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2020 edição Revista atualizada ampliada MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL Promotor de Justiça 3.400 3.430 QUESTÕES COMENTADAS Alternativa por alternativa por autores especialistas Mais de COORDENAÇÃO ROGÉRIO SANCHES CUNHA

MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL€¦ · 04. (MPE – SC – Promotor de Justiça – MPE – SC/2016) Nos termos da Lei n. 8.069/90, fixada atribuição ao Ministério Público para

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2020

8ªedição

Revistaatualizadaampliada

MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL

Promotor de Justiça

3.4003.430 QUESTÕES COMENTADAS Alternativa por alternativa por autores especialistas

Mais de

COORDENAÇÃO

ROGÉRIO SANCHES CUNHA

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Direito da Criança e do Adolescente

Luciano Alves Rossato

TABELA DE INCIDÊNCIA DE QUESTÕESDistribuição das questões organizada

por ordem didática de assuntos

AssuntoNúmero

de QuestõesPeso

1. MINISTÉRIO PÚBLICO 17 12,98%

2. DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTEGRAL 8 6,11%

3. DIREITO FUNDAMENTAL À VIDA E À SAÚDE 4 3,05%

4. DIREITO AO RESPEITO E À LIBERDADE 3 2,29%

5. DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA 25 19,08%

6. DO DIREITO FUNDAMENTAL À EDUCAÇÃO, AO LAZER E AO DESPORTO 2 1,53%

7. DO DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO E À PROTEÇÃO NO TRABALHO 2 1,53%

8. DAS MEDIDAS PROTETIVAS 8 6,11%

9. DO ATO INFRACIONAL E DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS 15 11,45%

10. DO PROCEDIMENTO DE APURAÇÃO DO ATO INFRACIONAL 3 2,29%

11. DA REMISSÃO 3 2,29%

12. DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO 2 1,53%

13. RECURSOS 7 5,34%

14. DA AUTORIZAÇÃO DE VIAGEM 1 0,76%

15. DOS CONSELHOS DE DIREITOS 1 0,76%

16. DO CONSELHO TUTELAR 6 4,58%

17. DA VARA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE 3 2,29%

18. DOS CRIMES TIPIFICADOS NO ESTATUTO 1 0,76%

19. DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA 1 0,76%

20. INTERESSES DIFUSOS, COLETIVOS E INDIVIDUAIS 1 0,76%

21. INVESTIGAÇÃO DO DESAPARECIMENTO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES 1 0,76%

22. LEI 12.594/2012 14 10,69%

23. INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA 3 2,29%

TOTAL 131 100%

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Direito da Criança e do Adolescente

Luciano Alves Rossato

�QUESTÕES

1. MINISTÉRIO PÚBLICO

01. (MPE – SC – Promotor de Justiça – MPE – SC/2016) Consoante entendimento consolidado no Superior Tri-bunal de Justiça, a legitimidade do Ministério Público para o ajuizamento de ações de alimentos em benefício de crianças e de adolescentes independe do exercício do poder familiar dos pais, ou de o menor se encontrar nas situações de risco descritas no art. 98 do Estatuto da Criança e do Adolescente, bem como da existência ou eficiência da Defensoria Pública na comarca.

COMENTÁRIOS

� Nota do autor: o Ministério Público terá a legi-timidade para a propositura de ações para a defesa de interesses individuais (homogêneos e indisponíveis), coletivos ou difusos da criança e do adolescente.

Consoante o entendimento sedimentado pelo Superior Tribunal de Justiça, “o Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos em proveito de criança ou adolescente independente-mente do exercício do poder familiar dos pais, ou do fato de o menor se encontrar nas situações de risco descritas no art. 98 do Estatuto da Criança e do Adoles-cente, ou de quaisquer outros questionamentos acerca da existência ou eficiência da Defensoria Pública na comarca” (Súmula nº 594). A existência ou não de situa-ção de risco influenciará na competência da ação. Com efeito, nos termos do art. 148, parágrafo único, letra “g”, do Estatuto, a competência para o processamento de tal ação será da Vara da Infância e da Juventude se existir a situação de risco. Caso contrário, será da Vara de Família.

Alternativa correta: “certo.

02. (MPE – SC – Promotor de Justiça – MPE – SC/2016) Conselheiros tutelares, assim como representantes do Ministério Público e da Defensoria Pública, com atua-ção no âmbito do Estatuto da Criança e do Adolescente, ou em exercício na comarca, foro regional, Distrital ou federal, não deverão compor o Conselho dos Direitos da

Criança e do Adolescente, segundo disposto na Resolu-ção CONANDA n. 105/05.

COMENTÁRIOS

� Nota do autor: os conselhos de direitos são órgãos deliberativos sobre ações e programas volta-dos à infância e à juventude. Existem no âmbito nacio-nal (CONANDA), Estadual e Municipal. Cada Município deverá conter um conselho de direitos respectivo (ape-nas um). Este órgão será composto por representantes da administração e da sociedade, em igual número.

Compete ao CONANDA traçar as diretrizes gerais sobre os temas que são de sua atribuição. Nesse sen-tido, foi editada a Resolução n.º 105/2005, posterior-mente modificada, tratando dos conselhos de direitos. E, de acordo com o seu art. 11: “Não deverão compor o Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente, no âmbito do seu funcionamento: I- Conselhos de políticas públicas; II- Representantes de órgão de outras esferas governamentais; III- ocupantes de cargo de confiança e/ou função comissionada do poder público, na qualidade de representante de organização da sociedade civil; IV- Conselheiros Tutelares”. E o parágrafo único: “Não deve-rão compor os Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, na forma deste artigo, a autoridade judici-ária, legislativa e o representante do Ministério Público e da Defensoria Pública com atuação na área da criança e do adolescente ou em exercício na comarca no foro regional, Distrital e Federal”. Dessa maneira, consoante a orientação emanada do Conanda, não deve o repre-sentante do Ministério Público, os Conselheiros Tutela-res e os Defensores Públicos integrarem os conselhos de direitos.

Alternativa correta: “certo.

03. (MPE – SC – Promotor de Justiça – MPE – SC/2016) Considerando que o Brasil ratificou convenção inter-nacional do trabalho a prever licenças concedidas em casos individuais para excepcionar a proibição de emprego ou trabalho em requerimentos de autorização para trabalho de adolescentes, o CNMP dispôs, em reso-lução, que, se o pedido de autorização para trabalho fundamentar-se na situação socioeconômica do grupo familiar em que inserido o incapaz, poderá haver o defe-

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rimento, embora descumpridos os limites etários do art. 7°, inciso XXXIII, da Constituição Federal.

COMENTÁRIOS

� Nota do autor: em conformidade com a Con-venção n. 138 da OIT, ratificada pelo Brasil, permite-se que a autoridade competente conceda, mediante a observância de requisitos, autorização para que ocorra o trabalho artístico infantil (art. 8, item 1).

A autoridade competente para expedir autorização para o trabalho artístico infantil é o Juízo da Vara da Infância e da Juventude. A propósito, decidiu o Ministro Marco Aurélio de Mello, em medida cautelar deferida na ADI n. 5.326, posteriormente referendada pelo cole-giado, ajuizada para questionar a constitucionalidade de atos proveniente do MPT e da Justiça do Trabalho, que o Juízo da Vara da Infância ainda é o competente, apesar de todo o movimento existente para que fosse fixada a competência da Justiça do Trabalho, notadamente após a Emenda Constitucional n. 45/2004. Nesse sentido, o art. 149, I do Estatuto indica que tal juízo poderá expe-dir autorização para autorizar a participação da criança e do adolescente em espetáculos públicos, ao que foi equiparado o trabalho artístico infantil. Dessa maneira, não é qualquer atividade laboral que será admitida para os menores de dezesseis anos, mas única e exclusiva-mente aquelas relacionadas ao trabalho artístico. Além disso, deve-se preocupar também com a questão dos aprendizes que, a partir dos 14 anos, podem iniciar a sua atividade laboral. Por tudo isso, a Resolução n. 105/2014, que dispõe “sobre a atuação dos membros do Minis-tério Público como órgão interveniente nos processos judiciais em que se requer autorização para trabalho de crianças e adolescentes menores de dezesseis anos”, editada pelo Conselho Nacional do Ministério Público, busca traçar alguns parâmetros sobre a matéria. Vide a propósito o art. 2º da Resolução: “Nas hipóteses em que o requerimento de autorização estiver fundamen-tado na situação socioeconômica do grupo familiar em que inserida a criança ou o adolescente, ou quando a situação concreta o reclamar, o membro do Ministério Público, zelando pelo cumprimento das normas cons-titucionais e legais, encaminhará o núcleo familiar aos programas de assistência social e de saúde mantidos respectivamente pelo Sistema Único de Assistência Social – SUAS e Sistema Único de Saúde – SUS e outros porventura existentes na localidade”.

Alternativa correta: “errado”.

04. (MPE – SC – Promotor de Justiça – MPE – SC/2016) Nos termos da Lei n. 8.069/90, fixada atribuição ao Ministério Público para promover a ação civil pública para proteção dos interesses individuais de crianças e adolescentes, poderá o Promotor de Justiça promover ação de prestação de contas de administradores nas hipóteses em que os direitos patrimoniais dos incapa-zes forem ameaçados ou violados.

COMENTÁRIOS

� Nota do autor: a assertiva trata da atribuição do Ministério Público na defesa dos interesses individuais, coletivos e difusos da criança e do adolescente (art. 201 do Estatuto).

A assertiva está incorreta, eis que o Ministério Público terá a atribuição para a defesa de interesses coletivos (sentido amplo) e individuais indisponíveis da criança e do adolescente. Não se confundem os direitos patrimoniais com os indisponíveis, de modo que o par-quet não poderá ajuizar a ação narrada na questão (art. 201, V do Estatuto).

Alternativa incorreta.

05. (MPE-SP – Promotor de Justiça – SP/2015) Nos termos da Lei n° 8.069/90 (ECA):

I. O compromisso de ajustamento de conduta pode ser tomado por qualquer dos legitimados para as ações cíveis fundadas em interesses coletivos ou difusos afetos à infância e juventude.

II. O compromisso de ajustamento de conduta pode ser tomado apenas pelo Ministério Público.

III. Na ação cível ajuizada em defesa de interesse indi-vidual indisponível, uma vez configurado o des-cumprimento da obrigação, a multa diária imposta ao réu, liminarmente ou na sentença, reverte em favor do autor (menor).

IV. As multas não recolhidas até trinta dias após o trân-sito em julgado da decisão serão exigidas através de execução promovida pelo Ministério Público, em ação própria.

Está correto apenas o contido em:

a) II, III e IV.

b) II e III.

c) IV.

d) I e IV.

e) Todos os itens estão incorretos.

COMENTÁRIOS

� Notas do autor: o Estatuto se preocupou com a previsão de regras relacionadas à tutela dos interesses difusos, coletivos e individuais de crianças e de adoles-centes, o que, por óbvio, não retira a necessidade de serem aplicados os princípios e regras do Sistema Único Coletivo, que é composto por várias fontes normativas (LACP, CDC, ECA, Estatuto do Idoso, LACP, LMS, etc.).

Assertivas I e II – O compromisso de ajustamento de conduta poderá ser firmado pelos órgãos públicos legitimados à propositura da ação civil pública (art. 211 do Estatuto), constituindo-se em título executivo extra-judicial.

Assertiva III – o valor referente à multa imposta se converterá em favor do fundo vinculado ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (art. 214 do Estatuto).

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Assertiva IV – a exigência da multa ocorrerá nos mesmos autos pelo Ministério Público, facultada igual iniciativa aos demais legitimados.

Alternativa correta: letra “e”. Todos os itens estão incorretos.

06. (MPE-SP – Promotor de Justiça – SP/2015) Nos termos da Lei n° 8.069/90 (ECA), entre outras funções, compete ao Ministério Público:

I. Instaurar procedimentos administrativos.

II. Instaurar sindicâncias.

III. Determinar a instauração de inquérito policial.

IV. Impetrar habeas corpus.

V. Impetrar mandado de injunção.

Está correto apenas o contido em:

a) I, II, III e IV.

b) II, III, IV e V.

c) III e IV.

d) II e III.

e) Todos os itens estão corretos.

COMENTÁRIOS

� Notas do autor: as atribuições do Ministério Público estão indicadas no art. 201 do Estatuto, que contém rol exemplificativo.

Assertivas I, II e III – Poderá o Promotor de Justiça instaurar procedimentos administrativos e sindicâncias. A respeito da diferenciação entre inquérito civil, sindi-cância e procedimento administrativo, Marcus Paulo Queiroz Macedo (Manual do Promotor de Justiça –Teo-ria e Prática – Editora Juspodivm), destaca que, “no caso de sindicância, parece estar nítido” no inciso VII do art. 201 “que ela se relaciona a questões meramente crimi-nais”. Quanto “ao inquérito civil previsto no art. 201, V, do ECA e o procedimento administrativo stricto sensu previsto no inciso VI deste mesmo artigo, não há qual-quer diferenciação ontológica entre ambos, confundin-do-se, portanto, os institutos. Ao mesmo tempo, tam-bém poderá o Promotor de Justiça determinar a aber-tura de inquérito policial.

Assertivas IV e V – poderá o Promotor de Justiça valer-se dos remédios constitucionais para a tutela dos interesses de crianças e de adolescentes, como o man-dado de segurança, o habeas corpus e o mandado de injunção, entre outras possibilidades.

Alternativa correta: letra “e”: Todas as atribuições indicadas nas assertivas constam do rol do art. 201 do ECA.

07. (MPE-SP – Promotor de Justiça – SP/2015) Assi-nale qual das alternativas abaixo é a correta:

a) As atribuições acometidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) ao Ministério Público são exaustivas.

b) Compete ao Ministério Público, com exclusividade, a promoção e o acompanhamento das ações socio-educativas para apuração de prática de atos infra-cionais atribuídos a crianças e a adolescentes.

c) Cabe exclusivamente ao Ministério Público a legi-timidade para ajuizar qualquer procedimento da competência da Justiça da Infância e da Juventude.

d) Compete ao Ministério Público promover a especia-lização e a inscrição de hipoteca legal e a prestação de contas dos tutores, curadores e administradores de bens de crianças e adolescentes.

e) Cabe exclusivamente ao Ministério Público a ins-tauração do inquérito civil e o ajuizamento da ação civil pública na defesa dos interesses individuais e coletivos de crianças e adolescentes.

COMENTÁRIOS

� Notas do autor: as atribuições do Ministério Público com atuação na Vara da Infância e da Juventude estão contidas em rol exemplificativo contido no art. 201 do Estatuto.

Alternativa “a”: as atribuições do Ministério Público, previstas no art. 201 do Estatuto, são exempli-ficativas. Por exemplo, a fiscalização de entidades de atendimento não está lá indicada.

Alternativa “b”: compete ao Ministério Público a propositura e o acompanhamento do procedimento destinado a apurar o ato infracional praticado por ado-lescente, pois, não há possibilidade de ser promovida ação socioeducativa em face de criança.

Alternativa “c”: os procedimentos de competência da Vara da Infância e da Juventude não são de titulari-dade exclusiva do Ministério Público, com exceção do que for destinado à apuração do ato infracional. Pode-rão ser ajuizados pelo interessado, como, por exemplo, no caso de tutela no caso de criança ou adolescente em situação irregular, ou mesmo por outro legitimado em caso de ação civil pública.

Alternativa “d”: em conformidade com o art. 201, IV, do Estatuto, constitui atribuição do Promotor de jus-tiça promover, de ofício ou por solicitação dos interessa-dos, a especialização e a inscrição de hipoteca legal e a prestação de contas dos tutores, curadores e quaisquer administradores de bens de crianças e adolescentes em situação de risco. Interessante que o Estatuto não mais exige a inscrição de hipoteca legal para a tutela testa-mentária, exigindo o Código Civil apenas a caução, que poderá ser dispensada se reconhecida a idoneidade do tutor indicado.

Alternativa “e”: o ajuizamento de ação civil pública, na defesa de interesses difusos, coletivos e indi-viduais de crianças e de adolescentes é de legitimidade daqueles indicados no rol do art. 5º da Lei nº 7.347/1985. No que tange ao inquérito civil, contudo, o Ministério Público tem a sua titularidade exclusiva.

Alternativa correta: letra “d”.

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08. (FCC – Promotor de Justiça – PE/2014) Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, compete ao Ministério Público:

a) nos processos e procedimentos em que for parte, ter vista dos autos posteriormente às demais par-tes, na defesa dos direitos e interesses previstos no Estatuto.

b) homologar a remissão para exclusão do processo de apuração de ato infracional.

c) representar ao juízo visando a aplicação de penalida des por infrações cometidas contra as nor-mas de proteção à infância e à juventude.

d) promover, desde que por solicitação do interes-sado, a inscrição de hipoteca legal de bens de crian-ças e adolescentes em caso de falta dos pais ou res-ponsável.

e) requerer à autoridade judiciária medidas que interrom pam as irregularidades constatadas na fis-calização de entidades de atendimento, haja vista que não pode adotar de pronto medidas adminis-trativas para saná-las.

COMENTÁRIOS

� Nota do autor: as atribuições do Ministério Público estão indicadas no art. 201 do Estatuto. Trata-se de rol exemplificativo.

Alternativa “a”: Sendo parte no processo, o Minis-tério Público não terá vista posteriormente às partes, tal como ocorreria se atuasse como fiscal da ordem jurídica.

Alternativa “b”: A homologação da remissão, como forma de exclusão do processo, será realizada pela autoridade judiciária que, se não concordar, pro-moverá o procedimento ao Procurador Geral de Justiça.

Alternativa “c”: Entre outras atribuições, deverá o Promotor de Justiça representar ao juízo visando a apli-cação de penalidades administrativas cometidas contra as normas de proteção à infância e à juventude. Como se sabe, o Estatuto adotou um verdadeiro sistema de responsabilização, ao tipificar infrações administrativas e crimes.

Alternativa “d”: Não há mais a exigência da ins-crição de hipoteca legal. E mesmo que ainda houvesse, não haveria necessidade de solicitação do interessado.

Alternativa “e”: O juiz poderá adotar, de pronto, as medidas administrativas tendentes a sanar eventuais irregularidades. Poderá, ainda, iniciar, de ofício, o proce-dimento destinado à apuração de tais irregularidades.

Alternativa correta: letra “c”.

09. (FEPESE – Promotor de Justiça – SC/2014) Analise o enunciado da questão abaixo e assinale se ele é falso ou verdadeiro:

( ) Na linha de precedente do Superior Tribunal de Justiça, o Ministério Público tem legitimidade para promover ação civil pública a fim de obter compen-sação por dano moral difuso decorrente da sub-

missão de adolescentes a tratamento desumano e vexatório levado a efeito durante rebeliões ocorri-das em unidade de internação.

COMENTÁRIOS

�Nota do autor: os direitos fundamentais de crian-ças e de adolescentes são indisponíveis, pois têm titulari-dade difusa. E isso reflete na possibilidade de o Ministério Público ajuizar ação civil pública para o fim de obtenção de compensação por dano moral difuso, como, por exemplo, se houver a utilização indevida da imagem infantil. Neste caso, nota-se que a infância pode ser con-siderada como um sujeito coletivo de direitos.

Alternativa correta: “verdadeiro”.

10. (FEPESE – Promotor de Justiça – SC/2014) Analise o enunciado da questão abaixo e assinale se ele é falso ou verdadeiro:

( ) Compete ao Ministério Público promover, de ofício ou por solicitação dos interessados, a especializa-ção e a inscrição de hipoteca legal e a prestação de contas dos tutores, curadores e quaisquer admi-nistradores de bens de crianças e adolescentes nas hipóteses de aplicação das medidas de proteção.

COMENTÁRIOS

� Nota do autor: o Ministério Público, entre as suas atribuições constantes do art. 201, conta com a de promover a especialização da hipoteca legal. Contudo, tal obrigação do tutor não mais existente, por conta da alteração do art. 37 do Estatuto. Se o tutelado tiver patrimônio, poderá ser exigida caução, dispensável em razão da idoneidade do tutor (art. 1.745, parágrafo único, do Código Civil).

Alternativa correta: “verdadeiro”.

11. (FEPESE – Promotor de Justiça – SC/2014) Analise o enunciado da questão abaixo e assinale se ele é falso ou verdadeiro:

( ) Os membros do Ministério Público com atribuição para acompanhar a execução de medidas socioe-ducativas deverão zelar para que inexistam adoles-centes privados de liberdade em cadeias públicas e devem inspecionar, com a periodicidade mínima mensal, as unidades de semiliberdade e de inter-nação sob sua responsabilidade, em observância à Resolução nº 67/2011, do CNMP.

COMENTÁRIOS

� Nota do autor: A Resolução nº 67/2011 dispõe sobre a uniformização das fiscalizações em unida-des para cumprimento de medidas socioeducativas de internação e de semiliberdade pelos membros do Ministério Público e sobre a situação dos adolescentes que se encontram privados de liberdade em cadeias públicas. Nos termos do art. 1º, da Resolução, a visita deve ter periodicidade bimestral.

Alternativa correta: “falso.

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Direito da Criança e do Adolescente • Questões 845

12. (FEPESE – Promotor de Justiça – SC/2014) Analise o enunciado da questão abaixo e assinale se ele é falso ou verdadeiro:

( ) Com relação às disposições da Resolução nº 71/2011, do CNMP, o membro do Ministério Público na área da infância e da juventude não-infracional deverá requerer, em prazo inferior a cada seis meses, vista de todos os procedimentos administrativos exis-tentes no âmbito dos órgãos de execução em que atue e dos processos judiciais referentes a crianças e adolescentes em acolhimento institucional ou fami-liar, a fim de que seja viabilizada a reavaliação das medidas protetivas aplicadas.

COMENTÁRIOS

� Nota do autor: A Resolução nº 71/2011 dispõe sobre a atuação dos membros do Ministério Público na defesa do direito fundamental à convivência fami-liar e comunitária de crianças e adolescentes em aco-lhimento, além de outras providências. Assertiva em conformidade com o art. 3º, da aludida Resolução (Art. 3º. O membro do Ministério Público na área da infân-cia e da juventude não-infracional deverá requerer, em prazo inferior a cada 06 (seis) meses, vista de todos os procedimentos administrativos existentes no âmbito dos órgãos de execução em que atue e dos processos judiciais referentes a crianças e adolescentes em aco-lhimento institucional ou familiar, a fim de que seja viabilizada a reavaliação das medidas protetivas apli-cadas (artigo 19 do ECA). A aludida Resolução deverá ser objeto de revisão por conta da diminuição do prazo para reavaliação da medida no Estatuto – atualmente, a reavaliação ocorrerá em, pelo menos, a cada três meses.

Alternativa correta: “certo.

13. (FEPESE – Promotor de Justiça – SC/2014) Analise o enunciado da questão abaixo e assinale se ele é falso ou verdadeiro:

( ) Quanto às disposições da Resolução nº 71/2011, do CNMP, o membro do Ministério Público com atribuição em matéria de infância e juventude não-infracional deve inspecionar pessoalmente os serviços de acolhimento institucional e programas de acolhimento familiar sob sua responsabilidade. A periodicidade da inspeção será, no mínimo, tri-mestral, para Municípios com população igual ou inferior a um milhão de habitantes, adotando-se os meses de março, junho, setembro e dezembro.

COMENTÁRIOS

� Nota do autor: A Resolução nº 71/2011 dispõe sobre a atuação dos membros do Ministério Público na defesa do direito fundamental à convivência fami-liar e comunitária de crianças e adolescentes em aco-lhimento, além de outras providências. O art. 1º. dessa Resolução dispõe que: “o membro do Ministério Público com atribuição em matéria de infância e juventude não-infracional deve inspecionar pessoalmente, com

a periodicidade mínima trimestral, as entidades de acolhimento institucional e programas de acolhimento familiar sob sua responsabilidade, ressalvada a neces-sidade de comparecimento em período inferior, regis-trando a sua presença em livro próprio”.

Alternativa correta: “certo.

14. (MPE – SC – Promotor de Justiça – SC/2013) Ao exercer suas funções na seara da infância e da adoles-cência o Promotor de Justiça poderá requisitar infor-mações, exames, perícias e documentos de autoridades municipais e estaduais, mas não poderá fazê-lo de auto-ridades federais, mesmo que situadas nos municípios que compõe a comarca em que atua, devendo, nesses casos, requisitá-los através do Procurador-Geral de Jus-tiça.

COMENTÁRIOS

� Nota do autor: o Promotor de Justiça poderá requisitar informações de autoridades com a finalidade de instruir expediente em que esteja atuando (art. 201, VI, “b”, do Estatuto).

O Promotor de Justiça poderá requisitar informa-ções também de autoridades federais.

Alternativa correta: “errado”.

15. (MPE – SC – Promotor de Justiça – SC/2013) O Pro-motor de Justiça pode impetrar habeas corpus perante os tribunais, sempre que a criança ou adolescente esti-ver sofrendo, ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilega-lidade ou abuso de poder, mas seu acompanhamento deve ser feito pelos Procuradores de Justiça.

COMENTÁRIOS

� Nota do autor: o art. 201, do Estatuto, enumera um rol exemplificativo das atribuições do Ministério Público na defesa dos interesses da criança e do adoles-cente. Entre elas, está contido o ajuizamento de habeas corpus, mandado de segurança e mandado de injunção.

O Promotor de Justiça poderá ajuizar habeas cor-pus na defesa do interesse específico do direito de ir e vir do adolescente, como ocorre em um caso em que o magistrado determinar a internação (medida socioedu-cativa) de forma contrária à lei. Uma vez ajuizada essa ação, competirá a um Procurador de Justiça o seu acom-panhamento perante o Tribunal.

Alternativa correta: “certo.

16. (MPE – SC – Promotor de Justiça – SC/2013) A inti-mação do membro do Ministério Público deve ser pes-soal e realizada mediante a entrega dos autos para ciên-cia de decisões, prova acrescida, audiências e outros atos processuais

COMENTÁRIOS

� Nota do autor: o Ministério Público possui determinadas prerrogativas processuais, tendo em vista

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vários fatores, entre eles, os interesses que a sua ativi-dade resguarda.

Entre as prerrogativas do Ministério Público, inclui--se a da intimação pessoal, mediante a entrega dos autos para ciência das decisões, provas acrescidas, audi-ências e outros atos processuais. Registre-se que o seu prazo se iniciará com a entrega dos autos e não com a inserção do seu “ciente”.

Alternativa correta: “certo.

17. (MPE – SC – Promotor de Justiça – SC/2013) Em caso de desistência da ação requerida por associação legitimada que visa resguardar interesse de criança ou adolescente, o Ministério Público não poderá assumir a titularidade ativa, cabendo-lhe intentar nova ação para o mesmo fim.

COMENTÁRIOS

� Nota do autor: a defesa dos interesses coletivos (sentido lato) da criança e do adolescente poderá ser realizada por meio das ações coletivas, notadamente da ação civil pública.

Se acaso a associação que promoveu a ação desistir do prosseguimento, poderá o Ministério Público assu-mir a sua titularidade ativa, dando-se continuidade a ela, não sendo necessário intentar nova ação (art. 210, parágrafo segundo, do Estatuto).

Alternativa correta: “errado”.

2. DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTE-GRAL

18. (MPE – PR – Promotor de Justiça – MPE – PR/2019) Entre as garantias de prioridade estabelecidas expressa-mente pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (art. 4°, parágrafo único, da Lei n. 8.069/90), não há previsão de:

a) Primazia de receber proteção e socorro em quais-quer circunstâncias.

b) Precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública.

c) Destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.

d) Viabilização prioritária de formas alternativas de participação, ocupação e convívio com as demais gerações.

e) Preferência na formulação e na execução das políti-cas sociais públicas.

COMENTÁRIOS

� Nota do autor: de acordo com o art. 4º, pará-grafo único, do Estatuto, a garantia de prioridade com-preende: a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; b) precedência de atendi-mento nos serviços públicos ou de relevância pública; c) preferência na formulação e na execução das políticas

sociais públicas; d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infân-cia e à juventude.

Alternativa “d”: a conduta não está prevista entre as hipóteses compreendidas pela garantia de priori-dade (art. 4º, parágrafo único, Estatuto).

Alternativa correta: letra “d”.

19. (Cespe – Promotor de Justiça – MPE – RR/2017) De acordo com os princípios orientadores do direito da criança e do adolescente, em favor deles deve ser dada primazia em todas as esferas de interesse, seja no campo judicial, extrajudicial, administrativo, social ou familiar. Tal tratamento não comporta questionamen-tos ou ponderações, pois foi essa a escolha nacional por meio do legislador constituinte. De acordo com a dou-trina, tal primazia corresponde ao princípio

a) da municipalização.

b) da prevenção especial.

c) da prioridade absoluta.

d) do interesse superior da criança e do adolescente.

COMENTÁRIOS

� Nota do autor: vários são os princípios orien-tadores do direito da criança e do adolescente. Entre eles, identificam-se o superior interesse da criança e a prioridade absoluta como verdadeiros postulados nor-mativos. Em conformidade com a prioridade absoluta, tem-se que a criança e o adolescente constituem-se na primazia, na preferência da família, da sociedade e do Estado. Para se aprofundar mais sobre os princípios, é válida a leitura do art. 100, parágrafo único, do Estatuto.

Alternativa “c”: O princípio da prioridade absoluta encampa a necessidade de se adotar a tese de que a criança e o adolescente constituem a primazia das pri-mazias, na preferência entre todas, da família, da socie-dade e do Estado. A propósito, vide o art. 227, caput da Constituição Federal.

Alternativa correta: letra “c”.

20. (MPE – RO – Promotor de Justiça – MPE – RO/2017) A legislação brasileira, no que se refere ao tratamento dispensado à criança e ao adolescente, pas-sou por diferentes períodos, marcados, cada um, por concepções distintas. A partir disso, é CORRETO afirmar:

a) No período que antecedeu a Constituição Federal de 1988, a legislação garantia à criança e ao adoles-cente direitos fundamentais, embasados no princí-pio do melhor interesse.

b) Com a vigência da Constituição Federal de 1988, do Estatuto da Criança e do Adolescente e da Conven-ção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, todos aqueles que não atingiram os dezoito anos passam a ser considerados sujeitos de direitos, prioridade absoluta e pessoas em fase especial de desenvolvimento.

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Direito da Criança e do Adolescente • Questões 847

c) A doutrina da situação irregular vigorou até a entrada em vigor do Estatuto da Criança e do Ado-lescente.

d) A partir do Código Penal de 1890, a idade da res-ponsabilidade penal vem fixada em dezoito anos.

e) A Declaração dos Direitos da Criança é o primeiro documento internacional com força cogente para os países firmatários.

COMENTÁRIOS

� Nota do autor: o atual Direito da Criança e do Adolescente é decorrente da adoção da concepção da doutrina da proteção integral, adotada no âmbito inter-nacional desde a Declaração dos Direitos da Criança.

Alternativa “a”: Anteriormente à Constituição Federal, vigia o princípio da situação irregular, pela qual o menor era considerado um objeto de proteção, motivo da incorreção da alternativa.

Alternativa “b”: A Constituição Federal de 1988 foi o divisor de águas no âmbito interno, pois, a partir de então, introduziu-se o Direito da Criança e do Adoles-cente e a concepção da doutrina da proteção integral, o que foi consolidado com o Estatuto da Criança e do Adolescente e com a Convenção sobre os Direitos da Criança da ONU. Deste conjunto, tem-se que os meno-res de dezoito anos foram considerados crianças e ado-lescente, sujeitos de direitos.

Alternativa “c”: A doutrina da situação irregular teve sua duração, no âmbito interno, até o advento da Constituição Federal.

Alternativa “d”: O Código Penal de 1890 não fixava a responsabilidade penal aos dezoito anos. Na verdade, o seu art. 27 estabelecia que não serem criminosos os menores de nove anos completos, bem como os maio-res de nove e menores de catorze, que atuarem sem discernimento.

Alternativa “e”: A Declaração dos Direitos da Criança, de 1959, teve sua importância no contexto da infância, principalmente por encampar a doutrina da proteção integral. Contudo, padecia de um problema: não tinha força cogente, o que obrigou a aprovação, posteriormente, da Convenção sobre os Direitos da Criança, que tinha tal característica.

Alternativa correta: letra “b”.

21. MPE-SP – Promotor de Justiça – SP/2015) Nos ter-mos da Constituição Federal, o direito a proteção espe-cial à criança, ao adolescente e ao jovem deve abranger, dentre outros, os seguintes aspectos:

I. Garantia de inimputabilidade aos menores de dezoito anos, que ficarão sujeitos às normas da legislação especial.

II. Programas de prevenção e atendimento especiali-zado à criança, ao adolescente e ao jovem depen-dente de entorpecentes e drogas afins.

III. Proibição de quaisquer designações discriminató-rias relativas à filiação e igualdade de direitos e qua-

lificações em relação aos filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção.

IV. Aplicação de percentual dos recursos públicos des-tinados à saúde na assistência materno-infantil.

V. Estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado.

Está correto apenas o contido em:

a) I, III e V.

b) II e IV.

c) I, II e III.

d) II e V.

e) II, III, IV e V.

COMENTÁRIOS

� Notas do autor: a Constituição Federal foi a res-ponsável pela ruptura da Doutrina da Situação Irregular e a adoção da Doutrina da Proteção Integral, passando a criança e o adolescente a serem considerados sujeitos de direitos. Para tanto, prevê, no art. 227, uma verdadeira declaração de direitos, determinando a observância da proteção especial a que faz jus aquele grupo de pessoas (parágrafo terceiro). Originariamente, tal previsão era voltada exclusivamente às crianças e aos adolescentes. Posteriormente, por força de Emenda Constitucional, estendeu-se tal tutela aos jovens, que, de acordo com o Estatuto da Juventude, constituem-se nas pessoas que têm entre 15 e 29 anos de idade.

Assertiva I – incorreta. A garantia de inimputabili-dade penal está prevista no art. 228 da Constituição, e não entre as normas de proteção especial indicadas no parágrafo terceiro do art. 227.

Demais assertivas: estão todas indicadas no § 3º, do art. 227, da Constituição Federal.

Alternativa correta: letra “d”: as assertivas II e V estão corretas.

22. (MPE – SC – Promotor de Justiça – SC/2013) É dever do Poder Público assegurar, com absoluta prio-ridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária da criança e do adolescente, mas, a garantia de prioridade de que fala o artigo 4° do ECA, não inclui a preferência na formulação e na execução das políticas sociais públi-cas.

COMENTÁRIOS

� Nota do autor: em conformidade com o art. 227, da Constituição Federal, constitui dever jurídico da famí-lia, da sociedade e do Estado assegurar a observância dos direitos fundamentais da criança e do adolescente.

Por serem a criança e o adolescente pessoas em condições especiais de desenvolvimento, fazem jus à prioridade absoluta, estando incluída nesta, conforme

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dispõe o art. 4º, do Estatuto, a preferência na formula-ção e na execução das políticas sociais públicas.

Alternativa correta: “errado”.

23. (MPE – SP – Promotor de Justiça – SP/2012) O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90) e o Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003) destinam-se a regular os direitos assegurados à criança, consideran-do-se a pessoa até

a) doze anos de idade incompletos; ao adolescente, considerando-se a pessoa entre doze e dezoito anos de idade e às pessoas idosas com idade igual ou su perior a sessenta anos.

b) doze anos de idade incompletos; ao adolescente, considerando-se a pessoa entre doze e vinte e um anos de idade e às pessoas idosas com idade igual ou superior a sessenta anos.

c) doze anos de idade; ao adolescente, considerando – se a pessoa entre doze e dezoito anos de idade e às pessoas idosas com idade igual ou superior a ses senta e cinco anos.

d) doze anos de idade incompletos; ao adolescente, considerando-se a pessoa entre doze e dezoito anos de idade e às pessoas idosas com idade supe-rior a sessenta e cinco anos.

e) dezesseis anos de idade incompletos; ao adoles-cen te, considerando-se a pessoa entre dezesseis e vin te e um anos de idade e às pessoas idosas com ida de superior a sessenta anos.

COMENTÁRIOS

� Nota do autor: a criança é a pessoa que tem entre zero e doze anos incompletos; o adolescente de doze a dezoito anos incompletos; e o idoso, a pessoa com idade igual ou superior a sessenta anos.

Alternativa “a”: Compreende as idades de cada uma das classes de pessoas indicadas, excluindo-se as demais alternativas automaticamente.

Alternativa correta: letra “a”.

24. (MPE/PR – Promotor de Justiça-PR/ 2011) Anali-sando as seguintes assertivas:

I. A garantia da prioridade, da qual gozam crianças e adolescentes, compreende a primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias, a precedência de atendimento nos serviços públicos, destinação privilegiada de recursos públicos, e a preferência na formulação e na execução de políti-cas sociais públicas;

II. É obrigação do poder público e das instituições de saúde particulares, ainda que não conveniadas ao Sistema Único de Saúde (SUS), fornecer assistência psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós natal, até mesmo para prevenir ou minorar as consequências do estado puerperal;

III. Os hospitais públicos e particulares são obrigados a proporcionar condições para a permanência inte-

gral de ambos os pais ou do responsável, durante a internação de criança ou adolescente;

IV. O lapso temporal máximo para a permanência de criança ou adolescente em programa de acolhi-mento institucional é de 01 (um) ano, salvo compro-vada necessidade que atenda ao seu superior inte-resse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária;

V. Os hospitais, tanto públicos como particulares, são obrigados a manter alojamento conjunto, possibili-tando ao neonato a permanência junto à mãe.

É possível afirmar:

a) Somente a assertiva I está correta;

b) Somente as assertivas I, IV e V estão corretas;

c) Somente as assertivas I, III e V estão corretas;

d) Somente as assertivas I e V estão corretas;

e) Todas as assertivas estão corretas.

COMENTÁRIOS

� Notas do autor: como se vê, as disposições pre-liminares constantes do Estatuto são sempre objeto de questionamento em concursos, notadamente do Ministério Público. Também, pudera. São disposições importantíssimas para se entender todas as bases do tratamento a que fazem jus a criança e o adolescente, fundado na Doutrina da Proteção Integral.

Alternativa “a”: a assertiva II está incorreta, uma vez que a obrigação ali tratada deve ser atendida pelos serviços públicos de saúde, não havendo essa extensão às entidades privadas não conveniadas.

Alternativa “b”: deve ser assegurada a permanên-cia de um dos pais ou do responsável em hospital a que criança ou adolescente estiverem internados, e não a ambos como se refere a assertiva.

Alternativa “c”: o regime de acolhimento insti-tucional tem prazo máximo limitado a dezoito meses, salvo se o superior interesse do adolescente permitir a continuidade.

Alternativa “d”: a assertiva I está correta, pois bem retrata a proteção especial a que fazem jus a criança e o adolescente, principalmente pelo aspecto da primazia no atendimento e formulação de políticas públicas.

Alternativa “e”: trata-se de uma obrigação não restrita aos hospitais públicos, mas também dos parti-culares.

Alternativa correta: letra “d”.

25. (FCC – Promotor de Justiça – CE/ 2011) O Estatuto da Criança e do Adolescente

a) consagrou o princípio da proteção especial, segundo o qual os direitos fundamentais da pessoa humana em geral não alcançam crianças e adoles-centes, cujos interesses são resguardados por direi-tos ajus tados a sua condição peculiar de pessoas em de senvolvimento.

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Direito da Criança e do Adolescente • Questões 849

b) substituiu a expressão “menor em situação irregu-lar” presente no Código de Menores pela expressão “criança e adolescente em situação de risco pessoal e social”.

c) desjudicializou, como regra, o atendimento inicial das situações de violação e ameaça de violação aos direitos da criança e do adolescente e reduziu o âm-bito da discricionariedade do juiz na proteção dos di reitos da criança e do adolescente.

d) deu nova institucionalidade ao Comissariado de Me nores, cujas atribuições passaram a ser exercidas pelos Conselhos Tutelares.

e) estabeleceu a responsabilidade primordial ao Poder Executivo Federal na formulação, financia-mento e execução da política de proteção à criança e ao ado lescente.

COMENTÁRIOS

� Notas do autor: a questão trata das característi-cas da Doutrina da Proteção Integral, como a descentra-lização e a desjudicialização do atendimento, o papel da sociedade e o papel do Poder Executivo.

Alternativa “a”: incorreta, pois todos os direitos dos adultos são estendidos às crianças e adolescentes, como, por exemplo, o direito à proteção no trabalho.

Alternativa “b”: o Estatuto substituiu a expressão “menor em situação irregular” pela expressão “proteção integral à criança e ao adolescente”.

Alternativa “c”: uma das características da dou-trina da proteção integral é a desjudicialização do aten-dimento. Antes do Estatuto, o atendimento era centra-lizado na figura do Juiz de Menores. Atualmente, com a desjudicialização, o atendimento inicial das situações de violação ou ameaça a direitos é feito por outros ato-res, principalmente pelo Conselho Tutelar.

Alternativa “d”: as atribuições dos conselheiros tutelares vão muito além dos antigos comissários, con-sagrando-se como pessoas que têm por missão zelar pela observância dos direitos das crianças e dos adoles-centes.

Alternativa correta: letra “c”.

3. DIREITO FUNDAMENTAL À VIDA E À SAÚDE

26. (FUNDEP – Promotor de Justiça – MPE – MG/2017) Assinale a alternativa INCORRETA:

São direitos das gestantes e parturientes, garanti-dos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente:

a) Atendimento pré-natal no estabelecimento em que será realizado o parto, garantido o direito de opção da mulher.

b) Um acompanhante, de sua preferência, durante o período do pré-natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato.

c) Alta hospitalar responsável e contrarreferência na atenção primária, bem como o acesso a outros ser-viços e a grupos de apoio e amamentação.

d) Acompanhamento saudável durante toda a ges-tação, parto natural cuidadoso, aplicação de cesa-riana e outras intervenções cirúrgicas por motivos médicos.

COMENTÁRIOS

� Nota do autor: várias leis alteraram o Estatuto da Criança e do Adolescente nos anos de 2016 e 2017. No que tange ao direito à vida e à saúde, a mais importante alteração se deu pela Lei nº 13.257/2016, ou pelo Marco Legal da Primeira Infância.

Alternativa “a”: Em conformidade com a atual redação do § 2º, do art. 8º, do Estatuto, os profissionais de saúde de referência da gestante garantirão sua vinculação, no último trimestre da gestação, ao estabelecimento em que será realizado o parto, garantido o direito de opção da mulher”. Como se sabe, tal vinculação traz segurança à gestante e propicia maiores chances de que os cui-dados em relação ao nascituro sejam mais efetivos. As demais alternativas se encontram, respectivamente, em conformidade com os artigos: B – art. 8º, § 6º; C – art. 8º, § 3º; D – art. 8º, § 7º, todos com a sua redação em confor-midade com a Lei nº 13.257/2016.

Alternativa correta: letra “a”.

27. (Cespe – Promotor de Justiça – AC/2014) No que tange aos direitos fundamentais das crianças e dos ado-lescentes, conforme previsão do ECA e entendimento dos tribunais superiores, assinale a opção correta.

a) Embora o ECA garanta, de diversas formas, os direitos fundamentais da criança e do adolescente mediante a proteção da gestante, não há previsão de garantia do aleitamento materno aos filhos de mães submetidas a penas privativas de liberdade.

b) Como forma de impedimento à adoção comercial de bebês, o Estado é proibido de proporcionar assistência psicológica à gestante ou à mãe que manifestarem desejo de entregar seus filhos para adoção.

c) Admite-se a veiculação de imagens com cenas de espancamento e tortura praticados por adulto con-tra criança, ainda que constrangedoras, em razão da prevalência do direito à informação prestada pela impressa à sociedade.

d) É obrigação do Estado criar e manter centros espe-cíficos para adolescentes portadores de doença ou deficiência mental em cumprimento de medida socioeducativa, não sendo suficientes a existência de programa psiquiátrico terceirizado e a utilização da rede pública para o atendimento de casos agu-dos.

e) A CF e o ECA asseguram o ingresso e a permanência de crianças com até seis anos de idade em creches e pré-escolas, desde que comprovada a hipossufici-ência dos pais.

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� Nota do autor: a questão trata de vários direitos fundamentais de crianças e de adolescentes.

Alternativa “a”: Em conformidade com o art. 9º, do Estatuto, “O poder público, as instituições e os empre-gadores propiciarão condições adequadas ao aleita-mento materno, inclusive aos filhos de mães submeti-das a medida privativa de liberdade”, lembrando que ao dispositivo foram acrescidos dois parágrafos pela Lei n. 13.257/2016: § 1º Os profissionais das unidades primárias de saúde desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou coletivas, visando ao planejamento, à implementação e à avaliação de ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno e à alimen-tação complementar saudável, de forma contínua; § 2º Os serviços de unidades de terapia intensiva neonatal deverão dispor de banco de leite humano ou unidade de coleta de leite humano.

Alternativa “b”: O correto é justamente o con-trário. O Estado deve promover a assistência psicoló-gica à gestante ou à mãe que manifestarem desejo de entregar seus filhos para a adoção. A medida tem mais de uma finalidade. Propicia-se, por meio dela, a possi-bilidade de reversão da vontade materna. Além disso, promove-se um acompanhamento efetivo da medida.

Alternativa “c”: Tais imagens não podem ser vei-culadas, pois poderiam incentivar o cometimento do mesmo ato por outras pessoas.

Alternativa “d”: O adolescente portador de doença mental em cumprimento de medida socioedu-cativa faz jus a tratamento específico. A permanência em cumprimento de medida sem o devido acompanha-mento transforma a medida em simples pena, com cará-ter retributivo, pois esvaziada estará a ressocialização. Por conta disso, constitui obrigação do Estado criar e manter centros específicos de tratamento, sem prejuízo de outras providências que já sejam tomadas.

Alternativa “e”: A Constituição Federal assegura o ingresse de crianças em creches e pré-escolas até os cinco anos. A partir dos seis anos, já devem ingressar no ensino fundamental. O Estatuto da Criança e do Adoles-cente foi alterado e adequado à CF e à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

Alternativa correta: letra “d”.

28. (MPE – SC – Promotor de Justiça – SC/2013) O direito a proteção à vida e à saúde, permitindo o cres-cimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso da criança compreende a possibilidade de seu atendi-mento em qualquer hospital, quer da rede pública, quer da rede particular, às expensas do Estado.

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� Nota do autor: entre os direitos fundamentais da criança e do adolescente, encontra-se o direito à vida e à saúde.

O exercício desse direito compreende o atendi-mento em hospitais da rede pública e não em hospitais da rede particular às custas do Estado.

Alternativa correta: “errado”.

29. (MPE – SC – Promotor de Justiça – SC/2013) O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da inte-gridade física, psíquica e moral da criança e do adoles-cente, abrangendo a preservação da imagem, da iden-tidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetivos pessoais.

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� Nota do autor: o direito ao respeito é um dos direitos fundamentais da criança e do adolescente.

A parte final da afirmação contém indicação à pre-servação dos objetivos pessoais, quando na verdade o correto seria dos objetos pessoais. Não se pode deixar de fazer uma crítica negativa a questões como essa, que exigem do candidato praticamente decorar a letra de lei.

Alternativa correta: “errado”.

4. DIREITO AO RESPEITO E À LIBERDA-DE

30. (MPE – SP – Promotor de Justiça – MPE – SP/2017) A Constituição Federal de 1988 impôs ao legislador infraconstitucional o dever de tratar a criança e o ado-lescente como sujeitos de direito – e não mais como mero objeto de intervenção do mundo adulto. Nessa linha, o Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu Título II, especificou direitos denominados fundamen-tais de infantes e jovens. Em tal contexto, atribuiu às crianças e aos adolescentes direitos de defesa mesmo em face dos adultos a quem o ordenamento jurídico os subordina. Dentre tais direitos, encontra-se o de defesa da integridade físico-psíquica e moral, na sua faceta de proteção aos direitos de fruir e de desenvolver a própria personalidade, de defender-se de agressões comprometedoras de sua condição de pessoa em face de desenvolvimento, especificamente quando as inicia-tivas nefastas partam de pessoas a quem a lei impôs o dever de, direta e rotineiramente, protegê-los contra os ataques dos demais membros do grupo social, devendo ser-lhes prestado, para tanto, o suporte necessário.

Tal contextualização correspondente ao direito de liberdade de

a) buscar orientação.

b) buscar refúgio.

c) participar da vida familiar sem discriminação.

d) opinião e de expressão.

e) ser ouvido e de participar das decisões comuns ao núcleo familiar que integra.

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Direito da Criança e do Adolescente • Questões 851

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� Nota do autor: o art. 16 do Estatuto trata do direito à liberdade. Conforme já registrou a doutrina, tal dispositivo encampa várias “liberdades”, consoante se vê de seus incisos.

Alternativa “b”: Consoante o art. 16, VII, do Esta-tuto, o direito à liberdade compreende, entre outros aspectos, o de buscar refúgio, auxílio e orientação. Exclui automaticamente as demais alternativas.

Alternativa correta: letra “b”.

31. MPE-SP – Promotor de Justiça – SP/2015) O direito ao respeito de que gozam as crianças e os adolescen-tes, afirmado em norma contida na Lei n. 8.069/90, não abrange:

a) a imagem e a identidade.

b) os espaços e objetos pessoais.

c) a escolha de trabalho, ofício e profissão.

d) a autonomia, os valores, as ideias e as crenças.

e) a inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral.

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� Notas do autor: o direito à liberdade, ao respeito e à dignidade está tratado nos artigos 15 a 18-B, do Esta-tuto. O direito ao respeito é um dos mais importantes do Estatuto e consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais (art. 17). Note-se que, entre eles, não abrange a escolha de trabalho, ofício e profissão.

Alternativa “c”: a escolha do trabalho, ofício e pro-fissão não está abrangida pelo direito ao respeito. Res-ponde todas as demais alternativas.

Alternativa correta: letra “c”.

32. (Cespe – Promotor de Justiça – MPE – RR/2017) Segundo o ECA, “A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pre-texto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los.” Nesse sentido, entende-se por

I. castigo físico a ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente e que lhes cause sofri-mento físico ou lesão.

II. tratamento cruel ou degradante a conduta ou forma cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescente que lhes humilhe, ameace grave-mente ou ridicularize.

III. tratamento cruel ou degradante a alienação paren-tal praticada por um dos genitores, por ser uma forma de humilhar a criança ou o adolescente.

Assinale a opção correta.

a) Nenhum item está certo.

b) Apenas o item III está certo.

c) Apenas os itens I e II estão certos.

d) Todos os itens estão certos.

COMENTÁRIOS

� Nota do autor: a questão trata das modificações ocorridas no Estatuto em razão da aprovação da Lei Menino Bernardo (Lei nº 13.010/2014), a qual, durante o trâmite legislativo, era denominada de Lei da Palmada. Por meio dela, busca-se fazer prevalecer a ideia de que “a criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disci-plina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos respon-sáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los”. Para os fins do Estatuto, houve a definição de castigo físico e de tratamento cruel ou degradante, conforme se vê do parágrafo único, do art. 18-A, do Estatuto, e que coincide as assertivas indicadas nos números I e II da questão.

Alternativa “c”: As assertivas I e II estão corretas, vez que coincidem com o disposto no parágrafo único, incisos, do art. 18-A, do Estatuto da Criança e do Adoles-cente. Há de se registrar, que a Lei nº 13.431/2017, que estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência, a qual prevê as seguintes formas de violência: I) violência física; II) violência psicológica, na qual se encontra a aliena-ção parental; III) violência sexual, englobando o abuso sexual, a exploração sexual e o tráfico de pessoas; e, IV) a violência institucional.

Alternativa correta: letra “c”.

5. DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA

33. (MPE – BA – Promotor de Justiça – MPE – BA/2018) Considerando as disposições contidas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), lei n° 8.069, de 13 de julho de 1990, é incorreto afirmar que

a) o poder público estimulará, por meio de assistên-cia jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhi-mento, sob a forma de adoção, de criança ou ado-lescente afastado do convívio familiar.

b) a guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à criança ou ao adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a ter-ceiros, inclusive aos pais.

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c) a guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros.

d) poderão ser utilizados recursos federais, estadu-ais, distritais e municipais para a manutenção dos serviços de acolhimento em família acolhedora, facultando-se o repasse de recursos para a própria família acolhedora.

e) excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos de tutela e adoção, para atender a situações peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou res-ponsável, podendo ser deferido o direito de repre-sentação para a prática de atos determinados.

COMENTÁRIOS

� Nota do autor: a questão trata de aspectos rela-tivos ao direito à convivência familiar e comunitária.

Alternativa “a”: a afirmação é incorreta, uma vez que o poderá público estimulará, por meio de assistên-cia jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a forma de guarda (e não de adoção), de criança ou adolescente afastado do convívio familiar (art. 34, caput).

Alternativa “b”: a guarda traz de forma intrínseca uma série de obrigações ao guardião, como a assistên-cia moral, educacional e material à criança e ao ado-lescente. De outro lado, confere-se ao seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais (art. 33, caput).

Alternativa “c”: a guarda poderá consistir no objeto principal do processo, ou também ser deferida inciden-talmente nos processos de tutela ou de adoção. Não poderá ser deferida a estrangeiros, de modo a inviabili-zar a saída do território nacional nessa condição.

Alternativa “d”: nos termos do que está previsto no art. 34, § 4º, do Estatuto, poderão ser utilizados recursos federais, estaduais, distritais e municipais para a manutenção dos serviços de acolhimento em família acolhedora, facultando-se o repasse de recursos para a própria família acolhedora.

Alternativa “e”: a guarda não acarreta, automati-camente, na atribuição do direito de representação ao guardião. Contudo, em determinadas hipóteses especí-ficas, admite-se o deferimento da representação para a prática de atos específicos (art. 33, § 2º).

Alternativa correta: letra “a”.

34. (MPE – PR – Promotor de Justiça – MPE – PR/2019) Nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069/90), assinale a alternativa correta:

a) A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, um registro de crianças e adoles-centes em condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção.

b) O vínculo da adoção constitui-se por inscrição no registro civil.

c) A desistência do pretendente em relação à guarda para fins de adoção ou a devolução da criança ou do adolescente depois do trânsito em julgado da sentença de adoção importará na sua exclusão dos cadastros de adoção e na vedação de renovação da habilitação, de forma irreversível.

d) A adoção deve ser deferida quando representar vantagens para o adotando, sendo despiciendo aquilatar- se a existência de motivos legítimos.

e) Em observância ao princípio da proteção integral, a preferência das pessoas cronologicamente cadas-tradas para adotar determinada criança é absoluta.

COMENTÁRIOS

� Nota do autor: a questão trata do instituto da adoção, hipótese de inserção da criança ou do adoles-cente em família substituta.

Alternativa “a”: as pessoas que estiverem interes-sadas em adotar crianças ou adolescentes, deverão se submeter ao procedimento de habilitação de preten-dentes à adoção (art. 197-A). Ao final, serão inscritos no respectivo cadastro de pessoas interessadas na adoção (art. 197-E, caput). Dessa maneira, determina o Estatuto que serão criados e implementados cadastros estadu-ais e nacional de crianças e adolescente em condições de serem adotados e de pessoas ou casais habilitados à adoção (art. 50, § 5º). Também há determinação para que a autoridade judiciária mantenha, em cada comarca ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e de outro de pessoas interessadas na adoção (art. 50, caput).

Alternativa “b”: o vínculo de adoção não se cons-titui pela inscrição no registro civil, mas por sentença judicial (art. 47, caput).

Alternativa “c”: a desistência do pretendente em relação à guarda para fins de adoção ou a devolução da criança ou do adolescente depois do trânsito em jul-gado da sentença de adoção importará na sua exclusão dos cadastros de adoção e na vedação da renovação de habilitação, salvo decisão judicial fundamentada, sem prejuízo das demais sanções previstas na legislação vigente (art. 197-E, § 5º, incluído pela Lei nº 13.509/2017).

Alternativa “d”: entre os requisitos subjetivos da adoção, também está o de que a medida venha ao encontro da existência de motivos legítimos.

Alternativa “e”: em obediência ao princípio do melhor interesse da criança, a obediência à ordem cronológica decorrente dos cadastros não é absoluta, podendo der analisado no caso concreto.

Alternativa correta: letra a”.

35. (MPE – RO – Promotor de Justiça – MPE – RO/2017) Considerando os dispositivos referentes à colocação em família substituta, previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente, é CORRETO afirmar:

a) O consentimento dos pais com a colocação do filho em família substituta, através da adoção, é retratá-vel até a data do trânsito em julgado.

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Direito da Criança e do Adolescente • Questões 853

b) A colocação de criança ou adolescente sob guarda de pessoa inscrita em programa de acolhimento familiar será comunicada pela autoridade judiciária à entidade responsável pela criança ou adolescente no prazo de 10 dias.

c) O consentimento dos pais com a colocação do filho em família substituta somente terá valor se dado após o nascimento da criança.

d) Para a concessão de pedido de colocação em famí-lia substituta, em se tratando de pessoa idônea, é dispensável a declaração sobre a existência de bens, direitos ou rendimentos relativos à criança ou ao adolescente.

e) Todas as alternativas anteriores são incorretas.

COMENTÁRIOS

� Nota do autor: com relação à exigência do consentimento dos genitores para que o filho fosse entregue à família substituta, note-se que o Estatuto da Criança e do Adolescente foi modificado, estando previsto novo termo final para que aqueles pudessem se retratar. Antes da modificação, tal retratação pode-ria ocorrer antes de publicada a sentença concessiva da adoção. Agora, no entanto, será possível até a oitiva dos genitores pela autoridade judiciária (art. 166, § 5º, do Estatuto). A alteração decorre da Lei nº 13.509/2017.

Alternativa “a”: Como visto, admite-se a retrata-ção dos genitores até a data da realização da audiência em que os genitores são ouvidos.

Alternativa “b”: Enquanto não localizada pes-soa ou casal interessado em sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre que possível e recomendável, será colocado sob guarda de família cadastrada em pro-grama de acolhimento familiar, o que deverá ser comu-nicado de imediato.

Alternativa “c”: O consentimento dos pais com a colocação do filho em família substituta somente terá valor se dado após o nascimento da criança (art. 166, § 6º), de modo que, se prestado antes, deverá ser ratifi-cado em juízo.

Alternativa “d”: Consoante prevê o art. 165, V, do Estatuto, são requisitos para a concessão de pedidos de colocação em família substituta, entre outros, “a decla-ração sobre a existência de bens, direitos ou rendimen-tos relativos à criança ou ao adolescente”. Note-se que não há qualquer ressalva em relação a se tratar de pes-soa idônea ou não.

Alternativa correta: letra “c”.

36. (MPE – RO – Promotor de Justiça – MPE – RO/2017) Juliana, trinta anos, tia de Paulo, treze anos, assumiu, há dois anos, a guarda fática do sobrinho. Pre-tende regularizar a situação jurídica, pedindo a guarda judicial. Conforme o Estatuto da Criança e do Adoles-cente, assinale a alternativa CORRETA.

a) O deferimento da guarda de Paulo a Juliana, cm razão do grau de parentesco entre eles, dispensa o chamamento dos pais de Paulo ao processo.

b) A colocação em família substituta, através da guarda de Paulo a Juliana, pressupõe a perda ou suspensão do poder familiar dos pais de Paulo.

c) Segundo previsão do Estatuto da Criança e do Ado-lescente, Paulo, em razão da idade, deverá manifes-tar, em audiência, o consentimento com o pedido de guarda formulado por Juliana.

d) O deferimento da guarda de Paulo a Juliana confe-re-lhe a condição de dependente para todos os fins e efeitos de direito, exceto previdenciários.

e) Juliana, em razão do parentesco com Paulo, está impedida de regularizar a guarda do sobrinho.

COMENTÁRIOS

� Nota do autor: a questão trata da inserção da criança e do adolescente em família substituta.

Alternativa “a”: Os genitores sempre deverão ser ouvidos na inserção da criança e do adolescente em família substituta.

Alternativa “b”: O deferimento da guarda não pressupõe a prévia destituição ou suspensão do poder familiar.

Alternativa “c”: Em conformidade com a doutrina da proteção integral, a inserção de criança e de adoles-cente em família substituta exigirá a sua prévia oitiva, sempre que possível. Tratando-se, porém, de adoles-cente, há previsão da necessidade de seu consenti-mento. Na hipótese aventada na questão, por ter Paulo a idade de treze anos e, por isso, ser adolescente, há de se observar o requisito legal (art. 28, § 2º).

Alternativa “d”: O deferimento da guarda confere a condição de dependente para todos os fins, especial-mente previdenciários (art. 33, § 3º), conforme, aliás, decidiu o Superior Tribunal de Justiça.

Alternativa “e”: Não há impedimento para que a tia do adolescente regularize a guarda.

Alternativa correta: letra “c”.

37. (MPE – RO – Promotor de Justiça – MPE – RO/2017) Considerando o direito fundamental da criança e do adolescente à convivência familiar, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, é CORRETO afirmar:

a) Para a concessão da guarda, tutela e adoção de criança e adolescente, é imprescindível a prévia sus-pensão ou destituição do poder familiar de ambos os pais.

b) É garantida a convivência da criança e do adoles-cente com a mãe ou pai privado de liberdade, por meio de visitas periódicas promovidas pelo res-ponsável ou, nas hipóteses de acolhimento institu-cional, pela entidade responsável, independente-mente de autorização judicial.

c) Por expressa determinação do Estatuto da Criança e do Adolescente, buscando preservar a integridade emocional, as crianças com idade inferior a sete anos não podem visitar os pais privados de liber-dade.

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d) A falta ou a carência de recursos materiais dos pais, por si só, autoriza o Ministério Público a ajuizar ação de suspensão ou destituição do poder familiar.

e) Todas as alternativas anteriores estão incorretas.

COMENTÁRIOS

� Nota do autor: o direito à convivência familiar e comunitária assegura à criança e ao adolescente per-manecer junto à sua família natural. Se não for possível, que, pelo menos, não se percam os vínculos existentes, de modo que seja reconstituído no futuro.

Alternativa “a”: Para o deferimento da guarda não há necessidade da prévia destituição ou a suspensão do poder familiar.

Alternativa “b”: Consoante o art. 19, § 4º, do Esta-tuto, garante-se a convivência da criança e do adoles-cente com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas periódicas pelo responsável ou, nas hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade responsável, independentemente de autorização judi-cial. Trata-se de medida que tem por finalidade propi-ciar a continuidade dos vínculos existentes para que, no futuro, a convivência seja retomada.

Alternativa “c”: Não há limitação de idade para que ocorra a visitação.

Alternativa “d”: A falta ou a carência de recursos materiais não é causa de destituição do poder familiar.

Alternativa correta: letra “b”.

38. (MPE – RO – Promotor de Justiça – MPE – RO/2017) Segundo a Lei n° 8.069/1990 e posteriores alterações, é CORRETO afirmar:

a) Salvo expressa e fundamentada determinação em contrário da autoridade judiciária competente ou, quando a medida for aplicada em preparação à adoção, o deferimento da guarda de criança e de adolescente a terceiros não impede o exercício do direito de visitas pelos pais, assim como o dever de prestar alimentos, que serão objeto de regulamen-tação específica, a pedido do interessado ou do Ministério Público.

b) O responsável pelo programa de acolhimento fami-liar ou institucional, verificando a possibilidade de a criança ou de o adolescente reintegrar-se na família de origem, fará imediata comunicação à autoridade judiciária, que dará vista ao Ministério Público, pelo prazo de 15 dias, decidindo em igual prazo.

c) Na adoção, exige a lei que os pretendentes sejam maiores de vinte e um anos, independentemente do estado civil.

d) Não exige a lei diferença mínima de idade entre o adotante e o adotado.

e) Nas ações de suspensão ou destituição do poder familiar, estando o pai ou a mãe da criança ou do adolescente privados de liberdade, a autoridade judiciária dispensará a sua oitiva.

COMENTÁRIOS

� Nota do autor: a questão trata de vários insti-tutos do Direito da Criança e do Adolescente, abaixo comentados.

Alternativa “a”: A guarda se constitui em uma das formas de inserção em família substituta. O seu deferi-mento acarreta a atribuição de determinados deveres inerentes ao poder familiar ao guardião. Contudo, não acarretará em cessar o direito de visitas dos pais e tam-bém não cessará o dever destes de arcarem com os ali-mentos, salvo se a medida for preparatória para a ado-ção ou se houver decisão judicial em sentido contrário (art. 33, § 4º).

Alternativa “b”: Em consonância com o art. 101, § 8º, do Estatuto, o responsável pelo programa de acolhi-mento familiar ou institucional dará imediata comuni-cação à autoridade judiciária, que dará vista ao Ministé-rio Público, pelo prazo de cinco dias, decidindo em igual prazo (art. 101, § 8º).

Alternativa “c”: Exige a lei que os pretendentes à adoção sejam maiores de dezoito anos, e não de vinte e um anos.

Alternativa “d”: A lei exige diferença mínima de dezesseis anos entre o adotante e o adotando.

Alternativa “e”: A oitiva dos genitores não será dis-pensada, devendo os mesmos serem requisitados (art. 161, § 5º).

Alternativa correta: letra “a”.

39. (Cespe – Promotor de Justiça – MPE – RR/2017) Com base na legislação relativa às crianças e aos adoles-centes, julgue os itens que se seguem.

I. A criança e o adolescente têm o direito de ser cria-dos em suas famílias naturais, embora, em determi-nados momentos, possa ser necessária sua coloca-ção em família substituta.

II. A guarda pressupõe a obrigação da prestação de assistência material, moral e educacional à criança ou ao adolescente, e o seu detentor poderá opor-se a terceiros, destes excetuados os pais da criança ou do adolescente.

III. A tutela pressupõe a prévia perda do poder familiar, mas nem sempre implicará o dever de guarda.

IV. Além de ser orientada pelo princípio do melhor interesse da criança ou do adolescente, a adoção deverá representar real vantagem para o adotando e fundar-se em motivos legítimos.

Estão certos apenas os itens

a) I e II.

b) I e IV.

c) II e III.

d) III e IV.

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Direito da Criança e do Adolescente • Questões 855

COMENTÁRIOS

� Nota do autor: a questão trata de diversos insti-tutos envolvendo a criança e o adolescente, bem como do direito fundamental à convivência familiar e comu-nitária.

Assertiva I: correta. O Estatuto assegura a prefe-rência de permanência da criança e do adolescente junto à sua família natural, assim constituída pelos pais e seus filhos, ou por qualquer um deles e seus filhos. A retirada da família natural ocorrerá tão somente em situações excepcionais e dependerá de decisão judicial. Nesse sentido, o art. 19, caput, do Estatuto, com a reda-ção atribuída pela Lei nº 13.257/2017, deixa claro que: “é direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comuni-tária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral”.

Assertiva II: incorreta. A guarda atribui determina-das obrigações ao guardião, como as que foram indica-das na assertiva. Uma vez conferida, permite-se ao guar-dião opô-la a terceiros, até mesmo aos pais da criança e do adolescente (art. 33, caput, do Estatuto).

Assertiva III: incorreta. A tutela pressuporá o dever de guarda da criança e do adolescente.

Assertiva IV: correta. Há requisitos objetivos e sub-jetivos exigidos para o deferimento da adoção. Entre os subjetivos, destacam-se que o requerimento se funda em motivos legítimos, bem como que o ato represen-tará reais vantagens ao adotando. Em outras palavras, a adoção será deferida para a inserção da criança ou do adolescente em uma família, que lhe possa propiciar o seu pleno desenvolvimento.

Alternativa correta: letra “b”.

40. (MPE – SP – Promotor de Justiça – MPE – SP/2017) X, viúvo, maior e capaz, era reconhecido socialmente como o pai de Y, criança com 10 anos de idade, dando a esta amplo amparo material e moral. Demais disso, X detinha a guarda de Y, a qual foi concedida em caráter excepcional, para suprir a falta dos pais biológicos, sem que houvesse procedimento de tutela ou de adoção em curso, como autorizado pelo art. 33, § 2º, do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Às pessoas próximas, X manifestava a sua intenção de, em breve, adotar Y, formalizando, assim, o vínculo familiar e afetivo que mantinham. Contudo, antes que pudesse iniciar o procedimento de adoção, X veio a fale-cer em acidente de trânsito.

Ciente da situação, Z, com 24 anos de idade, único filho biológico de X, ingressou em juízo, postulando o deferimento da adoção póstuma de Y em nome de seu pai X.

Ao abrigo do art. 42, § 6º, do Estatuto da Criança e do Adolescente, o qual reza que “a adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca manifes-tação de vontade, vier a falecer no curso do procedi-mento, antes de prolatada a sentença”, assim como ao

argumento de que Z deveria ingressar com o pedido figurando, ele próprio, como postulante à adoção – e não seu pai, pré-morto -, o Magistrado negou o pedido.

Consideradas tais premissas e o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça acerca do tema, é correto afirmar que a decisão encontra-se

a) totalmente equivocada, vez que Z, herdeiro legí-timo e sucessor de X, não poderia postular a ado-ção em seu próprio nome, em face de impedimento legal objetivo, mas poderia formular o pleito em nome de seu pai, mostrando-se, para o deferimento respectivo, dispensável a prova de que o faleci-mento ocorreu durante o curso do procedimento de adoção, desde que demonstrado, por outros meios, o efetivo desejo de X de formalizá-la.

b) parcialmente equivocada, pois, muito embora Z pudesse postular a adoção em seu próprio nome, também estava autorizado a fazê-lo em nome de seu pai, mostrando-se, para o deferimento res-pectivo, dispensável a prova de que o falecimento ocorreu durante o curso do procedimento de ado-ção, desde que demonstrado, por outros meios, o efetivo desejo de X de realizá-la.

c) correta, pois Z deveria postular a adoção em nome próprio em face da inexistência, quando da morte de seu pai, de procedimento em curso.

d) parcialmente equivocada, pois, muito embora o deferimento do pedido independa da prévia exis-tência do procedimento de adoção, Z somente teria legitimidade ativa para realizar o pleito em nome de seu pai acaso nomeado inventariante dos bens por este deixados.

e) parcialmente equivocada, pois, muito embora Z estivesse legitimado para formular o pedido em nome de seu pai, não havia em curso, quando da morte deste, procedimento de adoção.

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� Nota do autor: a questão trata de hipótese de adoção nuncupativa (póstuma), prevista no parágrafo sexto, do art. 42, do Estatuto. Esta adoção será deferida ainda que o adotante vier a falecer no curso do procedi-mento, antes de prolatada a sentença, exigindo-se que tenha manifestado inequivocamente a sua vontade. Em consonância com a orientação do Superior Tribunal de Justiça, é possível o deferimento de tal adoção ainda que o falecimento tenha ocorrido anteriormente ao ajuizamento da própria ação, desde que tenha expres-sado a vontade de adotar.

Alternativa “a”: Z não poderia pleitear a adoção em seu nome, mas em favor de seu pai, consoante prevê o parágrafo sexto, do art. 42, do Estatuto. Neste caso, a adoção retroage os seus efeitos à data do óbito.

Alternativa correta: letra “a”.

41. (MPE – SC – Promotor de Justiça – MPE – SC/2016) Com a edição da Lei n. 12.962/14, a alterar o art. 23 da Lei n. 8.069/90, a condenação criminal do pai ou da mãe

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traz como efeito específico a destituição do poder fami-liar se aplicada pena privativa de liberdade, detenção ou reclusão, por delito doloso contra o próprio filho ou filha.

COMENTÁRIOS

� Nota do autor: a destituição do poder familiar ocorrerá nos casos mencionados no art. 1.638 do Código Civil. Também há previsão da suspensão do poder fami-liar se o pai ou a mãe forem condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão. De outro lado, em razão da alte-ração decorrente da Lei nº 13.715/2018, a condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a destituição do poder familiar, exceto na hipótese de condenação por crime doloso sujeito à pena de reclusão contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou outro descendente. Como se vê, a conde-nação pela prática de crime, por si só, não acarretará na perda do poder familiar, podendo importar na sua sus-pensão se houver condenação com trânsito em julgado, em virtude de crime (exclui contravenção), com pena superior a dois anos de prisão. Porém, acarretará na perda do poder familiar se a condenação for por crime doloso, sendo o réu apenado com reclusão, tendo sido a infração praticada contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou outro descendente. Trata-se este último caso de efeito espe-cífico da condenação (art. 92, II do Código Penal). Dis-cute-se se a incapacidade prevista no Código Penal se estenderia aos outros filhos (que não sejam vítimas do crime). A propósito, Guilherme de Souza Nucci entende que a consequência atinge unicamente a relação entre o condenado e a vítima. De outro lado, Cleber Masson e Rogério Sanches Cunha argumentam em sentido con-trário, afirmando que a incapacidade para o exercício do poder familiar se estenderia para os outros filhos. De nossa parte, contudo, entendemos que o efeito de estender a incapacidade para os outros filhos não decorre automaticamente da sentença, havendo neces-sidade de ser determinada em procedimento separado, até porque se trata de uma medida excepcional, a exigir estudo caso a caso.

Como foi dito, a condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a destituição do poder familiar, exceto na hipótese de condenação por crime doloso, sujeito à pena de reclusão, contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou outro descendente.

Alternativa correta: “errado”.

42. (MPE-MS – Promotor de Justiça – MS/2014) A res-peito do Estatuto da Criança e do Adolescente, assinale a alternativa correta.

a) Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais para proteção das vítimas de violência ou abuso sexual e das providências a que alude o artigo 130 do ECA, o afastamento da criança ou do ado-lescente do convívio familiar é de competência exclusiva da autoridade judiciária e importará na

deflagração, a pedido do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse, de procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável legal o exercício do contraditório e da ampla defesa.

b) A permanência de criança e adolescente em pro-grama de acolhimento institucional não poderá ultrapassar 6 (seis) meses, salvo comprovada neces-sidade que atenda ao seu superior interesse, devi-damente fundamentada pela autoridade judiciária.

c) A colocação de criança ou adolescente em família substituta estrangeira pode se dar pela guarda, tutela e adoção.

d) É possível, segundo o ECA, a concessão da guarda, em caráter liminar ou incidental, nos procedimen-tos de tutela e adoção, inclusive nos casos de ado-ção por estrangeiro.

e) A intervenção do Ministério Público, nos casos de remoção de guardião, é imprescindível somente quando a criança ou adolescente se encontrar em uma das situações previstas no art. 98 do ECA.

COMENTÁRIOS

� Notas do autor: a questão trata de vários institu-tos, como o afastamento da criança e do adolescente do convívio familiar, o acolhimento institucional, adoção internacional e atuação do Ministério Público.

Alternativa “a”: a família natural é o grupo em que a criança deve ser criada. Somente por decisão judicial, assegurado o contraditório e a ampla defesa, poderá a criança e o adolescente dela serem retirados. Sendo o caso, o Ministério Público deverá ingressar com a ação de destituição do poder familiar, propiciando que o infante seja inserido, em momento posterior, em família substituta.

Alternativa “b”: O acolhimento institucional é uma medida protetiva que poderá ser aplicada pelo juiz, exclusivamente. Comporta as seguintes espé-cies: abrigo, casa-lar e, para alguns, também a casa de passagem. É regida pelos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição da criança e do adolescente como pessoa em desenvolvimento. Em conformidade com o princípio da excepcionalidade, somente poderá ser deferida em situações extremas, enquanto que, de acordo com o princípio da brevidade, durará o menor tempo possível, apenas aquilo que for necessário para que haja o retorno à família natural, ou, se o caso, a inserção em família substituta. Poderá ter prazo máximo de dezoito meses, com reavaliação, pelo menos, a cada três meses.

Alternativa “c”: de acordo com a literalidade do Estatuto, admite-se que a inserção em família estran-geira se dê, exclusivamente, na adoção. Porém, a letra legal não reflete o que, de fato, o legislador queria tra-zer. Na verdade, a intenção era deixar claro que não se admitia a guarda e a tutela em família que pudesse levar a criança ou o adolescente para fora do Brasil. É possível, porém, que uma família de origem estrangeira, residente e domiciliada no Brasil, tenha a guarda de uma

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criança, o que não lhe permitirá, contudo, conduzi-la para fora do Brasil.

Alternativa “d”: a guarda somente poderá ser deferida, liminar ou incidentalmente, a família que per-manecerá no Brasil, ou, conforme a literalidade do Esta-tuto, à família brasileira.

Alternativa “e”: no caso de remoção de guardião a intervenção do Ministério Público será obrigatória, por conta do interesse de incapaz.

Alternativa correta: letra “a”.

43. Vunesp – Promotor de Justiça – SP/2013) Sobre o direito à convivência familiar e comunitária garantido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e as medidas de proteção aplicáveis à criança ou adolescente, é COR-RETO afirmar:

a) A colocação de criança ou adolescente em família substituta, mediante guarda a terceiros, impede o direito de visitas pelos pais e os dispensa do dever de prestar alimentos.

b) A colocação da criança ou adolescente em família substituta, em qualquer das modalidades previstas em lei, será possível exclusivamente após decisão judicial definitiva acerca de pedido de destituição ou suspensão do poder familiar.

c) A colocação de criança ou adolescente em família substituta será precedida de sua preparação grada-tiva e acompanhamento posterior, realizados pelo Conselho Tutelar.

d) A inclusão da criança ou adolescente em programa de acolhimento familiar tem como pressuposto legal a impossibilidade de seu acolhimento institu-cional.

e) A manutenção ou reintegração de criança ou ado-lescente à sua família de origem terá preferência em relação a qualquer outra providência.

COMENTÁRIOS

� Nota do autor: conforme foi reafirmado pela Lei 12.010/2009, a criança e o adolescente devem permane-cer junto à sua família natural ou, pelo menos, na famí-lia extensa. Excepcionalmente será inserida em família substituta.

Alternativa “a”: O deferimento da guarda não importa em cessar o direito de visitas ou o dever de pagar alimentos, salvo no caso de determinação judicial em sentido contrário o u se a medida for preparatória da adoção.

Alternativa “b”: A inserção em guarda não depen-derá da prévia suspensão ou destituição do poder fami-liar.

Alternativa “c”: A colocação de criança e de ado-lescente em família substituta será precedida de prepa-ração gradativa, mas não há previsão de acompanha-mento pelo Conselho Tutelar.

Alternativa “d”: Dá-se preferência da inclusão em acolhimento familiar ao invés de ser acolhimento insti-tucional.

Alternativa “e”: Uma vez inserida a criança ou o adolescente em acolhimento institucional, devem ser tomadas providências para o retorno à família natural.

Alternativa correta: letra “e”.

44. (MPE – SC – Promotor de Justiça – MPE – SC/2016) Há entendimento do Superior Tribunal de Justiça de que o enquadramento de uma situação fática como filiação socioafetiva serve para mitigar a proibição da adoção avoenga.

COMENTÁRIOS

� Nota do autor: a adoção é uma espécie de colo-cação em família substituta e, para o seu deferimento, faz-se necessária a observância de determinados requi-sitos legais, bem como a não incidência dos impedi-mentos previstos na lei.

Entre os impedimentos previstos na lei, destaca-se o fato de que não podem adotar os irmãos e os ascen-dentes do adotando. Dessa maneira, os avós incidem na causa impeditiva. Porém, há de ser lembrado que qualquer decisão judicial em relação à criança e ao adolescente deve basear-se no seu superior interesse. A propósito, o Superior Tribunal de Justiça decidiu um caso que, muito embora decorra de uma situação triste, teve um desfecho favorável: uma criança foi vítima de estupro e, consequentemente, a sua gravidez. A criança (gestante) foi adotada por uma pessoa. Depois do parto, houve requerimento para que o recém-nascido fosse adotado por aquela pessoa que antes já havia adotado a criança (gestante). O caso chegou ao Superior Tribu-nal de Justiça ante as sentenças anteriores favoráveis ao pedido. O Tribunal Superior, sem desconsiderar o impedimento legal, fundamentou a sua decisão favorá-vel à adoção no superior interesse da criança e na par-ticularidade do caso. Nota-se que, nesta hipótese, era clara a filiação socioafetiva, de modo que o avô, tendo assumido essa condição em razão da adoção anterior, cuidaria do recém-nascido como se filho fosse. Trata-se, sem dúvida, de situação excepcional, mas que deve ser levada em consideração diante das particularidades do caso, sobretudo em razão da situação de filiação socio-afetiva.

Alternativa correta: “certo.

45. (MPE – SC – Promotor de Justiça – MPE – SC/2016) A adoção, segundo a Lei n. 8.069/90, será precedida de estágio de convivência, por prazos a serem fixados pela autoridade judiciária que, tendo em conta peculiarida-des do caso, poderá dispensar o referido estágio se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda, legal ou de fato, dos adotantes, por tempo suficiente para que seja possível avaliar a conveniência da constituição do vín-culo.

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COMENTÁRIOS

� Nota do autor: para o deferimento da adoção, deverá o magistrado observar se estão presentes vários requisitos, entre eles, se houve o cumprimento do está-gio de convivência.

O estágio de convivência poderá ser dispensado se o adotando já estiver sob a tutela ou a guarda legal do adotante, por tempo suficiente para que seja possível avaliar a conveniência da constituição do vínculo. Note--se que não se enquadra na situação a guarda de fato, ou seja, não chancelada ou deferida pela autoridade judiciária.

Alternativa correta: “errado”.

46. (MPE – SC – Promotor de Justiça – MPE – SC/2016) Em harmonia com as normas sobre incapacidade (arts. 3° e 4°, Código Civil), a Lei n. 8.069/90 fixa que na guarda, na tutela e na adoção os incapazes serão ouvidos por equipe interdisciplinar acerca de sua opinião, sendo necessário o consentimento, expresso em audiência, apenas para os adolescentes relativamente incapazes.

COMENTÁRIOS

� Nota do autor: como característica da Doutrina da Proteção Integral, tem-se que a opinião da criança e do adolescente é relevante e deverá ser levada em con-sideração na tomada de decisões.

Está incorreta a assertiva, pois a adoção de adoles-cente depende de seu consentimento, não importando se absoluta ou relativamente incapaz.

Alternativa correta: “errado”.

47. (MPE-MS – Promotor de Justiça – MS/2014) Assi-nale com V (verdadeiro) ou com F (falso) as seguintes afirmações, relativas à colocação em família substituta:

[i] ( ) Na colocação de criança ou adolescente em família substituta, o pedido poderá ser feito dire-tamente em cartório, em petição assinada pelos próprios requerentes, dispensada a assistência de advogado sempre que os pais forem falecidos, tive-rem sido suspensos ou destituídos do poder fami-liar ou houverem aderido expressamente ao pedido de colocação em família substituta.

[ii] ( ) Nos pedidos de colocação de criança ou adoles-cente em família substituta (guarda, tutela e ado-ção), será necessário o consentimento da criança e do adolescente, colhido em audiência.

[iii] ( ) Nas adoções de criança ou adolescente por pes-soa ou casal residente ou domiciliado fora do Brasil, o estágio de convivência deverá ser cumprido no território nacional pelo prazo mínimo de 15 (quinze) dias.

[iv] ( ) Segundo o ECA, excepcionalmente, é possível deferir a guarda, fora dos casos de tutela ou ado-ção, para atender situações peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável, podendo ser

deferido o direito de representação para a prática de determinados atos.

A sequência correta de preenchimento dos parên-teses, de cima para baixo, é

a) V – F – F – F.

b) F – V – F – V.

c) V – F – V – V.

d) V – F – F – V.

e) F – V – V – F.

COMENTÁRIOS

� Notas do autor: a questão trata da família subs-tituta, que admite as formas de guarda, tutela e adoção.

Assertiva I – Verdadeira: A colocação em família substituta somente poderá ser implementada por meio de decisão judicial. Como exceção ao princípio de que toda ação deve ser proposta por meio de advogado (juntamente com outras, como, por exemplo, nas recla-mações trabalhistas, no habeas corpus, alimentos e nos juizados especiais), o Estatuto admite que, no caso de haver concordância dos genitores, ou já tendo ocorrido a extinção, a perda ou a suspensão do poder familiar, ou ainda se os genitores forem desconhecidos, admite-se que a colocação em família substituta, nessa hipótese, seja postulada diretamente em cartório. De outro lado, não havendo a concordância, o pedido deverá ser for-mulado por meio de advogado, que terá a capacidade postulatória necessária para a provocação da jurisdição. Vide, a propósito, o art. 166 do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Assertiva II – Errada: como decorrência do princí-pio da proteção integral, a opinião da criança e do ado-lescente deve ser sempre levada em consideração na tomada de decisões que lhe digam respeito e sempre que isso for possível. Contudo, em relação à colocação em família substituta, no que se refere aos adolescentes, exige-se também o seu consentimento, e não apenas a prévia oitiva (art. 28, § 2º Estatuto).

Assertiva III – Errada: o estágio de convivência é o período de contato entre adotante ou adotantes e adotado ou adotados. Ele deve ocorrer tanto na adoção nacional, quanto na internacional, porém, o Estatuto traz regras diferentes para cada uma dessas situações. Com efeito, no caso da adoção nacional, o estágio de convivência será obrigatório, pelo prazo máximo de noventa dias, observadas a idade da criança ou ado-lescente e as peculiaridades do caso (art. 46, caput). Este prazo pode ser prorrogado por até igual período, mediante decisão fundamentada da autoridade judici-ária (§ 2º-A). No caso da adoção internacional, o está-gio de convivência será de, no mínimo, trinta dias e, no máximo, quarenta e cinco dias, prorrogável por até igual período, uma única vez, mediante decisão fundamen-tada da autoridade judiciária. Note-se que tais prazos foram alterados pela Lei n. 13.509/2017.

Assertiva IV – verdadeira: a guarda importa na regularização de uma situação de fato. Como regra, poderá ser deferida liminar ou incidentalmente em pro-

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cesso de tutela ou adoção. Geralmente, é concedida, nesses casos, até que o magistrado tenha condições de julgar procedente o pedido de adoção. Porém, excep-cionalmente, poderá ser o objeto principal do processo, quando o juiz a deferirá para atender a situações pecu-liares ou a ausência momentânea dos pais. Nestes últi-mos casos, o magistrado poderá deferir que o guardião possa representar a criança ou adolescente para a prá-tica de específicos atos.

Alternativa correta: letra “d”.

48. (MPE-MS – Promotor de Justiça – MS/2014) Assi-nale a alternativa correta.

a) Para nomeação do tutor, a autoridade judiciária, em qualquer hipótese, deve observar a ordem legal prevista no art. 1.731 do Código Civil.

b) O consentimento dos titulares do poder familiar com a colocação de filho em família substituta atra-vés da adoção é retratável até a data do trânsito em julgado da sentença constitutiva da adoção.

c) A nomeação de curador especial ao menor, nas ações de suspensão ou destituição do poder fami-liar, segundo súmula do TJRS, é desnecessária quando a ação for ajuizada pelo Ministério Público.

d) Os ascendentes, os irmãos e os tios não podem ado-tar criança ou adolescente, por expressa vedação legal.

e) Segundo o ECA, os efeitos da adoção ocorrem sem-pre a partir do trânsito em julgado da sentença constitutiva.

COMENTÁRIOS

� Notas do autor: a questão trata de vários aspec-tos ligados à inserção da criança e do adolescente em família substituta.

Alternativa “a”: Ao invés de observar estritamente a ordem legal do citado artigo, deve o magistrado aten-tar ao superior interesse da criança.

Alternativa “b”: O consentimento será retratável até a audiência em que os genitores forem ouvidos pelo juiz.

Alternativa “c”: o Ministério Público, nas ações de destituição do poder familiar, age como parte e tam-bém como fiscal da ordem jurídica, observando os direi-tos da criança e do adolescente. Por isso, desnecessária a nomeação de curador especial ao infante.

Alternativa “d”: Conforme previsão contida no Estatuto, os ascendentes e os irmãos não podem adotar. Em relação aos tios, porém, não há a proibição. Deve ser registrado que o Superior Tribunal de Justiça já admitiu, em situação excepcional, a adoção por avô, em prol do superior interesse da criança.

Alternativa “e”: Em conformidade com o art. 199-A do Estatuto determina que a sentença que deferir a ado-ção produzirá efeito desde logo, embora sujeita a apela-ção, que será recebida apenas em seu efeito devolutivo. Assim, poderá a criança, desde já, passar aos cuidados

do adotante. Porém, o registro da sentença somente ocorrerá após o trânsito em julgado.

Alternativa correta: letra “c”.

49. (Vunesp – Promotor de Justiça – SP/2013) Rela-tivamente às regras para adoção de crianças e adoles-centes que estão dispostas no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990), com as alterações legais que a ele foram introduzidas, consi-dere as assertivas a seguir:

I. Será obrigatório, em qualquer caso de adoção, que se cumpra um período de convivência entre ado-tante e adotando, o qual deverá ser acompanhado pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, que terá a incumbência de apresentar relatório minucioso a respeito.

II. Cada Comarca ou Foro Regional deve possuir um cadastro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção.

III. O cadastro nacional de postulantes à adoção e o de crianças e adolescentes em condições de serem adotados são alimentados pela autoridade judiciá-ria, pelo Conselho Nacional de Justiça e pelas auto-ridades estaduais e fe derais em matéria de adoção.

IV. A inscrição de postulantes à adoção será precedida de um período de preparação psicossocial e jurí-dica, preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar.

V. Poderá ser deferida adoção em favor de candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente, se formulada por parente com o qual a criança ou o adolescente mantenha vínculos de afinidade e afe-tividade.

Está CORRETO o que se afirma apenas em

a) I, II e III.

b) I, III e IV.

c) III, IV e V.

d) II, IV e V.

e) II, III e IV.

COMENTÁRIOS

� Nota do autor:

Assertiva I – incorreta. O estágio de convivên-cia poderá ser dispensado quando o adotante tiver a guarda legal ou a tutela do adotando por tempo sufi-ciente para a comprovação do vínculo.

Assertiva II – correta. Cada comarca deve provi-denciar um cadastro de pessoas interessadas na adoção, bem como de crianças e adolescentes em condições de serem adotadas. Porém, esses cadastros existirão tam-bém no âmbito estadual e nacional, de acordo com as modificações geradas pela Lei 12.010/2009. Cada comarca deverá possuir, ainda, cadastro das crianças e

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