber os empréstimos, Ma transferiu o dinheiro para as contas bancárias pessoais ou da empresa de Kong e Chan. O dinheiro foi usado por Kong no investimento financeiro e imobiliário”, aponta o MP. Entretanto, a PJ continua com o caso entre mãos para mais investigação.

RITA MARQUES [email protected]

O diploma de se-gurança alimen-tar, aprovado em

Março deste ano, deverá entrar em vigor em inícios de Outubro. Nessa altura, urge a necessidade de ter já o laboratório do IACM concluído e equipado, uma vez que passará a realizar análises à qualidade de água e dos alimentos para consumo. Ontem, ficou conhecido, por meio de publicação em Boletim Oficial, a abertura de um concurso público para “Aquisição de aparelhos para testes e respectivo

IACM LABORATÓRIO EQUIPADO POR EMPRESA ESCOLHIDA EM CONCURSO PÚBLICO

Em Agosto sem desgosto

SEGURANÇAS NOS MERCADOSOs mercados sob tutela do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) vão ter assegurada a sua segurança, em 2014, por meio de profissionais, seleccionados num concurso público lançado no início do mês por despacho da secretária para a Administração e Justiça, Florinda Chan. Sabe-se agora que as propostas terão de ser entregues até 16 de Agosto.

PASSAGEM ENTRE VENCESLAU DE MORAIS E BELA VISTA ARRANCA EM OUTUBRO

“Aliviar pressão de trânsito” no GP

equipamento de apoio para o laboratório do IACM”. O prazo para entregue das propostas, que devem ser asseguradas por meio de uma garantia financeira no valor de 27 mil patacas, estará aberto até 12 de Agosto.

A par do laboratório do IACM, que deverá estar em funções no mês de Outubro, também o Centro de Segu-rança Alimentar, um dos cinco tipos de serviços que estará agora sobre tutela do IACM. O organismo, que ficará localizado proviso-riamente na Areia Preta, terá uma gestão de divisão e planeamento, responsável por fiscalizar a segurança

alimentar e tratar queixas apresentadas, bem como por investigar incidentes de segurança alimentar e adoptar medidas de pre-venção. Haverá também uma divisão para avaliação de riscos e para o estabe-lecimento de critérios de segurança alimentar, e uma divisão de informação de riscos com competências no contacto com organi-zações internacionais e na comunicação com o público.

Sobre o concurso pú-blico, o IACM irá realizar uma sessão de esclareci-mento, dia 19 de Julho, no Centro de Formação pelas 15 horas.

Page 8: Hoje Macau 18 JUL 2013 #2895

CHINA8 hoje macau quinta-feira 18.7.2013

O membro do Assem-bleia Nacional Popu-lar (ANP), He Keng, pediu ao governo que

corte a meta oficial de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano, abandonando a sua obsessão com projectos de infra-estruturas que desperdiçam dinheiro e, pelo contrá-rio, centrar o seu foco no combate à iminente crise de crédito.

He Keng afirmou ainda que a meta de crescimento deveria ser formalmente reduzida para 7%, dos actuais 7,5% numa reunião do Partido Comunista, prevista para este Outono, a fim de enviar uma mensagem a governos locais para que parem de estar obcecados pelo PIB e tentem melhorar o bem-estar social e elevar os rendimentos.

Os comentários de He suge-rem oposição à política do novo governo de não permitir que o

AS autoridades chi-nesas detiveram, em Pequim, Xu Zhiyong,

um activista que lidera o movimento “Gongmeng”, de-fensor dos direitos civis e que insta os membros do Governo a divulgarem os seus bens para acabar com a corrupção no Partido Comunista.

Em comunicado, a organi-zação Human Rights na China (HRIC) confirma que Xu foi detido na terça-feira na sua residência, onde estava em prisão domiciliária há dois meses, acusado de “reunir uma multidão para perturbar a ordem pública”.

A mesma fonte informou que depois de ser detido, o advogado e activista foi envia-do para o centro de detenção Número 3 da capital chinesa, onde permanece confinado, e que lhe foram confiscados três computadores e um tele-móvel, entre outros objectos.

Xu foi um dos assinantes de uma carta aberta, na qual era pedido às autoridades “que libertem” os cidadãos, pertencentes ao movimento civil, detidos por instarem os membros do Governo a

Investimento da UEcresceu 14,7%O investimento da União Europeia na China no

primeiro semestre de 2013 aumentou 14,7% em relação a igual período de 2012, somando cerca de 32.000 milhões de euros, anunciou ontem o Ministério do Comércio chinês. A UE é o maior parceiro comercial da China, à frente dos Estados Unidos, cujo investimento naquele país também subiu (12,3%), para cerca de 14.000 milhões de patacas. No conjunto, o investimento externo di-recto na China entre Janeiro e Junho cresceu 4,9% em relação a igual período de 2012, para cerca de 480 mil milhões de patacas, indicou a mesma fonte. Aqueles números, que dizem apenas respeito ao sec-tor não financeiro, “demonstram a competitividade e o reconhecimento dos investidores internacionais acerca da situação económica da China”, disse o porta-voz do Ministério do Comércio chinês, Shen Danyang. O investimento oriundo do Japão, país que mantém uma acesa disputa territorial com a China, registou igualmente uma acentuada subida (14,4%), totalizando cerca de 35.000 milhões de patacas. Mais de dois terços do investimento ex-terno directo (IED) na China são oriundos, aliás, da Ásia, nomeadamente de Taiwan, Hong Kong, Japão e Singapura. Em 2012, pela primeira vez em três anos, o FDI na China diminuiu. O porta-voz do Ministério do Comércio chinês disse esperar “um crescimento sólido” durante o segundo semestre de 2013, mas alertou que “não se pode concluir que o IED tenha já recuperado”. A economia chinesa, a segunda maior do mundo, a seguir aos Estados Unidos, está a abrandar e o crescimento de dois dígitos, que marcou as últimas três décadas, parece difícil de repetir.

No primeiro semestre de 2013, o Produto Interno Bruto (PIB) chinês cresceu apenas 7,6%, menos 0,2 pontos percentuais do que a média de 2012, que foi já a mais baixa dos últimos treze anos.

Há quem entenda, na China que o crescimento obsessivo não é a solução. O Governo não concorda

MEMBRO DA ANP ENTENDE QUE SE DEVE CORTAR META DO PIB PARA 7%

As dores do crescimento

DETIDO ACTIVISTA QUE INSTA LÍDERES CHINESES A DIVULGAREM BENS PATRIMONIAIS

O preço das perguntas difíceis

crescimento diminua em vez de confiar na reforma estrutural para colocar a economia num caminho mais sustentável.

Por não concordar com os pedidos de “alguns companheiros” para mais estímulo, argumenta que o governo deveria concentrar-se no combate à dívida no sistema financeiro.

He, que é vice-director do Comité de Negócios Financeiros e Económicos, é a voz mais recente a pedir que o governo adopte uma acção mais agressiva para romper com o passado e centrar foco na solução para a economia.

Xia Bin, conselheiro do gover-no, disse no fim de semana que os argumentos sobre se o crescimento deve ser de 7%, ou de 7,5% não “têm sentido”, porque a economia já está em crise, como resultado de uma dívida incapacitante.

GOVERNO META DECRESCIMENTO SERÁ ATINGIDAApesar destes argumentos, a China deverá ser capaz de atingir

a sua meta para o crescimento económico neste ano e a expan-são no segundo semestre deverá ser firme, afirmou Ma Jiantang, director do Gabinete Nacional de Estatísticas do país. Em en-trevista à agência Xinhua, Ma disse que a China alcançará a sua meta desde que o ritmo das reformas continue e os esforços

7,5%é o número mágico, verdadeiro ou não, que impediu esta semana uma queda acentuada da economia mundial. Mas há quem ache que a China devia apostar nas reformas estruturais e não garantir o crescimento

tornarem públicos os seus activos patrimoniais.

Nos últimos meses, uma dezena de activistas do mo-vimento “Gongmeng” foram encarcerados por pedirem aos membros do PCC, e do Executivo chinês, para

serem mais transparentes com a população, atendendo aos escândalos de corrupção no país.

Entre eles, estão Ding Jiaxi, advogado de direitos humanos, e o activista Zhao Changqing.

Nos últimos meses, a campanha de detenções lançada pelas autoridades chinesas foi duramente cri-ticada por activistas do país e diversas organizações de direitos humanos como a Human Rights Watch que a consideram “a acção mais dura contra aqueles que participam numa campanha para pressionar o Governo a cumprir a sua promessa de lutar contra a corrupção”.

Os líderes chineses desta-caram a necessidade de lutar contra a corrupção na China, tanto no XVIII Congresso do Partido Comunista da China (PCC), em Novembro pas-sado, como na última sessão da Assembleia Nacional Popular (ANP), celebrada em Março.

Algumas das medidas que o Presidente chinês, Xi Jinping, impulsionou foram no sentido de reduzir a osten-tação dos políticos chineses e dar uma imagem mais transparente para fazer face às denúncias dos cidadãos sobre os casos de corrup-ção no Partido Comunista Chinês.

para revelar o potencial da eco-nomia prossigam.

A meta de crescimento do governo chinês para este ano é de 7,5%. Face ao fraco crescimento económico global, a expansão do país perdeu força para 7,5% no segundo trimestre, de 7,7% no primeiro e 7,9% nos três últimos meses de 2012.

Os políticos da China têm afirmado que podem tolerar um crescimento levemente mais baixo enquanto tentam reformar a eco-nomia para ampliar a importância do consumo doméstico e reduzir a dependência de investimentos do governo. Segundo Ma, os esforços da China para acelerar a urbaniza-ção podem ajudar a impulsionar os investimentos e o consumo.

Economistas debatem se a China precisa usar estímulos fiscais ou monetários para sustentar o crescimento da economia e mui-tos cortaram as suas projecções para 2013 a níveis abaixo da meta oficial.

Page 9: Hoje Macau 18 JUL 2013 #2895

9 chinahoje macau quinta-feira 18.7.2013

A terceira maior cen-tral hidroeléctrica do mundo, gerida

pelo principal accionista da EDP (Electricidade de Portugal), a China Three Gorges (CTG), começou a funcionar esta semana, depois de três dias de testes, anunciou na terça-feira a

imprensa oficial chinesa. Trata-se da central de Xiluodu, com capacidade para gerar 13,66 gigawatts, numa dimensão só ultrapas-sada no mundo pela Barra-gem das Três Gargantas do rio Yangtze e o complexo de Itaipu, partilhado pelo Brasil e o Paraguai.

O primeiro gerador da barragem de Xiluodu a entrar em funcionamen-to, com capacidade de 700.000 Kw, começou a fornecer electricidade à China Southern Power Grid, anunciou a China Three Gorges.

Xiluodu fica situada

num afluente do Yangtze que banha as províncias de Sichuan e Yunnan, no sudoeste da China. A cons-trução da barragem, que no conjunto terá 18 geradores, começou em 2005 e estará concluída em 2015.

A China Three Gorges detém 21,3% do capital da

EDP, sendo hoje o maior accionista da eléctrica portuguesa. A participa-ção chinesa foi comprada ao Estado português em 2011 por cerca de 27.000 milhões de patacas, numa das maiores aquisições feitas pela China na Eu-ropa.

O grupo GlaxoSmithKline (GSK), que está a ser investigado por corrupção na China, foi ontem qualificado de “desleal

e desonesto” pelo jornal China Daily, que num editorial acusa a empresa farmacêutica britânica de ter inflacionado os preços dos medicamentos.

As autoridades chinesas referem que o pessoal da GSK subornou funcionários do governo chinês, grupos e indústrias farmacêu-ticas, e hospitais e médicos para promover as vendas de medicamentos da empresa britânica na China, escreve a AFP.

Um editorial publicado ontem no jornal chinês indica que a empresa passou o custo de centenas de milhões de dólares em subornos directamente para os consumidores. “O caso

de corrupção que implica o GSK (...) conduziu igualmente ao aumento do preço dos medica-mentos”, refere o editorial.

Segundo o China Daily, “o dinheiro usado para impulsionar as vendas de medicamentos e prescrições contribuiu para um aumento de 20 a 30 % dos preços que os doentes pagam pelos seus remédios”.

Mais de 20 pessoas, incluindo quatro exe-cutivos do grupo britânico, foram detidas pela polícia neste caso.

O GSK disse na segunda-feira estar “profundamente preocupado e decepcionado com as suspeitas graves de comportamento fraudulento e anti-ético por algumas pessoas dentro da empresa e em agências terceiras”.

JORNAL DESTACA PORTUGAL COMO DESTINO TURÍSTICO

Para saborear devagar

Baidu paga 12 mil milhões por empresade aplicaçõesO Baidu, serviço de buscas mais popular da China e rival do Google, anunciou nesta terça-feira a aquisição da companhia chinesa de desenvolvimento de aplicações 91 Wireless por 12 mil milhões de yuans. De acordo com o site Business Insider, a negociação, considerada como a maior já feita pela empresa, marca a entrada da companhia no mercado de dispositivos móveis. A publicação aponta que a 91 Wireless é especializada no desenvolvimento de aplicações para a plataforma Android, do Google, e tem sua própria loja virtual que é visitada por “milhões” de clientes no país. De acordo com a International Data Corporation (IDC), consultoria especializada em tecnologia da informação, a China é o maior mercado do mundo no sector de smartphones, com mais de 210 milhões de unidades vendidas em 2012. Até 2017, a expectativa é a de que esse número chegará a 460 milhões de aparelhos.

Importações de soja atingem recorde As importações de soja pela China atingirão 7 milhões de toneladas em Julho, superando o recorde do mês anterior, em função da colheita menor no país e do aumento da procura, que devem reduzir os stocks internos ao menor nível em quatro anos, previu nesta terça-feira a consultoria Oil World, com sede em Hamburgo. “As importações chinesas de soja foram impulsionadas para um nível recorde em Junho e também são susceptíveis de ser muito elevadas em Julho de 2013, em parte para repor os atipicamente baixos stocks de soja, para atender a procura da indústria”, disse a Oil World. A China também tem comprado milhões de toneladas de trigo e milho ao longo dos últimas semanas, em parte por causa dos danos da chuva para as suas plantações de grãos.

Guardas de trânsito lutam em cruzamento Durante o trabalho, duas guardas de trânsito discutiram e acabaram poir se agredir mutuamente no meio de um cruzamento em Tangshan, na China. Uma terceira guarda chegou e interveio na pancadaria, separando a briga. O motivo da confusão não foi revelado. As duas polícias foram demitidas após a pancadaria. Um motoristas registou o incidente e publicou as imagens no YouTube.

GSK É “DESONESTO” E AUMENTOU OS PREÇOS DOS MEDICAMENTOS NA CHINA

Consumidores pagam subornos

TERCEIRA MAIOR BARRAGEM DO MUNDO COMEÇOU A FUNCIONAR

Luz ao fundo do rio

U M conhecido jornal de Pe-quim, Xin Jing Bao, de-dicou ontem seis páginas a Portugal, apresentando

o país como um destino turístico que “deve ser saboreado devagar”.

A rara reportagem, patrocina-da pelo Turismo de Portugal e a Emirates Airlines, companhia que desde há um ano voa diariamente do Dubai para Lisboa, é ilustrada com imagens do Porto, Sintra,

Coimbra e Évora. “Aos olhos dos chineses, Portugal é um país familiar e também desconhecido”, assinala o enviado do Xin Jing Bao (Notícias de Pequim).

Logo à chegada, no caminho do aeroporto para o hotel, o jornalista chinês notou que “há muitas flores e grafittis” nas ruas de Lisboa, e des-tacou igualmente o “azul do céu”.

O enviado do Xin Jinb Bao ficou impressionado com o Mosteiro dos

Jerónimos e com o Cabo da Roca, “o extremo ocidental da Europa”, mas deixou um aviso aos compatriotas: “Há poucos restaurantes chineses”.

Como outros países europeus, Portugal está empenhado em atrair turistas chineses.

Em 2011, cerca de 40.500 chine-ses visitaram Portugal - mais 25,95% do que no ano anterior - mas o núme-ro é considerado muito aquém das potencialidades do mercado.

Mais de 80 milhões de chine-ses passaram férias fora do con-tinente chinês em 2012 e muito em breve o número ultrapassará os cem milhões, fazendo da China o maior emissor mundial de turistas.

Os turistas chineses são con-siderados os que mais gastam, sobretudo em marcas de luxo, que no seu país estão sujeitas a elevadas taxas.

Page 10: Hoje Macau 18 JUL 2013 #2895

NEXT

10 hoje macau quinta-feira 18.7.2013WAN KUOK KOI

Wan Kuok Koi deu uma entrevista, pela primeira vez desde que saiu da prisão, à revista Next, de Hong Kong. O HM proporciona aos seus leitores o essencial desta peça jornalística

W AN Kuok Koi acha que tudo o que de mal lhe aconteceu foi por causa de

intrigas das autoridades portu-guesas e que o governo chinês foi “ingénuo” porque apenas seguiu a sugestão dos portugueses.

O homem que também é co-nhecido por Dente Partido afirma que os governantes lusos lhe pe-diram muitas vezes dinheiro. “Se não acreditam em mim podem perguntar aos próprios portugue-ses. Dei-lhes muito porque com a transferência de Macau para a China pensei que eles iam ficar sem dinheiro. A verdade é que fo-ram eles que sempre me pediram. Naquela época não era difícil para mim, devo ter dado cerca de cem milhões”.

Mas Wan não referiu nenhum nome em particular. Finalmente desabafa: “Queria tanto a reunifi-cação, sabia lá que esta me ia levar para a prisão!”

Wan Kuok Koi não pode ainda ouvir o nome de António Marques Baptista, ao tempo director da Polícia Judiciária de Macau, que o prendeu, também conhecido por “Rambo”. A menção de Marques Baptista ainda hoje o enfurece: “Fui injustiçado, fui mesmo in-justiçado!”, disse muito agitado. “Não sabia nada do que aconteceu! Fui acusado de pertencer a uma tríade, mas naquela altura havia tantas pessoas iguais a mim e mais ninguém foi acusado, tirando eu. Fui acusado de agiotagem, mas não conseguiam dizer a quem nem quanto é que emprestei. Fui acusa-do de ser chefe de uma associação

DENTE PARTIDO GARANTE QUE DEU CERCA DE 100 MILHÕES AOS PORTUGUESES

“Foram sempre eles que me pediram...”criminosa e de ter lavado dinheiro mas era mentira. Enfim, não tinham testemunhas nem provas!”

NA PRISÃO COM OS CLÁSSICOSA vida na prisão não lhe foi into-lerável, confessa. Todos os dias aprendia inglês, lia livros clássicos chineses como o “Romance dos Três Reinos” ou sobre economia, fazia desporto, via televisão e ouvia rádio. “Dava muita atenção aos problemas profundos enquanto via televisão”, frisou. Contudo, as noites na prisão para ele foram sem-pre extremamente longas: “Tinha pesadelos todas as noites, neles fui morto já mil vezes”, confessou.

Questionado se é de esquerda, Wan não respondeu directamente: “O meu pai é da extrema-esquerda, quando era pequeno se falasse mal de Mao Zedong batia-me até san-grar”. Wan contou ainda que andou numa onde recitava livro de Mao todos os dias, “mas hoje já não me lembro de nada.”

O pai também lhe transmitiu outros hábitos: não bebe nem fume. “O meu pai estava sempre bêbedo e estragava tudo, não queria ser assim”, explicou. “Nunca fiz tráfico de drogas até porque o meu irmão morreu de overdose.”

VINGANÇA E MULHERES“Queria corrigir uma coisa”, disse Wan com toda a firmeza quando lhe perguntaram “se a liberalização do jogo começasse mais cedo, será que não haveria tantas lutas e sangue derramado?”: “Eu nunca lutei por interesse, o que eu fiz foi simples-mente bater nos ladrões quem en-traram na minha própria casa para me roubar as minhas coisas. Se isto for lutar por interesse, então nada mais tenho a dizer”, responde. “Se alguém me der uma facada, darei sempre mais de volta e não acho isso nada desapropriado.”

Wan disse ainda que já não pensa em vingança. “Não é que não seja capaz, sou sem dúvida muito competente e tenho muita ousadia. É que se eu me vingasse, muitos iam sofrer, não quero que a minha família sofra, não quero que a sociedade sofra, por isso, decidi perdoar todos e, desde que tomei esta decisão, durmo sempre muito bem. Quero muito que a minha família esteja feliz, especialmente a minha mulher.”

“Se não acreditam em mim podem perguntar aos próprios portugueses. Dei-lhes muito porque com a transferência de Macau para a China pensei que eles iam ficar sem dinheiro”

Page 11: Hoje Macau 18 JUL 2013 #2895

PUB

11 wan kuok koihoje macau quinta-feira 18.7.2013

DENTE PARTIDO GARANTE QUE DEU CERCA DE 100 MILHÕES AOS PORTUGUESES

“Foram sempre eles que me pediram...”Wan conta agora como se

relacionou com a sua quarta mu-lher: “Mandei-a embora, a ela e à terceira, Yeung Oi Ching, quando entrei na prisão, mas ela insistia em esperar e a Yeung, como pen-sou que eu já não a amava, foi-se embora mesmo.”

Yeung era a sua mulher favorita, para quem até realizou um filme. Há quem duvide que a razão pela qual ele foi preso é ter aparecido tantas vezes nos media por causa do filme e também porque a polícia o achava o seu maior inimigo. “Não foi nada disso,” negou, “mesmo que

não tivesse aparecido, a polícia ia inventar causas para me apanhar.” “Eu e Yeung somos ainda família”, conta, definindo assim a relação entre os dois.

“VOU ABRIR UM CASINO”Os seus antigos subordinados estão a ganhar muito dinheiro no jogo e Wan Kuok Koi também quer uma fatia deste grande bolo. Já no próximo mês vai abrir um novo casino. “Não vai haver ce-rimónia de abertura”, confirmou. “Tudo será mais simples e melhor, porque já não sou tão jovem”. Contudo, Wan acha que a idade não é problema. “Ter quase 60 anos é a minha motivação. Com

esta idade, se me atrasar nalguma coisa, nunca alcançarei o sucesso. Há tantas, tantas coisas que quero fazer! Já não posso adiar mais.”

No entanto, faz questão de afirmar que não voltará a fazer “maldades porque se não as fizer, ninguém conseguirá impedir-me de trilhar o caminho do sucesso.”

Wan lamenta que o mundo agora está totalmente diferente e, embora considere que o sector do jogo está bem desenvolvido, refere que existe um problema: “Macau é nosso, é dos chineses, não percebo o raciocínio de que os americanos obtêm mais benefício, ao fim e ao cabo, nós, os chineses, é que devemos comer mais deste bolo.”

“O meu pai é da extrema-esquerda, quando era pequeno se falasse mal de Mao Zedong batia-me até sangrar”

“Macau é nosso, é dos chineses, não percebo o raciocínio de que os americanos obtêm mais benefício, ao fim e ao cabo, nós, os chineses, é que devemos comer mais deste bolo”

Page 12: Hoje Macau 18 JUL 2013 #2895

12 publicidade hoje macau quinta-feira 18.7.2013

Page 13: Hoje Macau 18 JUL 2013 #2895

ANTÓ

NIO

FALC

ÃO

13hoje macau quinta-feira 18.7.2013 VIDA

ANDREIA SOFIA [email protected]

F OI ontem publicada em Boletim Oficial (BO) a lista das mais de 20 Pequenas e

Médias Empresas (PME) locais que receberam, no segundo trimestre deste ano,

Comer menos prolonga a vidaUma equipa de cientistas chineses da Universidade de Jiaotong, em Xangai, assegura ter descoberto, através de experiências em ratos, que a menor ingestão de calorias pode ajudar a aumentar a esperança de vida em muitos animais, e nos humanos. Segundo a edição de ontem do diário Shanghai Daily, os testes em ratos demonstram que comer menos favorece a expansão da flora bacteriana saudável no aparelho digestivo, o que reduz, por sua vez, o número do tipo de bactérias cuja actividade é prejudicial ao organismo. O estudo de Jiaotong permite confirmar os efeitos positivos das dietas nos humanos, indicou Zhao Liping, investigador chefe da Escola de Biotecnologia e Ciências da Vida da universidade chinesa.

O diálogo internacional sobre a definição de reservas marinhas na Antártica não

chegou a nenhum consenso. A Rús-sia bloqueou as tentativas dos países ocidentais de criar áreas protegidas no Mar Ross e Antártica Oriental, segundo a BBC.

Os representantes russos con-testaram a base legal para a criação destas reservas, de acordo com

500 mil patacas. Foi este o valor recebido pela TV Cabo do Fundo de Protecção Ambiental e Conservação Energética no segundo trimestre deste ano. A Companhia de Parques de Macau também foi beneficiada, entre outras empresas locais

FUNDO DE PROTECÇÃO AMBIENTAL DEU 22 MILHÕES

São verdes, senhor, são verdes

NÃO HÁ ACORDO SOBRE RESERVAS MARINHAS DA ANTÁRTICA

Coitado do mexilhão...

apoios financeiros do Fundo de Protecção Ambiental e Conservação Energética (FPACE). No total, foram distribuídas mais de 22,256 milhões de patacas.

A TV Cabo Macau S.A, concessionária recentemen-te envolvida numa disputa judicial com Governo e as

chamadas companhias de an-tena (anteneiros), foi uma das beneficiadas, tendo recebido 500 mil patacas do Executivo no dia 1 de Fevereiro.

As razões prendem-se, segundo o BO, com o “aqui-sição de produtos e equi-pamentos para a protecção ambiental e a conservação

energética”. Este é, aliás, o principal objectivo do fundo financeiro criado em 2011.

Mas este valor foi tam-bém cedido a mais seis entidades, uma delas a Com-panhia de Parques de Macau S.A. Desde a década de 80 que cabe a esta concessioná-ria a instalação e gestão dos

parques de estacionamento públicos no território.

EMPRESAS PARATODOS OS GOSTOSA Nittobo Macau – Compa-nhia de Produção de Fibras de Vidro foi a segunda en-tidade que mais ganhou do FPACE, um pouco acima

de 499 mil patacas, e pelos mesmos motivos. Na lista podem encontrar-se PME com vários ramos de acti-vidade, nomeadamente do sector imobiliário, automó-vel e de comércio de produ-tos e serviços. Restaurantes, salões de cabeleireiro e sapatarias também entram na lista.

O FPACE foi criado em 2011 com o objectivo de dar ajuda financeira aos negócios locais que queiram ser mais amigos do ambiente. Sob tutela do Chefe do Executivo, este fundo tem autonomia financeira, embora esteja sob alçada da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA). As finalidades deste apoio são “melhorar a qualidade do ambiente, promover a conservação de energia e a redução da emissão de poluentes e rentabilizar os recursos hídricos”.

Pretende-se ainda “apoiar e promover o desenvolvi-mento da indústria ambien-tal”, bem como “apoiar e promover as medidas tidas por convenientes com vista ao melhoramente da quali-dade de vida, quanto tenha sido afectada por qualquer impacto ambiental”.

organizações presentes nas con-versações que são realizadas na Alemanha.

A Comissão para a Conservação dos Recursos Marinhos da Antárti-

ca (CCAMLR, na sigla em inglês) é comporta de países com interesse no Oceano Antárctico, incluindo a Austrália, Estados Unidos, Reino Unido, China e Rússia, além de

outros membros. Qualquer decisão tomada requer consenso entre as partes.

O encontro em Bremerhaven foi convocado especificamente para tratar das propostas de criação de reservas que poderiam banir a pesca e proteger espécies, como focas e pinguins. Se bem sucedida, os planos poderiam dobrar a área de protecção dos oceanos.

Os representantes já tinham se reunido em Hobart, na Austrália, em Outubro, mas não conseguiram um acordo por causa da oposição da China e da Rússia, com o apoio da Ucrânia, que alegou que uma restrição à pesca seria muito one-rosa. Como resultado, acordaram num novo encontro em Julho. Este foi o segundo encontro fora da reunião anual.

Os Estados Unidos e a Nova Zelândia propuseram a criação de uma zona marinha no Mar Ross com o total de 2,3 milhões de qui-lómetros quadrados, tornando-a a maior do mundo. Outra proposta, da Austrália, França e União Europeia, criaria áreas protegidas na Antár-tica Oriental com 1,63 milhões de quilómetros quadrados.

Page 14: Hoje Macau 18 JUL 2013 #2895

CULTURA14 hoje macau quinta-feira 18.7.2013

Uns dizem que sim; outros dizem que não. Os seis possíveis caracteres antigos estão ordenados em linha, e três deles parecem a grafia actual chinesa de “ren”, que representa o ser humano

O S paleógrafos e académicos chine-ses especialistas em história da língua

não conseguem entrar em acordo sobre os manuscritos que datam de há 5 mil anos, recentemente descobertos no leste do país, serem ou não os restos mais antigos do idioma chinês.

Na última semana, foi anun-ciado o descobrimento desta possível escrita antiga em mais de 200 objectos desenterrados do jazigo neolítico de Liangzhu, na província oriental chinesa de Zhejiang.

As peças encontradas com as inscrições fazem parte dos milha-res de fragmentos de cerâmica,

O Instituto Português do Oriente (IPOR) e a Livraria Portuguesa

de Macau estrearam-se hoje na Feira do Livro de Hong Kong com um ‘stand’ exibindo cerca de mil exemplares, muitos de autores lusófonos e em português.

Obras de escritores lusos como Luís Vaz de Camões, Fernando Pessoa ou José Luís Peixoto, ou outros do universo da lusofonia, como Jorge Amado ou José Eduardo Agualusa, figuram entre os cerca de 200 títulos - em por-tuguês, inglês e chinês - pa-tentes no expositor, explicou Ricardo Pinto, responsável da Livraria Portuguesa, à agência Lusa.

Além de obras de referência, o catálogo do ‘stand’ do IPOR/Livraria Portuguesa na Feira do Livro de Hong Kong - uma das maiores do seu género da Ásia - contempla manuais didác-ticos de ensino de Português, publicações sobre Macau e a sua História, bem como livros sobre a gastronomia portuguesa e macaense, entre outros.

Com um recorde de 560 ex-positores em representação de 30 países e territórios, a 24ª. edição do evento, que decorre no Centro de Convenções e Exibições de Hong Kong, oferece mais de 400 eventos culturais subordinados ao tema “Ler o Mundo - Ler Por um Mundo Melhor”. A Feira do Livro de Hong Kong termina no próximo dia 23.

Poesia no Bela Vista Com palavras amoO Albergue SCM e o Instituto Cultural da RAEM promovem uma série de encontros com a poesia na residência consular com a primeira sessão, subordinada ao tema “Poetas contemporâneos de Macau de língua chinesa e portuguesa” a ter lugar no próximo dia 26 de Julho, pelas 18:30. O programa com um calendário bimestral, será dividido em sessões de hora e meia, dividida em três partes. A iniciativa conta com o patrocínio, entre outros, da Fundação Macau.

China fecha museu com milhares de obras falsasAs autoridades chinesas ordenaram o encerramento de um museu cheio de objectos falsificados, entre eles um jarro supostamente da época da última dinastia imperial (1644-1911), informou a imprensa estatal. O museu, construído na província de Hebei (norte) com um custo de cerca de 670 milhões de patacas, esteve sob investigação depois das acusações dos moradores locais. Quando Wang Zhongquan, dirigente local do Partido Comunista, começou a construir a colecção do museu, comprava tudo que lhe aparecia pela frente, sem investigar a procedência, segundo a foi denunciado. Wang terá comprado mais de 40.000 objectos falsos. Wang disse que a sua intenção era apenas promover a cultura chinesa e que até “os deuses não conseguiriam distinguir o autêntico do falso entre as peças expostas”.

ESPECIALISTAS DISCORDAM SOBRE MANUSCRITOS CHINESES DE 5 MIL ANOS

Uma discussão para lavar e durar

IPOR E LIVRARIA PORTUGUESA NA FEIRA DO LIVRO DE HONG KONG

Ide, levai-nos e representai-nos

que data de há cinco milénios, estabelecida ao redor dos lagos do delta do rio Yangtse, da qual se conhecem várias cidades e técnicas agrárias avançadas.

Os arqueólogos tinham des-coberto mais de 200 símbolos diferentes em objectos de pedra e cerâmica do jazigo, mas não sabiam com certeza se a cultura de Liangzhu chegou a contar com uma linguagem escrita própria até encontrarem essas marcas em duas peças de pedra, sendo uma delas um pedaço de machado.

“Eram diferentes de todos os demais símbolos que tínhamos visto antes, com muitos traços ver-ticais e uma estrutura geral similar aos caracteres (chineses) de hoje em dia, um deles inclusive aparece três vezes na mesma linha”, disse Li Xiaoning, director do Instituto de Arqueologia de Zhejiang.

Os paleógrafos chineses con-cordaram que se trata de caracteres, disse o director, embora, dessa língua, sejam conhecidas menos de dez peças, enquanto no caso dos oráculos feitos de osso de Henan, já foram decifrados mais de mil entre mais de 30 mil peças distintas.

Segundo Li, decifrar os ca-racteres de Liangzhu será muito difícil, se não impossível, já que, enquanto muitos ideogramas de Henan evoluíram para o chinês actual, os de Zhejiang não parecem estar relacionados.

“As civilizações que ficavam às margens dos rios Yang Tsé e Ama-relo poderiam ter estado completa-mente alheias uma da outra naquela época”, explicou Li: “A China de então não estava unida, havia ape-nas várias civilizações dispersas” e, por isso, “é possível que nunca se decifre a língua de uma civilização totalmente perdida”.

pedra, madeira, marfim e osso recuperados do jazigo entre 2003 e 2006, e são muito anteriores aos oráculos feitos de osso de quase quatro mil anos atrás, da província central de Henan, considerados por enquanto a escritura chinesa mais antiga.

De facto, estes objectos estão entre os restos mais antigos da

escritura humana conhecidos até agora, junto com a escrita cunei-forme da Mesopotâmia.

Se há uma semana, académicos, arqueólogos e especialistas em escrita chinesa antiga concluíram que o achado não era suficiente para demonstrar a existência de um sistema de escrita desenvolvido naquela cultura, neste fim de sema-

na um novo grupo de especialistas discordou.

DO NÃO AO SIM, PASSANDO PELO TALVEZSegundo o jornal South China Morning Post, acredita-se que poderiam ser restos de uma língua desenvolvida pela chamada “cultu-ra de Liangzhu”, uma civilização

Page 15: Hoje Macau 18 JUL 2013 #2895

15 culturahoje macau quinta-feira 18.7.2013

PUB

F OI na tarde de sexta-feira que um funcionário da casa-museu de Lutero em Eisenach, Alemanha,

notou que tinham desaparecido de uma vitrine três panfletos originais com textos do célebre teólogo que ousou desafiar Roma.

Para as autoridades eclesiás-ticas e para os historiadores, o desaparecimento destes papéis gravados do século XVI avaliados em cerca de 600 mil patacas repre-senta uma “perda irreparável” para a memória cultural europeia. “Al-guém removeu o fecho [da vitrine]. Não era uma fechadura muito forte e, por isso, não se pode excluir a hipótese de ter sido um crime de oportunidade”, disse o director do museu, Jochen Birkenmeier, citado esta terça-feira pela edição online da revista Der Spiegel.

Apesar de se tratar de gravuras, os documentos são importantes porque contêm anotações ma-nuscritas de contemporâneos de Martinho Lutero (1483-1546), o impulsionador da Reforma protes-tante. Para Birkenmeier o roubo é ainda mais grave porque não há panfletos semelhantes à venda no mercado e, mesmo que houvesse, as notas seriam insubstituíveis.

Impressos em grandes quan-tidades, poucos foram os que chegaram até hoje e os que sobrevi-

O festival vai de-correr no Spec-tacle Theater, em

Brooklyn, uma sala de cinema independente, e parte da programação já está decidida

A segunda edição do festival de cinema PUFF - Portugal Underground Film Festival vai acontecer pela primeira vez em Nova Iorque, em Setembro, mos-trando “perto de 30 horas de filmes alternativos, irre-verentes e experimentais”, anunciou a organização.

A primeira edição des-te festival aconteceu em Portimão e no Fundão em Junho do ano passado e terá agora uma segunda edição em Nova Iorque, de 06 a 08 de Setembro, em Brooklyn.

O director do festival, Pedro Leitão, disse tratar-se de “um festival internacio-nal de cinema alternativo, experimental e irreverente que pretende apresentar novos artistas oriundos dos quatro cantos do mundo, que têm habitualmente oportunidades reduzidas de

mostrar os seus trabalhos.”O festival vai decorrer

no Spectacle Theater, em Brooklyn, uma sala de cinema independente, e parte da programação já está decidida.

Existirá uma secção especial dedicada aos no-vos filmes dos realizado-res presentes na primeira edição do evento, mas a organização também está a receber candidaturas até 28 de Julho.

“Fazemos questão de mostrar que é possível fazer bom cinema sem grandes meios, cativando o público e fazendo-o descobrir no-vas formas de ver filmes”, explicou Pedro Leitão.

“Numa altura em que o cinema português e as artes em geral estão a ser maltratados, parece-me im-prescindível a promoção de novos talentos lusos. Eles existem e não são poucos, mas precisam de uma opor-tunidade que muitas vezes lhes é negada”, disse.

Nesse contexto, de-fende, os Estados Unidos

tornam-se “uma porta de entrada muito apelativa para os jovens realiza-dores” porque há no país “uma grande consideração e apreço pelo cinema inde-pendente”.

Além da ficção, o di-rector do festival afirmou que “os documentários são pratos fortes, tentando sem-pre abordar temas actuais, muitas vezes polémicos, e que os meios de comunica-ção não abordam ou fazem de forma deformada.”

Leitão afirmou que a primeira edição teve um “retorno excepcional por parte dos cineastas convidados e da imprensa estrangeira” e esclarece que foi através de um dos realizadores americanos participantes que surgiu o convite para vir a Nova Iorque.

O orçamento do festi-val “é praticamente nulo”, explica, e o evento apenas será possível porque “toda a organização, bem como os responsáveis da sala, são voluntários.”

PANFLETOS DE LUTERO ROUBADOS DE MUSEU ALEMÃO

A ocasião faz o ladrão

PUFF FESTIVAL DE CINEMA PORTUGUÊS ALTERNATIVO

Irreverência em Brooklyn

PINTURAS FURTADAS EM BRUXELASPelo menos dez obras de arte, incluindo um quadro do holandês Kees Van Dongen e outro do belga James Ensor, foram roubadas na segunda-feira à noite do Museu Van Buuren, em Bruxelas - informou a curadora da instituição nesta terça. “Todos os alarmes tocaram, mas (os ladrões) foram especialmente rápidos. Tudo foi feito em dois minutos”, explicou a curadora do Museu e Jardim Van Buuren, Isabelle Anspach, citada pela agência de notícias belga. Os ladrões forçaram uma porta de correr para entrar no prédio, uma casa de tijolos vermelhos situada em Uccle, um bairro da capital belga. “Lamentamos as perdas de várias peças de grande valor patrimonial e histórico”, acrescentou Anspach, sem detalhar as obras levadas e o total do prejuízo. A curadora garantiu que a segurança do museu será reforçada e que a polícia iniciará uma investigação. Instalado na antiga casa dos mecenas Alice e David Van Buuren, o museu expõe obras de mestres flamengos e italianos do século XV ao XIX, e obras do século XX.

é, no mínimo, irónico: “Estávamos prestes a começar uma renovação completa para instalar um sistema de segurança melhor, com câma-ras e vitrines apetrechadas com alarmes.”

As melhorias na casa-museu foram pensadas para coincidir com os 500 anos da publicação das 95 Teses, nome por que é conhecido o texto de 1517 em que Lutero questiona alguns dos ensinamentos da Igreja de Roma e a autoridade do próprio Papa, dando início à Reforma.

Alguns dos mais importantes documentos que agora se podem ver no pequeno museu de Eisenach foram já substituídos por réplicas.

veram estão espalhados por várias colecções públicas e privadas. Os panfletos roubados do pequeno museu instalado na casa onde o te-ólogo terá vivido entre 1498 e 1501 têm temas diversificados: Para a aristocracia cristã da nação alemã,

de 1520, Para os conselheiros de todas as cidades, 1524, e Sermão de Lutero para as crianças nas escolas, de 1530 (todos em tradução livre).

Birkenmeier acredita que nenhum negociante de arte sério aceitará transaccionar os pan-

fletos, facilmente identificáveis pelas notas escritas à mão, mas admite que possam interessar a coleccionadores privados menos escrupulosos ou até ser vendidos no estrangeiro.

Identificar o autor ou autores do roubo não será tarefa fácil, já que o museu não dispõe de câmaras de vigilância. Para o seu director, o timing em que o roubo acontece

Page 16: Hoje Macau 18 JUL 2013 #2895

PUB

EQUIPAS

DESPORTO16 hoje macau quinta-feira 18.7.2013

ANÚNCIOCONCURSO PÚBLICO PARA

“Empreitada de Construção do Centro Comunitário Junto à Povoação Chun Su Mei, Taipa”1. Entidade que põe a obra a concurso: Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes.2. Modalidade de concurso: Concurso Público.3. Local de execução da obra: Terreno junto à Rua do Delegado em Taipa.4. Objecto da Empreitada: Construção de instalações sociais de estacionamento subterrâneo.5. Prazo máximo de execução: 660 dias (Seiscentos e Sessenta dias).6. Prazo de validade das propostas: o prazo de validade das propostas é de noventa dias, a contar da data do Acto Público do

Concurso, prorrogável, nos termos previstos no Programa de Concurso.7. Tipo de empreitada: a empreitada é por Série de Preços. 8. Caução provisória: $4 700 000,00 (Quatro milhões e Setecentos mil de pataca), a prestar mediante depósito em dinheiro, garantia

bancária ou seguro-caução aprovado nos termos legais.9. Caução definitiva: 5% do preço total da adjudicação (das importâncias que o empreiteiro tiver a receber, em cada um dos

pagamentos parciais são deduzidos 5% para garantia do contrato, para reforço da caução definitiva a prestar).10. Preço Base: não há.11. Condições de Admissão: Serão admitidos como concorrentes as entidades inscritas na DSSOPT para execução de obras, bem

como as que à data do concurso, tenham requerido a sua inscrição, neste último caso a admissão é condicionada ao deferimento do pedido de inscrição.

12. Local, dia e hora limite para entrega das propostas:Local: Secção de Atendimento e Expediente Geral da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, R/C, Macau;Dia e hora limite: dia 8 de Agosto de 2013 (quinta-feira), até às 12:00 horas.Em caso de encerramento desta Direcção de Serviços na hora limite para a entrega de propostas acima mencionada por motivos de tufão ou de força maior, a data e a hora limites estabelecidas para a entrega de propostas serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte.

13. Local, dia e hora do acto público:Local: Sala de reunião da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, 5º andar, Macau;Dia e hora: dia 9 de Agosto de 2013 (sexta-feira), pelas 9:30 horas.Em caso de adiamento da data limite para a entrega de propostas mencionada de acordo com o número 12 ou em caso de encerramento desta Direcção de Serviços na hora estabelecida para o acto público de abertura das propostas acima mencionada por motivos de tufão ou de força maior, a data e a hora estabelecidas para o acto público de abertura das propostas serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte.Os concorrentes ou seus representantes deverão estar presentes ao acto público de abertura de propostas para os efeitos previstos no artigo 80º do Decreto-Lei n.º74/99/M, e para esclarecer as eventuais dúvidas relativas aos documentos apresentados no concurso.

14. Local, hora e preço para obtenção da cópia e exame do processo:Local: Departamento de Edificações Públicas da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, 17º andar, Macau;Hora: horário de expediente (Das 9:00 às 12:45 horas e das 14:30 às 17:00 horas)Na Secção de Contabilidade da DSSOPT, poderão ser solicitadas cópias do processo de concurso ao preço de $2400,00 (dois mil e quatrocentos de pataca).

15. Critérios de apreciação de propostas e respectivos factores de ponderação:- Preço razoável 60%;- Plano de trabalhos 10%;- Experiência e qualidade em obras 18%;- Integridade e honestidade 12%.

16. Junção de esclarecimentos:Os concorrentes poderão comparecer no Departamento de Edificações Públicas da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, 17º andar, Macau, a partir de 22 de Julho de 2013 (inclusivé) e até à data limite para a entrega das propostas, para tomar conhecimento de eventuais esclarecimentos adicionais.Macau, aos 04 de Julho de 2013.

O Director dos Serviços Jaime Roberto Carion

O Benfica venceu ontem de ma-drugada (hora de Macau) o

FC Sion por 3-2, em jogo de preparação para a época 2013/14 de futebol, em que se destacaram a boa exibição de Salvio e os dois golos do reforço sérvio Markovic, somados ao de Lima.

No terceiro jogo dos “encarnados” na pré-época, o extremo argentino revelou estar em boa forma e dele “saíram” os melhores mo-mentos de futebol, sobretu-do na primeira parte.

Quanto ao jovem de 19 anos contratado ao Partizan de Belgrado, apontou os segundo e terceiro golos da vitória da equipa de Jorge Jesus, o último dos quais com boa “nota artís-tica”, frente a um guardião que defendeu muito e que evitou uma derrota mais expressiva da equipa que terminou no sexto lugar da liga suíça na época anterior.

Foi a segunda vitória em três partidas de preparação já realizadas, a qual revelou, de novo, melhor acerto na táctica ofensiva e algum desacerto no sector mais recuado.

Notas positivas para a

PRÉ-ÉPOCA BENFICA VENCE SION COM SÁLVIO E MARKOVIC EM DESTAQUE

Chapéus assim há poucos...• FC SION: Deana, Pa Modou, André Marques, Margaraz,

Rufli, Christofi, Basha, Yartey e Regazzoni, Mveng e Djeng.

Jogaram ainda Max Veloso, Jagne e Vankzac

• BENFICA: Artur, André Almeida, Luisão, Lisandro Lopez,

Bruno Cortez, Matic, Enzo Pérez, Sálvio, Djuricic, Gaitán

e Lima. Jogaram ainda Paulo Lopes, André Gomes, Sílvio,

Mitrovic, Markovic, Ruben Amorim, Sulejmani, Steven

Vitória, Urreta e Yannick

• Árbitro: Nicolas Jancevski (Suíça)

• Acção disciplinar: nada a assinalar

• Assistência: cerca de 4.000 espectadores

“armada” de Leste, pois também Djuricic, Sulejma-ni e Mitrovic voltaram a dar excelentes indícios do

futebol de que são capazes.Mas foi Salvio que,

aos três minutos, obrigou à primeira intervenção do

guarda-redes Deana, que afastou para canto um re-mate que levava a melhor direcção.

Aos 18 minutos, o ci-priota Christphe entrou na área pelo lado direito, mais rápido que Bruno Cortez, e rematou à trave da baliza à guarda de Artur.

Na resposta, Salvio voltou a criar perigo na área adversária e apenas falhou no momento de servir Lima, pois permitiu a intercepção do guardião da equipa suíça.

Logo a seguir, aos 23 minutos, Lima foi rasteirado à entrada da área, por Mo-dou, mas o brasileiro não foi feliz na marcação da grande penalidade, permitindo a defesa de Deana.

A equipa de Jorge Jesus aumentou a pressão sobre o adversário, que passou por vários momentos de “alta tensão” junto da sua área, mas Matic, Gáitan, Enzo Pérez e Djuricic não conseguiram concretizar com êxito.

Até que, a um minuto do intervalo, e após nova jogada de inspiração de Salvio, que driblou quatro defesas den-tro da área, Lima apareceu a “encostar” a bota para o primeiro golo.

Após o intervalo, Jesus começou a mexer na equipa e o segundo golo apareceu com naturalidade, dada a intensidade do futebol “en-carnado”, após entendimen-to entre os reforços sérvios Sulejmani e Markovic, com

o primeiro a ganhar o lance na área suíça e a deixar a bola disponível para o remate certeiro do segundo.

Decorria o minuto 68 quando o avançado sérvio “assinou” o terceiro golo dos benfiquistas, com um “chapéu” bem medido ao guardião suíço.

Os suíços reagiram al-guns minutos depois, por intermédio de um português – Max Veloso -, que apontou de forma soberba um livre directo frontal, que não deu hipóteses a Paulo Lopes.

Um golo que deu ânimo aos suíços, que ainda vi-ram outro lusitano, André Marques, reduzir para 2-3, saltando mais alto que André Almeida, na pequena área, e marcando de cabeça.

Markovic

Page 17: Hoje Macau 18 JUL 2013 #2895

C I N E M A Cineteatro[ T E L E ] V I S Ã O

M A C A U [ S Ã ] A S S A D O Pu Yi

TDM13:00 TDM News - Repetição13:30 Telejornal + 360° (Diferido)14:40 RTPi DIRECTO19:10 Cougar Town - Sr.219:30 Vingança20:30 Telejornal21:00 TDM Talk Show21:30 Castle Sr.422:10 Escrito nas Estrelas23:00 TDM News23:30 Portugal Hoje com Ramalho Eanes00:00 Telejornal (Repetição)00:30 RTPi DIRECTO

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:35 Poplusa15:30 Destino: Portugal - II16:00 Bom Dia Portugal17:00 5 Minutos Num Instante17:05 Portugal Aqui Tão Perto18:00 O Teu Olhar (Telenovela)18:55 Segredo de Justiça20:00 Jornal da Tarde 21:20 O Preço Certo22:10 A Hora de Baco22:35 Verão Total

30 - FOX Sports13:00 Global Football 2012/1313:30 Issf Shooting World Cup 201314:00 Great City Games Manchester14:30 Great Manchester Run15:00 Total Rugby15:30 Open Championship 201316:00 (LIVE) The Open Championship 2013 Day 119:30 (LIVE) FOX SPORTS Central20:00 (LIVE) The Open Championship 2013 Day 1

31 - STAR Sports13:00 Mobil 1 The Grid 201313:30 Smash 201314:00 Max Power 201315:00 24 Hours Le Mans Official Film 201316:00 ATP - Skistar Swedish Open17:30 Sports Max 2013/1418:30 FIA Asia Pacific Rally Championship 2013 - Highlights19:00 Mobil 1 The Grid 201319:30 MotoGP World Championship 2013 - Main Races Grand Prix of Germany21:00 2 Wheels 21:30 (LIVE) Score Tonight 201322:00 Inside WTCC22:30 2 Wheels23:00 24 Hours Le Mans Official Film 2013

40 - FOX Movies12:05 Kung Fu Hustle13:45 In Time15:35 Whole Lotta Sole17:05 Home Alone 219:05 Enough21:00 The Cabin In The Woods22:35 Shark Night00:05 True Justice

41 - HBO12:00 Cinderella Man14:20 Restless16:10 Hugo18:20 Anchorman20:00 Lethal Weapon 322:00 The Matrix Revolutions00:15 Anacondas

42 - Cinemax12:00 The Skulls Ii14:00 Mad Dog And Glory16:00 True Grit18:15 Green Lantern20:00 Semper Fi22:00 The Package23:35 Eastbound & Down00:45 Arena

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

A RAPARIGA DE PAPEL • Guillaume MussoHá apenas alguns meses, Tom Boyd era um escritor famoso em Los Angeles, apaixonado por uma célebre pianista. Mas na sequência de uma separação demasiado pública, fechou-se em casa, sofrendo de bloqueio artístico e tendo como única companhia o álcool e as drogas. Certa noite, uma desconhecida aparece em sua casa, uma mulher linda e completamente nua. Diz ser Billie, uma personagem dos romances dele, que veio parar ao mundo real devido a um erro de impressão do seu livro mais recente.

PODERES INVISÍVEIS • José Mattoso«As crenças acerca dos seres invisíveis que povoam o Céu, o Inferno e os outros lugares do Além suscitaram algumas das práticas mais arreigadas, mais complexas, mais perturbadoras e mais criativas de novas práticas e novos rituais. Em certos casos inspiraram sistemas coerentes; noutros aparecem como elementos contraditórios ou até absurdos de uma visão do mundo. Este conjunto de investigações representa o meu contributo pessoal para o conhecimento de um dos capítulos mais fascinantes do período medieval.»

hoje macau quinta-feira 18.7.2013 FUTILIDADES 17

TEMPO AGUACEIROS OCASIONAIS MIN 25 MAX 29 HUM 70-95% • EURO 10.5 BAHT 0.2 YUAN 1.3

POR MIM

FALO

Um carimbo ou dois

[ ]

A PISCINA Foto: HojeMacau

• No magnífico jardim de betão da Taipa, que tanto demorou a inaugurar, existe esta piscina. Terminada no princípio do ano, claro que só abrirá no próximo Verão. Afinal, qual é a pressa? Ainda se fosse um casino... Foi uma excelente ideia ocupar todo este espaço com uma piscina que só servirá o público metade do ano. Que queriam? Árvores não? Betão paga, verde não!

SALA 1MONSTERS UNIVERSITY [A](FALADO EM CANTONÊS)Um filme de: Dan Scanlon14.00, 16.00, 19.45

DESPICABLE ME [3D] [A](FALADO EM CANTONÊS)Um filme de: Chris Renaud, Pierre Coffin18.00

WORLD WAR Z [C]Um filme de: Marc ForsterCom: Brad Pitt, Marc Forster, Mireille Enos21.45

SALA 2 PACIFIC RIM [3D] [B]Um filme de: Guillermo del ToroCom: Charlie Hunnam, Idris Elba, Rinko Kikuchi, Charlie Day14.15, 19.14

PACIFIC RIM [B]Um filme de: Guillermo del ToroCom: Charlie Hunnam, Idris Elba, Rinko Kikuchi, Charlie Day16.45, 21.45

SALA 3TURBO [A](FALADO EM CANTONÊS)Um filme de: David Soren14.30, 16.15, 19.45

TURBO [3D] [A](FALADO EM CANTONÊS)Um filme de: David Soren18.00

MONSTERS UNIVERSITY [3D] [A](FALADO EM CANTONÊS)Um filme de: Dan Scanlon21.30

Nunca fui daqueles seres humanos que não vota porque está um sol maravilhoso a puxar para um belo dia de praia, ou porque está a chover. Eu sou daqueles que vota de manhã e que depois vai bronzear o pêlo. Ao menos vou mais descansado.Hoje lembrei-me das últimas vezes que votei. Antes de o fazer havia discussão lá em casa, cada um dizia qual era o candidato preferido e depois ia a família toda ao pavilhão da escola. Mas eu entrava pelo meu próprio pé lá no espaço pequeno que nos dão para votarmos, pegava numa caneta e fazia uma cruz no papel. Depois dobrava bem o papelinho e metia na chamada urna. Ao meu lado, noutro espaço, os meus familiares faziam o mesmo.Como agora estou num espaço diferente, também o sistema de votações tinha de ser diferente. Não se usam canetas, mas sim carimbos! Contaram-me que em 2009 os eleitores carimbaram o papel todo e que, por isso, os votos não contaram, mas ainda assim os carimbos continuam a usar-se este ano. Devem ter alergia à caneta e ao negativismo que uma cruz pode representar.Depois, a questão da família. Parece que aqui vai tudo em grupo votar, literalmente. Ainda não perceberam que aquilo é uma coisa individualista e até egoísta. Saber em quem se votou até pode dar azo a chatices, originando respostas do tipo: “o voto é secreto, não digo!”Depois, parece que há associações que acham que podem adivinhar as intenções de voto através do chip de um cartão, que se passa numa máquina. Não sejam apressados meus caros, deixem-se andar ao sabor do tempo. Quanto a mim acho tudo isto curioso. É sempre bom aprendermos coisas novas.

Page 18: Hoje Macau 18 JUL 2013 #2895

18 hoje macau quinta-feira 18.7.2013OPINIÃO

Tempos interessantes

EU sei que não sou o único por isso direi que me incluo no grupo daqueles que diziam lamentar não ter vivido em tempos mais interessantes quando as coisas pareciam de facto acontecer e o romance e a poesia faziam sentido. Quando as sociedades pareciam pensar e os factos marcantes pareciam

suceder-se. Pertenço ao grupo dos que di-ziam, porque não é mais possível afirmar algo semelhante. Na realidade, vivemos tempos interessantes, quiçá dos mais interessantes da breve história da humanidade. Tempos onde a democracia parece ter deixado de funcionar quando se pensava ser o melhor modelo pos-sível, tempos onde a revolução tecnológica nos habilita a fazer coisas muito dificilmente imagináveis há duas ou três dezenas de anos atrás, tempos onde a consciência indivi-dual de cidadania se encontra em questão.

Vivemos tempos de desafio. Ou muito me engano, ou habitamos um tempo histórico que irá marcar profundamente a vida das próximas gerações e que talvez venha a ser descrito como o iniciar de uma nova ordem, de uma nova forma de viver.

Não há dúvida que a democracia está em xeque. Por um lado, por não parecer funcionar, ou não estaríamos no buraco em que estamos. Por outro, por estar de facto em risco com a pressão cada vez mais insistente e desumana dos lobbies financeiros internacionais, essas entidades pardacentas, que vão brandindo a bandeira do mito do mercado por oposição ao caos, ao ponto de vermos líderes políticos completamente subjugados. Mas o caos é agora, meus senhores e minhas senhoras.

Vivemos tempos de revolução. Mas, como já escrevi antes nesta página, a revo-lução de hoje é diferente porque a questão deixou de ser partidária ou ideológica numa perspectiva sectária, porque é ideológica na medida em que se apela à produção de novas visões do mundo. É, portanto, uma questão colectiva, global e que ultrapassa os ditames partidários. Os partidos, até agora, têm sido a imagem da democracia e é-nos difícil perceber como poderia ela viver sem eles ou, melhor, como pode a democracia sobreviver sem eles. Mas, na realidade, será que o partidarismo tal como o vivemos é, de facto, democracia? Na realidade, a democracia partidária está cada vez mais cingida a indivíduos e menos à organiza-ção propriamente dita. Nós hoje votamos em fulano A, B ou C em representação do partido X, Y ou Z confiando que esse tal fulano de alguma forma represente o partido (leia-se a ideologia) ou porque gostamos dele independentemente do partido, o que me parece o mais frequente. No fundo, não deixa de ser uma forma primitiva de vida esta dependência tão grande de líderes, diria até quase tribal. Falha o líder, falha o sistema, colapsa o governo, começa a crise.

Aconteça o que acontecer, o mundo não vai parar, as pessoas não vão deixar de produzir, não vão deixar de viver, não vão deixar de querer fazer coisas e de inventar. Muito importante, não vão deixar de se ajudar umas às outras. Não podemos nunca deixar de valorizar a nossa extraordinária capacidade de solidariedade. Vivemos tempos interessantes

Ao contrário do que os poderes financeiros internacionais vão dizendo, não me parece que a democracia esteja doente ou que seja um obstáculo ao desenvolvimento. Antes pelo contrário. A debilidade está na forma como a praticamos. Provavelmente, o que a democracia precisa é de mais democracia. Ou seja, precisamos de descentralizar o poder. Precisamos de governos menos omnipresen-tes. Precisamos de dispersar o poder dando força às comunidades e à sua capacidade de auto-regulação. E se isso significar a divisão, ou mesmo dissolução de alguns estados, seja. Qual o problema? As comunidades vão sempre arranjar formas colaborativas porque ninguém, e cada vez menos, pode viver iso-lado. As gerações presentes e futuras não vão mais aceitar estruturas arcaicas como a União Europeia onde a maioria dos seus líderes nem sequer são eleitos. Nós não precisamos de líderes, precisamos, isso sim, de sociedades fortes e participativas e se precisarmos de códigos de valores parece-me que a Decla-ração Universal dos Direitos Humanos é um excelente ponto de partida.

A explosão dos movimentos sociais es-pontâneos que têm sido capazes de marcar a agenda social e política um pouco por todo o mundo são a prova que a nossa sociedade está a mudar e a revelar uma capacidade de mobilização e organização absolutamente surpreendente. Alguém é capaz de nomear os líderes dos movimentos sociais no Brasil, em Espanha, em Portugal, ou noutros lugares? Não, porque eles não existem. O problema

que se tem mostrado insuperável para estes manifestantes e revolucionários é voltarem a afunilar-se nas velhas estruturas de poder. É um dos motivos do impasse no Egipto, por exemplo. Não podemos revoltar-nos para vol-tarmos a regular a sociedade da mesma forma. Vivemos tempos de revolução, mas revolução total. A melhor forma de deitar uma ponte abaixo é dinamitar-lhe as bases, e é disso que

chá muito verde义來 FERNANDO ELOY

GOYA

, GRU

PO A

O BA

LCÃO

se trata – desestruturar para voltar a estruturar sob uma nova forma. A sociedade futura é, claramente, uma organização em rede, uma forma que não cabe nos palácios dos governos e muito menos na pessoa de um qualquer líder de um qualquer partido. Tal como hoje em dia uma empresa é tão mais produtiva quanto mais horizontal for a sua organização também os estados, as comunidades o serão.

A distribuição do poder central é também uma forma de combater a corrupção, um dos principais males que afligem as sociedades um pouco por todo o mundo. Ao se diluírem as estruturas arcaicas de poder, como hoje as conhecemos, em estruturas menores, mais dinâmicas e mais participadas, não só o po-der se torna mais acessível e por isso menos cobiçado, como vai colocar dificuldades logísticas óbvias aos corruptores.

Existem outros casos mas é interessante observar o episódio recente da Somália que viveu sem governo por um período extraor-dinariamente grande, de 1991 a 2006, e onde um estudo efectuado pelo Banco Mundial con-cluiu que o dinamismo económico, a justiça social e a distribuição de riqueza foram mais efectivas durante esse período de aparente vazio organizacional porque os autóctones se regularam pela antiga lei local a “Xeer” muito próxima da lei natural. É óbvio que nem tudo foram rosas e o vazio governativo criou problemas, identificados, mas o resultado global foi positivo e digno de estudo.

Será também interessante acompanhar a evolução da “Convocatória Cívica” instituída em Espanha onde um grupo alargado de ci-dadãos, uns mais anónimos do que outros, se está a organizar para proverem novas soluções de governo conscientes de que o paradigma actual é absolutamente insustentável. Pre-cisamos de mais fóruns destes. Como diria agora um político: “O futuro decide-se hoje”. Nunca me pareceu tão certo.

No caso Europeu e analisando uma questão essencial do momento, parece-me óbvio que as dívidas soberanas não podem ser pagas. Mete-se pelos olhos dentro. Parece-me também claro que o Euro é insustentável e deve acabar. Se os governos eleitos não forem capazes de o fazer com receio dos mercados e do caos que os defensores do status quo apregoam, vai ser a revolução a resolver. Será o caos sim, mas o caos dos velhos sistemas que nos querem empurrar para uma servitude medieval de um mundo controlado por meia dúzia. Porque o caos é agora, meus senhores e minhas senhoras.

Aconteça o que acontecer, o mundo não vai parar, as pessoas não vão deixar de produzir, não vão deixar de viver, não vão deixar de querer fazer coisas e de inventar. Muito importante, não vão deixar de se ajudar umas às outras. Não podemos nunca deixar de valorizar a nossa extraordinária capacidade de solidarie-dade. Vivemos tempos interessantes. Tempos de revermos a nossa visão de cidadania e de tomarmos o destino nas nossas próprias mãos. Em rede. De uma forma criativa e participada.

Page 19: Hoje Macau 18 JUL 2013 #2895

19 opinião

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana de Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos; Zhou Xuefei [estagiária] Colaboradores Amélia Vieira; Ana Cristina Alves; António Falcão; António Graça de Abreu; Fernando Eloy; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Vinhais Guedes; Helder Fernando; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Tiago Alcântara; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

bairro do or ienteLEOCARDO

RicaRdo Pinhotwitter.com/ricardo

Que raio de figura de estilo é essa de «corrida ao Nobel»? São os prémios Nobel, não os Jogos Olímpicos.

disse-me um passarinho...

hoje macau quinta-feira 18.7.2013

QUANDO tomamos o pulso ao tempo que vai passando por nós e não espera por ninguém, apercebemo-nos que já se passaram treze anos desde a chegada do novo milénio, e do virar de mais um século. Ainda parece que foi ontem que recebíamos em festa a chegada do ano 2000, com toda a simbologia do seu nú-mero bem redondo, e um ano

depois virava-se a primeira página de um novo livro da História, que todos queremos que tenha um final feliz. Diziam os mais op-timistas que saíamos do século das ideologias e iniciávamos o século das pessoas. Ninguém desejaria certamente que nos cem anos que tiveram a estreia no primeiro dia de 2001 se repetissem os mesmos erros do século XX, um dos mais sangrentos desde que há registo da nossa curta presença neste velhinho uni-verso, cheio de equívocos terríveis, que no fim deixaram a própria espécie dotada da capacidade para se auto-extinguir. Naqueles dias que nos correm menos bem, chegamos a pensar se não seria melhor assim, assistir ao fim dos dias ao vivo e a cores, de preferência em 3D. Perante a certeza da morte, o nosso egoísmo inato leva-nos a estar nas tintas para o futuro do resto da humanidade. O que importa se o mundo acaba no dia seguinte àquele em que soltamos o último estertor? Problema dos vivos, dos que ficam. Que se desenrasquem. O nosso poeta-mor, Luís Vaz, deixou como últimas palavras “Morro feliz porque morro com a Pátria”. Era um lírico, coitado, mas levou consigo a Pátria, mesmo que esta depois tenha renascido, fazendo valer o seu carácter de abstracto que faltou a Camões, que morto ficou.

Perante a inegável simbologia da che-gada de um novo milénio, uma nova era, era porreiro que todos dessemos as mãos e fizéssemos um esforço para escrever a nova História, uma que não envergonhasse as gerações vindouras quando a aprendessem dos livros. Num futuro utópico, a disciplina de História seria abolida dos currículos, uma vez que durante os séculos seguintes

O mundo de amanhã foi ontem (e não volta mais)

à nova ordem que emergiu das cinzas dos milénios anteriores, este em que agora vi-vemos seria resumido com um refrescante “nada a registar”. Bom sinal, pois fazendo fé na velha máxima, “boa notícia se não há notícias”. No tal século dos homens que daria lugar ao das ideologias que não deixa saudades, teríamos um mundo mais justo, mais solidário, igualitário e com o homem a contribuir para o bem do homem, indiferente às diferenças de natureza étnica, religiosa ou política. Um mundo em que a tecnologia estaria aos serviço de todos e nunca usada na tentativa de intimidar, aterrorizar e agredir. Seria uma busca incessante pela solução para os problemas, na perspectiva de alcançar o sonho da imortalidade, ou pelo menos algo que nos aproxime mais dos Deuses.

Infelizmente não é assim, e o novo mundo que tantos ambicionava tarda. Os dentes da realidade mordem mais que nun-ca, e apesar das diferenças na forma e nos métodos, persiste a dialéctica do opressor e do oprimido, que já o incompreendido Marx teorizou antes que as suas ideias fossem transformadas numa desculpa para o homi-cídio em massa, e ironicamente, ainda mais opressão. O aumento do fosso entre ricos e pobres, a persistência da miséria, da fome, das pestilências que teimam em se renovar, do “salve-se quem puder”, da idolatria do lucro e do capital que se sobrepõe a qualquer religião, dos que vivem e prezam a vida, e dos que se vão simplesmente existindo,

arrastando-se pelo limbo, à espera do fim sem nunca chegar a entender a razão do seu ser. As ideologias que nos esmagaram no passado foram substituídas pelo poder dos oligarcas, pela ditadura dos mercados, pela especulação agressiva e forças invisíveis que puxa uns poucos para maré calma da riqueza e do supérfluo, e empurra muitos para o mar revolto da miséria, cada vez mais tendencialmente hereditária e incurável. Vamos assistindo ao regresso em força do

feudalismo, até ao dia em que as massas se atropelarão desarmadas e indefesas junto das muralhas do castelo aguardando os restos atirados pelas elites. A única diferença dos tempos medievais é o cenário, com telemó-veis inteligentes, fibra óptica, wi-fi, LCDs, DVDs e “blue-ray” para todos. A mesma tecnologia que nos devia servir, e em vez disso teima em nos alienar.

Algures no meio de todo este cenário pré-apocalíptico, do cancro terminal que vai consumindo o que resta de bom da natureza humana, estamos nós, cidadãos de Macau. Meio milhão de alminhas num universo de sete mil milhões, arrumados num cantinho de um país grande dentro de um mundo enorme. Remetidos à nossa evidente insignificância, vamos deixando a banda passar, e até não temos razão de queixa, tendo em conta os problemas grandes dos países grandes que afectam a gente pequena. O que ficamos sem saber muito bem é que valores vamos passar aos nossos filhos, os que têm pela frente um amanhã incerto e sem perspectivas de poder contar com alguns do mais básicos valores humanistas, como a bondade, a solidariedade ou a tolerância. É tortuoso prepará-los para o futuro ensinando-lhes que compitam sem dó nem piedade, que abdiquem de princí-pios como a ética, que desconfiem de tudo e de todos, que não hesitem em subir nas costas alheias sempre que se justifique. Vai contra o que nos vai restando da nossa fibra moral transmitir-lhes a ideia que de fazer dinheiro é mais importante que estudar, obter conhecimento ou trabalhar no duro, que o crime até pode compensar, desde que não se seja apanhado, e que muitas vezes os meios justificam os fins. Era bom que os preparássemos para o mundo que nos prometeram quando se derrubaram os muros, caíram regimes apodrecidos e faliam os preconceitos, anunciando o fim dos dés-potas e dos tiranos, que afinal estão bem e recomendam-se, mesmo que hoje vistam a capa do pluralismo democrático. Desde a data que ficou combinada para começar de novo já passaram mais de treze anos, e começamos a perder a esperança. Ainda falta muito?

O que ficamos sem saber muito bem é que valores vamos passar aos nossos filhos, os que têm pela frente um amanhã incerto e sem perspectivas de poder contar com alguns do mais básicos valores humanistas, como a bondade, a solidariedade ou a tolerância. É tortuoso prepará-los para o futuro ensinando-lhes que compitam sem dó nem piedade, que abdiquem de princípios como a ética, que desconfiem de tudo e de todos, que não hesitem em subir nas costas alheias sempre que se justifique

Fran

cis

Baco

n

Page 20: Hoje Macau 18 JUL 2013 #2895

PUB

hoje macau quinta-feira 18.7.2013

Atendimento especial para idosos A Associação dos Conterrâneos de Kong Mun de Macau, à qual pertence o deputado Mak Soi Kun, reuniu-se ontem com o Chefe do Executivo para pedir uma solução para o tempo de espera dos idosos nos hospitais. Por isso, a presidente da associação, Leong Pak Chun, recomendou que o Governo abra uma via de atendimento especial para idosos para reduzir o tempo de espera. Mais tarde, o Gabinete do Chefe do Executivo emitiu um comunicado onde afiança que o «as autoridades competentes vão ponderar e estudar sobre a viabilidade da sugestão de mais facilidades para os idosos» no serviço de assistência médica.

Descobertos 34 kg de “chocolate-marfim”Dois turistas oriundos do Norte de África foram apanhados pelos Serviços de Alfândega com 34 quilos do que parecia chocolate, mas que se revelou marfim contrabandeado. Segundo as autoridades, citadas pela imprensa chinesa, os dois suspeitos entraram no território vindos do aeroporto de Hong Kong, mas a sua reacção “nervosa” acabaria por denunciar o alegado crime. Os funcionários acabariam por encontrar nas suas malas 15 caixas com 583 embalagens do “chocolate”. Mais tarde as análises efectuadas pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) viriam a revelar a existência de marfim, no valor de 580 mil patacas. Este foi o primeiro caso do género ocorrido em Macau, e segundo as autoridades os dois indivíduos já estão sob protecção dos Serviços de Migração.

Canal Macau não teve telejornalUm problema técnico impediu a TDM de transmitir a edição de ontem do telejornal em língua portuguesa, às 20h30, mas o mesmo pôde ser visto no canal satélite. O telejornal só voltaria ao Canal Macau da TDM por volta das 00h30, quando foi transmitida a repetição do mesmo. “A avaria ficou completamente resolvida no espaço de uma hora, porque temos uma equipa de manutenção a trabalhar durante 24 horas”, explicou ao Hoje Macau João Francisco Pinto, director de programas do canal português da TDM. “Não sou engenheiro, mas posso dizer que se tratou de uma avaria de um equipamento. Não recebi criticas, mas recebi muitos telefonemas de pessoas a perguntar o que se estava a passar. Mas há muitas pessoas que conseguem receber o sinal satélite em Macau e o nosso pivot (Jorge Silva), fez uma referência no final do telejornal sobre o facto de estar a haver um problema técnico”, disse ainda. - A.S.S.

Mais 18% para a CAMA Companhia do Aeroporto de Macau (CAM) anunciou receitas de 426 milhões de patacas no primeiro semestre, mais 18% do que no período homólogo do ano passado. Em comunicado, a CAM indica que o Aeroporto Internacional de Macau registou 2,3 milhões de passageiros, 51% da meta definida para todo o ano, que foram transportadas 12.502 toneladas de carga e reali-zados 23.482 movimentos de aviões, entre aterragens e descolagens. A CAM obteve, em 2012, lucros líquidos na ordem dos 66,89 milhões de patacas, o que sucedeu pela primeira vez na sua história, ou seja, desde o arranque das operações no aeroporto, em 1995. No comunicado, a CAM não adianta, contudo, qual-quer número referente a lu-cros ou prejuízos do primeiro semestre do ano. Na segunda metade de 2013, a CAM realça que planeia continuar a me-lhorar a diversificação ao nível de rotas, nomeadamente por via do lançamento de serviços de voo ‘charter’ para a Malásia e Vietname.

Jogo sempre a subirO sector do jogo de Macau fechou o segundo trimestre do ano com receitas brutas de 86.419 milhões de patacas, mais 15,7% do que no período homólogo de 2012, segundo dados oficiais ontem anunciados. Entre Abril e Junho, a maior parte das receitas do principal sector da economia de Macau foi gerada pelos casinos, que registaram uma receita bruta de 86.163 milhões de patacas, mais 15,8% do que no mesmo trimestre do ano passado. As apostas em jogos de futebol foram a segunda área do sector do jogo a acumular mais receitas durante o segundo trimestre, com um total de 94 milhões de patacas, menos 7,8% do que no mesmo período de 2012. Seguiram-se as corridas de cavalos, com uma receita de 88 milhões de patacas, mais 7,3% do que no segundo trimestre do ano passado, as corridas de galgos, com 45 milhões de patacas, o que representa menos 2% do que entre Abril e Junho de 2012. Os dados disponíveis no portal dos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos revelam que a maior parte (91%) das receitas do sector do jogo de Macau, num total de 78.741 milhões de patacas deriva só do bacará, o jogo mais popular nos casinos locais.