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Paiva Netto escreve: “Os sons da Alma e a sociedade ouvinte”. EDUCAçãO EM DEBATE LBV realiza 8 o Congresso Internacional, reúne autoridades e profissionais de ensino de sete países e lança o Manual da Pedagogia da Boa Vontade LITERATURA “É urgente reeducar!”: sucesso de vendas na 21 a Bienal Internacional do Livro de SP SAúDE Dr. Ariel Apelbaum e os avanços tecnológicos para o diagnóstico dentário Dr. Fernando Kayat explica como prevenir doenças oculares Stênio Garcia João Carlos Martins Oded Grajew Ana Botafogo Débora Duarte Dona Ivone Lara Sandra de Sá Nívea Stelmann José Luiz Datena João Roberto Kelly Gilberto Braga Paulo Itacarambi F erreira Gullar celebra 80 anos de história e poesia LBV dos EUA inaugura novo escritório em Nova York com presença de autoridades AMÉRICA DO NORTE

Revista Boa Vontade, edição 227

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A Revista Boa Vontade tem por objetivo levar informações por meio de matérias que abordam temas voltados à cultura, educação, política, saúde, meio ambiente, tecnologia, sempre aliados à Espiritualidade como ferramenta de esclarecimento, auxílio, entendimento e compreensão.

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Page 1: Revista Boa Vontade, edição 227

Paiva Netto escreve: “Os sons da Alma e a sociedade ouvinte”.

educAçãO em debAte LbV realiza 8o congresso Internacional, reúne autoridades e profissionais de ensino de sete países e lança o manual da Pedagogia da boa Vontade

LIteRAtuRA “É urgente reeducar!”: sucesso de vendas na 21a bienal Internacional do Livro de SP

SAúde dr. Ariel Apelbaum e os avanços tecnológicos para o diagnóstico dentário

dr. Fernando Kayat explica como prevenir doenças oculares

Stênio Garcia

João carlos martins

Oded Grajew

Ana botafogo

débora duarte

dona Ivone Lara

Sandra de Sá

Nívea Stelmann

José Luiz datena

João Roberto Kelly

Gilberto braga

Paulo Itacarambi

Ferreira Gullarcelebra 80 anos

de história e poesia LbV dos euA inaugura novo escritório em Nova York com presença de autoridades

AmÉRIcA dO NORte

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Page 4: Revista Boa Vontade, edição 227

Sumário

8 74 8 Os sOns da alma e a sOciedade Ouvinte

Paiva Netto14 cartas, e-mails, livrOs e registrOs 29 OpiniãO espOrtiva por José Carlos Araújo30 perfil — 80 anOs

• Poesia do viver — Ferreira Gullar 36 acOntece nO mundO38 Bem-estar

Cuidados ao ar livre — Poluição pode prejudicar a atividade física e comprometer a saúde

40 meiO amBienteQueimadas devastam o Brasil

42 saúde BucalDiagnóstico dentário ganha precisão digital — Dr. Ariel Apelbaum

44 saúde OcularAtenção à saúde dos olhos — Dr. Fernando Kayat Avvad

48 aBrindO O cOraçãOO sucesso na ponta dos pés — Ana Botafogo

52 culturaRealidade espiritual — Radionovela Nosso Lar

54 educaçãO em deBate• “Disciplina: um olhar além do intelecto” — 8o Congresso Internacional da LBV reúne educadores de 7 países (p. 54)

• Educação para o Ser Integral (p. 64) 66 respOnsaBilidade sOcial

Sustentabilidade na fórmula do lucro — A vantagem competitiva das empresas que investem no cuidado com o meio ambiente

69 acOntece em BelO hOrizOnte70 ciÊncia e pesQuisa

Mensagem da água — Conferência Internacional do pesquisador japonês dr. Masaru Emoto explica como palavras e sentimentos podem influenciar as moléculas de água

72 sustentaBilidade por Daniel Borges NavaEnergia limpa e redução de CO2

74 literaturaNa Bienal dos recordes, Livraria Saraiva anuncia livro de Paiva Netto como o mais vendido

80 teatrOTeatro para todos — Democratizar a cultura é palavra de ordem para grupos de teatro itinerantes

82 internaciOnal• No coração de Manhattan — LBV dos Estados Unidos inaugura escritório em Nova York (p. 82)• LBV é destaque em encontro da Câmara de Comércio Brasil–EUA (p. 88)

Paiva Netto escreve: “Os sons da Alma e a sociedade ouvinte”.

Bienal do Livro de SP investe na programação cultural e atrai público recorde. À direita, o estande da Editora Elevação.

15 cid mOreira

Obra narra vida do veterano jornalista

17 celsO schröder

Jornalista é o novo presidente da Fenaj

14 zeca camargO

O apresentador no Palco Literário

17 theresa amayO

Livro trata de ficção e realidade

23 ives gandra

Direito fundamental à Vida

16 sÉrgiO BrittO

O teatro & eu — memórias

17 eliana pittman

28 sidney garamBOne

Os grandes volantes do futebol brasileiro

20edu guedes

E as boas receitas brasileiras

4 | BOA VONTADE

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548291 Onu Brasil

• Fim de prazo — A menos de 5 anos da data-limite dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, representante da ONU destaca o papel fundamental da sociedade civil para cumprir o imprescindível acordo (p. 91)• Encontro cordial — Andrei Abramov relata ao dirigente da LBV a alegria em conhecer o trabalho socioeducacional da Instituição (p. 96)

100 acOntece nO BrasilMortalidade infantil cai 61%

102 Onu mulheresNova entidade propõe voz única às mulheres — Com a ONU Mulheres, as Nações Unidas espera dar maior apoio à igualdade de gênero

110 nações unidasUma sociedade mais igualitária e fraterna

122 OpiniãO por Dr. Cícero Araújo 124 OpiniãO — mídia alternativa por Carlos Arthur Pitombeira

História e prática desperdiçadas127 acOntece nO ceará128 vOluntariadO

Tempo para o Bem — A atividade cresce no país 132 samBa & história por Hilton Abi-Rihan

Artista completo — João Roberto Kelly136 in memOriam

• Maestro Barbato (p. 136)• Elias do Nascimento (p. 137)• Mario de Moraes (p. 137) • José Saramago (p. 138)• Dorina Nowill (p. 139)

140 acOntece nO riO grande dO sul

142 nOtícias de Brasília• TBV é destaque nos parabéns da capital federal (p. 142)• Mais de 400 guias de turismo visitam o TBV (p. 145)

146 arte na tela por Marta JabuonskiDireito a memória — Projeto Conhecendo Museus é lançado em Brasília durante o 4o Fórum Nacional de Museus

150 espíritO e ciÊncia por Juliano BentoAceleradores, “a partícula de Deus” e o destino da Ciência

154 açãO jOvem lBvBoa Vontade — o pódio de todas as torcidas

158 melhOr idade por Walter Periotto160 sOldadinhOs de deus162 acOntece nO riO grande dO nOrte

Congresso Internacional de Educação da LBV propõe um olhar além do intelecto

No coração de Manhattan, LBV dos EUA inaugura escritório com a presença de autoridades

44 dr. fernandO Kayat

Atenção à saúde dos olhos

112 Ban Ki-mOOn

109 sarah jOnes

29 jOsÉ carlOs araújOComeça a Copa do

Mundo de 2014

136 gilBertO amaralHomenagem ao

maestro Silvio Barbato

112 giancarlO summa

109 meryl streep

42dr. ariel apelBaumDiagnóstico dentário

ganha precisão digital

138 jOsÉ saramagOIn memoriam

BOA VONTADE | 5

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BOA VONTADEA N O 5 4 • N o 2 2 7 • A b r / m A i / j u N / j u l / A G O 2 0 1 0

BOA VONTADE é uma publicação das IBVs, editada pela Editora Elevação. Registrada sob o no 18166 no livro “B” do 9º Cartório de Registro de Títulos e Documentos de São Paulo.

DIRETOR E EDITOR-RESPONSáVEL: Francisco de Assis Periotto - MTE/DRTE/RJ 19.916 JP

COORDENAçãO gERAL: Gerdeilson Botelho e Rodrigo de Oliveira

JORNALISTAS COLABORADORES ESPECIAIS: Carlos Arthur Pitombeira, Hilton Abi-Rihan e José Carlos Araújo.

EQUIPE ELEVAçãO: Adriane Schirmer, Carla Luz, Cida Linares, Daiane Emerick, Danielly Arruda, Gizelle de Almeida, Jefferson Rodrigues, João Miguel Neto, Joílson Nogueira, Jonny César, Leila Marco, Leilla Tonin, Mário Augusto Brandão, Natália Lombardi, Neuza Alves, Rafael Bruno, Sarah Jane, Silvia Bovino, Simone Barreto, Vivian Ribeiro Ferreira, Walter Periotto, Wanderly Albieri Baptista e William Luz.

PROJETO gRáFICO: Helen Winkler

CAPA E DIAgRAMAçãO: Felipe Tonin e Helen Winkler

IMPRESSãO: Editora Parma

CRéDITO DAS FOTOS DE CAPA: Ana Botafogo: Rafael Bruno; Débora Duarte: Mônica Imbuzeiro/Agência O Globo; José Luiz Datena: Divulgação Rádio Bandeirantes; Ferreira gullar: Lucian Fagundes; gilberto Braga: Amanda Ferreira; Dona Ivone Lara: Divulgação/AGNews; João Carlos Martins: Clayton Ferreira; João Roberto Kelly: Clayton Ferreira; Nivea Stelmann: Lucian Fagundes; Oded grajew: Divulgação; Paulo Itacarambi: Divulgação; Sandra de Sá: Arquivo BV e Stênio garcia: Divulgação.

ENDEREçO PARA CORRESPONDêNCIA: Rua Doraci, 90 • Bom Retiro • CEP 01134-050 • São Paulo/SP • Tel.: (11) 3225-4971 • Caixa Postal 13.833-9 • CEP 01216-970 Internet: www.boavontade.com / E-mail: [email protected]

A revista BOA VONTADE não se responsabiliza por conceitos e opiniões em seus artigos assinados.

A Educação volta a ser assunto de relevo na BOA VONTADE. Desta vez, nossa reportagem aborda um dos mais delicados problemas enfrentados nas escolas do país: a indisciplina. Segundo a pesquisa Talis, divulgada em 2009 pela Organização para Coope ração e Desenvolvi-mento Econô mico (OCDE), os professores brasileiros do ensino fundamental (rede pública e privada) perdem tempo equivalente a 35 dias do ano letivo para tentar pôr ordem na sala de aula. O estudo envolveu 24 países; no Brasil, foi coordenado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

A questão, apontada como um dos fatores que levam ao chamado “fracasso escolar”, mereceu atenção especial du-rante o 8º Congresso Internacional de Educação, da Legião da Boa Vontade, na capital paulista, em julho. Sob o tema “Disciplina: um olhar além do intelecto”, o encontro propôs soluções para esse e outros difíceis desafios, estimulando a reflexão de educadores sobre o problema da indisciplina, as mudanças e avanços nas técnicas de ensino e, principalmen-te, a aplicação de valores espirituais, éticos e ecumênicos à formação intelectual do Ser Humano.

Essa proposta educacional, aliás, é uma realidade nas unidades socioeducacionais da LBV, graças à inovadora Pedagogia da Boa Vontade (que compreende a Pedagogia do Afeto e a Pedagogia do Cidadão Ecumênico), criada pelo escritor e educador Paiva Netto. Essa tese também esteve em evidência durante a 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, em agosto. Na ocasião, o escritor lançou o livro É urgente reeducar!, sucesso de vendas no megaevento literário.

O leitor ainda saboreia entrevistas com personalidades da dança, da música e da literatura: respectivamente, a bai-larina Ana Botafogo, o compositor e cantor João Roberto Kelly e o poeta, escritor e crítico de arte Ferreira Gullar.

Inspirador, o artigo “Os sons da Alma e a sociedade ouvinte”, assinado pelo jornalista Paiva Netto, apresenta a experiência de vida dos atores Sueli Ramalho e Rimar Segala, irmãos surdos de nascença. Engajados, ambos mostram que o teatro pode ser um instrumento valioso na inclusão de deficientes auditivos.

A BOA VONTADE traz, ainda, dois textos especiais sobre saúde: o primeiro mostra como informação e exames periódicos ajudam a prevenir distúrbios da visão e até a ce-gueira; no outro, está o salto de qualidade que o diagnóstico dentário ganha com a precisão digital.

Boa leitura!

Reflexão de BOA VONTADEOs Seres Humanos — portanto, os cidadãos,

entre eles os esperançosos jovens — são muito mais do que um saco de carne, ossos, músculos,

nervos, sangue. Amam e sofrem. Sonham, desejam, constroem, frustram-se e, apesar de tudo, prosseguem, vão em frente... Merecem,

além de leis, respeito para que elas jamais constituam obscuros privilégios e possam ser

cumpridas em benefício de todos (...).

Extraído do livro É urgente reeducar!, de autoria do escritor Paiva Netto. Conforme anunciou a Livraria Saraiva, ele foi o autor na-cional mais vendido de seu estande na 21a Bienal Internacional

do Livro de São Paulo, realizada em agosto de 2010. (Mais informações na página 74)

Edição fechada em 31/8/2010

revista apolítica e apartidária da Espiritualidade Ecumênica

Ao leitor

6 | BOA VONTADE

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SEDE CENTRAL: Rua Sérgio Tomás, 740 • Bom Retiro • São Paulo/SP • Brasil • CEP 01131-010 • Tel.: (+5511) 3225-4500 • www.lbv.org • www.boavontade.com • LBV DA ARgENTINA: Calle José Mármol 964 • Boedo • Buenos Aires • CPA C1236ABL • Tel.: (+5411) 4925-5000 • www.lbv.org.ar • LBV DA BOLíVIA: Calle Asunta Bozo Bistrot 520 • Zona Alto Obrajes (sector A) • La Paz • Casilla de Correo 5951 • Tel.: (+5912) 273-3759 • www.lbv.org.bo • LBV DOS ESTADOS UNIDOS: 36W 44th Street Mezzanine (entre a 5a e a 6a Avenidas) • Manhattan • Nova York • 10036 • Tel.: (+1646) 398-7123 • www.legionofgoodwill.org • LBV DO PARAgUAI: Calle Curupayty 1452 • Barrio Villa Cerro Corá • Ciudad de Lambaré • Tel.: (+59521) 921-100/03 • www.lbv.org.py • LBV DE PORTUgAL: Rua Alexandre Herculano, 355 • Freguesia do Bonfim • Porto • CP 4000-055 • Tel.: (+35122) 208-6494 • www.lbv.pt • LBV DO URUgUAI: Av. Agraciada 2328 • Aguada • Montevideo • CP 11800 • Tel.: (+5982) 924-2790 • www.lbv.org.uy

A c e s s e : w w w . e u a j u d o a m u d a r . o r gFaça sua parte

Um mundo melhor pode começar por um gesto

AJUDOEU A MUDAR

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Os sons da Alma e a sociedade ouvinte

e a sociedade ouvinte

Os

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João

Pre

da

josé de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.

É diretor-presidente da lbV.

É digna de respeito e louvor a biografia da célebre ativista social, escritora e conferencis-

ta norte-americana Helen Keller (1880-1968). Embora se saiba que, aos dezoito meses de vida, estava cega e surda, tornou-se, com o imprescindível apoio de sua amiga e professora Anne Sullivan Macy (1866-1936), um dos mais importantes ícones da luta pela qualidade de vida dos que têm deficiência. Um de seus pensamentos que mais admiro adverte: “Até que a grande massa de pessoas seja preenchida com o senso de responsabilidade para o bem-estar de todos, a justiça social jamais será alcançada”.

Coragem e perseverançaApesar do encantamento que

histórias como essa despertam, enganam-se os que acreditam que se trata de acontecimentos esporá-dicos da coragem e perseverança humanas. Na verdade, exemplos

semelhantes ao de Helen estão por todo lugar, habitando, com frequência, o cotidiano. No que se refere à perda da audição, temos, atualmente no Brasil, quase 6 milhões de pessoas nesse estado.

Numa entrevista conduzida por Daniel Guimarães, no programa Sociedade Solidária, da Boa Von-tade TV (canal 23 da SKY), os atores Sueli Ramalho e Rimar Segala, irmãos surdos de nascen-ça, narraram belas experiências da trajetória de vida de ambos.

Ao ser indagada sobre de que modo encarava a ausência de som na infância, Sueli comentou: “Sou filha de pais, avós paternos e bisavós surdos. Para mim, era normal. Minha língua materna sempre foi a de sinais. Eu achava que o mundo lá fora era defi-ciente. A gente morria de dó das crianças na rua, pois achava que mexiam a boca porque estavam com fome, porque não tinham chiclete ou bala na boca. Que mundo diferente é esse que não tinha chiclete? [risos] Queria

ensinar todas essas pessoas a falar com as mãos. Era essa a minha preocupação”.

Por sua vez, Rimar Segala, por gestos traduzidos pela irmã, comentou: “A trajetória da Sueli foi diferente da minha. Embora sejamos surdos, a forma de co-municação é totalmente diferente. Sueli aprendeu [com ajuda de aparelho] a falar. Eu ainda não desenvolvi a fala. Quero muito falar com a sociedade ouvinte [termo utilizado para a pessoa que normalmente escuta]”. Sueli complementou: “Foi muito difícil aprender a língua portuguesa. Levei muitos anos para aprender a me comunicar com a sociedade ouvinte, porque o nosso recurso é totalmente visual. Ainda ‘apanho’ da língua portuguesa!”. [risos]

Companhia Arte e Silêncio

Fundadores da Companhia Arte e Silêncio*, eles per-ceberam, desde muito cedo, pela influência do pai, que a

* Para outras informações, acesse www.ciartesilencio.com

Helen Keller e sua mentora, Anne Sullivan.

Arqu

ivo B

V

BOA VONTADE | 9

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educação e a arte poderiam ser instrumentos valiosíssimos no auxílio ao deficiente auditivo. Rimar explicou: “Em minha casa tinha muita cultura. Meu pai ficava contando histórias da Bíblia, de Moisés, e quando fui para a escola especial de surdos percebi a falta de sensibilidade com a parte didática, da his-tória da educação do surdo. Consegui com a minha família tudo o que aprendi. Então me sobressaía nessa escola. Quan-do me graduei em Matemática, acabei criando uma história, uma adaptação através dela. Comecei a ser um criador de histórias. Isso acabou me dire-cionando para o teatro”.

Ainda sobre o papel da Edu-cação, Sueli afirmou que “a

maior dificuldade que as crian-ças surdas têm é da comunica-ção na própria família. É nela a primeira educação. Muitos pais querem aprender a se co-municar com seus filhos, mas não sabem como. Alguns deles ‘jogam’ as crianças na escola achando que o professor tem que fazer um milagre, como se a surdez fosse uma doença, por não possuírem a correta infor-mação. Daí termos montado a peça ‘A Orelha’”.

Prossegue Sueli: “Começa-mos a dar aulas de Libras [Lín-gua Brasileira de Sinais] aos pais das crianças e, ao mesmo tempo, a ensiná-los a apresentar uma peça de teatro para os filhos. A peça mostra, através do humor, a realidade da cultura surda e

Os sons da Alma e a sociedade ouvinte

Os atores Sueli ramalho e rimar Segala

participaram do programa Sociedade Solidária,

da boa Vontade TV (canal 23 da SKY).

Divu

lgaçã

o

Convivência harmônica e feliz — Izabel Belchior Magalhães (blusa azul), auxiliar de serviços gerais da lbV em Cabo Frio/rj, conversa, por meio da libras, com crianças atendidas pela instituição. Na oportunidade, ensina a Saudação legionária: “Deus Está Presente! Viva Jesus!”.

Arqu

ivo B

V

como você pode abordar um sur-do. A língua de sinais me ajudou a falar. Não proíbam o uso das mãos. É o nosso recurso, nossa visão”.

LIBRASEm 24 de abril de 2002, ti-

vemos a promulgação da Lei 10.436, que oficializou a Língua Brasileira de Sinais. Entretanto, equivocam-se os que a conside-ram uma tradução [por gestos] da língua portuguesa. Ela tem estrutura e gramática próprias. Rimar Segala explica: “O portu-guês é uma língua oral, a Libras é visual [gestos, expressão corporal e facial] (...)”.

O que poucos sabem é que os surdos também têm sotaques di-versos: “Citemos, como exemplo,

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via na televisão um símbolo muito importante, a imagem de Jesus Cristo. Hoje vi a mesma imagem aqui. Quero agradecer à LBV, porque é fundamental para todo o Brasil pensar em inclusão. Estou muito agradecido. Parabéns!”.

Grato a Vocês por comparti-lhar tanta perseverança e cora-gem. Uma experiência de vida que inspirará muita gente por se tratar de incrível viagem a um universo silencioso, mas repleto dos mais expressivos sons na Alma dos que escutam com os olhos do coração.

o gesto para significar ‘mamãe’. Existe uma série de sinais linguís-ticos para essa palavra”. E para demonstrar a riqueza da Libras, apresentou diferentes formas de dizer “boa tarde” nos Estados do país.

Realidade brasileira Analisando a realidade de

muitas famílias, Rimar assina-la: “Todas as mulheres quando engravidam sonham ter um filho saudável, lindo. Quando nasce com problema de surdez, elas levam um susto pela diferença e, então, bate o desespero. Sem preparo, tratam a criança sur-da no modelo da ouvinte. Não percebem que esse diferencial é simplesmente outra cultura. Esse programa está sendo muito im-portante ao passar informações para todas as mães que estão nos assistindo. Se vocês tiverem um filho surdo, por favor, pro curem aprender a língua de sinais, entender todas as culturas. Res-peitar essa grande diferença é um extraordinário investimento para o futuro do surdo, para unir a família”.

Outro ponto de relevância é a inserção no mercado de trabalho. “Será que surdo pode trabalhar? Qual o cargo certo? Posso deixar o telefone na mesa? O desconhe-cimento é muito grande. A peça ‘Palhaços no RH’, que criamos, mostra qual é o parâmetro que podemos utilizar numa empresa que tem uma pessoa com deficiên-cia auditiva”, acrescenta Rimar.

Continuando, os dois irmãos atores trazem, ainda, dicas de

[email protected] .brwww.paivanetto.com

Na segunda-feira, 9/8, no Midrash Centro Cultural, na zona sul do Rio de Janeiro/RJ, o professor, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) Arnaldo Niskier recebeu familiares, amigos e integrantes da comunidade judaica carioca para o lançamento de sua mais recente obra: Haskalá, o Iluminis-mo Judaico – A grande aventura do espírito.

Em entrevista à Super Rede Boa Vonta-de de Comunicação (rádio, TV, publicações e internet), o autor explicou o objetivo do

novo título: “Ofertar, em língua portuguesa, pela primeira vez, uma noção mais fundamentada do que representou esse movimento para a cultura judaica”.

Grato pela dedicatória no exemplar que me chegou às

mãos por intermédio de nosso amigo em comum, dr. Ariel Apelbaum: “Ao amigo Paiva Netto, com o melhor abraço do Arnaldo Niskier”.

Lerei com muito interesse.

Haskalá

bom convívio: “O surdo é visual. Não adianta nem gritar, caso não esteja na visão dele. Se houver um interruptor por perto, acen-der e apagar as luzes faz parte da cultura surda”, explica Sueli. “Ou então chegue perto do surdo e chame-o. Também é importante que todos os funcionários possam conhecer pelo menos o básico da Libras. ‘Oi, tudo bem?’ é um cumprimento que nos faz sentir inseridos na sociedade”, completa Rimar.

Por fim, o ator Rimar Segala revelou coincidência envolven-do a estampa de Jesus, o Cristo Ecumênico, bastante difundida pela LBV. “Desde pequeno sempre

Alan

Linc

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O artigo “Os sons da Alma e a sociedade ouvinte”, do jornalista Paiva Netto, tendo sido inicialmente publicado pelo Jornal de Brasília, ganhou espaço em centenas de meios de comunicação pelo Brasil e no exterior, além de ter servido de pauta para programas de rádio e televisão. Logo que foi publicado, internautas multiplicaram comentá-rios sobre a instigante matéria. Na impossibilidade de reunir aqui todas as manifestações, reproduzimos, a seguir, algumas das mensagens que chegaram ao autor.

Sons da Alma“As impressões que tivemos

do diretor-presidente da LBV fo-ram memoráveis; marcou história que alguém muito importante deu ouvidos, valor, à nossa comunida-de surda. A íntegra das palavras colocadas no artigo [“Os sons da Alma e a sociedade ouvinte”] é rica, fascinante, positiva, pois a luta da comunidade surda em ser ouvida é

Leitores repercutem pela internet o artigo “Os sons da Alma e a sociedade ouvinte.”

grande e poucas pessoas nos ouvem ou dão atenção. (...)

“Durante séculos os surdos ten-tam conquistar espaço na sociedade, que ainda tenta consertar os nossos ouvidos, como [se fosse] o maior defeito; um preconceito que infe-lizmente paira quase todos os dias sobre nossas vidas. E Paiva Netto, uma pessoa de grande renome, querer falar dessa minoria, olhar para nós, é, sem dúvida, uma enorme vi-tória. Alguém que com certeza tem muitas coisas a fazer, parar e olhar essa comunidade pequena — uns 6 milhões, segundo dados estatísticos no nosso país — é um acolhimento fraterno. As pessoas de minha con-vivência profissional, na educação inclusiva, mandaram-me e-mails parabenizando o excelente artigo.

“(...) O texto do Paiva Netto, va-lorizando as mãos dos surdos como um fator importante na vida inteira, é de fato acalentador. Quem sabe um dia possamos levar os líderes surdos a dizerem que não somos párias, e

sim pessoas, que amam, vivem, são bons cidadãos. (...) No nosso país ainda há muito o que fazer; a lei já está ao nosso lado, só falta a prática. O artigo com certeza irá às universi-dades federais; aliás, já o encaminhei para pesquisas acadêmicas. Fomos acolhidos pelo Paiva Netto, obriga-da! Tenho muito a agradecer. Eu me senti um instrumento do nosso Deus, pude levar os conhecimentos, e em pouco tempo houve grande reper-cussão. Abraços sinalizados” (Sueli Ramalho, professora de Libras, atriz e fundadora da Companhia Arte e Silêncio, e o irmão, Rimar Segala, São Paulo/SP).

“Sua página ‘Os sons da Alma e a sociedade ouvinte’ é comoven-te. Uma abordagem lúcida sobre uma deficiência, no caso auditiva, que, só no Brasil, atinge a impres-sionante cifra de seis milhões de pessoas, cerca de 3,15% da popu-lação brasileira (estimada em 190 milhões de almas). Em Portugal

Repercussão

Inclusão em alta

reprodução de algumas das centenas de jornais e sites que publicaram o artigo “Os sons da Alma e a sociedade ouvinte”.

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são cerca de 150 mil indivíduos. A matéria é plena de exemplos propondo aos que a leem enxergar que a adversidade, por mais dura que seja, pode ser superada. Só depende da posição de cada um diante do desafio. O depoimento de Sueli Ramalho e Rimar Sega-la, irmãos surdos, vindos de pais, avós e bisavós surdos, é exemplo vivo da vitória e demonstração inequívoca do resultado positivo de não desistir de lutar. Assim como no Brasil, em Portugal, como em outros países, a matéria sobre o assunto fará muito bem aos que, como bem diz o senhor, estão ‘na incrível viagem a um universo silencioso, mas repleto dos mais belos sons na Alma dos que escutam com os olhos do co-ração’” (Haroldo Rocha, cidade do Porto/Portugal).

“Parabéns por apresentar esse tema, que realmente merece a atenção da sociedade! As pessoas surdas, a partir de suas próprias comunidades, têm uma cultura, uma língua (Libras), e lutam por seus direitos. Nesse último semestre cursei a disciplina de Introdução à Libras, na qual debatemos, entre outros temas, a questão do bilin-guismo na educação de surdos, e vimos que o papel dos pais ouvintes é bem interessante de se observar, pois, ao aprenderem a língua de sinais, os pais podem compartilhar duas línguas com os filhos surdos: o português e a Libras. Que a Paz de Jesus, o Educador Celeste, esteja agora e sempre em seu coração!” (Marcos Antônio Franchi, gra-duando em Letras, Glorinha/RS).

“Achei maravilhoso mais esse seu artigo, porque um assunto que poderia aparentar corriqueiro (afi-nal existem 6 milhões de brasileiros passando pela mesma situação), o senhor viu nele beleza e poesia, valorizando as palavras dos irmãos atores Sueli Ramalho e Rimar Segala” (Regina Santos, produto-ra de rádio, São Paulo/SP).

“Senti-me profundamente to-cada ao ler o artigo do senhor, que trouxe ao nosso conhecimento um pouco mais da cultura surda. Sou graduada em Pedagogia (2007) e há mais de um ano faço curso de es-pecialização e extensão em Libras, pela DERDIC/PUC – SP (Divisão de Educação e Reabilitação dos Distúrbios da Comunicação); sou também uma admiradora da cul-tura surda. Fiquei tão contente que compartilhei os artigos do senhor com as pessoas do meu curso e todos ficaram bastante interessa-dos. Promovemos um momento de reflexão e abordagem sobre a inclusão. Nesse período de contato com essa cultura, pude perceber e quebrar alguns paradigmas da de-ficiência, ou seja, passei a enxergar as restrições que ambos, surdos e ouvintes, possuem. Por exemplo: enquanto um surdo não conversa no escuro, o ouvinte não conversa debaixo d’água. Além disso, o ou-vinte não consegue comer e falar ao mesmo tempo, educadamente e sem engasgar; já o surdo não sofre essa restrição (risos). (...) Agradeço-lhe por presentear-nos com mais esse brilhante artigo. Que Jesus continue iluminando-o, para que consiga, sempre e cada

vez mais, levar aos Simples de Coração novos ensinamentos!” (Karen Reis Ribeiro, pedagoga, São Paulo/SP).

“Parabéns por artigo tão hu-manístico, no qual podemos nos espelhar para que nossa participa-ção para o Bem do Ser Humano possa ser real. As palavras de Paiva Netto demonstram claramente que a superação é possível através da Boa Vontade em cada coração!” (Jeanette Carvalho Vieira, Montes Claros/MG).

“Muito grata pelo artigo. Exem-plos de superação nos ajudam a olhar para a frente e vencer nossos desafios, [até] pequenos em vista de vários casos que chegam ao nosso conhecimento. Buscar a solução, como fizeram os irmãos Sueli e Rimar, é a chave para o sucesso; sucesso que complementa a vida material e espiritual. Abraços!” (Marta Eliane Antonia Junior, Rio de Janeiro/RJ).

“Aos atores Sueli Ramalho e Rimar Segala, o nosso sincero apoio e admiração pelo trabalho belíssimo com a Libras. Parabéns também pela divulgação feita pelo programa So-ciedade Solidária, na Boa Vontade TV. E nosso sincero respeito ao líder Paiva Netto, por falar e escrever sobre essa grande ideia. Devemos nos orgulhar por sermos brasileiros, por pessoas assim ainda existirem. Continuemos nessa marcha gloriosa para que nossos irmãos deficientes auditivos possam ser mais felizes. Abraços!” (Miguel Cassiano, Var-gem Grande do Sul/SP).

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* Alziro Zarur — Nascido no Rio de Janeiro/RJ, no Natal de 1914. Jornalista, radialista, escritor e poeta famoso, fundou a Legião da Boa Vontade (LBV) em 1º de janeiro de 1950 (Dia da Confraternização Universal) e presidiu-a até a sua passagem para o Plano Espiritual, em 21 de outubro de 1979.

Cartas, e-mails, livros e registros

Viagem no tempoAo ler a revista [especial sobre os

60 anos da LBV], construída com uma cronologia inversa, me senti numa bela máquina do tempo. Nas partes finais, me senti como se estivesse conversando com minha avó materna, a qual me con-tava como Alziro Zarur* já ajudava aos pobres com sua famosa sopa. A revista demonstra a consistência pro-gramática da LBV, não somente pelas ações assistenciais — ainda necessárias em nosso país —, mas principalmente

pela coerência nas ações educacionais, estas, sim, de longo prazo e de fun-damental importância na formação de um Ser Humano mais fraterno. Sinto-me honrado em fazer parte do capítulo que foca a Educação e de poder colaborar com a disseminação do que aprendi na LBV. Abraços. (Professor Sérgio Behnken, psicólogo organizacional, mestre em Psicologia pela PUC-Rio).

Zeca camargo no Palco Literário

Bem-humorado, o apresentador do Fan-tástico Zeca Camargo participou de uma leitura interpretativa de textos da literatura brasileira na 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, em agosto. Para o jornalista, o incentivo da família e a relação constante com a narrativa são essenciais para desenvolver

a prática literária. “O gosto pela história precede o livro. Se um dia você se apaixona por livro, foi apaixonado antes pelo conto. Qualquer criança que teve uma boa formação, de riqueza de histórias, o eco delas se transforma em livros quando se é adolescente e vira uma verdadeira paixão quando adulto.”

Após a apresentação, Zeca conversou com o público, que teve a oportunidade de conhecer a recente obra do convidado: Isso aqui é seu!. Nela, o jornalista relata viagens inesquecíveis por lugares declarados patrimônios da Humanidade pela Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura), situados em cantos isolados do planeta, na origem de civilizações que parecem tiradas da imaginação de um velho contador de histórias. Entre eles, Zeca visitou Timbuktu (Mali, na África), Mongólia (Ásia), Luang Prabang (Laos, na Ásia).

Ao fim da apresentação, o jornalista dedicou um exemplar do novo livro ao dirigente da LBV: “Paiva Netto, mais uma viagem que eu o convido a me acompanhar! Um abraço. Zeca”.

Na Roda com o maestro

O livro Na Roda com o Maes-tro, da escritora Simara Bussiol Manfrinatti Bittar, apresenta ao público infantil o trabalho social do pianista e maestro João Carlos Martins com a Orquestra Bachia-na, que tem despertado em crian-ças e adolescentes de todo o Brasil o gosto pela música clássica. A obra relata também o exemplo de superação que se vê na trajetória de Martins: alguém que enfrentou dificuldades tremendas e jamais desanimou de seu ideal. No livro, que também prima pela qualidade gráfica e pelas belas ilustrações, a autora convida meninos e meninas a conhecer o fascinante mundo da música.

Durante a 21ª Bienal Inter-nacional do Livro de São Paulo, a escritora e seu homenageado participaram de sessão de autó-grafos e, em especial, dedicaram um exemplar ao dirigente da LBV: “Querido Paiva Netto, um abraço de um ‘tiete’ seu. João Carlos Martins”. E Simara Bittar concluiu: “Ao sr. Paiva Netto, meu respeito. Simara”.

Prof. Sérgio behnken

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O livro Boa noite narra a trajetória de vida do veterano jornalista Cid Moreira, desde a infância, na cidade de Taubaté, interior paulista, o início na profissão, com destaque para a carreira de apresentador de telejornal, até a sua fase recente, com a narração de textos bíblicos. A obra — escrita por sua simpática esposa, a jornalista Fátima Sampaio Moreira — regis-tra também os bastidores do telejornalismo, ao longo de décadas, e traz imagens de Cid ao lado de vários colegas locutores.

Representantes da Legião da Boa Vontade prestigiaram o lançamento e presentearam o ilustre casal com a revista BOA VONTADE Especial — LBV 60 anos. “Zarur [fundador da LBV] e eu fomos grandes amigos. Eu fazia a abertura de seu programa na rádio Mayrink Veiga. Tínhamos a mesma voz”, recorda Cid Moreira.

O casal encaminhou um exemplar do livro ao dirigente da Instituição, com a dedicatória: “Ao querido José de Paiva Netto. Um beijo no coração!”.

Múltipla escolha, o mais novo livro da renomada escritora Lya Luft, promete repetir o sucesso de O silêncio dos amantes, uma das obras mais vendidas da auto-ra. No lançamento do título, ela agradeceu o carinho dos leitores ao longo de mais de 30 anos de profissão e 20 livros publicados.

No novo trabalho, Lya lan-ça um olhar mais detido nas situações do cotidiano, propõe dicas ao leitor e o convida a refletir sobre as escolhas na vida e, não menos importante, sobre o que chama de nossos enganos. Na prestigiada noite de autógrafos, a escritora gaúcha dedicou exemplar da obra ao diretor-presidente da Legião da Boa Vontade (LBV): “Ao Paiva Netto, abraço amigo e admira-ção da Lya Luft”.

Obra biográfica homenageia cid moreira

A escritora posa com exemplar de sua mais nova obra.

Lya Luft traz reflexão

sobre o cotidiano

O ilustre casal autografa obra ao dirigente da lbV, em concorrida noite de autógrafos em São Paulo/SP.

Seca e queimadas Caro pensador Paiva

Netto, congratulo-me pelo seu artigo sobre queimadas. São a prova maior da insen-satez humana, eis que em sua quase totalidade o fogo é ateado por quem dele quer se be-neficiar. A combustão espontânea é rara. Não se respeita o ambiente, descumpre-se a Constituição – ar-

tigo 225 – e se maltrata aquilo que não foi criado pelo Homem, mas que ele sabe – célere e inclemen-temente – destruir. Grande abraço” (Dr. José Renato Nalini, desembargador da

Câmara Reservada ao Meio Am-biente, do Tribunal de Justiça de São Paulo/SP, e presidente da Aca-demia Paulista de Letras (APL)).

Dr. josé renato Nalini

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As quatro décadas de carreira da atriz Glória Pires estão eternizadas nas páginas da obra literária 40 anos de Glória, de autoria de Eduardo Nassife e Fábio Fabrício Fabretti. Fãs, amigos e colegas de profissão compareceram na noite de autógrafos.

O livro abrange a história de uma das principais atrizes da televisão brasileira, desde os primeiros passos de Glória no mundo artístico, aos 6 anos, até seus mais recentes trabalhos. Em entrevista, ela abordou aspectos da carreira, da paixão pela TV, da maturidade, da maternidade, dos planos para o futuro e da volta ao Brasil.

Representantes da Legião da Boa Vontade (LBV) presti-giaram o lançamento em nome do diretor-presidente da Ins-tituição. Também marcaram presença na sessão de autógrafos os atores Tony Ramos, Rodrigo Fagundes, Daisy Lúcidi, Myrian Rios e Narjara Turetta, além da cantora Rosemary, que, na ocasião, confraternizou com a equipe da LBV.

Durante o evento, a atriz e os autores dedicaram um exem-plar do livro ao dirigente da LBV com as seguintes mensagens: “Paiva Netto, sorte! Glória Pires”; “Paiva Netto, tudo de bom! Eduardo Nassife”; e “Para Paiva, com carinho do autor. FFF”.

O veterano ator, diretor e roteirista Sérgio Britto lançou na noite de 31 de maio, na capital paulista, seu livro O tea-tro & eu: memórias. A obra passeia pela trajetória do próprio artista nos palcos, em diferentes épocas da história cultural brasileira. Britto resgata sua estreia, a criação e os bastidores de importantes grupos e espaços teatrais do país, além de lembrar a experiência como ator e diretor de novelas.

Formado em Medicina, em 1948, Britto nunca exerceu a profissão. Co-meçou a atuar em 1945, no Teatro Universitário, em uma montagem de Hamlet, que trazia Sérgio Cardoso no papel principal.

Na noite de autógrafos, o escritor dedicou um exemplar ao diretor- -presidente da Legião da Boa Vontade (LBV), com a seguinte mensagem: “Para José de Paiva Netto, com ca-rinho e espaço para entender minhas falhas e opções”.

Sérgio britto lança O teatro

& eu: memórias

Sérgio britto com renata Tabach, da lbV.

Glória Piresem obra literária

Na foto, Glória aparece entre os autores Eduardo Nassife e Fábio Fabrício. Em outro momento da concorrida noite de autógrafos, a atriz recebe o carinho da cantora rosemary.

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A coleção Aplauso lançou mais quatro livros em tom biográfico no Rio de Janeiro: Stênio Garcia – Força da Natureza, de Wagner de Assis; Débora Duarte – Filha da Televisão, de Laura Malin; Theresa Amayo – Ficção e Realidade; e Odorico Paraguaçu – O Bem Amado de Dias Gomes, de autoria do cenógrafo José Dias.

Com o objetivo de preservar a memória da cultura nacional e democratizar o acesso ao conhecimento, a coleção retrata nessas obras os múltiplos papéis vividos pelos renomados atores Débora Duarte, Stênio Garcia e Theresa Amayo. Além disso, apresenta em livro as transformações do personagem Odorico Paraguaçu, destaque na TV, no cinema e no teatro.

Muitos artistas amigos foram ao lançamento, a exemplo de Eva Todor, Gracindo Junior, Danton Mello e Eliana Pittman, além de fãs que levaram seu carinho aos homenageados.

Representantes da Legião da Boa Vontade (LBV) prestigiaram os lançamentos em nome do dirigente da Instituição. Na oportunidade, Stênio saudou com muita simpatia: “Paiva Netto é um grande amigo, de longa data”. Com o mesmo carinho, Débora Duarte, Theresa

Amayo e José Dias agradeceram a presença da Instituição. Os home-nageados autografaram exemplares das obras:

“Para o amigo Paiva Netto, um pouco das minhas caminhadas. Stênio Garcia” , “Paiva, obrigada pelo carinho. Débora Duarte”, “Ao Paiva Netto, com carinho. Theresa Amayo” e “Ao grande jornalista Paiva Netto, com todo respeito, carinho e admiração. Em 30/6/2010. José Dias”.

Com votos de profissionais da categoria em todo o Brasil, o jornalista gaúcho Celso Schröder foi eleito, no fim de julho, para a presidência da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). A posse da nova diretoria e da Comissão Nacional de Ética dos Jornalistas ocorreu no dia 21 de agosto duran-te o 34o Congresso Nacional dos Jornalistas, em Porto Alegre/RS.

Além de Schröder, a executi-va da Fenaj será composta pela primeira vice-presidente, Maria José Braga (GO); segunda vice--presidente, Suzana Blass (MRJ); Secretaria-Geral, Guto Camargo (SP); primeira Secretaria, Antônio Paulo Santos (AM); Tesouraria, Déborah Lima (CE); segunda Tesouraria, Valci Zuculoto (SC); primeira Suplência, Sheila Faro (PA); segunda Suplência, José Carlos Torves (RS).

Na composição da nova Co-missão Nacional de Ética dos Jornalistas, estão Júlio Tarnowisk (PR), como presidente, Gerson Martins (MS), Regina Deliberai (MT), Rossini Barreira (PE) e Suzana Tatagiba (ES).

Artistas têm a vida narrada em livros

celso Schröder é o novo presidente

da Fenaj(1) A atriz Débora Duarte e a jornalista laura malin; (2) O cenógrafo josé Dias e o ator Gracindo junior e (3) a atriz Eva Todor recebe o abraço do amigo Stênio Garcia.

(Fonte: www.fenaj.org.br)

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O mais novo livro da jorna-

lista de polí-t i c a D o r a Kramer, O poder pelo avesso, apre-

senta um re-trato dos avan-

ços e retrocessos do Brasil, capturado

em nove anos de crônicas políticas. A obra, inédita, faz uma reflexão sobre o exercício diário do jornalismo.

Felicitada por representantes da Legião da Boa Vontade (LBV), a jor-nalista dedicou exemplar do livro es-pecialmente ao diretor-presidente da Instituição: “Ao José de Paiva Netto, com o carinho da Dora Kramer”.

Com 22 anos de profissão, 15 deles dedicados a uma coluna diária de análise política, Dora é um nome respeitado do jornalismo político. Escreveu nesse período mais de qua-tro mil colunas, publicadas no Jornal do Brasil, entre 1995 e 2004, e no jornal O Estado de S.Paulo, a partir de 2001. Além do espaço diário no Estadão e na Agência Estado (que distribui as colunas para dezenas de outros jornais do país), a jornalista é comentarista política da rádio Band News FM.

dora Kramer lança O poder pelo avesso

Entender o mercado de ações e começar a investir na bolsa de valores. Para muitos, um objetivo que parece distante, mas para os jornalistas econômicos Mara Luquet e Carlos Alberto Sardenberg é bem possível. Eles assinam o livro O Assunto é Bolsa. Durante o lançamento, os autores apresentaram uma palestra sobre o tema.

Com informações úteis ao leitor que sonha tornar-se investidor, mas não sabe por onde e quando começar, o livro reúne gráficos, dados e análises comparativas que facilitam o entendimento sobre fundos públicos, ações e obrigações de companhias, títulos de crédito, mercadorias etc.

Luquet escreve sobre finanças há mais de 15 anos e atualmente é colunista do Valor Econômico, editora da revista Valor Investe e comen-tarista do programa CBN Brasil e da TV Cultura. Já Sardenberg é âncora do programa CBN Brasil e colunista dos jornais O Estado de S.Paulo e O Globo, além de comentarista de economia do Jornal da Globo.

Representantes da Legião da Boa Vontade prestigiaram o lança-mento e transmitiram o abraço fraterno do jornalista Paiva Netto aos autores, que retribuíram com o exemplar da obra e as mensagens: “José de Paiva Netto, um grande abraço e muito sucesso, Mara Luquet. Rio/2010” e “Ao José de Paiva Netto, do C. A. Sardenberg. Rio/5/4/10”.

mara Luquet e carlos Alberto Sardenberg assinam O Assunto é Bolsa

Os escritores mara luquet e Carlos Alberto Sardenberg no lançamento de O Assunto é Bolsa.

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Além de presidir o Tribunal de Contas da União (TCU), o ministro Ubiratan Aguiar consolida a car-reira de poeta e escritor ao integrar desde abril o seleto grupo de 40 imortais da Academia de Letras de Brasília (Acleb).

A cerimônia de titularidade ocor-reu no auditório da Procuradoria- -Geral da República. Dirigida pelo presidente da Acleb, José Carlos Gentili, a solenidade reuniu fami-liares e amigos do homenageado. Entre as autoridades presentes, o ministro Benjamin Zymler, vice-presidente do TCU; o ministro Valmir Campelo; o vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres Britto; e o procura-dor-geral da República, Roberto Gurgel.

Natural da cidade de Cedro, Cea-rá, o ministro Ubiratan Aguiar passa a ocupar a cadeira 21 da Acleb, cujo patrono é o “príncipe dos poetas”, Olavo Bilac. “É uma satisfação muito grande e uma responsabi-

ministro ubiratan Aguiar (tcu)torna-se imortal da Acleb

lidade maior. Com esse patrono, devo me esforçar em lapidar o diamante e alcançar os degraus da vida literária de Brasília”, afirmou. Ministro do TCU desde 2001, ele foi professor de Português e cumpriu carreira política como vereador por Fortaleza/CE entre os anos 1960 e 1970, secretário de Educação do Ceará, deputado estadual e deputa-do federal.

O novo membro da Academia de Letras de Brasília retribuiu a demonstração de apreço da LBV e de seu dirigente, ao declarar: “Agradeço ao Paiva Netto e a todos quantos nos energizam com os flui-dos da Boa Vontade, com os fluidos

O ilustre ministro Ubiratan Aguiar recebe os cumprimentos do diretor- -executivo da legião da boa Vontade, Paulo Duarte, que representou o diretor--presidente da lbV, José de Paiva Netto.

positivos e com os sentimentos fra-ternos e solidários. Sou eu quem os homenageio pelo que vocês fazem”.

Cidadão cariocaA Câmara Municipal do Rio de Janeiro concedeu, no dia 16 de agosto,

o título de Cidadão Honorário do Rio de Janeiro ao presidente do Tribu-nal de Contas da União (TCU), ministro Ubiratan Aguiar. A honraria é a mais expressiva do município, concedida a personalidades de outros Estados ou nações que se destacam pelo trabalho realizado em prol da cidade. Autoridades e personalidades prestigiaram o concorrido evento.

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O chef e apresenta-dor de TV Edu Guedes lançou recentemente, em São Paulo/SP, o li-vro Delícias do Brasil. Nele, o autor transcreve variadas receitas, sele-cionadas da culinária de todas as regiões do país. Na noite de autógrafos, o apresentador recebeu o carinho da mulher, a

empresária Daniela Zurita, e da filha, a pequena Maria Eduarda. Fãs e amigos também marcaram presença na prestigiada sessão.

Ao confraternizar com representantes da LBV no evento, o autor dedicou um exemplar da obra ao dirigente da Instituição: “Ao querido Paiva Netto, um forte abraço”.

No aniversário de José Luiz Datena, 19 de maio, apresenta-dor e âncora do programa Brasil Urgente, da Rede Bandeirantes de Televisão, uma homenagem especial comoveu o jornalista. A Legião da Boa Vontade (LBV) entregou ao aniversariante um cartão confeccionado e assinado por alunos do 5o ano do Instituto de Educação da LBV, na capital paulista. Além das assinaturas dos estudantes, o cartão trazia a men-sagem: “Nós, crianças atendidas pela Legião da Boa Vontade, o parabenizamos pela passagem do seu aniversário e desejamos muitas vitórias em sua vida”.

O agradecimento de Datena veio durante seu programa da Band, ao vivo. O jornalista leu o cartão no ar e afirmou aos teles-pectadores: “Estou muito feliz e sensibilizado. Foi um dos presen-tes mais lindos que já recebi na minha vida”.

edu Guedes, da Record, e as boas receitas brasileiras

O autor (de azul) recebe os amigos Gianne Albertoni, Celso Zucatelli e Natália Guimarães.

crianças da LbV parabenizam o apresentador

datena, da band

Cartas, e-mails, livros e registros

O autor de novelas e criador de minisséries de TV Gilberto Braga lançou o livro Anos Rebeldes – Os bastidores da criação de uma minis-série, no Rio de Janeiro/RJ. A obra traz o roteiro dos acontecimentos durante as gravações da produção, exibida em 1992, que retrata o período do regime militar e a sua influência na vida de um grupo de jovens idealistas.

Amigos e artistas do elenco da minissérie também prestigiaram a noite de autógrafos. “Caro Paiva Netto. Com todo o carinho, Gilberto Braga”, dedicou o autor em um exemplar ao dirigente da LBV.

Gilberto braga lança livro sobre a minissérie Anos Rebeldes

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“Uma Nova Fundação para um Novo Mundo Colaborativo” é o tema do 5o Encontro Paulista de Fundações, em 22 de outubro, no Hotel Renaissan-ce São Paulo, na capital bandeirante. No centro do debate, o papel da filantropia no século 21 e das Fundações Comuni-tárias. Para esse evento, a Associação Paulista de Fundações (APF) anuncia a presença de palestrantes internacionais com expertise no Terceiro Setor.

Entre os destaques do encontro, o conferencista Steven Craig Gun-derson, diretor-geral e presidente da Council on Foundations, apresentará o tema “Filantropia do século 21”, com enfoque em planejamento estratégico e forte concentração no domínio das políticas públicas. Outro nome de prestígio confirmado no evento é Rahul K. Bhardwaj, diretor-geral e presidente da Toronto Community Foundation. Ele ministrará a palestra “Fundações Comunitárias — Fazendo o Bem em Nome do Bem”, uma análise sobre as iniciativas de fundações em Toronto, Canadá, comunidades e lideranças locais.

O conferencista brasileiro Marcos Kisil, diretor-superintendente da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, debaterá “Governança e Filantropia — Da Paixão à Ação”. Mais um tema de interesse do setor é “Filantropia de Alto Impacto — Medindo e Estimando a Criação de Valor Social”, título da palestra de Emmet D. Carson, diretor-geral e presidente da Silicon Valley Community Foundation. Autor de mais de 100 obras a respeito de filantropia e justiça social, o palestrante dedica a carreira ao incentivo de mudanças sociais positivas.

A parte final do 5o Encontro Paulista de Fundações terá o formato de talk show, com a participação dos palestrantes convidados e de Lúcia Gomes Vieira Dellagnelo, coordenadora-geral do Instituto Comunitário Grande Florianópolis e consultora de organizações nacionais e internacionais em projetos de educação e desenvolvimento social.

Essa edição consolidará a atuação da APF, aceita este ano como membro internacional do Council on Foundations, maior organização mundial de funda-ções, que congrega mais de duas mil instituições dos Estados Unidos, além de 65 internacionais.

Mais informações sobre o encontro da APF podem ser obtidas pelo telefone: (11) 3237-3193 ou no site: www.apf.org.br.

No fim de maio, o escritor, jornalista e produtor musical Nelson Motta escolheu a ca-pital pernambucana para lançar mais um livro: Força Estra-nha. A sessão de autógrafos reuniu amigos e admiradores do autor.

Na obra, Motta narra dez histórias que se passam em diferentes cidades do mundo. “O leitor será instigado a cada história lida, devido ao forma-to de textos curtos e com mui-tas surpresas”, declarou. Na ocasião, o jornalista mandou exemplar da obra ao diretor- -presidente da LBV, com a de-dicatória: “Para o Paiva Netto, com abraço do Nelson”.

Obra de Nelson motta agita a capital pernambucana

O papel das fundações em um mundo colaborativoVâ

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Dora Silvia Cunha Bueno, presidente da Associação Paulista de Fundações (APF), com a revista bOA VONTADE mulher, ao lado de Etejane Hepner Coin, presidente da WiZO São Paulo, durante evento da WiZO SP em março deste ano.

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A cerimônia de posse dos novos juízes do Tribunal de Justiça do Esta-do de São Paulo (TJ-SP) foi marcada pela emoção dos jovens magistrados, orgulhosos por integrarem o Poder Judi-ciário, e de seus familiares e amigos. A solenidade reuniu também autoridades e convidados.

Mais de 11 mil candidatos de todo o Brasil inscreveram-se no concurso de ingresso. Embora o edital tenha reservado 150 vagas, foram aprovados 90 candidatos, que atingiram o nível exigido.

Ana Rita de Figueiredo Nery, de 27 anos, primeira colocada no concur-so, discursou em nome dos aprovados. Ela expressou o orgulho de fazer parte definitivamente da magistratura paulista e lembrou os desafios da nova função: “Uma busca diária no aprimoramento da prestação jurisdicional” e “preen-

Posse de novos juízes do tJ-SP

O jornalista Sebastião Nery (terno claro) e sua filha, Ana Rita Nery, ao lado de Luciano Duarte Pereira (D) e Renato Viana (E), respectivamente, diretores da Fundação boa Vontade e da Fundação josé de Paiva Netto.

cher os espaços deixados na cidadania. (...) Que a carreira da magistratura edifique os nossos corações”.

Filha do veterano jornalista Sebas-tião Nery, a juíza Ana Rita destacou à BOA VONTADE que suas expectati-vas são as melhores possíveis. “A ma-gistratura é uma espécie de sacerdócio; a gente faz o concurso não para que a vida de estudante se encerre, mas para que a vida de trabalho agora se inicie.”

Muito feliz, o pai da jovem juíza declarou: “O normal é que os pais abençoem os filhos, transmitam a sua graça para eles. Hoje aconteceu inteiramente o contrário: foi minha filha que me deu esta bênção. Esta vitória é sobretudo dela. Não é à toa que há o dedo de Deus aí. (…) Como se dizia antigamente na linguagem da história portuguesa: ‘É demais para um pobre marquês’”.

Desafios da profissãoAo saudar os novos juízes, o

presidente do TJ-SP, desembarga-dor Antonio Carlos Viana Santos, chamou a atenção para as princi-pais demandas do Judiciário e os parabenizou pelo desafio vencido. “Noventa jovens magistrados que passaram por um árduo concurso público, de provas, de títulos, inclu-sive com representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) na banca examinadora.”

O corregedor-geral de Justiça, desembargador Antonio Carlos Munhoz Soares, aconselhou-os a continuar estudando e se reciclando permanentemente, dadas as difíceis questões com as quais irão se de-parar no cotidiano. “Quem não se atualiza se fossiliza!”, salientou o magistrado.

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Aos 78 anos de vida, o consagrado jornalista baiano Sebastião Nery continua apai-xonado pelo trabalho. Acom-panhado da esposa, Beatriz Rabello, o cronista esteve nos estúdios da Boa Vontade TV (canal 23 da SKY) no Rio de Janeiro/RJ, para participar do programa Boa Vontade En-trevista e apresentar sua mais recente obra literária: A nuvem — O que ficou do que passou.

Nery relata a sua trajetória de vida e conta histórias de personagens queridos, escritores, artistas e políticos com os quais conviveu em mais de 50 anos de profissão. “É um depoimento de todas as coisas que vi, (...) sobre a vida política do Brasil nestes cinquenta e tantos anos e, sobretudo, a minha vida profissional de jornalista, porque, há 58 anos, escrevo em jornais todos os dias”, explica.

O título da obra faz referência aos tempos de menino. O autor lembra as horas que ficava debaixo de uma jaqueira vendo as nuvens passarem. “A nu-vem para a criança uma hora é um elefante, na outra é um boi, uma pessoa. E pensava comigo: ‘Um dia, vou subir nessas nuvens e vou embora daqui’. Porque eu sabia que não queria ficar ali. E quando tinha 12 anos, minha família mudou de cidade. Foi aí que subi nas nuvens mesmo”, recorda Nery.

Amigo de longa data da Legião da Boa Vontade (LBV) e de seu diretor- -presidente, José de Paiva Netto, o veterano jornalista fala com nostalgia sobre esses antigos laços de amizade: “Quando cheguei ao Rio de Janeiro, trabalhava na TV Globo, mas também na Rádio Mundial, onde imperava o nosso saudoso Alziro Zarur. Era um homem sábio. Lá conheci o nosso Paiva Netto, que é mais novo do que eu; éramos muito jovens, mas ele já era a pessoa da absoluta confiança do Alziro Zarur, era o sucessor. Tanto era que brincava com ele, dizendo: ‘Ei, sucessor!’, porque ele era uma pessoa com uma visão muito clara do Cristianismo”.

Dos momentos decisivos e de expansão da LBV, Nery relembra a atuação de Paiva Netto: “Ele pegou uma grande Obra e ampliou-a; tornou a Legião da Boa Vontade esta coisa fantástica. É a única organização civil que representa o Brasil na ONU, com status consultivo (...). Como sei, eles não brincam lá. (...) Eu fui adido cultural em Roma e em Paris. Lá, vi as referências da Unesco sobre a LBV. (...) Isso prova a seriedade e a competência do trabalho dela. É só ir à LBV para ver crianças estudando, sendo ajudadas, e os velhos, atendidos”.

Sebastião Nery: mais de meio século de boas histórias

Sebastião Nery; a esposa, beatriz rabello; e Simone barreto, da boa Vontade TV, após gravação para o programa Boa Vontade Entrevista.

direito Fundamental à

VIdAJuristas, professores de me-

dicina e biomedicina de sete países assinam o livro Direito Fundamental à VIDA. Nele, os autores reconhecem que a existência do Ser Humano co-meça na concepção. Entre os organizadores da obra está o renomado jurista brasileiro dr. Ives Gandra Martins. Ele en-caminhou um dos exemplares a Paiva Netto, diretor-presidente da Legião da Boa Vontade, que desde sua fundação tem por ban-deira defender a Vida. “Ofereço com particular admiração pelo trabalho realizado no curso de 60 anos”, registrou.

Em cartão endereçado à Insti-tuição, o jurista a parabeniza pela revista BOA VONTADE Espe-cial — LBV 60 Anos e completa: “Agradeço sensibilizado as pu-blicações. Agradeço, portanto, a oportunidade de estar sempre com os amigos, aplaudindo o ad-mirável trabalho da LBV. Ives”.

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O Theatro Municipal do Rio de Janeiro recebeu, na noite de 11 de agosto, o 21o Prêmio da Música Brasileira, láurea ide-

alizada pelo produtor José Maurício Machline para agraciar os artistas da MPB que se destacam anualmente. Não poderia haver lugar melhor para saudar a grande estrela dessa edição, a sambista Dona Ivone Lara, pois foi exatamente nessa casa da cultura que, na adolescência, ela aprendeu a cantar com o seu professor de músi-ca, o grande maestro e compositor Heitor Villa-Lobos.

Sob a direção do arranjador Rildo

theatro municipal do Rio em festa21a edição do Prêmio da Música Brasileira homenageia Dona Ivone Lara

Hora, diversas canções da dama de Madureira, de 89 anos, foram inter-pretadas por cantores consagrados, entre os quais Caetano Veloso, Maria Bethânia e Lenine, e jovens expoentes da música, como Maria Gadú e Roberta Sá.

Na categoria Melhor dupla, o troféu ficou com Zezé Di Camar-go & Luciano. Este, na ocasião, conversou com a equipe da Super Rede Boa Vontade de Comunicação (rádio, TV, internet e publicações). “Este prêmio é um dos mais sérios do Brasil. Já ganhamos três vezes, mas acredito que só de ser indicado

já é um prêmio. Temos vinte anos de carreira, e ser reconhecido é muito importante”, salientou.

O cantor ainda fez questão de enaltecer o trabalho da Legião da Boa Vontade, da qual é amigo há vários anos. “Sou um admirador do trabalho da LBV. O Paiva Netto é uma pessoa que faz as coisas com Boa Vontade. Sou grato pela oportu-nidade de ter ficado um tempo com a garotada de vocês. Ontem, passei lá em frente [da LBV] e comentei com a minha mulher quando eu conheci a Entidade; o Zezé [Di Camargo] ainda cantava sozinho. Nessa época,

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fomos ajudados por vocês. Quando convidarem, podem ter certeza de que estaremos às ordens.”

Daniela Mercury esteve na con-corrida noite para entregar o troféu de melhor cantora de samba à Alcione. “Representar a cultura baiana é re-presentar o Brasil. Estou muito feliz por estar aqui, porque, afinal de con-tas, fazemos música para emocionar as pessoas”, destacou Daniela.

Igualmente presente, o cantor, compositor e ator Claudio Lins de-clarou: “Falar um pouco dos heróis da nossa música é muito importante; valorizar a nossa memória cultural

e o que está sendo feito na música contemporânea. Hoje, estou aqui para prestigiar e me emocionar com todos os amigos indicados. Um grande abraço para todos da LBV”.

Sandra de Sá também compare-ceu à festa. “Estamos muito felizes em homenagear Dona Ivone Lara, uma figura viva que está em plenos pulmões. Este prêmio é muito bom para a nossa música”, ressaltou. Ela ainda deixou um afetuoso reca-do ao diretor-presidente da Legião da Boa Vontade: “Fala para o Paiva que eu estou com saudades dele. Eu amo ele e a LBV inteira”.

“Estamos muito felizes em homenagear Dona Ivone Lara, uma figura viva que está em plenos pulmões. Este prêmio é muito bom para a nossa música. (...) Fala para o Paiva que eu estou com saudades dele. Eu amo ele e a LBV inteira.”

Sandra de Sácantora

“Sou um admirador do trabalho da LBV. O Paiva Netto é uma pessoa

que faz as coisas com Boa Vontade. Sou grato pela oportunidade de ter ficado um tempo com a garotada

de vocês. Ontem, passei lá em frente [da LBV] e comentei com a minha mulher quando eu conheci a Entidade; o Zezé [Di Camargo]

ainda cantava sozinho. Nessa época, fomos ajudados por vocês. Quando convidarem, podem ter certeza de

que estaremos às ordens.”Luciano

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Cartas, e-mails, livros e registros

Em seu artigo “Deus, bioética e genoma sintético”, o jornalista e es-critor Paiva Netto comenta mais um avanço da Ciência: a formação do primeiro organismo vivo sintético. Esse fato, amplamente destacado na mídia, mereceu atenção especial do jornalista, que ressaltou a importân-cia da ética e da Solidariedade tam-bém nesse campo do saber humano. No texto, lembrou-se, ainda, de uma entrevista concedida ao escritor e produtor de TV Alcione Giacomitti, no início de 2000, para o livro Os

Pilares da Sabedoria de um Novo Mundo, de autoria do próprio en-trevistador e publicado pela Editora Elevação.

Tão logo leu o arti-go, Giacomitti enca-

Genoma sintético

* Fórum Mundial Espírito e Ciência, da LBV — O líder da Legião da Boa Vontade criou, em 2000, o Fórum Mundial Espírito e Ciência, da LBV, que se tornou o principal movimento mundial do gênero na formação de novos paradigmas do pensamento humano, fundamentados na convergência e no intercâmbio entre o conhecimento científico e as diversas tradições religiosas. Entre os participantes desse fórum, nomes como o do astronauta norte-americano Edgar Mitchell, membro da tripulação da Apollo 14, sexto homem a pisar a superfície lunar; de Alexander Lazutkin, cosmonauta russo que fez parte da tripulação da Missão MIR-23; dos físicos quânticos e escritores Amit goswami (Estados Unidos), Patrick Drouot (França), Waldyr Rodrigues (Brasil); do astrônomo brasileiro Ronaldo Rogério de Freitas Mourão; do psicólogo e educador francês Pierre Weil (1924-2008); do lama tibetano Chagdud Tulku Rinpoche, além de outras importantes personalidades.

minhou uma mensagem ao dirigente da LBV em agradecimento. Nela, o escritor salientou que, embora distante do Brasil, acompanha suas palavras. “A tecnologia deixou o mundo próximo de todos os lugares. Estou neste momento em um café internet no sopé da montanha de Machu Picchu, aqui no Peru, onde conduzo um grupo de 35 brasilei-ros a esse local especial”, disse o escritor.

Além de agradecer ao jornalista Paiva Netto a menção à “honrosa entrevista”, como definiu, Giacomitti registrou: “Há três dias, dei uma conferên-cia [ao grupo de brasileiros no Peru] durante nossa viagem, em que lembrava igualmente o Fórum Mun-dial Espírito e Ciência*, da LBV, idealizado por sua pessoa (...). Que esteja sempre com muita saúde, luz e paz... Afetuoso abraço de seu amigo, Alcione Giacomitti”.

Genoma sintético 2Renato Viana, da Fundação José

de Paiva Netto, de São Paulo/SP, re-lata o recebimento da mensagem do dr. Eduardo José Vanti Sancho, presidente da Fundação Jean-Yves Neveux, de Campinas/SP: “Soli-cito sua colaboração para fazer

chegar ao dr. José de Paiva Netto o nosso entusiasmo e apreço pelo seu brilhante artigo ‘Deus, bioética e ge-noma sintético’. A frase com que ele conclui suas análises e considerações — ‘falta à tecnologia globalizante coração e mente iluminados’ — muito me tocou. Bem sabe o amigo quanto as coisas dos corações dos nossos pequeninos me são caras. Por favor, felicite-o por trazer à nossa atenção uma abordagem tão pertinente, tão fundamental, em um mundo que se perde ao tentar saber cada vez mais

sobre cada vez menos, onde a Ciência e a Solidariedade percorrem direções opostas e, muitas vezes, conflitantes e, por que não dizer, em verdadeira rota de colisão (veja a questão da privatiza-

ção do genoma humano, das doenças negligenciadas, dos medicamentos de última geração, mas inalcançáveis para a maioria da população, das patentes sobre a biodiversidade, da medicalização de não doenças, para citar apenas alguns exemplos). Um forte abraço, Eduardo Sancho”.

Sancho também é especialista em cirurgia cardiovascular infantil pela Universidade Estadual de Campinas, membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia e da International Society for Heart and Lung Transplantation.

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machu Picchu, Peru.

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A Federação Paraibana de Futebol (FPF) divulgou no site oficial da entidade, por meio de um banner, a pioneira Campanha da Legião da Boa Vontade: Esporte é Vida, não violência! O objetivo da ação é propagar a Paz nos estádios e ginásios onde se realizam atividades e competições esportivas.

A representante maior do futebol paraibano também registrou em seu perfil na internet a mensagem: “A Federação Paraibana de Futebol apoia a pioneira Campanha (1970) da LBV: Esporte é Vida, não violên-

Nordeste apoia campanha da LBV pela Paz nos esportes

cia!, a qual objetiva fomentar, entre outros valores, a cidadania, a educação, o respeito e o lazer nas searas desportivas brasileiras”.

Vale ressaltar que a tradicional campanha da LBV foi idealizada em 1978 pelo diretor-presidente da Ins-tituição, José de Paiva Netto, que, por essa relevante iniciativa, recebeu por dois anos consecutivos, em 1997 e 1998, o troféu “Bola de Ouro”. A láurea foi entregue pelo dr. João Havelange, então presidente da Fifa, órgão máximo do futebol mundial, o qual dirigiu por 24 anos.

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O comentarista es-portivo e ex-jogador de futebol Junior realizou recente-mente uma noite de

autógrafos do seu li-vro Minha Paixão pelo

Futebol (Coleção Gol de Letras), na capital fluminense.

A obra narra a vida do ex-lateral esquerdo Leovegildo Lins da Gama Junior, que foi ídolo no Flamengo e na Seleção Brasileira — desde a mudança da Paraíba para o Rio de Janeiro, as dificuldades enfrentadas, a infância em Copacabana e o início da carreira profissional com a camisa do rubro-negro carioca. As ilustra-ções são de Mario Alberto.

Representantes da LBV partici-param do evento, enviando o abraço fraterno do diretor-presidente da Instituição. O ex-jogador retribuiu com a dedicatória: “Ao Paiva Netto, abraço do Junior”.

O jornalista e escritor Sidney Garambone, editor-chefe do programa Esporte Espetacular, da Rede Globo, lançou recente-mente Os 11 maiores volantes do futebol brasileiro. A obra traça um painel técnico e tático dos maiores nomes que atuaram na posição no país. Mais do que curiosidades do mundo da bola, trata-se de histó-rias de vida, sobre craques como Piazza, Andrade, Zito, Toninho Cerezo e Dunga, especialista na arte da marcação e de armação de jogadas.

Desde 2007, Sidney comanda o programa esportivo da emissora no domingo. Atuou na cobertura de duas Copas do Mundo (1998 e 2006) e da Olimpíada de Pequim (China), em 2008 (na ocasião, como comentarista do canal SporTV). Durante o lançamento do livro, dedi-cou exemplar da obra ao dirigente da Legião da Boa Vontade (LBV): “Grande Paiva Netto, autor de tantas grandes histórias, um livro cheio delas... Abraços”.

O jornalista Luís Augusto Símon conta a trajetória de jogadores que foram donos da pequena área em seu livro Os 11 maiores goleiros do futebol brasileiro.

Um mergulho histórico e fascinante nas redes dos grandes defensores do país, como Barbosa, Castilho, Gilmar, Raul, Leão, Zetti, Taffarel, Rogério Ceni, Marcos, Dida e Júlio César.

Durante a sessão de autógrafos, o jornalista dedicou ao diretor-presidente da Legião da Boa Vontade um exemplar da obra: “Ao José de Paiva Netto, com um abraço do

Luís Augusto”.Símon começou sua jornada em 1988 e passou pelos jornais Diário Popular,

A Gazeta Esportiva, Lance!, Jornal da Tarde e Agora. Atualmente, trabalha na revista ESPN.

Junior e a paixão pelo esporte Livro exalta os grandes

volantes do futebol brasileiro

Os maiores goleiros do brasil

O jornalista luís Símon com a camisa da Campanha da lbV África do Sul 2010 — Fiz um gol pela infância brasileira!.

Sidney Garambone, em entrevista à boa Vontade TV.

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Opinião Esportivajosé Carlos Araújo

josé Carlos Araújo, comunicador da rádio Globo do rio de janeiro.

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Para nós, brasileiros, a Copa do Mundo de 2010 ficou bem para trás. Para nós, já começou a Copa de 2014, que terá como

sede o nosso país. E quando digo que já começou, falando num sentido amplo, eu me refiro às obras neces-sárias, como reformas e a construção de estádios, melhorias nos aeropor-tos e no sistema de transportes das grandes cidades, além da ampliação da rede hoteleira e outras obras de infraestrutura.

Contudo, as atenções do brasilei-ro estão mais voltadas para a nossa Seleção. Conforme prometido pela CBF, foi inaugurada uma nova era no nosso futebol, agora sob o co-mando de Mano Menezes, treinador da nova geração, bem-sucedido em suas investidas anteriores.

Só para lembrar, o técnico pro-jetou-se nacionalmente em 2004, quando fez uma bela campanha

na Copa do Brasil com o modes-to 15 de Novembro de Campo Bom, do interior gaúcho, com o qual eliminou o Vasco da Gama, dentro de São Januário, com uma convincente vitória por 3 a 0. De-pois, repetiu o sucesso à frente do Grêmio de Porto Alegre/RS, de onde saiu para outra empreitada vitoriosa, já no Corinthians.

Convidado a ser o técnico da Seleção Brasileira que vai disputar a Olimpíada de 2012 e a Copa do Mundo de 2014, aqui no país, Mano Menezes iniciou logo uma forte renovação, convocando, na maioria, jogadores jovens, ainda com idade olímpica.

Por sinal, sua primeira convo-cação foi, de certa forma, surpre-endente. Ao chamar inclusive joga-dores que a maioria da população desconhecia, ele demonstrou que tem informações de que podem ser muito úteis.

Não se pode dizer, de imediato, se ele será tão vitorioso na Seleção quanto nos clubes que dirigiu. No entanto, não há como negar que Mano Menezes representa uma novidade na CBF: não promete a permissividade de outros tempos nem defende o regime fechado para comissão e jogadores, como ocorreu

na última Copa do Mundo. Ao con-trário, a inten-ção é seguir um único caminho: o do bom senso.

O treinador chegou com simpli-cidade e objetivida-de. Disse o que pretende, não fechou as portas da convocação a nenhum jogador, mesmo àqueles que não se saíram bem na Copa da África do Sul, e definiu seu esquema de jogo e o modo de trabalhar.

Mano pode não ser uma una-nimidade nacional, mas assumiu a função de treinador do Brasil com consciência do tamanho da res-ponsabilidade que o cargo impõe, principalmente aqui no país.

Apesar de todo esse desafio, o novo técnico já mostrou que não é centralizador nem se julga o dono da verdade.

Em pouco tempo, Mano Mene-zes já consegue reacender a espe-rança em cada torcedor. Que seja vitorioso também na Seleção Bra-sileira e que transforme a confiança da torcida em belas realidades, com a conquista do inédito ouro olímpi-co em 2012 e do hexacampeonato mundial em 2014.

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Ferreira Gullar faz 80 anos e sua poesia jovial continua emocionando

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PerfilFerreira Gullar

Angélica beckFotos: Lucian Fagundes

O renomado escritor ao lado de iracy Guerra (E) e Angélica beck, da boa Vontade TV.

“(...) Uma parte de mimé todo mundo:

outra parte é ninguém:fundo sem fundo.”

Extraído do poema Traduzir-se

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Em linhas irregulares, os primeiros versos de Um instante logo dão pistas da alma do escri-

tor: “Aqui me tenho /como não me conheço /nem me quis /sem começo /nem fim...” (do livro Muitas Vozes).

Em uma sala do seu aparta-mento em Copacabana, no Rio de Janeiro/RJ, cercado de livros, dese-nhos e pinturas, o poeta e crítico de arte maranhense Ferreira Gullar recebe a equipe da Super Rede Boa Vontade de Comunicação (rádio, TV, Portal e publicações) para uma entrevista exclusiva. Considerado um dos grandes nomes da poesia brasileira, Gullar completa em 10 de setembro oito décadas de vida, mais de seis delas dedicadas à lite-ratura. Para festejar a data, anuncia o lançamento de Em alguma parte alguma, o primeiro livro de poemas depois de uma década, desde o título Muitas Vozes (1999).

Para o autor, a demora na chegada de uma nova obra é compreensível porque, segundo ele, poesia é emoção e, portanto, não se pode programá-la. “São temas que surgem quase que por acaso no dia a dia, quando eu não planejo. Os livros nascem de momentos excepcionais, em que alguma coisa acontece e me faz escrever.”

No bate-papo, relembrou epi-sódios pessoais, os caminhos de sua poesia de amor e luta social, e comentou a satisfação de ter sido homenageado pelo conjunto da obra com o “Prêmio Luís de Camões”, edição 2010, a mais importante distinção literária da

Perfil de um poetaNascido em 10 de setembro de 1930, em São Luís, capital do Maranhão,

foi batizado como José Ribamar Ferreira. Decide adotar o nome artístico de Ferreira Gullar ainda bem jovem, tudo porque, segundo ele, poemas de péssimo gosto haviam sido publicados por um homônimo dele — além disso, inspirou-se no sobrenome da mãe, Alzira Ribeiro goulart, e manteve o do pai, Newton Ferreira.

Em 1951, muda-se em definitivo para o Rio de Ja-neiro. Três anos depois, publica A Luta Corporal, com o qual ingressa no movimento concretista (em que a arte busca “materializar” visualmente os conceitos intelectuais). Em 1959, funda o neoconcretismo com Lygia Clark, Mário Pedros e Hélio Oiticica, entre outros artistas, teóricos e poetas, rompendo com a racionalidade proposta pelo movimento original e, principalmente, defendendo a necessidade do subjetivismo na poesia concreta.

No ano de 1975, no exílio, reside em Buenos Aires, Argentina, onde escreve o trabalho que marcaria em definitivo sua trajetória literária: Poema Sujo, publicado após um ano.

Já de volta ao Brasil, Gullar lança o disco Antolo-gia poética (1979), com música e arranjo de Egberto gismonti, e escreve textos para peças de teatro e telenovelas. Outras obras de destaque são Na verti-gem do dia (1980), Sobre arte (1984), Etapas da arte contemporânea (1985), Barulhos (1987), Indagações de hoje (1989) e Muitas Vozes (1999).

Comunidade de Países de Língua Portuguesa. Para Gullar, mais do que o prêmio, o que o comoveu especialmente foi dividir com o seu público o reconhecimento ao trabalho.“Fiquei mais feliz pelo fato de que as pessoas que souberam dessa notícia e me te-lefonaram, elas estavam tão ou mais felizes do que eu. (...) Era uma conquista delas, não era apenas minha. Isso é realmente reconfortante para mim, porque

sempre achei que o sentido da vida são os outros. O que a gente faz, o que cria é para o outro, é ele que dá sentido à nossa exis-tência, ao que nós fazemos.”

BOA VONTADE — Em setembro, chega às livrarias Em alguma parte alguma. O que o leitor pode esperar do novo trabalho?

Ferreira Gullar — Em ge-ral, os meus livros de poesia são diferentes sempre; eu levo

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dos anos, minha poesia passou por muitas modificações. Houve até um período em que fiz poemas que eram espaciais, eram poemas- -objeto, com uma palavra só; foi uma fase de muita audácia com relação à invenção poética. Logo após, entrei em uma fase política, de ruptura muito gran-de... saí de algo tão sofisticado e audacioso para escrever folhetos de feira, como os cantadores nordestinos. O que valeu muitas críticas, principalmente daqueles que defendiam a vanguarda e o experimentalismo. Depois, ainda que política, minha poesia evo-luiu para uma elaboração mais sofisticada da linguagem poética. Ao longo de vários anos houve o exílio, fui para a ex-União Soviética, posteriormente para o Chile e o Peru, finalmente para a Argentina, onde, aliás, surgiram poemas que constituíram o livro Dentro da Noite Veloz, publicado em 1975. Daí o Poema Sujo, es-crito na Argentina. Em 1977 volto para o Brasil, e a poesia muda, porque acaba a ditadura, abando-no a temática política e me volto para as indagações existenciais, filosóficas...

BV — Lançar um livro é uma ótima maneira de comemorar o aniversário...

Gullar — Esse livro [Em al-guma parte alguma], que levou 11 anos para ser concluído, é a continuação do meu trabalho. Eu não fico pensando em morte ou em idade, não tenho esse tipo de preocupação. Embora esteja comemorando 80 anos, não me

sinto com 80 anos (...). Eu não tenho doença, não tenho nenhum problema que a idade em geral traz, por sorte e por cautela; uma das razões é que eu não fumo, não bebo e como pouco.

BV — A poesia traz jovialidade?Gullar — A poesia às vezes

não oferece isso, depende. Tem poeta que é muito barra pesada e pessimista. A minha poesia não é negativa, é uma poesia ligada a problemas, não é uma ilusão. Eu não pretendo enganar as pessoas nem falar de coisas que não exis-tem só para fazer de conta que está tudo bem, não escondo isso. Mi-nha vida foi pesada, com muitos problemas com filhos, mas nunca isso me fez desesperar nem achar que não vale a pena, que acabou; eu me mantenho enfrentando as coisas. Você tem de sentar e tentar resolver os problemas, e não ficar chorando num canto, porque isso não adianta nada.

BV — Na Festa Literária Inter-nacional de Paraty, a Flip, a sua palestra arrebatou o público, e sobrou bom humor. O que pode-ria nos dizer da história do Poema enterrado, contada lá?

Gullar — O Poema enterrado pertence à fase do experimenta-lismo, da poesia neoconcreta, dos poemas-objeto, é praticamente a culminância desse processo, (...) um passo adiante no usar o corpo. Concebi um poema que seria uma sala subterrânea; você desceria por uma escada, abriria a porta do poema, entraria nele e, no centro dessa sala, haveria

muito tempo para fazer cada um. O último, Muitas Vozes, faz 11 anos. Então, durante esses anos, evidentemente, a minha visão das coisas e da poesia sofreu alguma modificação, o modo de escrever; há uma evolução, cada livro é um livro com características próprias. (...) São temas que surgem quase que por acaso no dia a dia, quando eu não planejo. Eles nascem de momentos excepcionais, em que alguma coisa acontece e me faz escrever. (...) Os poemas estão divididos em alguns elementos temáticos; parte são reflexões sobre o Cosmo, o Universo, e outros tratam da própria lingua-gem poética.

BV — De que forma a sua poesia evoluiu?

Gullar — A experiência do verso rimado foi bem no co-meço da minha poesia, depois rompi com isso, abandonei esse procedimento e aí surgiu o livro A Luta Corporal, em que as experiências, o vocabulário e a violentação da linguagem poé-tica são uma marca. Ao longo

Perfil

“Embora esteja comemorando 80 anos, não me sinto com 80 anos (...). Eu não tenho doença, não tenho nenhum problema que a idade em geral traz, por sorte e por cautela; uma das razões é que eu não fumo, não bebo e como pouco.”

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um cubo vermelho. A pessoa o ergueria e, embaixo, um cubo verde; depois, levantaria o ver-de e haveria um cubo branco bem menor repousado no chão; ao erguer este, leria a palavra “Rejuvenesça”. Fiz um projeto arquitetônico e um texto do po-ema, e foi publicado no Jornal do Brasil, no fim de 1959. Hélio Oiticica, um jovem artista do gru-po neoconcreto, ao ver o projeto entendeu que na casa da família, que estava sendo erguida na Gá-vea Pequena, poderia construir o poema no quintal. Achei que o pai dele não ia concordar com isso, mas ele convenceu o pai. Então, um dia marcou a inauguração do poema, estavam todos os artistas do grupo, o Mário Pedrosa, a Lygia Clark, o próprio Hélio Oi-ticica, Reinaldo Jardim, Aluísio Carvão, Franz Weissmann e a Milca de Castro, para inaugurar o tal Poema enterrado. Mas tinha chovido três dias seguidos, essas chuvas que costumam dar no Rio, era começo de ano. Aí, quando a gente abriu a porta do poema, ele estava inundado, dois palmos d’água, o cubo flutuava, e assim acabou o Poema enterrado, que não chegou a sequer ser divulga-do [risos]. Eu brinco que é uma pena não ter dado certo, porque era o único poema com endereço da literatura mundial. Depois dele, abandonei todo esse tipo de trabalho, de busca; no fundo, queria retomar a linguagem do poeta, valer-me das palavras do discurso da linguagem poética, e não ficar apenas construindo objetos.

BV — E também se dedica ao trabalho como crítico de arte...

Gullar — Durante a minha vida inteira, escrevi sobre arte, estudei. Penso, leio e escrevo mais sobre arte do que a respeito de qualquer coisa, de modo que é uma ocupação realmente per-manente na minha vida. A arte e os problemas dela, estou sempre olhando.

BV — Como vê o extenso uso da tecnologia na arte?

Gullar — No terreno das artes plásticas houve mudanças drás-ticas. No começo do século 20 e sobretudo depois, de mea dos do

“Minha vida foi pesada, com muitos problemas com filhos, mas nunca isso me fez desesperar nem achar que não vale a pena, que acabou; eu me mantenho enfrentando as coisas. Você tem de sentar e tentar resolver os problemas, e não ficar chorando num canto, porque isso não adianta nada.”

século 20 para cá, há o surgimen-to da chamada “arte conceitual” ou “arte contemporânea”. É um nome meio cretino. Essa experiên-cia é, na verdade, uma antiarte, a

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dessas, significa o quê? Nada, não é? Por que uma reflexão sobre o cocô? Quantos vasos fez com as plantas e esses dejetos? Dois, três, dez... tanto faz, não há nada que determine, não tem rigor algum. Mostrar a realidade não é fazer arte, fazer arte é transfigurar a realidade. A Noite Estrelada [1889], de Van Gogh, não é a que existe no céu, ele não queria apontar para o céu: “Olha a noite estrelada!”. Criou algo belo que acrescentou à nossa vida. Então, essa arte que se diz de vanguarda, na verdade, já tem 70 anos, já se esgotou. Agora, fora isso, há as pessoas que pintam, que

fazem gravura, que não têm opor-tunidade hoje, porque a moda é a outra arte, mas a pintura não mor-reu, continuam a existir pintores, gravadores, escultores...

BV — Um belo reconhecimento ao seu trabalho ocorreu este ano, ao ser agraciado com o “Prêmio Luís de Camões” pelo conjunto de sua obra...

Gullar — Para mim foi real-mente bastante prazeroso. Quando recebi a notícia de que havia ganha-do o prêmio, fiquei mais feliz ainda pelo fato de que as pessoas que souberam dela e me telefonaram, elas estavam tão ou mais felizes do que eu. Foi uma coisa que me to-cou, especialmente o fato de elas se manifestarem. Era uma conquista delas, não era apenas minha. Isso é realmente reconfortante para mim, porque sempre achei que o sentido da vida são os outros. O que a gente faz, o que cria é para o outro, é ele que dá sentido à nossa existência, ao que fazemos. Quando você re-cebe uma homenagem como essa, significa que o outro reconheceu o que fez, porque esse prêmio é decidido por críticos e professores de literatura, por figuras de alta competência. Para mim, foi uma vitória, uma conquista muito sig-nificativa.

Gullar, receba o carinhoA Legião da Boa Vontade e seu diretor-presidente, José de Paiva Netto,

no ensejo dessa grata e marcante entrevista, parabenizam o escritor Ferreira Gullar pela passagem de seu aniversário, pelos 80 anos de frutífera existência. Ao poeta, o nosso muito obrigado! Que continue a emocionar com sua poesia, pois assim a vida se torna melhor e mais feliz. Agradecemos também a sua gentil saudação ao receber o cordial abraço do dirigente da LBV: “Fico muito agradecido, especialmente por essas palavras, referências que fez. Muito obrigado!”, encerra Gullar.

destruição da arte, das linguagens artísticas. Claro, cada um faz o que quiser, eu não tenho que meter o meu bedelho nessas coisas, mas opinião todo mundo tem também o direito de possuir. A maior parte das coisas feitas nesse terreno não pode ser chamada de obra de arte, porque não tem linguagem artísti-ca, não há elaboração. É uma coisa de fundo aleatório. Um cara fez, por exemplo, uma série de vasos; um tinha cocô artificial e planta natural, e o outro, planta artificial e cocô natural; quer dizer, ele fez uma porção disso e botou no mu-seu. Não tem cabimento uma coisa

Perfil

O veterano escritor e poeta Ferreira Gullar ladeado pela equipe da boa Vontade TV

A Noite Estrelada [1889], de Van Gogh.

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Se você ainda não visitou a capital da Argentina, famosa pelos cafés e pelo tango, esta pode ser a hora. Além de co-

nhecer a rica cultura portenha, o via-jante tem a oportunidade de encon-trar em Buenos Aires um pedacinho do Brasil: a Legião da Boa Vontade, que lá criou raiz e desenvolve um trabalho todo próprio. Com suas Campanhas de Valorização da Vida, a LBV realiza importante serviço em favor das pessoas em vulnerabilida-de social no país.

O diferencial da Pedagogia da Boa Vontade (que contempla a Pedagogia do Afeto e a Pedagogia do Cidadão Ecumênico), linha educacional inovadora criada pelo diretor-presidente da LBV, José de Paiva Netto, leva a Instituição a

promover com sucesso programas socioeducacionais na Argentina e em outras nações.

A LBV chegou à Argentina em 1985, com o objetivo de expandir a ação de Fraternidade e Solidarie-dade promovida em solo brasileiro desde fins da década de 1940. Os primeiros anos fortaleceram as bases de um trabalho autônomo que, até os dias atuais, transforma a vida de milhares de famílias. Em 3 de abril daquele ano, a LBV foi registrada em terras portenhas, e a ação solidária centrava-se no Refeitório Infantil Jesus, primeira sede da Obra, que oferecia amparo e alimentação a famílias do Alber-gue Warnes. O trabalho ampliou- -se e, em 25 de novembro de 1990, foi inaugurado o Jardim Infantil

Jesus, com educação integral gra-tuita e alimentação para crianças em situação de risco social.

Seguindo a trajetória de bons resultados, em 1o de outubro de 1993 começou a funcionar em Buenos Aires a Ronda da Carida-de, proposta do saudoso fundador da LBV, Alziro Zarur (1914-1979), nos anos 1940. Esse programa leva assistência material, com a distri-buição de refeições e atendimento variado, além do amparo espiritual, com a mensagem da Fraternidade Ecumênica, cumprindo assim o princípio da Caridade Completa.

Em 1994, a LBV inaugurou a atual sede administrativa, à Rua José Mármol, 964, Boedo. No dia 19 de março de 1997, foi a vez de abrir as portas do Instituto Educa-

Acontece no mundo

LBV comemora frutos de sua ação solidária em terras portenhaslaura leone

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tivo e Cultural José de Paiva Netto (Calle Bogotá, 3.940, Floresta), um marco do que seria a etapa de maior crescimento da Instituição em Buenos Aires; para lá transferiu-se a Escola Infantil Jesus. Foi o ponto de partida para a criação, nesse espaço, dos programas Semeando o Futuro, Educando em Valores e Cozinha Básica e Qualidade de Vida, este de formação profissional, no ano de 2001.

Em 2004, é criado o programa Ronda de Brinquedos, no Hospital Infantil Pedro de Elizalde, no qual uma equipe de voluntários capaci-tados, como facilitadores de jogos lúdicos, visita as crianças e as famílias, levando também o indis-pensável conforto espiritual. No ano de 2007, teve início a Escola Móvel, com atividades educativas

para crianças em situação de rua.São muitos os fatos que marca-

ram estes 25 anos da LBV da Argen-tina: campanhas educativas, sociais, jornadas contra a fome, além de outras ações que continuam na memória de milhares de voluntários e de famílias atendidas pela Obra.

Há um quarto de século, a Legião da Boa Vontade — que há 60 anos “nasceu para amar e ser amada”, como afirma seu diretor--presidente — difunde na Argen-tina uma mensagem renovadora de Paz e União, com a missão de promover Educação e Cultura com Espiritualidade Ecumênica, para que haja Alimentação, Saúde, Se-gurança e Trabalho para todos, na formação do Cidadão Planetário, compromisso este que se renova a cada dia.

Outros programasBrinquedoteca — Um es-

paço lúdico e criativo para crianças e adolescentes. A Brin-quedoteca funciona no Instituto Educativo e Cultural da LBV, em Buenos Aires.

Capacitação profissional — Destinado a jovens e adul-tos em situação de vulnerabi-lidade social que necessitam se (re)inserir no mercado de trabalho.

Rede de Cooperação — A LBV recebe doações (alimen-tos, roupas, calçados, cobertores etc.) e as distribui em refeitó-rios, lares, escolas e hospitais de Buenos Aires e do interior do país, além de atender famílias encaminhadas por órgãos do governo.

Acesse o site www.lbv.org.ar e conheça a atuação da LBV da Argentina.

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Page 38: Revista Boa Vontade, edição 227

O clima extremamente seco que tem afetado doze Estados brasileiros, segundo os me-teorologistas, é normal nesta

época: em agosto e setembro, com o início da primavera, registra-se o período mais seco. Contudo, neste ano, as condições estão entre as piores dos últimos tempos. O índice pluviométrico para o mês de agosto, em São Paulo/SP, por exemplo, é em média de 39,1 mm, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), mas desde o dia 17 de julho até o fim do mês não chegou a 1 mm o índice de chuva na cidade.

Por causa das condições pro-

Tempo seco

longadas de baixa umidade do ar e tempo ensolarado e seco, muitas cidades brasileiras chegaram a de-cretar estado de alerta, o que exige cuidados especiais com a saúde, principalmente a respiratória, com a piora da qualidade do ar, que variou nesse período entre regular, inadequada e má. A recomendação é evitar atividades ao ar livre e exposi-ção ao sol entre 10 e 17 horas, o que inclui exercícios físicos no período das 11 às 15 horas.

É aconselhável, também, a in-gestão de bastante líquido para que a pessoa não tenha problemas de desidratação. Alguém com desidra-

tação leve pode apresentar fraqueza, tontura, dor de cabeça e fadiga; a do tipo grave pode levar à morte. Quan-do o líquido perdido não é reposto, os níveis de sódio no sangue aumen-tam e surgem complicações. “Ficar sem beber água ou qualquer outro líquido e a exposição excessiva ao sol podem levar à desidratação. O organismo perde sódio e potássio. E a perda desses nutrientes pode até causar morte por parada cardía-ca”, explicou a nutricionista Denise Vale, especializada em vigilância e serviços de saúde.

Manter a casa e o ambiente de tra-balho limpos, livres do acúmulo de

S A i b A c O M O S E p R O T E g E R

deixa cidades brasileirasem alerta

Bem-estarClima de atenção!

Karine Salles

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Page 39: Revista Boa Vontade, edição 227

poeira, e evitar banhos longos, pois a pele tende a ressecar mais rápido com o ar seco, são também dicas importantes. Segundo a especialista, quem não se hidrata adequadamente tem prejuízo em todos os sistemas do organismo. “É fundamental que a cada duas ou três horas a gente faça a ingestão de algum líquido, não necessariamente água. Os sucos naturais e a água de coco também são muito bem-vindos”.

AlertaDe acordo com o Instituto Na-

cional de Meteorologia (Inmet), em agosto uma grande massa de ar quente e seco predominante sobre quase todo o Brasil provocou a baixa umidade do ar em parte da Região

Sintomas comuns no tempo seco• dor de cabeça e fadiga• dor de garganta e/ou garganta seca• irritação nos olhos• doenças respiratórias (sinusite, rinite, asma e bronquite)• desidratação• síndrome do olho seco• sangramento do nariz

Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste e em parte das regiões Norte e do Nordeste. Os Estados do Centro- -Oeste, o Distrito Federal, o interior de São Paulo, o Triângulo Mineiro e o oeste de Minas Gerais e da Bahia sofreram mais com o clima adverso. Também foram afetadas fortemente áreas isoladas do Tocantins e de Rondônia, exceto o norte do Esta-do. Em várias cidades, a umidade relativa do ar chegou a marcar 11% — bem abaixo do recomendável para a saúde pela OMS (Organiza-ção Mundial da Saúde); umidade abaixo de 12% indica estado de emergência; entre 13% e 20%, estado de alerta; e entre 21% e 30%, estado de atenção.

Em hospitais e postos de saú-

de, aumentaram os casos de asma e bronquite. Em Mato Grosso e em São Paulo, o clima é semelhante ao de deserto. O índice de umidade relativa do ar chegou a 12% (e em cidades do interior paulista, 8%), muito abaixo dos recomendados 60%, pela OMS.

Recomendações

• ingerir muito líquido (água e sucos

naturais)• evitar atividade física ao ar livre entre

10 e 17 horas

• manter a casa limpa, livre de poeira

• alimentação leve (frutas, saladas e

verduras)• colírio lubrificante (indicado por

oftalmologista)

• umidificar os ambientes da casa (com

aparelhos apropriados ou bacias com água)brasília/DF

São paulo/Sp

cuiabá/MT campo grande/MS

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Page 40: Revista Boa Vontade, edição 227

ção para a Conservação e a Pro-dução Florestal do Estado de São Paulo (Fundação Florestal), liga-da à Secretaria Estadual do Meio Ambiente. Ele acrescenta que, há dez anos, a estação seca durava de julho ao início de setembro. Hoje, a expectativa dos climatologistas é a de que continue até outubro.

As regiões mais afetadas es-tão no cerrado ou próximas a ele, entre as quais Mato Grosso, Tocantins, Piauí, Goiás, Minas Gerais, Rondônia, o sul do Pará e o oeste da Bahia, enquanto Acre, Rio Grande do Sul e Amazonas figuram entre os Estados que mais

Meio ambiente

Onúmero de focos de quei-mada no país aumentou 134% de 1o de janeiro a 27 de agosto de 2010 em

comparação ao mesmo período de 2009. Entre esses dias, o NOAA-15, o satélite de refe-rência do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), iden-tificou 41.636 focos de incêndio — foram 17.788 os focos regis-trados no ano passado. Segundo especialistas, o salto é atribuído sobretudo a ações criminosas, clima seco prolongado e avanço da fronteira agrícola.

Além da extensa época de

causas vão de época de estiagem a práticas ilegais

estiagem, o hábito das queimadas em áreas de agricultura e as difi-culdades logísticas de se conter o fogo agravam o problema de norte a sul do território brasilei-ro. Esta foi a primeira vez que se assinalou crescimento no período desde 2007, quando as queimadas atingiram o pico de 59.915 focos, de acordo com relatório do Inpe.

“Seguramente, a questão cli-mática tem forte peso. Este ano, o período de estiagem está mais longo. A mudança do padrão meteorológico é real”, assegura Boris Alexandre César, diretor adjunto de Operações da Funda-

Queimadasdevastam o Brasil

informações: Agência brasil

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diminuíram seus focos. Para o Ministério do Meio Ambiente, o número de focos pode não refle-tir a gravidade dos incêndios, e a situação é preocupante nessas localidades. O órgão pediu inves-tigação a fim de que se apurem causas e práticas ilegais e se apliquem punições. Também des-tinou R$ 90 milhões às operações de combate ao fogo.

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milhões de reais é o valor de multas aplicadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Na-turais Renováveis (Ibama) para punir responsáveis pelas queimadas ilegais somente na Região Norte na última semana de agosto

mil reais é o valor da multa pago por hectare degradado em área de pasto

mil reais é valor da multa pago por hectare degradado em áreas de conservação

mil pessoas estão envolvidas no tra-balho de combate ao fogo

Queimadas em números

Comparação entre 2009 e 2010

Fonte: Ministério do Meio Ambiente

134% +

De jan. a ago. de 2010

focos de incêndio

41.636

17.788

De jan. a ago. de 2009

Fonte: Satélite NOAA-15, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)

LeIA tAmbÉm “Seca e queimadas no brasil”, de autoria do jornalista Paiva Netto

(www.paivanetto.com).

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Page 42: Revista Boa Vontade, edição 227

Lugar de equação ma-temática é no consul-tório dentário. Calma! Isso não é mais um

motivo para se ter medo de ir ao dentista. É tecnologia sofisticada importada dos EUA e se chama T-Scan II. Traduzindo: hardwa-re + software, desenvolvido pela Tufts University School of Dental Medicine (Boston), lê o dente como uma equação mate-mática, ou seja, a pressão física de cada um deles é decodificada em expressão numérica. E assim tem-se um diagnóstico absolu-tamente preciso da pressão den-tária em cada ponto da arcada. Na prática, com a tecnologia, é possível diagnosticar e tratar mais adequadamente dentes com perdas ósseas, disfunções na Articulação Temporomandibular (ATM), assimetrias faciais, den-taduras com problema de fixação e também problemas de gengiva e implantes, entre outros casos.

O que à primeira vista pode parecer complicado é tecnologia

Diagnóstico Dentário

precisão digitalganha

usada rotineiramente na Apelbaum Odontologia Integrada, no Leblon, bairro da zona sul carioca. Cirur-gião-dentista, com especialização em implantes e enxertos ósseos, e membro da American Academy of Implant Dentistry, o diretor da clínica, dr. Ariel Apelbaum, é pio-neiro na utilização dessa tecnologia no Brasil.

“O T-Scan II é hoje uma ferra-menta indispensável para calcular com precisão digital a quantidade de pressão exercida por cada dente.

Qualquer alteração, para mais ou para menos, no padrão de pressão aceitável para aquele dente é um si-nal de que ele está com problema”, explica o especialista.

Segundo ele, antes do T-Scan, o diagnóstico do dentista se baseava na sua observação ocular e em in-formações dos próprios pacientes. “Muitas vezes, ao começar um tratamento, surgia a dúvida: por qual lado começar, ou iniciar em cima ou embaixo? Se houvesse um dente quebrado, começávamos

Saúde bucalTecnologia nos consultórios

Dr. Ariel Apelbaum, cirurgião-dentista, membro da American Academy of implant Dentistry, com especialização em implantes e enxertos ósseos.

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por ele, não considerando que, quase sempre, o dente quebrado é consequência, e não causa. Resu-mindo, trocamos a subjetividade pela objetividade e pela precisão matemática.”

Sem dorPara o paciente, nada de dor;

nada de incômodo. Para o T-Scan mostrar do que é capaz, basta que a pessoa abra a boca e morda um plás-tico fininho, que tem o formato da arcada dentária. O que parece algo simples demais, até infantil, é, na verdade, altamente tecnológico. O tal plástico fino é um sensor descar-tável — pasmem: com exatos 1.500 pontos sensoriais —, preso a um pequeno aparelho, que, por sua vez, fica conectado a um computador.

“Quando o paciente morde o sensor, os registros da mordida são enviados para o computador. O software quantifica a pressão exer-cida por cada dente e transforma os dados em gráficos”, informa o diretor da Apelbaum Odontologia Integrada.

Segundo o especialista, os nú-meros e gráficos gerados auxiliam nos diagnósticos e nos tratamentos. “Tratamento é tudo que pode levar a pressão do dente para o seu pa-

Serviço — Todas as pessoas devem realizar, ao menos uma vez ao ano, o exame de oclusão. Para quem possuir coroas, pontes, dentaduras, implantes e aparelhos ortodônticos, a análise precisa ser feita com maior frequência. No exame, é possível verificar os movimentos mandibulares (as relações entre a arcada dentária superior e inferior). O que é muito importante, pois o desloca-mento mandibular pode gerar distúrbios, como tensão, fadiga, hiperatividade, espasmos e dor nos músculos da mastigação e nos posturais da cabeça.

drão. Cada tipo de dente tem o seu padrão de pressão”, diz.

Mas como foram gerados esses padrões? De onde eles surgiram? Como cada dente foi transformado numa equação matemática? Com a palavra, o dr. Apelbaum: “Os padrões foram gerados a partir de pessoas que não tinham problemas dentários — até então, elas nunca tinham ido ao dentista. Os seus padrões de mordida foram trans-formados em equações numéricas. Cada dente virou uma equação matemática tida como modelo. Chegou-se a um centro de forças tido como padrão”.

Para explicar a diferença exis-tente na pressão dentária, ele lembra que os dentes são agrupados em ti-pos (incisivos, caninos, pré-molares e molares), tendo cada tipo seu formato, sua função e seu padrão de pressão. “O design da boca e o de-sign dos dentes têm tudo a ver com o que estamos falando”, destaca.

Orgulhoso por ter participado do lançamento mundial da tecno-logia T-Scan, no fim da década de 1980, o especialista profetiza: “Nos próximos 10, 15 anos, nenhum dentista conseguirá trabalhar sem o T-Scan”. Os números dirão.

Apelbaum Odontologia

IntegradaDiretor: dr. Ariel ApelbaumEquipe de especialistas:

dra. Ilana Stuberg Huf (odonto-pediatra), dr. Leonardo Sousa de Christo (clínico geral) e dra. Dafne Apelbaum (clínico geral)

Endereço: Av. Ataulfo de Paiva, 566 / sobrelojas 201/219, Leblon, Rio de Janeiro/RJ

Telefones: (21) 2511-1945 / 2294-6346 / 2239-6616

Dra. Dafne Apelbaum

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Saúde ocularPrevenção e tratamento

Informação e exames periódicos ajudam a prevenir distúrbios da visão e até a cegueira

Natália lombardi

Durante três décadas, uma doença degenerativa na reti-na privou o britânico Peter Lane, de 51 anos, do sentido

da visão. No fim do ano passado, ele se tornou uma das primeiras pessoas do mundo a voltar a enxer-gar com o uso de um olho biônico, desenvolvido nos Estados Unidos. Por enquanto, Lane consegue ape-nas ler palavras pequenas em uma tela especial, mas ele está confiante: “É um começo. Além disso, quando saio, o equipamento me dá mais segurança e mais independência”.

Quem perdeu a visão ou nunca enxergou entende o que Lane quis dizer. É difícil executar tarefas do dia a dia em uma socieda-de estruturada para quem utiliza normalmente os cinco sentidos. Enquanto soluções biônicas não se tornam populares, recomenda- -se investir na prevenção — 60%

a 70% dos casos de cegueira são evitáveis ou curáveis, e as princi-pais causas são a catarata e a falta de óculos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Trata-se de um quadro alarmante se for levado em conta que 39% das pessoas passam mais de cinco anos sem se consultar ou nunca foram a um oftalmologista, de acordo com uma pesquisa da Transition Optical, realizada na Europa e na África do Sul. “A preocupação com os olhos deve vir desde o nascimento, na maternidade, com o teste do olhinho [reflexo vermelho]. (...) O certo seria as crianças serem examinadas roti-neiramente e, depois, durante toda a vida”, defende o oftalmologista Fernando Kayat Avvad, em entre-vista à Boa Vontade TV.

Especialista em doenças da re-tina, o dr. Avvad lida diariamente com pacientes que sofrem com o

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Page 45: Revista Boa Vontade, edição 227

DISTÚRBIOS DE REFRAÇÃO

Olho emetrope: É a visão perfeita. A ima-gem se forma perfeita-

mente em cima da retina e, portanto, não necessita

de lente para corrigir.

Olho míope: Os raios lumino-

sos se convergem antes, formando uma imagem fora

da retina.

Olho hipermetrope:

Os raios luminosos se

convergem após a retina.

Olho com astigmatismo: As imagens são

formadas em eixos diferentes.

Fonte: Site fisicanavida.wordpress.com

processo de perda da visão. Para ele, “a questão mais importante é

retardar essa perda ou evitá-la quando possível. Às vezes,

conseguimos diminuir a lesão”.

Prevenir ainda é o melhor remédio

Para uma prevenção de qualidade, o oftalmo-logista chama a atenção para a primeira infância, aos 2 ou 3 anos, período indicado para a realiza-ção do segundo exame, “mesmo antes de saber ler ou de falar as letri-nhas para o oftalmolo-gista, principalmente se a mãe notar algum tipo de dificuldade”. E alerta: “Uma miopia muito alta, a hipermetropia ou o es-trabismo podem começar na infância”.

mesmo um adulto jovem pode ter uma evolução do quadro”, expli-ca o especialista. Os míopes com alto grau são os que mais devem se preocupar, pois apresentam progressão contínua.

Cuidados na meia-idade e com os idosos

Pessoas com mais de 40 anos e

Uma fase igualmente importan-te para verificar a saúde dos olhos é a da alfabetização. A falta de acom-panhamento nesse período pode comprometer o rendimento escolar. “Esse é um exame compulsório. Às vezes a criança brincou a vida toda e tinha um pequeno grau de miopia, por exemplo, que não fazia diferença, mas que na escola faz. (...) Também é bom observar a au-dição com um otorrino. Tudo isso está relacionado ao aprendizado”, afirma o médico.

Por sinal, é na faixa etária en-tre os 7 e os 9 anos que costuma aparecer parte dos distúrbios de refração, ou seja, as deficiências da visão no cristalino ou na córnea [veja quadro abaixo]. Na puber-dade surgem normalmente mais casos de miopia ou eles se agravam com as mudanças de grau. “Tanto é que cirurgias não são propostas para os muito jovens. É necessária uma estabilidade no grau, porque

Dr. Fernando Kayat Avvad, ex fellowdo New England Eye Center, Tufts university, boston (EuA).

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Page 46: Revista Boa Vontade, edição 227

os idosos compreendem um grupo que merece atenção especial. No olho existe maior concentração de veias em comparação aos rins, o que facilita o desenvolvimento de muitas doenças vasculares, principalmente com o avanço dos anos, a exemplo da retino-patia diabética e da degeneração macular, que geram derrames por causa de veias enfraquecidas. Ninguém deve se descuidar. Até quem teve boa visão a vida inteira perde a capacidade de foco entre 40 e 55 anos. A presbiopia, mais conhecida como “vista cansada”,

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(1) Lesão na visão central — No centro da retina, existe uma pequena zona responsável pela visão mais detalhada: mácula da retina ou mácula lútea. uma lesão nessa região faz com que o indivíduo veja essa mancha escura. (2) Hipermetropia — o olho é menor que o normal e a imagem se forma atrás da retina. Os hipermetropes têm dificuldade de enxergar de perto. (3) Astigmatismo — Quando a córnea não é esférica, ou seja, sua curvatura difere de um ponto para o outro (como uma bola de futebol americano), a imagem formada na retina será distorcida. (4) Miopia — Quando o olho é maior que o normal e a imagem se forma num ponto anterior à retina; a dificuldade é ver nitidamente a distância. (5) Catarata — É a opacidade, a diminuição da transparência do cristalino, lente transparente localizada atrás da íris que ajuda a focalizar os raios luminosos na retina. (6) Glaucoma — Doença que provoca danos no nervo óptico e alterações no campo da visão, podendo levar à cegueira. Na maioria dos casos, há um aumento da pressão intraocular.

Como enxerga uma pessoa com:

Fontes: Sociedade Brasileira de Oftalmologia e drvisao.com.br

segundo o dr. Avvad, é o primeiro sintoma do envelhecimento ocu-lar. Neste caso é necessária uma correção para perto com óculos.

O Conselho Brasileiro de Of-talmologia (CBO) informa que o glaucoma — grupo de doenças

causadas pelo aumento da pressão interna do olho e que afeta o nervo óptico — deixará 8,4 milhões de pessoas cegas no mundo em 2010. “Essa é a doença mais comum e atinge até 1% da população. E é traiçoeira, porque não dá nenhum tipo de sintoma; por isso, os exames de rotina previnem muita coisa”, completa o especialista.

Cerca de 60% a 70% dos casos de cegueira são evitáveis ou

curáveis, e as principais causas são a catarata e a falta de

óculos, segundo a Organização Mundial da Saúde.

Saúde ocular

MAIS INFORMAçÕES NA CLíNICAEndereço: Rua Visconde de Pirajá, 407, sala 605, Ipanema, Rio de Ja-neiro/RJTelefone: (21) 2521-6589

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Há quem afirme que a fórmula: “Suces so = 10% talento + 90% suor” é garantia de êxito em qualquer atividade profissio-nal. O caso de Ana Botafogo, há quase

30 anos primeira bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro/RJ, combina virtuosismo e elevado comprometimento com a arte da dança. Esbanjando talento, foi pelo esforço e dedicação que ela conquistou o público, a crítica brasileira e internacional, consolidando-se como importante nome do balé clássico em nosso país.

H

na ponta dos pésO sucesso

Abrindo o CoraçãoAna botafogo

Ana botafogo revela detalhes da vitoriosa carreira

Essa “carioquíssima”, assim se define a própria Ana, nasceu e cresceu no bairro da Urca, um cartão- -postal do Rio de Janeiro/RJ. “Urca bem ca-rioca”, arrasta no sotaque, e completa bem--humorada: “Os meus amigos brincam comigo, o meu ‘r’ natural”. Na infância entrou para o Conservatório da Urca, onde deu os primeiros passos na arte: “Desde o começo me apaixonei pela dança. Eu já tinha certa musicalidade e a professora me deu muita atenção, acho que isso me empolgou”.

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Sarah jane e Simone barretoFotos: Arquivo pessoal

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Desde muito cedo mostrou comprometimento com o balé, mas foi no exterior que aprimo-rou os estudos, após concluir no Brasil o primeiro período do curso de Letras.“Eu tinha um tio diplomata que morava em Paris, fui estudar francês e, claro, me aperfeiçoar no balé.” Na Euro-pa, Ana frequentou a Academia Goubé, em Paris, e a Academia Internacional de Dança Rosella Hightower, em Cannes, também na França; e a Dance Center-Covent Garden, em Londres, Reino Unido. Nessa época, recorda-se, assinou o primeiro contrato pro-fissional, no sul da França, com o Balé Nacional de Marselha, do coreógrafo Roland Petit. “De repente eu, que era só uma aluna de academia, me vi profissional na França, foi um aprendizado. Só depois de dois anos e meio é que voltei”, diz.

No Brasil, Ana atuou como primeira bailarina em Curitiba, no Teatro Guaíra, de onde voltou para o Rio, para participar da companhia Associação de Balé, até surgir uma grande oportu-nidade: “Abriu-se uma audição

diariamente seis horas de intensos ensaios.

O preparo físico, o amor pelo que faz e, claro, a capacidade inata possibilitaram a Ana Bo-tafogo um repertório plural: ela já interpretou o principal papel das mais importantes obras clássicas — A megera domada, O quebra-nozes, Romeu e Julie-ta, O Lago dos Cisnes, Gisele e outras —, enveredou pelo balé contemporâneo e misturou a cultura popular com a clássica sem abrir mão dos movimentos graciosos. Somam-se ainda em seu currículo turnês interna-cionais e o esforço constante para divulgar o balé em todo o território nacional, como o papel principal no espetáculo Zorba, o Grego, na condição de dançari-na convidada da Companhia de Ópera Lodz, da Polônia.

Tantos anos de amor e de-voção à dan-ça renderam a Ana Botafogo o reconhecimento dentro e fora do nosso país. Do

“Eu sempre me esmerei muito nos meus ensaios (…). Na companhia, sou uma bailarina vigorosa; constantemente procurei papéis de muita técnica e energia (…). A bailarina parece frágil, mas para parecer leve, flutuar, ela tem de ter musculatura forte, não pode ser fraquinha.”

para o Theatro Municipal e pas-sei como primeira bailarina”. A satisfação por essa conquista foi tão intensa, ela relembra, quan-to a estreia no Municipal, com Copélia: “Eu gostei de fazer por-que usava toda a minha técnica de bailarina clássica, mas com a história engraçada (…). Foi uma grande alegria, uma temporada muito bem-sucedida para o corpo de baile”.

Leveza e desafiosPor trás do glamour, da be-

leza e da elegância da dança, há uma rotina marcada pela rígida disciplina e a convivência com frequentes dores musculares. Situação com a qual Ana soube lidar bem: “Eu sempre me es-merei nos meus ensaios (…). Na companhia, sou uma bailarina vigorosa; constantemente pro-curei papéis de muita técnica e de energia (…). A bailarina parece frágil, mas para parecer leve, flu-tuar, ela tem de ter musculatura forte, não pode ser fraquinha”. Para garantir a qualidade em horas de espetáculo, os cerca de 100 bailarinos do Theatro têm

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Arquivo pessoal

Abrindo o Coração

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Ministério da Cultura do Brasil recebeu o Troféu Mambembe, edição 1998, e a Ordem do Mé-rito Cultural, na classe de Co-mendadora, em 2002, além de diversos títulos concedidos pelo governo do Rio de Janeiro. No exterior, destacou-se em festivais da Europa, América do Norte e América Latina; foi beneficiada pelo governo dos Estados Unidos e da Inglaterra com bolsas de estudo para aperfeiçoamento da dança; e, entre outros prêmios, foi nomeada “Chevalier Dans L’Ordre des Arts et des Lettres” (Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras), título concedido, em 1997, pelo Ministro da Cultura da República Francesa.

Hoje, depois de tantas con-quistas, Ana pensa sobre o que fazer ao encerrar a carreira: “Adoraria ensaiar jovens baila-rinos nos papéis em que fui muito preparada por grandes diretores (…). Estarei sempre ligada à dança de alguma maneira e gos-taria também de estar próxima ao Theatro Municipal, que foi a casa que me abraçou e me recebeu por tanto tempo”.

Da mesma forma que planeja a “aposentadoria”, a bailarina almeja, ainda neste ano, prota-gonizar mais uma grande apre-sentação nas novas instalações do Theatro Municipal: “Que eu possa, nesse teatro centenário, trazer a minha arte e emocionar

esse público que virá para cá. (…) A gente sempre quer

mais... um espetáculo a mais, uma emoção a mais”.

A bailarina Ana Botafogo fez um alerta aos pais durante a entrevista à BOA VONTADE. Segundo ela, as crianças só devem começar no balé aos 7 anos de idade: “Antes disso é muito cedo, não se deve ensinar os passos, porque a criança ainda não está formada na sua ossatura e musculatura”.

Para os pais mais ansiosos, a bailarina destaca que é possível iniciar os mais novos no pré-balé, no qual terão noções de ritmo e musicalidade e aprenderão a coordenar os movimentos. Mas adverte: “Criança pequena não pode colocar sapatilhas de ponta, isso é um crime, danifica a estrutura. Só deve fazer isso depois de, pelo menos, dois anos de aulas intensas, quando ela já terá a musculatura um pouquinho mais fortalecida”.

Mais uma ressalva feita por essa estrela do balé nacional diz respeito ao critério na escolha do profissional que vai ministrar as aulas: “Existem pessoas que acham que podem aprender um pouquinho e já sair ensinando. Balé é coisa séria, porque a gente trabalha com o físico de uma criança, de um adolescente; então, o professor tem de ser gabaritado”.

Balé a partir dos 7 anos

Ana Botafogo fez uma participação especial no espetáculo “Isto é Brasil”, em 2009, ao lado do dançarino Carlinhos de Jesus e sua Companhia de Dança. No duo, apresentaram o número “Garota de Ipanema num Pas de Deux”.

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Desde as mais anti-gas civilizações, nada tem despertado tanta curiosidade, temor e

fascinação como o fenômeno da morte e a crença na Vida além dela. O interesse no tema, natural entre os religiosos, cresce em ou-tras áreas e, cada vez mais, torna- -se objeto de estudo da Ciência. Um dos assuntos pesquisados é a experiência de quase morte, cujos relatos têm servido de base para numerosas teses. Para quem não acredita na continuação da Vida além-túmulo, o jornalista e escritor Paiva Netto convida: “Premie-se, minha amiga, meu amigo, com o direito à dúvida”.

Por acreditar na realidade do Outro Lado da Vida — e por con-siderar que a falta desse conhe-cimento leva o Ser Humano, por vezes, a desperdiçar oportunidades de verdadeiro progresso, por não vislumbrar as consequências de atos e sentimentos mesmo depois da existência na Terra — o dirigente da LBV teve a iniciativa de levar para

radionovela Nosso LarCultura

Realidadeespiritual

Natália lombardi

A radionovela Nosso Lar pode ser adquirida pelo site da Editora Elevação: www.elevacao.com.br ou pelo tel. 0300 10 07 940 (custo de ligação local +

impostos).

“Os mortos não morrem.”

Paiva Netto

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o rádio diversas obras psicografadas* por Chico Xavier (1910-2002), ditadas pelos Espíritos André Luiz e Emmanuel.

Produzidas pela Fundação José de Paiva Netto, desde 1998, e transmitidas pela Super Rede Boa Vontade de Rádio (Super RBV) com roteiro adaptado pelo ator e diretor Paulo Figueire-do (convidado por Paiva Netto), as radionovelas são consideradas superproduções do gênero pela qualidade da sonoplastia e pela participação de atores e dubladores consagrados nas superproduções de Hollywood.

É o caso da radionovela Nosso Lar, adaptação de uma das obras mais valiosas e comentadas desse gênero literário, publicada origi-nalmente no início da década de 1940, à época da Segunda Guerra Mundial. Seu enredo desenvolve de maneira dramática, realista e intensamente humana a trajetória do médico sanitarista brasileiro André Luiz nos primeiros anos após sua morte, numa colônia espiritual, local de aprendizado e trabalho destinado aos Espíritos entre as encarnações. Trata-se de um relato autêntico e objetivo, sem retoques, das experi-ências na condição de alma livre do corpo físico.

Em cada psicografia, o relato es-piritual da peregrinação pelo Outro Lado da Vida é sempre um convite à reflexão, capaz de suscitar no indi-víduo importantes questionamentos a respeito de suas atitudes. Na Bíblia

mensagens, são pontos de luz para o nosso Espírito e para o nosso apren-dizado”, ressalta a ouvinte Maria Aparecida Alves dos Santos, de Ribeirão Preto/SP (AM 550).

Da capital paulista, Alice Zanny Konoal conta que ajusta-va a sintonia do rádio, sem saber o que desejava, quando encontrou a emissora da Boa Vontade de São Paulo/SP (AM 1230): “Ouvi exatamente o que precisava na-quele momento, porque queria mudanças. Eu me apaixonei pela radionovela Sexo & Destino. É muito produtiva, contém lições de vida e esclarecimento espiritual”.

Além de Sexo & Destino e Nos-so Lar, de André Luiz, também foram produzidas Há Dois mil anos..., 50 Anos Depois, de Emma-nuel, ambas também inspiradas na psicografia de Chico Xavier.

Nosso Lar nos cinemasUm dos lançamentos mais esperados do cinema brasileiro neste

ano, o filme Nosso Lar promete emocionar o público com o relato do famoso livro homônimo.

Com roteiro e direção de Wagner de Assis, a adaptação tem efeitos especiais da mesma equipe que trabalhou em Watchmen, fotografia de Ueli Steiger (10.000 a.C., Godzilla e O Dia Depois de Amanhã) e trilha sonora comandada pelo compositor Philip glass. Com distribuição a cargo da Fox, Nosso Lar tem estreia em 3 de setembro.

O elenco reúne Renato Prieto (no papel de André Luiz), Othon Bastos, Rosanne Mulholland, Fernando Alves Pinto, Inez Viana, Rodrigo dos Santos, Clemente Viscaíno, além das participa-ções especiais de Paulo goulart, Ana Rosa e Werner Schünemann.

Paulo Figueiredo

Sagrada, valiosa advertência de Jesus, o Cristo Ecumênico, atesta essa consciência: “Deus é Deus de vivos, não de mortos. Por não crer-des nisso, errais muito” (Evangelho segundo Marcos, 12:27).

Na entrada da Sala Egípcia do Templo da Boa Vontade, a Pirâ-mide dos Espíritos Luminosos e das Almas Benditas, em Brasília/DF, Brasil, Paiva Netto fez co-locar em diversos idiomas: “Os mortos não morrem”.

RepercussãoA acolhida do público à radiofo-

nização de clássicos da literatura es-piritual tem sido intensa e carinhosa. “Não existe presente melhor! Essa coleção é maravilhosa, porque são lições elevadíssimas para a Alma do Ser Humano. Cada vez que a gente ouve, presta atenção a essas

* Os direitos das obras pertencem à FEB, que gen-tilmente autorizou à LBV sua radiofonização.

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Desafios da escolaEducação em debate

Congresso Internacional da LBV reúne educadores de 7 países

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A indisciplina crescente na escola preocupa educado-res. Os mais saudosistas falam do respeito natural

dos alunos em sala de aula nas gerações anteriores e, por isso, veem na situação atual um retro-cesso. Além de estresse, a falta de disciplina e a desobediência, por vezes, precedem a agressão verbal e a violência. Motivo de preocupação também dos pais, a questão é apontada como uma das falhas na escola e está no centro de debates e estudos.

Sob o tema “Disciplina: um olhar além do intelecto”, o 8° Congresso Internacional de Edu-cação, da Legião da Boa Vontade (LBV), nos dias 29 e 30 de junho e 1º de julho, na capital paulista, levou centenas de educadores de diversas partes do país e do exte-rior (Argentina, Bolívia, Paraguai, Portugal e Uruguai) a refletir sobre a questão disciplinar e as possíveis mudanças e avanços nas técnicas de ensino.

Na abertura do encontro, o público foi presenteado com a

apresentação do Coral Ecumênico Infantojuvenil Boa Vontade — composto por crianças atendidas pela LBV em seu Instituto de Educação, em São Paulo/SP —, que interpretou o Hino Nacional Brasileiro e músicas de seu reper-tório, emocionando a plateia que lotou o auditório.

Data especialTambém na abertura do Con-

gresso, o Legionário Alziro Paolotti de Paiva saudou o público em nome do diretor-presidente da Instituição, José de Paiva Netto. Relembrou os mais de 50 anos de serviços prestados pelo dirigente da LBV na área social, sempre preo-cupado em oferecer educação de qualidade. São milhões de brasilei-ros beneficiados anualmente pela Obra, que ainda mantém atividades autônomas em mais seis países: Argentina, Bolívia, Paraguai, Por-tugal, Uruguai e Estados Unidos. “Paiva Netto completa hoje, 29 de junho, 54 anos de atuação na LBV, trabalhando em prol de crianças,

A educadora Anísia Sukadolnik, representando a dra. milú Villela, presidente do CVSP e do instituto Faça Parte, recebe do legionário Alziro Paolotti de Paiva e de duas crianças do Coral Ecumênico infantojuvenil boa Vontade uma placa e flores.

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O Coral Ecumênico infantojuvenil boa Vontade apresenta-se no evento

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Parte, representando a dra. Milú na ocasião, recebeu uma placa e flores das mãos das crianças da LBV.

Anísia enfatizou as iniciativas da dra. Milú Villela e parabenizou o coro da LBV: “Fiquei emocionada como o Hino Nacional foi cantado; (...) fazia muito tempo que não o via tão bem cantado, no andamento certo, com toda a letra bem falada, e aí fiquei pensando... As pessoas que repartem aquilo que sabem nunca serão esquecidas!”.

E completou a diretora do CVSP: “A Milú também é uma pessoa assim. Depois de me apo-sentar, de me separar dos meus alunos, senti um grande vazio na vida, mas, graças a ela, ao Centro de Voluntariado, tive a oportu-nidade de continuar repartindo o conhecimento de tudo que sei. (...) Graças a Deus, no Brasil, existem pessoas com essa vontade de construir um país melhor, e por causa dela estou aqui hoje vendo os valores que a LBV passa para essas crianças”.

Objetivos do Congresso A pedagoga Suelí Periotto,

diretora do Instituto de Educação da Legião da Boa Vontade, em São Paulo/SP, e supervisora da peda-gogia da rede socioeducacional da LBV, resumiu os objetivos do Con-gresso: “Disciplina é a temática, e esperamos que todos possam levar daqui as estratégias, os recursos que favoreçam os momentos de aprendi-zagem em sala de aula, contribuindo para os bons vínculos entre educan-dos e educadores; e trataremos de disciplina com um olhar além do intelecto, como propõe o criador

adolescentes, jovens, adultos e ido-sos, com a preocupação de levar a formação necessária ao desenvol-vimento de suas potencialidades, como elemento de autorrealização, a qualificação para o trabalho e o preparo para o exercício da cida-dania plena.”

Alziro também anunciou a homenagem da organização do

Congresso à dra. Milú Villela, presidente do Museu de Arte Mo-derna de São Paulo (MAM), do Instituto Faça Parte e do Centro de Voluntariado de São Paulo (CVSP), pelo constante incentivo à Educação e à Cultura no Brasil. A professora Anísia Villas Boas Sukadolnik, diretora do CVSP e vice-presidente do Instituto Faça

Educação em debate

O tempo gasto com a indisciplinaSegundo a pesquisa Talis, divulgada ano passado pela Organização

para Coope ração e Desenvolvimento Econô mico (OCDE), realizada em 24 países e, no Brasil, coordenada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), os professores brasileiros do ensino fundamental (rede pública e privada) perdem 35 dias do ano letivo tentando colocar ordem na classe.

Adília Lattuf, vice-presidente do iAm. Roberto Bezerra, diretor e conselheiro do iAm.

Miltes Apparecida S. C. Bonna, presidente da instituição Assistencial meimei.

O professor e jornalista Arnaldo Niskier, membro da Abl e presidente do Conselho do CiEE-rj.

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da linha pedagógica da LBV, Paiva Netto, com a Pedagogia da Boa Von-tade, que contempla a Pedagogia do Afeto (até os 10 anos de idade) e a Pedagogia do Cidadão Ecumênico (a partir dos 11 anos)”.

A educadora ressaltou que a proposta da Instituição agrega va-lores éticos, ecumênicos e espiri-tuais à formação intelectual do Ser Humano. Uma prova de que essa receita dá bons frutos está no índi-ce de evasão escolar zero e no am-biente sem violência das unidades de ensino da LBV. “Acreditamos que um educando feliz não tem motivos para a indisciplina. (...) Na LBV identificamos em todos o nosso educando ideal, que possui uma bagagem espiritual que vai além da bagagem cultural. Re-sultado que temos compartilhado com todas as instituições que nos procuram para a capacitação de seus educadores.”

O professor e jornalista Arnaldo Niskier, membro da Academia Bra-sileira de Letras (ABL) — Casa que presidiu em dois mandatos (1998-1999) — e presidente do Conselho de Administração do Centro de Integração Empresa Escola do Rio de Janeiro (CIEE-RJ), prestigiou a cerimônia e, em discurso, comentou o método inovador da LBV: “Vocês fazem parte de uma nova pedagogia que se desenvolve em nosso país, a pedagogia da Boa Vontade: ecu-mênica, democrática, diria também estimulante. (...) Desse desejo em comum de trabalhar pela Educação brasileira, resultará, com toda a certeza, algo de muito proveitoso para o nosso povo”.

Niskier lembrou, ainda, a antiga

amizade com o dirigente da LBV: “Conheci o Paiva Netto há 50 anos, ele era jovem e ia à gráfica da Manchete, no bairro do Está-cio, no Rio de Janeiro; era o braço direito do Alziro Zarur fazendo a revista BOA VONTADE, que ain-da há pouco vi aqui numa edição bonita, colorida. (...) Então, vocês podem imaginar o prazer que tive ao receber o convite para estar neste Congresso”.

Professor Celso Antunes abre ciclo de palestras

“Na primeira noite eles apro-

ximam-se e colhem uma flor do nosso jardim e não dizemos nada. Na segunda noite, já não se es-condem: pisam as flores, matam o nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia o mais frágil de-les entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta (...).” Foi com esses versos do poeta russo Vladimir Maiakovski que o professor Celso Antunes iniciou sua palestra “Disciplina e Indisciplina em sala de aula”.

Especialista em Inteligência e

Floriano Pesaro, vereador de São Paulo, sociólogo e ex-secretário de Assistência e Desenvolvimento Social do município de São Paulo.

João Baptista do Valle, vice-presidente da Federação Espírita do Estado de São Paulo.

Antonio Carlos da Silveira Laudanna, diretor da Associação Paulista de Funda-ções, representando a Confederação bra-sileira de Fundações – Cebraf, e assessor jurídico da Fundação união Cultural brasil e Estados unidos.

Marcos Rogério Silvestre Vaz Pinto, superintendente da área de Educação da Seicho-no-ie do brasil.

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ideia de que somos maiores, mas aquele que educa”.

O veterano educador afirma que só existe indisciplina onde as regras não estão claras. Ele lembrou que há várias maneiras de dar aula e é necessário que o educador conheça as ferramentas para os diferentes trabalhos, ajuste o conteúdo ao momento em que se vive, transmita com alma os conhecimentos e rea-valie a própria avaliação. “A indisci-plina que nos atormenta e aborrece está naquela aula chata que se dá, no conteúdo sem vida que se passa, na linguagem que teimamos em não permitir que se pluralize, na avalia-ção marcada pela rotina.”

Durante a palestra, Celso An-tunes celebrou o valor dos novos caminhos na Educação: “Talvez o motor essencial que gera nossa fragilidade de temer dizer ‘não’ seja não passar à criança o que ela mais precisa, que é a sensação de firmeza e acreditar que é possível mudar — a exemplo do que a LBV

Cognição e mestre em Ciências Humanas, integrante da Associa-ção Internacional pelos Direitos da Criança Brincar (Unesco), Antunes explicou que, apesar de Maiakovski não ter escrito o poe ma pensando em indisciplina na sala de aula, a composição ajusta-se com perfei-ção a esse contexto. Segundo ele, vale não apenas para a indisciplina que perturba e impede o trabalho, mas também para aquela “que às vezes separa sócios que caminha-vam bem, põe a perder o casamento que parecia sólido, e muitas vezes nem damos a ela esse nome, mas de uma certa forma, atrás desse contexto, ela se esconde”.

De acordo com o professor, não há dúvidas de que se esconde nessa omissão a permissividade que aceita seja tirada do jardim a primeira flor. Por isso, a importân-cia de saber contrapor-se e “dizer ‘não’, mas claro que ele não pode ser imposto, o ‘não’ carregado de autoritarismo, da persistência da

“Faço questão de, onde estiver, falar um pouquinho do que aprendi: a ideia de educar sentimentos, tão preconizada dentro da LBV, coisa que a gente não vê com muita frequência. A gente entende claramente que a formação do Ser Humano vai passar pela mente e pelo corpo. E essa mente também é dividida, só para ficar didático, em razão e emoção.”

Sérgio BehnkenProfessor, mestre em Psicologia,

filiado à Sociedade Brasileira de Psicologia Organizacional

(SBPOT).

LBV lança publicação sobre a Pedagogia da Boa Vontade

No primeiro dia do 8° Congresso Internacional de Educação, da Legião da Boa Vontade, a diretora da Escola da LBV em São Paulo, Suelí Periotto, anun-

ciou a publicação especial Educação com Espiritualidade Ecumênica: o manual da Pedagogia do Afeto e da Pedagogia do Cidadão

Ecumênico, com a linha educacional aplicada na rede de ensino e nos programas socioeducacionais da Institui-ção. “O manual reúne os conceitos do dirigente da LBV,

José de Paiva Netto acerca da sua proposta pedagógica, a Pedagogia da Boa Vontade, e traz, ainda, sugestões de ativida-

des com o nosso próprio método, o MAPREI [Método de Aprendizagem por Pesquisa Racional, Emocional e Intuitiva]”, explica a educadora. Na foto, a pedagoga Suelí e o professor Celso Antunes exibem a publicação.

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faz com tanto cuidado e há tanto tempo —, em cada momento e aula. Ser professor não é apenas amar o que se faz, mas principal-mente amar a quem se faz”.

Por fim, o professor Antunes dedicou um exemplar de seu livro Trabalhando valores e atitudes nas séries iniciais ao dirigente da LBV, com a gentil dedicatória: “Ao Educador Paiva Netto um abraço e os cumprimentos de um emocionado admirador. Celso Antunes. 29.junho.2010”.

Limites para a indisciplinaNo segundo dia de evento, 30 de

junho, a mesa-redonda “(In)Disci-plina — Ferramentas da educação na superação de desafios” contou com importantes participações. A primeira a palestrar foi a professora Helena Bomeny, subsecretária municipal de Educação do Rio de Janeiro, representando a titular da pasta, Claudia Costin; em seguida, Sílvio Manoug Kaloustian, gestor

de programas do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Também compuseram a mesa do encontro três professores: Sérgio Behnken, da Sociedade Brasilei-ra de Psicologia Organizacional (SBPOT); Ervino Deon, secretá-rio estadual de Educação do Rio Grande do Sul; e Suelí Periotto, supervisora da pedagogia da rede socioeducacional da LBV.

A educadora Helena Bomeny mostrou a preocupação do Rio de Janeiro em atacar as deficiências das escolas em situação de vulnerabili-dade social. Segundo ela, foi reali-zado um mapeamento da cidade e se constatou que, das 1.064 escolas, 150 estavam em áreas de risco, “em potencial de perigo para as crian-ças pelo controle do narcotráfico ou pelas milícias”. E acrescentou: “Nessas escolas as pesquisas mos-traram que a taxa de evasão e de repetência era muito maior, quase o dobro; então, elas mereciam um trabalho especificado”.

“A abordagem feita aqui no Congresso é extremamente importante e atualíssima; está presente no nosso meio essa integração, o envolvimento do aluno com a escola. Agora, ele não vem porque está na idade obrigatória, mas porque tem o prazer de estar naquele ambiente. (...) Obrigado, mais uma vez, à LBV e ao Paiva Netto por nos proporcionarem esse trabalho. Foi uma oportunidade especial para mim, como secretário, gestor, professor e pai de família.”

Ervino DeonSecretário de Educação do Rio Grande

do Sul.

Da esq. à dir.: Sérgio Behnken, professor, mestre em Psicologia, filiado à Sociedade brasileira de Psicologia Organizacional (SbPOT); Ervino Deon, secretário estadual de Educação do rio Grande do Sul; Suelí Periotto, supervisora da pedagogia da rede socioeducacional da lbV; Helena Bomeny, professora, subsecretária municipal de Educação do rio de janeiro, representando a titular da pasta e Sílvio Manoug Kaloustian, gestor de programas do Fundo das Nações unidas para a infância (unicef), que participaram da mesa-redonda no segundo dia do 8o Congresso internacional de Educação, da lbV.

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nismo infantojuvenil. Nesse sen-tido, ressaltou o apoio da Legião da Boa Vontade às iniciativas do Unicef: “Na temática de educa-ção de qualidade, temos visto e reiterado o apoio que a LBV tem dado a esta bandeira de tanta im-portância e relevância no país”. Para ele, a realização do Congresso Internacional de Educação da LBV “reforça a luta pelos direitos na área educacional”.

Consumismo e coletividade: o papel dos pais e da escola

No último dia do evento, 1o de julho, a representante do projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana, a psicóloga Maria Helena Masquetti, palestrou sobre as consequências do consumismo na formação das crianças e adoles-centes, com foco na publicidade. Para ela, é necessário um cuidado especial na educação com valores, tanto na escola como em casa, já

que as campanhas publicitárias de hoje são dirigidas, em sua maioria, ao público infantojuvenil e apro-veitam exatamente essa lacuna, da formação precária de valores, que criou uma geração com compulsão ao consumo.

Para exemplificar, Maria Helena analisou a leitura ou in-terpretação que a criança faz do mundo ao seu redor: “Elas veem tudo de forma lúdica, misturando fantasia com realidade. Acontece que a imaginação para elas tem um caráter real, acreditam tanto no material que apalpam quanto no que imaginam. Isso é um prato cheio para a publicidade. Se dis-serem para elas que irão para um mundo maravilhoso se compra-rem tal produto, elas acreditarão nisso”.

Nesse contexto, são os pais o principal espelho da criança. “Quanto mais consumistas forem, mais consumistas serão os filhos. Tais atitudes fazem com que os pe-quenos participem, ativamente, de 80% das decisões familiares sobre compras”, alerta a psicóloga.

Na palestra seguinte, minis-trada pelo professor, escritor e conferencista internacional Jairo de Paula, o tema tratado foi “Entre o sonho e o desafio de ser educa-dor”. Inicialmente, o palestrante compartilhou com o público a felicidade dele em participar do evento: “Sou uma pessoa muito feliz e extremamente orgulhosa por estar hoje aqui com vocês”. Durante a apresentação, fez um convite à reflexão, e ponderou: “Nascer, crescer, viver e continuar vivendo é o nosso desafio. (…) Tem

Em vista disso, de acordo com a subsecretária de Educação do Rio de Janeiro, destinou-se a es-sas unidades escolares um maior suporte e foram tomadas medi-das para pacificar essas regiões. Helena Bomeny citou, também, a importância de criar avaliações periódicas externas, “a partir das quais os professores, as equipes escolares que superarem as metas compactuadas com a secretaria, receberão um abono, como se fosse um décimo quarto salário”. Outra medida foi aproximar a família dos alunos, a comunidade e a escola.

Protagonismo infantojuvenil

O economista Sílvio Manoug Kaloustian, gestor de Programas do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), explicou a atuação do órgão, em especial na cidade de São Paulo/SP, onde a prioridade é incentivar o protago-

Ao fim dos trabalhos do 8o Congresso internacional de Educação, da lbV, educadores que participaram das atividades do encontro se reúnem no pátio do instituto de Educação da lbV, na capital paulista. No destaque, a inspirada frase de Aristóteles que Paiva Netto fez colocar no local, por entender que no ensino está a solução para os maiores problemas do país: “Todos quantos têm meditado na arte de governar o gênero humano acabam por se convencer de que a sorte dos impérios depende da educação da mocidade”.

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pessoa que nasce, cresce, vive e morre; não constrói nada, não educa ninguém. Não pratica o amor incondicional, não ama, não se permite. Sofre e morre, porque não construiu nada”.

O ciclo de palestras do dia foi encerrado com a participação da professora do projeto Fazer a Pon-te, aplicado na Escola da Ponte, de Portugal, Fátima Pacheco. A educadora discorreu sobre o método educacional utilizado naquela escola que, para ela, tem obtido resultado na aproximação entre pais e escola. “A família e a escola não podem ficar isoladas. (...) Elas têm de se com-plementar, estar em igualdade de diálogo, porque só conseguiremos educar na medida em que somos uma coletividade e interagimos com ela. Portanto, a família é funda-mental. Sem a associação dos pais, que são parceiros fundamentais, a escola nunca teria sobrevivido.”

Para a professora Fátima, esse contato é fundamental para o edu-

cando em sua formação como cida-dão, aprendendo a viver em coletivi-dade. Os resultados dessa iniciativa eram divulgados por meio de um jornal comunitário; hoje, as infor-mações são repassadas via e-mail. A intenção é envolver a criança no processo, e não como simplesmente receptora de conteúdo: o projeto busca criar maneiras diferentes de aplicar o assunto da sala de aula. “Os dispositivos pedagógicos são todos os que nós criamos com as crianças, de forma que lhes permitam ser autônomas e ter responsabilidade. Portanto, é mais que aprender um conteúdo”, disse.

Como exemplo desses disposi-tivos pedagógicos, Fátima Pacheco citou uma assembleia criada na Escola da Ponte. Nela, explica a professora, “a criança fala as pautas do cotidiano e apresenta as atas com soluções de frente para o público”. Assim, os alunos discu-tem melhorias para a escola e assu-mem o compromisso de cuidar dos

ambientes. “Todos participam na organização da escola. É através de assembleia que decidirão quais as responsabilidades daquele ano, o que terão de modificar em relação ao ano anterior, quais os direitos e deveres; fazem uma avaliação do que aconteceu para elaborar tudo de novo no princípio do outro ano”, completa a educadora.

Portanto, conforme se verifica no exemplo, ao dividirem em assembleia as responsabilidades no início do ano, as quais deverão ser cumpridas até o fim do período letivo, tanto educando quanto pro-fessor estão exercitando na sala de aula a cidadania. O 8° Congresso Internacional de Educação da LBV apresentou diversas histórias que deram certo para que, desde cedo, o aluno aprenda a expressar ideias, ouvir os outros e buscar soluções conjuntas, e nesse processo tam-bém a disciplina e o sentimento constituem aspectos de um olhar além do intelecto.

Maria Helena Masquetti, psicóloga e representante do projeto Criança e Consumo, do instituto Alana.

Jairo de Paula, professor, escritor e conferencista internacional.

Fátima Pacheco, professora do projeto Fazer a Ponte, aplicado na Escola da Ponte, de Portugal.

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Receba a capacitação da Pedagogia do Afeto e da Pedagogia do Cidadão Ecumênico, preconizadas por Paiva Netto, no Brasil e exterior. Acompanhe entrevistas e análises sobre essa linha educacional da LBV no programa Educação em Debate, transmitido pela Super Rede Boa Vontade de Rádio (Super RBV) — aos sábados (às 2 horas da manhã e às 12 horas) e aos domingos (às 7 horas da manhã). Pela Boa Vontade TV (canal 23 da SKY), às sextas-feiras (às 16 e 21 horas), aos sábados (às 12 horas) e aos domingos (às 7 e 23 horas).Informe-se: tel.: (11) 3225-4590 / www.iejpn.com.br • Endereço: Avenida Rudge, 700 — Bom Retiro — São Paulo/SP, Brasil.

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Os congressistas participaram, ainda, de ofici-nas pedagógicas (um total de 14), aplicadas com temas afins ao do Congresso, com resultados positivos de troca de experiências e capacitação, envolvendo educadores do Brasil, representando cerca de 30 cidades de diversos Estados, da Argentina, Bolívia, Paraguai, Portugal e Uruguai. Na ficha avaliatória do evento, os participantes registraram o desejo de retornar, em 2011, para acompanhar a 9a edição do Congresso Internacio-nal de Educação, da LBV.

“O cotidiano e a expressão

na arte”

“a utilização dos sites de relacionamento na produção textual”

“construindo e potencializando o conhecimento lúdico”

“método maprei”

“musicoterapia e autodisciplina”

“religare: consciência ambiental”

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“O clima emocional é essencial para que aconteça a aprendizagem”

“estratégias para a boa disciplina na sala de aula”

“dinâmicas e jogos na construção da disciplina”

“atualidades na formação do cidadão ecumênico”

“disciplina, integração e inclusão”

“língua inglesa: sem espaço para a monotonia”

“jogos cooperativos na condução da disciplina”

“aquisição linguística como apoio disciplinar”

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A cidade mineira de Montes Claros sediou o Seminário Intersetorial Educação para o Ser Integral, promovido

pela Legião da Boa Vontade (LBV). Realizado em 22 de ju-nho, no auditório da Associação Comercial, Industrial e de Ser-viços (ACI), o encontro buscou promover o diálogo entre os seto-res público, privado, acadêmico e representantes da sociedade civil, em prol da educação do indiví-duo, considerado pela LBV um ser espírito-biopsicossocial.

“Há muitos anos a LBV deu

Ser IntegralEducação para o

esse pontapé inicial e agora vem, cada vez mais, concretizando essa educação em todo o país. (...) Quero parabenizar José de Paiva Netto por essa iniciativa e também fazer com que essa corrente que abraça a LBV possa aumentar”, disse o presidente do Conselho Municipal de Assistência Social de Montes Claros, Fernando Antonio Dias de Andrade.

Para a professora das Faculda-des Santo Agostinho Ilma Mendes Almeida, que também coordena a Seção de Educação Inclusiva da Secretaria Municipal de Educação

de Montes Claros, a proposta ino-vadora da LBV “é o foco buscado para trabalhar hoje: formar o Ser Humano integral não só na perspectiva da escola formal, mas também na do ser que tem valores e uma Cultura de Paz”.

A supervisora da pedagogia da rede socioeducacional da LBV, Suelí Periotto, ressaltou que a Educação com Espiritualidade Ecumênica é a bandeira do trabalho da Instituição. Segundo ela, na Pedagogia da Boa Vontade (que engloba a Pedagogia do Afeto, para as crianças até os 10 anos de idade, e a Pedagogia do

Elvira TrindadeFotos: Mônica Mendes

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Cidadão Ecumênico, a partir dos 11 anos), o olhar vai além do intelecto, como enfatiza o diretor-presidente da LBV, José de Paiva Netto, criador da linha pedagógica da Instituição. Prossegue Suelí: “A gente trabalha não só com a bagagem cultural do educando, mas também a espiritual. E as escolas têm um ganho muito grande quando a metodologia da LBV é aplicada. Temos, inclusive, os resultados positivos da não evasão escolar. Isso dá uma perspectiva muito feliz ao Brasil, para o futuro da Educação”.

Suelí comentou ainda a rea-ção dos participantes do semi-nário. “Percebi a alegria das pessoas em saber que existe essa possibilidade de trabalhar profundamente, sem focarmos apenas as questões intelectuais, que são importantes na Educa-ção. No entanto, notei que essa perspectiva de trazer a Espiri-tualidade Ecumênica a todas as temáticas falou ao coração dos educadores. Precisamos tratar com excelência os nossos educandos.”

Na ocasião, palestraram a

secretária municipal de Edu-cação, Mariléia de Souza; a coordenadora do curso de Peda-gogia da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) e especialista em Didática da Educação, professora Maria Imaculada Bento; o presidente da Academia de Letras, Ciên-cias e Artes do São Francisco (Aclecia), o advogado e escritor Petrônio Braz; e a pedagoga Suelí Periotto, que também é

Da esquerda para a direita: Petrônio braz, maria imaculada bento, mariléia de Souza e Suelí Periotto, que palestraram no evento; e ronei ribeiro, representante regional da lbV em minas Gerais.

diretora do Instituto de Educação da Legião da Boa Vontade, na capital paulista.

O Seminário Intersetorial Edu-cação para o Ser Integral abriu a agenda do 8º Fórum Intersetorial Rede Sociedade Solidária — 5ª Feira de Inovações, em suporte à Revisão Ministerial Anual do Conselho Econômico e Social (Ecosoc), órgão das Nações Uni-das, no qual a LBV possui status consultivo geral desde 1999.

Violência e contrapartidaA coordenadora pedagógica da Universidade Norte do Paraná

(Unopar) em Montes Claros, Raline Viana, destacou a relevância da linha educacional criada por Paiva Netto: “Temos muita dificuldade de trabalhar com as crianças hoje em dia; elas não respeitam os profes-sores, há violência dentro das escolas. Essa parte de a própria criança desenvolver seu conhecimento, trazer o material para a aula, faz com que se torne importante dentro da sala, o que diminui a violência, a hostilidade. A criança tem mais interesse pelo assunto. A Pedagogia do Afeto é completa”.

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Sustentabilidadena fórmula do lucro

Para analistas, a empresa que adotar o cuidado com o meio ambiente em sua atividade terá vantagem competitiva.

recuperação de áreas atingidas pelo vazamento de óleo.

Existem perdas sérias também com o turismo e a pesca no litoral de cinco Estados norte-ame-ricanos, cujas atividades nesses setores retrocederam após o desastre. Além disso, não se sabe por quanto tem-po a Natureza sofrerá com os efeitos da contaminação.

O acidente ocorrido com a BP é um exemplo de episódio passível de acontecer a qualquer outra cor-poração ainda não comprometida com a produção sustentável. Por isso, deve servir de lição. “É sempre uma decisão política”, aponta o dr.

Oded Grajew, presidente do Ins-tituto Ethos. “Na vida, a gente tem duas maneiras de agir: antes ou de-pois dos problemas. Por exemplo,

uma pessoa que queira parar de fumar: será que é bom parar antes ou na UTI? Ou seja, cuidar da segurança na exploração do petróleo ou agir como agora, depois do vaza-

mento?”, questiona. Esse e outros pontos foram discutidos durante importante evento sobre respon-sabilidade social das empresas e sustentabilidade, promovido pelo Instituto Ethos, do qual o dr. Grajew é presidente em São Paulo/SP.

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Crise e inovaçãoResponsabilidade Social

Natália lombardi

Omaior desastre ambiental da história dos Esta-dos Unidos jogou 4,9 milhões de barris de

petróleo no Golfo do México. A opinião pública tem se pergunta-do até onde os prejuízos seriam menores e mesmo evitáveis se houvesse um plano de contin-gência da companhia petrolífera britânica BP. A empresa respon-sável pela plataforma que explo-diu em 20 de abril, resultando na morte de 11 pessoas, desde então perdeu em torno de 40% do seu valor de mercado, tendo que de-sembolsar US$ 32 bilhões para custear o processo de limpeza e

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O cenário de danos ambientais repete-se em outros setores da Economia. Em maio, as Nações Unidas informaram que a derrubada de florestas deve gerar um prejuízo entre US$ 2 trilhões e US$ 5 tri-lhões, o que equivale ao valor gasto com as medidas para conter a crise econômica mundial, desde 2008. Para o dr. Grajew, o problema não está na falta de recursos, mas onde aplicá-los. “Na crise financeira, aparecem trilhões de dólares. Antes, diziam não ter esse dinheiro para combater a pobreza e preservar o meio ambiente. Tanto a sociedade quanto o governo — mais ainda a sociedade, porque tem influência sobre o governo, uma vez que o es-colhe — têm de, em primeiro lugar, tomar consciência dos problemas,

depois, pressionar para que os recursos sejam colocados no desenvol-vimento sustentável”, explica.

Segundo o vice- -presidente do Instituto

Ethos, Paulo Itacarambi, o pa-pel da imprensa é preponderante na nova mentalidade. “A maior

parte trata do assunto de manei-ra segmentada, mas existe uma tendência a incorporar a questão da sustentabilidade em todos os temas. À medida que isso for feito, a notícia sobre política será analisada nessa perspectiva, o quanto aquela ação que está sen-do divulgada ajuda ou prejudica o desenvolvimento sustentável do Brasil. Aí, sim, a mídia influen-

ciará de maneira mais forte.”

O jornalista André Trigueiro, apresen-tador do Jornal das Dez, da Globo News, e comentarista da Rá-dio CBN, presente também no encontro promovido pelo Instituto Ethos, pediu um maior engaja-mento dos profissionais dos meios

Lama e energia limpaA busca por fontes energéticas limpas e renováveis

ganhou mais um aliado: o fundo do mar. Para garantir o acesso seguro dos navios que trafegam pelo porto de Rio Grande/RS, é dragada uma mistura de lama, areia e resíduos orgânicos que se acumulam no fundo do mar, man-tendo ou aumentando, dessa forma, a profundidade do canal.

Segundo cientistas da Universidade Federal do Rio Grande, esses sedi-mentos contêm altas concentrações de uma bactéria conhecida como micró-bio elétrico. Ela se alimenta de restos de peixes, algas e vegetais presentes nesse material lodoso. No fim da refeição, libera elétrons, produzindo certa quantidade de energia elétrica.

Uma pequena usina montada no laboratório, com placas de grafite, capta a energia liberada por esses microrganismos. A proposta, agora, é construir uma usina de tamanho industrial, capaz de abastecer uma cidade de um milhão de habitantes. Os pesquisadores acreditam que, em cinco anos, a usina ecológica poderá atingir o pico de 580 megawatts e economizar até R$ 6 bilhões, e com a vantagem de não produzir gás carbônico.

1. O poço danificado da petroleira bP jogou no Golfo do méxico 4,9 milhões de barris de petróleo; desse montante, apenas 800 mil foram recuperados. 2. milhares de animais foram contaminados pela maré negra que se formou.

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postura proativa do consumidor”, traduzida na disposição para saber a origem dos produtos e cobrar transparência dos segmentos em-presariais no processo produtivo.

Progresso verdeDiferentemente do que se pen-

sa, atuar de modo ecologicamente correto não é oneroso para as em-presas. Em recente artigo publicado pela revista Harvard Business Review, constam as conclusões do professor C. K. Prahalad e dos consultores M. R. Rangaswami e Ram Nidumolu. Depois de estudarem 30 empresas de grande porte, eles verificaram que a busca por soluções que privilegiem a sus-tentabilidade estimula a inovação, um elemento-chave do progresso, como ensina a História, especial-mente em tempos de crise.

No artigo, os pesquisadores enfatizam: “Uma empresa ambien-talmente correta tem custos meno-res, pois acaba utilizando menos insumos. Além disso, o processo gera receita adicional — graças a produtos melhores ou por permitir que a empresa crie novos negócios. Aliás, já que essas são as metas da inovação empresarial, constatamos que, hoje, empresas inteligentes estão tratando a sustentabilidade como a nova fronteira da inovação”.

Para o contexto de crise, o estudo do professor Prahalad aponta uma direção diferente, mostrando que a produção verde minimiza custos com implantação de métodos de produção mais conscientes, limpos, e mecanismos voltados a economi-zar insumos. Resumindo, as inova-ções organizacionais e tecnológicas

de uma empresa sustentável passam a contribuir para a receita indireta-mente, isto é, pela redução de custos e, por consequência, a obtenção de lucro. Ao repensar produtos, tec-nologias, processos e modelos de negócio, o gestor adquire vantagem competitiva.

De acordo com o estudo publica-do pela Harvard Business Review, a empresa deve cumprir algumas etapas para efetuar essa mudança. O texto enfatiza que no futuro somente quem fizer da sustentabilidade uma meta terá mais oportunidades no mercado. O artigo cita o exemplo de uma empresa que necessita atender a um novo perfil de consumidor, que “prefere produtos ou serviços ecologicamente corretos”, sem esquecer também que, “se for a pri-meira a reformular a linha atual ou a criar coisas novas, será possível superar as adversárias”.

Para o presidente do Instituto Ethos, preservar o meio ambiente não deve ser uma ação isolada, é necessário igualmente combater a pobreza e reduzir a desigualdade. “As empresas mais socialmente responsáveis são também as mais admiradas pela sociedade, pelos consumidores”, comenta o dr. Oded Grajew.

Esse é um confronto em que cada um terá de escolher, como ilustra o jornalista Paiva Netto em seu artigo “Ganância x lealdade e sobrevivên-cia”. Nele, o autor afirma: “Nin-guém pode ser contra o progresso. Contudo, enquanto a ganância e a deslealdade sobrepuserem-se ao bom e velho instinto de sobrevivên-cia, a Humanidade viverá ombrean-do com tempos caóticos”.

Solidariedade e bons negóciosO modelo de atividade comercial

destinado tão somente a gerar lucro rápido para seus investidores já não satisfaz. Hoje, a ocupação econômica também deve agregar valor social, e não prejudicar o meio ambiente. Por isso, o gestor que entender a prestação de contas ao público como mais uma responsabilidade dele, naturalmente, usará o core business (o negócio central da organização ou de uma área de negócios), alvo da gestão operacional e estratégica para comprovar que investir em sustentabi-lidade e ações sociais é bom negócio.

Para confirmar essa tendência, o colunista de negócios do Wall Street Journal Herb greenberg analisou pesquisas sobre empresas que se tornaram notáveis por seu compro-misso solidário. Nesse levantamento, considerou atividades e doações caritativas das 500 empresas que compõem o índice de ações da agên-cia de classificação de risco Standard & Poor’s. Uma das constatações de Greenberg em sua avaliação foi que quem estabeleceu forte relaciona-mento entre filantropia e ganhos ope-racionais superou a performance da concorrência em 3,5%, num período de cinco anos. Em resumo, estudos como esse têm confirmado que fazer o bem é bom negócio.

de comunicação nessa tarefa. Em sua palestra, Trigueiro ressaltou o papel de cada cidadão para evitar o colapso do desenvolvimento que hoje o mundo conhece, inclusive, alertando para a importância “da

Responsabilidade Social

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Acontece em Belo Horizonte

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idosos do programa Espaço de Convivência, do Centro Comu-nitário e Educacional da Legião da Boa Vontade em Belo Ho-

rizonte/MG, participaram de um desfile de moda para festa junina, em 16 de junho. A coleção foi as-sinada pelo grupo Lição de Vida, formado por jovens da Melhor Idade atendidos pela LBV, que, além da tradição cultural do país, buscaram inspiração na Copa do Mundo de futebol e na Natureza.

Originalidade, criatividade e interpretação foram os critérios do júri — formado pelo modelo e DJ Alan Passos; pela presidente do Movimento das Donas de Casa, Lúcia Pacífico; e pela coordenado-ra municipal dos Direitos da Pessoa Idosa, Maria Fontana — para premiar os três melhores modelos. “Gostei muito de participar. O des-file foi fantástico! Toda iniciativa de

valorização da pessoa idosa merece um destaque especial. É um traba-lho maravilhoso!”, parabenizou Maria Fontana.

Maria Emília Furst conquis-tou o primeiro lugar com “Caipi-ríssima animada”, fantasia feita de papel e fitas. Inspirada no sen-timento verde-amarelo, seu toque de ousadia foi acompanhado de um acordeom. “Eu era muito tímida e tinha síndrome do pânico. Ao par-ticipar destes encontros na LBV, vi que estou vencendo. Já melhorei muito. Achei maravilhoso estar no desfile! Fiquei muito emociona-da”, afirmou a vencedora.

Na segunda colocação ficou Solange Alves Martins Abreu, com a fantasia “Caipira que es-tourou e virou rainha da pipoca”. Em terceiro, Maria Aparecida Frade Marques, com a fantasia “Caipira assustada”.

Múltiplas atividadesO objetivo do programa Es-

paço de Convivência, da LBV, é colaborar para a inserção so-ciocultural e o fortalecimento da cidadania, com a construção de vínculos interpessoais e fami-liares. A iniciativa se desenvolve por meio de aulas de informáti-ca, canto coral, ginástica, ioga, oficina de violão e de esporte recreativo. Os atendidos tam-bém participam de atividades comunitárias, sociais, encontros e palestras.

Ajude a mudar a vida de milhares de crianças. Acesse: www.euajudoamudar.org.brAv. Cristiano Machado, 10.727 — Planalto — Belo Horizonte/MG — Tel.: (31) 3494-3232

Natureza e futebol na moda

Com criatividade, idosos atendidos pela LBV recriam peças para desfile

Os jurados Alan Passos, lúcia Pacífico e maria Fontana com a segunda colocada no desfile, Solange Abreu.

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O renomado pesquisador ja-ponês dr. Masaru Emoto conheceu o Templo da Boa Vontade (TBV), o monu-

mento mais visitado de Brasília/DF. Ele esteve na cidade para realizar uma série de palestras sobre a in-fluência de palavras e sentimentos na estrutura das moléculas de água. A primeira delas ocorreu em 27 de julho, no Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica, o Parla-Mundi da LBV.

Antes de apresentar seu estudo ao público, que superlotou o Ple-nário do ParlaMundi, Masaru e sua esposa, sra. Kazuko Emoto, incluindo uma comitiva, visitaram os ambientes da Pirâmide das Al-mas Benditas. Após a caminhada pela Espiral, o conferencista co-nheceu o Salão Nobre e nele o pai-nel A Evolução da Humanidade, que traz a representação artística de Jesus, o Cristo Ecumênico, e de personalidades mundiais que

Conferência internacional do pesquisador japonês dr. Masaru Emoto explica como palavras e sentimentos podem influenciar as moléculas de água

contribuíram para o progresso da sociedade.

Na Fonte Sagrada do Templo, o estudioso comentou a importância do monumento. Depois, recolheu um pouco da água da Fonte e, ainda, ressaltou a frase em des-taque no ambiente, de autoria do fundador do TBV, José de Paiva Netto: “Água é Vida, sem ela, torna-se impossível qualquer tipo de existência. Poluí-la é crime de lesa-humanidade”.

Em entrevista à Super Rede Boa Vontade de Comunicação, com o

auxílio do tradutor Tosihiro Ida, o pesquisador comentou: “É sensa-cional o Templo da LBV estar aber-to para toda a Humanidade. E esta água aqui representa o início de um relacionamento feliz entre as pes-soas do mundo que participam, que aqui visitam. À medida que cada um se conscientizar da importância da água, o mundo melhorará”.

O pesquisador foi presentea do com uma réplica do Cristal Sagra-do, localizado no pináculo do TBV, e com um distintivo da Legião da Boa Vontade, que ele usou durante a palestra. O dr. Emoto também recebeu publicações da LBV (em japonês, inglês e português). Na ocasião, autografou exemplares de dois de seus livros — Mensagem da Água e do Universo e As Men-sagens da Água — para o dirigente da Instituição.

Nascido na cidade de Yokoha-ma, província de Kanagawa, Emo-to tornou-se famoso mundialmente

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“É sensacional o Templo da LBV estar aberto para toda a Humanidade. E esta água aqui representa o início de

um relacionamento feliz entre as pessoas do mundo que

participam, que aqui visitam.”

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por sua visão e criatividade no estudo sobre a água. Ele aprimorou o conhecimento sobre o microcris-tal da água no trabalho dele como terapeuta e concluiu que o líquido carrega informações. Os resultados de pesquisas mostraram, ainda, que a música, a palavra, o pensamento e a oração influenciam a estrutura molecular da água.

ResultadosOs estudos do dr. Emoto re-

velam que a água — substância maleável por excelência — assi-mila facilmente as vibrações e as energias do ambiente, seja poluído, seja mais puro. E não é apenas o aspecto físico da água que muda, mas também a estrutura molecular.

O pesquisador utilizou-se de técnicas fotográficas para documen-tar visualmente as mudanças na estrutura das moléculas. Depois de congelar gotas de água, ele as examinou com um microscópio de campo escuro, capaz de fazer regis-tro fotográfico. O resultado é a di-versidade da estrutura molecular da água e do efeito do ambiente nela.

Segundo ele, as energias vibra-cionais humanas, o pensamento, a palavra e a música, por exemplo, afetam as moléculas de água. Aliás ela tanto constitui cerca de 70% do corpo de uma pessoa adulta quanto cobre na mesma proporção o plane-ta Terra. A qualidade e a integridade da água são vitais a toda forma de vida no globo. Então, se o corpo humano se constitui de trilhões de câmaras chamadas células que contêm líquido, a qualidade de vida está intrinsecamente associada à qualidade da água.

(1) O pesquisador japonês masaru Emoto (de terno claro) com a esposa, sra. Kazuko (de cinza), e a comitiva caminham pela Espiral do Templo da boa Vontade. (2) Durante a visita, o estudioso conhece o painel A Evolução da Humanidade, no Salão Nobre. (3) Após a caminhada na Espiral, o palestrante orou diante do Trono e Altar de Deus. (4) O pesquisador bebe da água da Fonte Sagrada do TbV. (5) No local, chamou-lhe a atenção a assertiva do fundador do monumento, Paiva Netto: “Água é Vida, sem ela, torna-se impossível qualquer tipo de existência. Poluí-la é crime de lesa-humanidade”.

Histórico — Em 2005, o dr. Masaru Emoto participou de seminário na ONU, coorganizado pela LBV, na sede da Organização das Nações Unidas, em Nova York/EUA. O ciclo de palestras e debates foi resultado das atividades do Comitê de ONGs sobre Espiritualidade, Valores e Interesses Globais, no qual a Legião da Boa Vontade é cofundadora e participa do corpo executivo.

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No artigo “Gasoduto Coa-ri–Manaus — Um grande projeto desafia a Amazônia”, publicado em novembro de

2009 no portalamazonia.com, tive a oportunidade de escrever, quando da inauguração da obra, sobre a vitória da engenharia brasileira diante dos desafios impostos pelas característi-cas da natureza e do clima da região.

Iniciado em junho de 2006, o empreendimento marca a interli-

*1 Daniel Borges Nava — Bacharel em Geologia e mestre em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade da Amazônia. É professor da Faculdade La Salle Manaus e secretário-executivo de Geodiversidade e Recursos Hídricos do Governo do Amazonas.

gação da Província Petrolífera de Urucu ao principal centro consu-midor da Amazônia Ocidental, o Polo Industrial de Manaus (PIM). A província está localizada na Bacia Sedimentar do Solimões, detentora da segunda maior reser-va brasileira de gás natural conhe-cida, estimada em 52,8 bilhões de metros cúbicos — perde apenas para a Bacia de Campos, no Es-tado do Rio de Janeiro, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocom-bustíveis (ANP).

Considerada uma das maiores, mais complexas e estratégicas obras de transporte de gás natural do país, totalizando 661 quilô-metros de extensão (durante a construção do gasoduto foram gerados mais de 26.400 empregos

diretos e indiretos), boa parte de sua produção será destinada à geração de energia em termelétricas, aten-dendo a região metropolitana de Manaus e os sete municípios por onde passa a tubulação.

Além da vantagem econômica, o uso do gás natural fonte limpa em substituição à atual matriz das térmi-cas, baseada no consumo de diesel e óleo combustível, representará importante ganho ambiental para o Brasil, para a Amazônia e para o Estado do Amazonas, ao reduzir sig-nificativamente a emissão de gases de efeito estufa (GEE). Dados do Centro Estadual de Mudanças Cli-máticas (CECLIMA) do Amazonas projetam essa redução*2 em 35%, ou seja, deixarão de ser emitidas aproxi-madamente 1,2 milhão de toneladas CO2 (dióxido de carbono) por ano.

A indústria petrolífera e os grandes projetos na Amazônia

SustentabilidadeDesafio do século 21

Energia limpaCO2

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*2 As atuais plantas termelétricas (diesel) emitem 3.460.780 de toneladas CO2 e/ano. As novas plantas (gás natural) emitirão 2.249.507 de toneladas CO2 e/ano. Redução de 35% = - 1.211.273 de toneladas CO2 e/ano. (Fonte: Inventário de Emissões do Setor Elétrico do Amazonas — CDEAM/INEDES/CECLIMA, 2010).

Soluções inéditasA natureza amazônica impôs de-

safios particulares à execução desse megaprojeto: um regime de chuvas intenso, um ciclo hidrológico com variação anual de mais de 14 metros entre as cotas máximas de cheia e vazante, solos vulneráveis aos pro-cessos erosivos, a necessidade de transposição de áreas inundáveis e a alta sensibilidade dos ecossistemas e da biodiversidade.

Coordenados pela diretoria de Gás e Energia, a equipe de Engenharia da Petrobras adotou soluções inéditas na realização do empreendimento, similares às usadas para dutos marítimos. No trecho Coari–Anamã (196 quilô-metros de extensão), em função da quantidade de áreas alagáveis,

foi criada uma nova metodologia, batizada de “Pushing em Balsa Plataforma”, a partir da experiência da empresa com a Balsa Guindaste de Lançamento (BGL), embarca-ção utilizada para o lançamento de dutos em grandes profundidades no mar.

O plano de construção do gaso-duto pela Petrobras constituiu-se em marco referencial no que diz respeito à governança sobre o pro-cesso de licenciamento ambiental e sobre a aplicação de medidas compensatórias. Tais medidas possibilitaram, por exemplo, a rea-lização do Programa de Desenvol-vimento Sustentável do Gasoduto Coari–Manaus pelo governo do Amazonas, com ações de acesso aos direitos de cidadania, incentivo às boas práticas de conservação ambiental e estímulo à geração de renda, que atenderam 135 comuni-dades, beneficiando 4.938 famílias e 23.396 moradores/ribeirinhos.

É notório o reconhecimento dos múltiplos benefícios do uso do gás natural a partir da consolidação desse importante projeto amazônico em 2010.

Aos céticos que defendem a incompatibilidade no desenvolvi-mento das atividades da indústria petrolífera em biomas como o da Amazônia, tenho recomendado: uma visita à Província de Urucu da Petrobras, um sobrevoo ao longo do Gasoduto Coari–Manaus e a leitura do documento “Diretrizes para a Ex-ploração, Produção e Transporte de Óleo e Gás na Amazônia”, elabora-

do pela ANP, a partir das contribui-ções de dezenas de pesquisadores e cientistas amazônidas reunidos, em abril de 2009, no Seminário sobre Desafios Ambientais e Soluções.

Destaco por final, considerando os mais de 60 anos da história de exploração e produção de óleo e gás na Amazônia, os dados da ANP que descrevem quanto foi desmatado ou alterado da cober-tura florestal nativa pela atividade petrolífera: uma área equivalente a 540 quilômetros (valor que corres-ponde a apenas 7,2% de toda a área amazônica desmatada entre agosto de 2008 e julho de 2009, período em que o Brasil registrou a menor taxa anual de desflorestamento medida pelo Projeto Prodes/INPE desde 1988).

Considerando as grandezas fi-nitas desses recursos, cuja vida útil de produção é entre 25 e 30 anos, urge o desenvolvimento de políti-cas públicas que estimulem novos investimentos na pesquisa de óleo e gás na Amazônia.

A geodiversidade das bacias sedimentares da região indica potencialidades e resultados pro-missores com relação à descoberta de novas reservas. Elas garantirão a sustentabilidade necessária às futuras gerações, com a respon-sabilidade de contribuir para a conservação da biodiversidade.

A Província Petrolífera de

Urucu — segunda maior reserva

brasileira de gás natural conhecida — exemplo de sustentabilidade.

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Crianças, jovens e adultos aproveitaram muito mais que a oferta de livros em uma das principais feiras

literárias do mundo. A 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo promoveu mesas-redondas e ofereceu uma rica progra-mação cultural, confirmando também a vocação para o debate de importantes temas culturais e educacionais. Entre 12 e 22 de agosto, passaram pelo Pavilhão do Anhembi, na capital paulista, cerca de 740 mil pessoas.

Nessa edição, quatro temas

Na Bienal dos recordes, a Livraria Saraiva anuncia É urgente reeducar!, do escritor Paiva Netto, como o mais vendido

mereceram destaque: os escrito-res Monteiro Lobato e Clarice Lispector, a lusofonia (identida-de cultural entre os países de lín-gua portuguesa) e o livro digital.

Para Rosely Boschini, presi-dente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), o e-book é “uma tendência irreversível na vida das pessoas”, e a confirmação disso se deu no próprio evento, quando dezenas de lançamentos de livros eletrônicos disputaram a atenção do público. Uma pesquisa da PricewaterhouseCoopers (PwC), divulgada no início deste ano,

21a bienal internacional do livro de São PauloLiteratura

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nais do setor, além de críticos de gastronomia e personalidades interessadas nos assuntos da culinária, dando aulas práticas e respondendo às perguntas do público, na cozinha cenográfica instalada no local.

Espaços já consagra-dos pelo público também tiveram grande afluência neste ano, a exemplo do Salão de Ideias, em que variados temas en-riqueceram a pauta de mesas-redondas, compostas de escritores, acadêmicos, artistas e críticos. Nesses encontros, a mediação foi feita pelos jorna-listas Manuel da Costa Pinto e

indica expressivo crescimento em todo o mundo das vendas de e-books, da ordem de US$ 1,1 bilhão, em 2009, para US$ 4,1 bi-lhões no ano de 2013. No Brasil, entretanto, é um mercado que dá seus primeiros passos.

Cozinhando palavrasDurante a 21a Bienal Inter-

nacional do Livro de São Paulo, foram mais de 1.100 horas de ati-vidades culturais, com o objetivo de promover o diálogo entre o uni-verso literário e outras expressões artísticas. Uma das novidades, o Espaço Gourmet, explorou o tema Cozinhando com palavras. Nele, participaram cozinheiros renomados e outros profissio-

Os visitantes da bienal encontraram 227 mil títulos expostos

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Sob a curadoria do escritor e dra-maturgo Walcyr Carrasco, o texto literário ganhou vida na leitura inter-pretativa de artistas e personalida-des, a exemplo de Regina Duarte, Paulo goulart, Nívea Stelmann, Zeca Camargo, Sergio Marone, Wagner Santisteban, Bianca Rinal-di e Carmo de La Vecchia. Nesse espaço houve ainda uma sessão especial, promovida pela Academia

regina Duarte... Sergio marone

Paulo Goulart e Nicete bruno...

e Nívea Stelmann deram vida ao texto literário.

Os atores Wagner Santisteban...

Palco Literário

Paulista de Letras, na qual o público pôde conhecer mais sobre a vida e a obra de Monteiro Lobato (1882-1948).

Alexandre Agabiti Fernandez. Destaque ainda para o Espaço do Professor, Palco Literário, Terri-tório Livre, Espaço da Lusofonia, Exposição Monteiro Lobato e atividades do Espaço Infantil.

Destaque para É urgente reeducar!

Sucesso de vendas na 21ª Bie-nal Internacional do Livro de São Paulo, a obra É urgente reeducar!, do escritor Paiva Netto, lançamen-to da Editora Elevação, chamou a atenção de um público bastante

Espaço do Professor

Concebido para contribuir para a qualifi-cação de professores dos ensinos funda-

mental e médio de escolas públicas e parti-culares, no desenvolvimento de atividades que utilizem o livro e a leitura em sala de

aula. A coordenação do espaço ficou por conta da professora doutora

em Letras Marisa Lajolo.

Obra literária do escritor Paiva Netto na seção de lançamentos e mais Vendidos na Saraiva.

Títulos da Editora Elevação em formato digital

Em parceira com a Submarino Digital/Gato Sabido, a Editora Elevação disponibilizará, em breve, seu catálogo de livros digitais. Além dos best-

-sellers do dirigente da LBV, os leitores terão acesso à Coleção Ecumênica “Os Milagres de Jesus”, dedi-cada ao público infantojuvenil, em que são apresentados de forma clara e educativa os ensinamentos do Divino Mestre, por meio de passagens bíblicas.

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Literatura

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heterogêneo. O interesse do leitor, desde o mais jovem até o mais maduro, mostra que a temática educacional é uma das que mais preocupam o brasileiro.

A boa recepção ao novo livro de Paiva Netto explica-se tam-bém pela abrangência e profun-didade com que o autor discorre sobre o assunto, analisando-o sob “um olhar além do intelec-to”, como ele próprio define. Na obra, o escritor apresenta a Pedagogia da Boa Vontade, que compreende a Pedagogia do Afeto e a Pedagogia do Cidadão Ecumênico, a qual propõe a ree-ducação do Ser Humano e de seu Espírito eterno.

Paiva Netto não apenas indica caminhos para a Educação, mas também apresenta a experiência de 54 anos de trabalho na Legião da Boa Vontade (LBV), sendo mais de 30 à frente da instituição que há seis décadas se dedica a educar com Espiritualidade Ecumênica.

Logo na primeira semana da Bienal, É urgente reeducar! já se encontrava entre os mais vendidos na Livraria Saraiva. À Super Rede Boa Vontade de Comunicação (rádio, TV, inter-net e publicações), Mariangela Sobral, da Saraiva, ressaltou: “Paiva Netto foi o autor mais procurado; as pessoas vinham e levavam os livros; foi muito vendido e procurado. Todo mundo conhece ele, é um exce-lente autor. Toca no coração das pessoas; elas querem ler alguma coisa que as comova, que faça sentido para a vida delas. Ele foi

Um espaço de debate de temas relacionados às questões e aos momentos de definição vividos pelos jovens.

O vice-presidente de marketing do São Paulo, julio Casares, o jornalista juca Kfouri e a atleta maurren maggi.

O jornalista mauro betting e o ex- -atleta e empresário Gustavo borges

O jornalista Guilherme Fiuza (C) e os humoristas Guta Stresser e rafael Cortez

Cantores e compositores abordaram as relações entre as palavras e a música e a vida de quem se dedica a elas. Na foto, Wilson Sideral, lobão, a mediadora Patricia Palumbo, André midani, Toninho Horta e Fabrício Corsaletti.

rachel biderman Furriela (FGV), mônica Pilz borba (Ong 5 elementos) e Carlos Alberto de mattos Scaramuzza (WWF)

Território Livre

“Isso é maravilhoso. Tenho só que dar os parabéns à LBV! Sou muito parceiro, participo de várias campanhas em Belo Horizonte, onde eu moro, sempre junto com a turma da LBV. O trabalho que vocês fazem é excelente, muito importante, dando oportunidade às crianças de viver esse ambiente de leitura.”

Wilson SideralCantor e compositor, sobre a presença de alunos do Instituto de Educação da LBV, da

capital paulista, na 21ª Bienal Internacional do Livro.

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o autor nacional mais vendido. É gratificante para nós da loja”.

Bastante aguardada pelo pú-blico, a obra literária do autor que já vendeu mais de 4 milhões de livros atraiu leitores de ou-tras cidades à capital paulista, a exemplo da revisora de textos Silvia Ligieri, de Campinas, interior de São Paulo. “Vim es-pecialmente para a Bienal a fim de adquirir este livro maravi-lhoso do Paiva Netto: É urgente reeducar! Nunca tivemos tanta necessidade de nos reeducar, para que haja um Brasil bem me-lhor, um mundo mais feliz. Está neste livro: ‘Cuida do Espírito, reforma o Ser Humano. E tudo se transforma’. Maravilhoso! Muito obrigada!”

Os assuntos tratados na obra são extremamente atuais e to-cam as pessoas por diferentes motivos. “Paiva Netto, que é um ícone na nossa sociedade, realiza um trabalho de muitos e muitos anos, lutando pela reeducação das famílias, que passa por uma série de transformações”, afir-mou a pedagoga Eliana Ramos. Para ela, a ação educacional

Destaque na mídiaA obra É urgente reeducar! recebeu destaque em diversos meios de co-

municação do país. Na Paraíba, por exemplo, o livro ganhou manchete nos sites: A Fonte é nossa, Paraíba Urgente, Araruna Online, PB News, Wscom Online, Sistema Nordeste de Notícias, Blog Flaviano Tôrres e Atualize PB.

reprodução de alguns dos sites que divulgaram o lançamento

Os jovens legionários lucas de Paiva, ivonizia dos Santos (Fortaleza/CE), Nizete Souza (Salvador/bA), Vânia besse (recife/PE) e a dra. Ana Paula Picchi Silvestre prestigiam o evento literário.

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Literatura

Manifestações na redeLeia alguns dos comentários postados sobre o livro É urgente reeducar!,

no Portal Boa Vontade (www.boavontade.com):

“Parabéns, Paiva Netto! Esse livro, com certeza, é mais um presente à comunidade de educadores deste país. Vem num momento muito espe-cial. A Educação é a maior riqueza que uma pessoa pode receber” (Derli Francisco, Florianópolis/SC).

“É urgente reeducar! está sendo muitíssimo esperado por todos. Esta-mos muito felizes, pois este livro, assim como todos os escritos do autor, vai adiante, iluminando os caminhos e vencendo os grilhões do ódio, do desânimo. Este livro é de grande importância para os educadores ilumi-

narem as salas de aula com o Novo Mandamento de Jesus” (Denise Nunes, Campos Altos/Mg).

“Quero externar a minha felicidade de ter adquirido o mais recente lançamento do escritor Paiva Netto, É urgente reeducar! Considero este livro mais uma obra-prima do autor, que focaliza na Educação com Espiritualidade a disposição do cidadão planetário que queira

implantar uma nova e abrangente metodologia no seu setor de ensino e/ou em qualquer ramo do saber. Parabéns!” (Elenice Santos, Rio de Janeiro/RJ).

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Mais que livros, quem parti-cipou da palestra “Pedagogia da Boa Vontade: Um olhar além do intelecto”, apresentada pela su-pervisora da pedagogia da LBV, Suelí Periotto, no penúltimo dia da 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, 21/8, levou para casa um ideal: o desafio de unir o aprendizado formal ao desenvolvimento do espírito de Fraternidade Ecumênica.

Destinada a pais e educadores, a palestra conquistou simpatizan-tes. “Gostei do que ouvi e espero multiplicar o que foi apresentado. (...) Precisamos fazer esse novo ensino; temos de pô-lo em prática, reeducar!”, relatou a pedagoga do

“Cérebro e Coração”Conselho Tutelar de Santa Isabel/SP, Sueli Fernandes de Olivei-ra. Para ela, a Pedagogia da Boa Vontade é a solução para os altos índices de evasão escolar em uni-dades brasileiras de ensino: “Se o Brasil inteiro utilizar esta prática, chegaremos à evasão zero”.

O conteúdo da palestra, funda-mentado no livro É urgente reedu-car!, do escritor Paiva Netto, serviu para explicar ao público a linha educacional criada pelo diretor-pre-sidente da Legião da Boa Vontade, aplicada com sucesso nas unidades socioeducacionais da instituição.

Entre os mais de cem educado-res presentes à palestra, a professora Elza de Siqueira contou que tem

se interessado pela Pedagogia da Boa Vontade desde o Congresso Internacional de Educação da LBV, em julho de 2010 (veja informações na página 54). Por isso, pretende utilizá-la em classe: “Tirei todas as minhas dúvidas. Inclusive, clareou bastante o que eu pretendo aplicar em sala de aula, principalmente para despertar a atenção dos alu-nos, a vontade deles em voltar para a escola no dia seguinte. É justa-mente essa a nossa dificuldade. (...) As crianças são deixadas em frente da TV, e é esquecida essa parte do afeto. E percebi que a didática da LBV, na Pedagogia do Afeto, propõe justamente isso: [educar] o sentimento”.

Aspecto parcial dos participantes da palestra da pedagoga Suelí Periotto, diretora do instituto de Educação da lbV em São Paulo/SP. Educadores, pais e público em geral reuniram-se para conhecer a Pedagogia da boa Vontade, criada pelo dirigente da lbV.

da LBV demonstra que existe solução para problemas como o das drogas, do alcoolismo e da violência: “Traz uma pedagogia diferenciada e os resultados são os melhores. Paiva Netto faz isso com brilhantismo”.

Opinião semelhante levou a professora Janie Gerenoro Se-guinemartin a comprar o livro: “Paiva Netto une a Espirituali-dade à realidade que enfrentamos hoje nas escolas. Eu procuro nesse livro, como tantos outros

professores, uma luz para que possa me guiar”.

O escritor também traz ao leitor o capítulo “Extratos de Cidadania do Espírito”, uma amostra do que ele encontrará em aguardado título de Paiva Netto: Cidadania do Espírito.

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Teatro

Em um país onde apenas 16% dos municípios dispõem de espaços para espetáculos, iniciativas privadas trans-

formam a difícil missão de democratizar a cultura em oportunidades de entretenimento com a comédia popular. É o caso do Circuito EDP Teatro a Bordo, que roda o Brasil com um contêiner. Sim, com nove metros de comprimen-to e seis de largura, é este o palco dos grupos Teatro a Bordo, Cia. Teatral Arueiras do Brasil e Barracão Tea-tro — e também o baú de transporte.

“A ideia surgiu em 2007 na Baixada Santista. Usamos o con-têiner por causa do porto e porque queríamos apresentar os nossos espetáculos ao maior número de

cidades possível”, explicou a pro-dutora Talita Berthi, idealizadora do projeto, que tem como parceira a EDP Escelsa, distribuidora de energia elétrica no Espírito Santo.

E acrescentou: “Fazemos contação de história e teatro para crianças. São dois dias de uma grande diversidade de atividades. A gente fala sobre meio ambiente e, à noite, o espetáculo é sobre

o incentivo à leitura”.O apoio da empresa a esse

projeto faz parte de sua política de investimento na cultura, segundo o diretor-presidente da EDP no Brasil,

António Pita de Abreu. “Além

de promover o acesso a manifes-tações culturais das comunidades locais onde a companhia atua, a proposta é privilegiar o patrimônio cultural e os valores nacionais. Desta for-ma, apoiamos projetos culturais de qualidade e o desenvolvimento da produção artística na-cional, com incentivo à formação de novos artistas”, disse.

O assessor da diretoria do Insti-tuto EDP, braço social da empresa, Paulo Ramicelli, afirma que o mais importante “é contribuir para o desenvolvimento comunitário, fazer com que aquela comunidade onde o grupo EDP está presente

possa de fato estar entre as melhores cidades”. Para ele,

A peça teatral A Centopeia Judite faz sucesso durante a apresentação na praça jerônimo monteiro, em Cachoeiro de itapemirim/ES.

Democratizar a Cultura é palavra de ordem para grupos de teatro itinerantes

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além da localidade beneficiada, há também a reverberação positiva dentro do ambiente da própria EDP: “A transformação da em-presa se dá com a participação de colaboradores que atuam de forma voluntária nesses projetos”.

Qualidade e criatividade, aliás, são o ponto forte das apresenta-ções. Lia Renha é quem assina a arte e a cenografia. Ela foi res-ponsável pela direção de arte das minisséries O Auto da Compade-cida e Hoje é Dia de Maria, para a TV, e pelo cenário de filmes como Tieta do Agreste e Caramuru — A Invenção do Brasil.

Na estradaEm julho, o projeto visitou três

cidades do Espírito Santo e ali promoveu apresentações abertas para estudantes. “É uma iniciativa maravilhosa porque sai um pouco da rotina da escola. (...) O lúdico é muito importante para que os jovens fixem a mensagem que está

sendo passada”, declarou, satisfeita, a professora Rosalina de Rezende Ca-nabarro, da Escola Muni-cipal de Educação Básica São Luiz Gonzaga, em Cachoeiro de Itapemirim. Completaram o roteiro do Teatro a Bordo nesse mês as cidades de Pinheiros e Barra de São Francisco.

Em agosto, foi a vez de con-templar diversas cidades do To-cantins, onde a realidade sociocul-tural está distante do eixo Rio–São

A montagem de Mais vale um asno que me carregue do que um cavalo que me derrube, com a Cia. Teatral Arueiras do brasil, foi uma das atrações do Circuito EDP Teatro a bordo, em Cachoeiro de itapemirim/ES.

Paulo. Em todo o Estado, cuja população estimada é de 1,25 milhão, é raro encontrar uma sala de teatro. Isso, contudo, só aumentou o ânimo dos participantes do

projeto. “É uma satisfação ver o olhar da criança que não tem acesso [à cultura] e a família reunida para assistir. É uma confrater-nização da família”, disse a produtora Talita Berthi.

• No Brasil, mais da metade dos municípios não conta com progra-mas de cultura bancados pelo Estado ou oferecidos gratuitamente por outras instituições, conforme estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). • De acordo com dados do Ministério da Cultura e da Fundação Nacional de Artes, estima-se que 95% da população brasileira nunca esteve em um teatro.

Brasileiros vão pouco ao teatro

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LBV dos Estados Unidos inaugura escritório em Nova York

ManhattanNo coração de

InternacionalDestaque para a sociedade civil

Da redaçãoFotos: Alziro Braga

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A poucas quadras da sede das Nações Unidas (ONU) e do centro financeiro norte- -americano, localização

privilegiada de Manhattan (entre a 5a e a 6a Avenidas), já funciona o novo escritório de representação da Legião da Boa Vontade dos Estados Unidos (Legion of Good Will, LGW) na Big Apple.

Com a inauguração dessa uni-dade, há um fortalecimento na voz da sociedade civil latino-americana

A lbV de Nova York está localizada na 36 West 44th Street (entre a 5a e 6a Avenidas), manhattan, EuA.

A partir da esquerda: o renomado jornalista Gilberto Amaral; o diretor-executivo da Câmara do Comércio brasil–EuA, José Roberto Azevedo; o cônsul-geral do brasil em Nova York, Osmar Chohfi; e Danilo Parmegiani, da lGW.

“Esta é uma etapa importante na expansão das atividades da LBV. O que se espera é que, numa área dos EUA onde há uma comunidade brasileira muito significativa, a LBV possa trazer a sua contribuição aos temas socioeducativos, que são os principais da sua missão, e atender às aspirações dessa comunidade.”

Osmar ChohfiCônsul-geral do Brasil em Nova York

nas questões da ONU, especial-mente no Conselho Econômico e Social (Ecosoc), no qual a LBV possui desde 1999 status consulti-vo geral — o maior reconhecimen-to que uma organização não gover-namental pode alcançar, pois lhe permite apresentar recomendações na agenda de desenvolvimento do organismo, contribuindo assim para a formulação de políticas públicas internacionais, a partir de suas experiências.

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Para o presidente da 60a Con-ferência do Departamento de Informações Públicas (DPI) das Nações Unidas, Richard Jordan, a inauguração do escritório da Instituição em Manhattan sig-nifica uma vitória para o Brasil no cenário internacional. “Sinto muito pela Seleção Brasileira no Mundial [de futebol], mas o me-lhor resultado do país está vindo com a Legião da Boa Vontade!”, disse, referindo-se à eliminação do

selecionado brasileiro na Copa da África do Sul.

Jordan e outras personalidades estiveram presentes na inaugura-

“Dou testemunho do trabalho da LBV como uma organização da sociedade civil credenciada no Ecosoc

[Conselho Econômico e Social das Nações

Unidas], que sempre participa das atividades no conselho, contribui,

divulga o que o Brasil faz nos desenvolvimentos

recentes. Como há dois anos, quando trouxe deputados para falar do zoneamento

agroecológico do Amazonas, que é um tema de relevo,

que desperta muito interesse. Então, quero

desejar a vocês felicidade e que continuem com o bom

trabalho. Contem conosco.”

Maria Tereza MesquitaMinistra da Missão do Brasil na ONU

Ruth Phillips, coordenadora de eventos da Câmara de Comércio brasil–EuA, Dario Campos, vice-cônsul do brasil em Nova York, e Irena Krawtchuk, organizadora do encontro “O Homem do Ano”.

“LBV, no que precisar, por favor, conte comigo! Estamos aqui para ajudar.”

Irena KrawtchukOrganizadora do evento “O Homem do

Ano”

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Aspecto geral da visitação ao escritório da legião da boa Vontade dos Estados unidos (lGW). O novo espaço tem a missão de propagar as boas experiências na área socioeducacional e fortalecer a voz da sociedade civil latino-americana nas questões da ONu.

“Nós olhamos [a parceria] com muito interesse, porque é a primeira vez que a Câmara se associa a um trabalho com uma organização do quilate da LBV. E acho que temos muita coisa a fazer aproveitando esta sinergia (...): melhorar o padrão de vida do Brasil para então melhorar as oportunidades de negócios entre Brasil e EUA.”

José Roberto AzevedoDiretor-executivo da Câmara de

Comércio Brasil–EUA

ção do escritório, em 3 de julho. A abertura oficial ocorreu durante transmissão ao vivo da sessão so-lene do 35o Fórum Internacional da Juventude Ecumênica da Boa Von tade de Deus, comandada pelo diretor-presidente da LBV, José de Paiva Netto.

A ex-presidente do Comitê de Espiritualidade, Valores e Interes-ses Globais de ONGs nas Nações Unidas, Diane Williams, ressal-tou que se emocionou ao passar

pela rua e avistar o coração azul da LGW, descrevendo o que sentiu como uma paz muito forte. Outro amigo de Boa Vontade que com-pareceu ao evento foi Edilberto Mendes, editor-chefe do jornal The BrasilianS.

Além da representação na ONU, o escritório da LBV em Nova York tem por atribuição mobilizar cidadãos nova-iorqui-nos e membros da comunidade internacional para o voluntariado

Da esquerda para a direita: o embaixador Anwarul Chowdhury, ex-subsecretário--geral da ONu; Sharon Hamilton-Getz, presidente e fundadora do World Harmony Council and Forum Harmony Glow Centered business; Uttama Shloka da Iskcon, do movimento Hare Krishna; e Danilo Parmegiani, da lbV.

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nos programas e projetos socio-educacionais empreendidos nos EUA, no Brasil e em mais cinco países (Argentina, Bolívia, Para-guai, Portugal e Uruguai), onde funcionam bases autônomas da Organização.

Para o contador norte-america-no Bill Solli, amigo da LGW há 20 anos, trata-se de um momento es-pecial na trajetória da Obra: “Es-tou muito feliz e orgulhoso de ver e participar dessa inauguração. Acredito que é um grande passo

Legion of Good WillA LGW — nos EUA desde 1986 — possui um Centro Comunitário em

Newark (New Jersey). Lá são promovidos programas nas áreas social, educa-cional e de saúde, os quais contribuem para o desenvolvimento e a melhoria da qualidade de vida de milhares de famílias e pessoas de baixa renda.

A brasileira Luise Keepler, voluntária do Centro Co-munitário da LGW, diz que sempre se emociona quando lembra todo o esforço e dedicação da Instituição em sua ação solidária. “Há muito tempo sou testemunha dessa luta, dessa batalha. E sou testemunha dessa bênção. (...) É uma felicidade imensa estar aqui hoje; quero continuar nesse trabalho maravilhoso de caridade ao próximo.”

para a LGW se fazer presente nes-sa localização privilegiada. Muito mais pessoas, agora, poderão co-nhecer o trabalho da Instituição; é como um novo começo”.

Autoridades levam apoioPouco mais de uma semana

depois da abertura oficial de seu novo escritório no coração de Manhattan, a Legion of Good Will recebeu a ilustre visita de representantes das Nações Unidas, diplomatas, autoridades locais e

líderes da comunidade brasileira em Nova York.

Ali, as autoridades puderam conhecer em detalhes o trabalho socioeducacional da LBV, em es-pecial na América do Sul, e ainda se puseram à disposição para con-tribuir com o avanço dessa ação humanitária. Compareceram o ex- -subsecretário-geral e embaixador Anwarul Chowdhury e o chefe adjunto da Seção de ONGs, Joop Theunissen, ambos da ONU; o diretor da Câmara de Comér-cio Brasil–EUA, José Roberto Azevedo; o cônsul-geral do Brasil em Nova York, dr. Osmar Chohfi; e a ministra Maria Tereza Mesquita, da Missão do Brasil na ONU.

Também visitaram o escritório Airam da Silva, da The Icla da Silva Foundation; a presidente e

fundadora do World Harmony Council and Forum Harmony Glow Centered Busi-ness (Projeto Harmonia e Paz Mundial), Sha-ron Hamilton-Getz;

Dr. Joop Theunissen, chefe adjunto da Seção de ONGs do Ecosoc, falou sobre a importância da legião da boa Vontade na ONu.

O jornalista Gilberto Amaral (E) conversa com o também jornalista Edilberto Mendes, editor-chefe do jornal The BrasilianS na inauguração do novo escritório da instituição dos EuA.

Airam da Silva (E), da The icla da Silva Foundation, com o representante da lbV.

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Visitando o novo escri-tório da LBV em Manhattan, o presidente da 60a Confe-rência do Departamento de Informações Públicas (DPI) da ONU, Richard Jordan, mencionou a BOA VONTADE Mulher, publicação da LBV que ganhou destaque du-rante a Reunião de Alto Nível da ONU (matéria na página 102): “Recebi a revista e mal podia esperar para ler o artigo de Paiva Netto e suas considerações para esta reunião. Em seu livro O Capital de Deus, ele fala da mulher como criadora de uma nova civilização, além do papel de mãe. E o caminho para garantir a universalização do ensino — a meta número dois dos Objetivos do Milênio — é a educação dirigida às mulheres. É muito importante assegurar os cuidados com a saúde materna e com a criança, trabalho pelo qual a Legião da Boa Vontade é tão bem conhecida”.

Richard Jordan participou de uma série de eventos promovidos pela LBV, em março de 2008, no Brasil e na Argentina. Quando de sua passagem pelo Rio de Janeiro/RJ, foi homenageado pelo Coral Ecumênico Infantojuvenil Boa Vontade. “Nunca vi programas, em nenhum lugar do mundo, que fossem tão belamente trabalhados como estes da LBV”, afirmou na ocasião.

LBV dos EUA: 36W 44th Street (entre a 5a e a 6a Avenidas) , Manhattan, Nova York/EUA. Tels.: (+1973) 344-5338 e (+1646) 398-7128. www.legionofgoodwill.org.

Danilo Parmegiani apresenta o trabalho da lbV dos Estados unidos ao sr. Andrew Aberham, vice-presidente da Philips international.

Da esquerda para a direita: Benito Romero, fundador da Casa do brasil-uSA; Sharon Hamilton-Getz; e Danilo Parmegiani.

A voluntária da lbV Natalie Alhonte braga.

o representante do Movimento Hare Krishna Uttama Shloka da Iskcon; o fundador da Casa do Brasil–USA, Benito Romero; o jornalista Edilberto Mendes, editor-chefe do jornal The Brasi-lianS; o vice-presidente da Philips International, Andrew Aberham; o vice-cônsul do Brasil em Nova York, Dario Campos; e a organi-zadora do evento “O Homem do Ano”, Irena Krawtchuk.

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Danilo Parmegiani

E m cerimônia promovida pela Câmara de Comércio Bra-sil–EUA, em 19 de maio, a Legião da Boa Vontade dos

Estados Unidos apresentou a auto-ridades e empresários brasileiros e norte-americanos a ampliação de seu trabalho no país. O destaque ficou para a abertura do novo escri-tório de representação da LBV em Manhattan.

Na ocasião, todos assistiram a um vídeo institucional sobre as atividades realizadas há mais de 60 anos pela LBV em todo o Brasil e no exterior, em favor da população de baixa renda.

Aos convidados, o excelen-tíssimo presidente do Congresso Nacional, ex-presidente do Brasil, renomado escritor e imortal da Academia Brasileira de Letras

Danilo Parmegiani, representante da lbV nas Nações unidas, apresenta vídeo sobre a atuação da legião da boa Vontade na ONu.

LBV é destaque em encontro da câmara de comércio brasil–euA

(ABL), senador José Sarney, res-saltou o amplo trabalho promovido pela Instituição. “Eu apenas quero compartilhar da alegria de todos que trabalham na LBV por esta reunião que estamos realizando aqui na Câmara do Comércio, que agrega mais uma grande Entida-de a esse movimento de pessoas, quase anônimas, em fazer o Bem.”

O parlamentar também des-tacou o Templo da Boa Vontade, monumento mais visitado da capital brasileira: “Quem for a Brasília, compareça lá ao nosso Centro de Meditação, o Templo da Boa Von tade, que é realmente uma obra extraordinária que não se destina a fazer nenhum proseli-tismo religioso, nada disso. É um lugar onde real mente as pessoas se encontram. Principalmente as

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pessoas que mais precisam de Paz encontram-na no Templo da LBV. A própria concepção é uma coisa muito bonita que faz muito bem a todas as pessoas. Basta dizer que uma vez eu cheguei, entrei e quem encontrei lá sentado: o senador Pedro Simon. Isso mostra o que também a Legião da Boa Vontade realiza em congregar as pessoas e fazê-las pensar nos outros. É tão forte que, para sobreviver 60 anos, uma Entidade que se prolonga (passa de um para outro) é porque realmente faz um trabalho extraor-dinário. Fui convidado pelo Paiva Netto há uns 10 anos para que desse meu nome e participasse do Conselho [da Ordem do Mérito da Fraternidade Ecumênica*]. Nunca me arrependi, porque o trabalho que a Legião da Boa Vontade faz

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O jornalista Gilberto Amaral (em pé) explana os ideais da lbV às autoridades presentes. O presidente do Congresso Nacionale imortal da Academia brasileira de letras (Abl), senador josé Sarney, prestigiou o evento.

é extraordinário, sobretudo porque é silencioso”.

Boas-vindas à LBV em Manhattan

O renomado jornalista e colunis-ta do Jornal de Brasília Gilberto Amaral esteve presente na reunião e fez o seguinte registro em artigo da edição do dia 20 de maio do referido periódico:

“Boa Vontade em NY I“A Câmara do Comércio

Brasil–EUA em Nova York pro-moveu ontem um café da manhã para dar as boas-vindas ao novo escritório de representação da LBV, em Manhattan. O diretor- -executivo da LBV, Paulo Duarte Pereira, representou o diretor--presidente da Instituição, José de Paiva Netto.

“Boa Vontade em NY II“Os convidados foram recebidos

pelo presidente da Câmara, John

Landers, pelo diretor-executivo José Roberto Azevedo e por Sér-gio Millerman, responsável pelo evento de hoje à noite no Waldorf Astoria, que homenageia o Homem do Ano, presidente do Banco Cen-tral do Brasil, Henrique Meirelles.

“Boa Vontade em NY III“O presidente do Congresso

Nacional, José Sarney, o cônsul do Brasil em NY, Osmar Chohfi, o vice-cônsul Wladimir Valler Filho, o embaixador Júlio César Santos, o coronel Heitor Souza, o ministro Ruy Amaral foram alguns dos presentes. Na ocasião, todos assistiram ao vídeo dos 60 anos da Legião da Boa Vontade e conheceram o trabalho que essa benemérita Organização, dirigi-da pelo meu amigo Paiva Netto, realiza também em Nova York em parceria com a ONU.

“Boa Vontade na Educação“Quando me foi dada a palavra

para agradecer a realização daque-

* Conselho da Ordem do Mérito da Fraternidade Ecumênica — É composto por um corpo deliberativo que tem como presidente José de Paiva Netto e secretário--executivo Márcio Cotrim. Formado por integrantes de diversos setores da sociedade, o conselho elege os nomes dentre as personalidades propostas pelo público por meio de votação direta, que serão agraciadas com a Comenda da Ordem do Mérito da Fraternidade Ecumênica, honraria instituída pelo ParlaMundi da LBV em 1996. A láurea é concedida anualmente às pessoas que mais se destacam nos serviços fraternos em diferentes segmentos da comunidade brasileira e em âmbito mundial.

le evento, organizado por Sérgio Millerman, e depois de assistir ao vídeo mostrando a Educação que a LBV dá aos menos favorecidos pela sorte, veio-me a lembrança de uma visita que fiz à LBV em São Paulo nos idos de 1990. Convidei o então ministro, hoje deputado, Paulo Renato Souza para ver de perto o trabalho da LBV.

“Lágrimas de emoção“A cada sala visitada, éramos

recebidos por cânticos e expres-sões de carinho dos alunos das mais variadas idades. Derrama-mos lágrimas de emoção ao ver os bebês recebendo das monitoras as mamadeiras, meninos e meninas correndo pelo pátio e as salas de aula muito bem equipadas, onde os jovenzinhos são preparados para o futuro. Na ocasião falei ao ministro: veja como é possível fazer educação de qualidade com a ajuda das pessoas de Boa Vontade. Está aí o exemplo”.

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As ações solidárias e a crescente tomada de consciência de gover-nos e comunidades

para atuar pelo bem comum da co-letividade justificam o otimismo do chefe da Seção de ONGs do Depar-tamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas (UN/DESA), dr. Andrei Abramov, com relação ao cumprimento dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs), conjunto de metas a serem alcançadas até 2015, pela melhoria da qualidade de vida da Humanidade e pela sustentabi-lidade do planeta.

O diplomata é dono de longa carreira, durante a qual assumiu funções administrativas e em tra-balho de campo pela ONU. Faz parte de seu currículo a elabora-ção de políticas, análises e nego-ciações internacionais, inclusive em situações de conflito armado, tendo atuado na promoção da paz no Saara Ocidental, no Líbano, no Haiti e em Angola. Representou o departamento em fóruns inter-nacionais e forças-tarefa. Hoje, é

Fim de prazoONU no Brasil

A menos de 5 anos da data-limite dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, representante da ONU destaca o papel fundamental da sociedade civil para cumprir

o imprescindível acordo

reconhecido pela atuação como oficial no escritório de consulto-ria especial sobre as questões de gênero e avanço da mulher.

Em março deste ano, o dr. Abramov veio especialmente ao nosso país para a série de encontros da Rede Sociedade Solidária, pro-movida pela Legião da Boa Vonta-de no Brasil e em outros países da América Latina (leia reportagem na página 96). O evento tem se nota-bilizado por reunir representantes da sociedade civil, estudiosos e autoridades governamentais em torno do debate de temas sociais e da troca de expe-riências bem-sucedidas na viabilização dos oito Obje-tivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs), um esforço de quinze anos (a partir do ano 2000) para lutar contra a pobreza, a fome e as doenças, com enfoque especial na de-fesa do meio ambiente.

Antes de cumprir a agenda oficial, o representante da

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para viabilizar esse conjunto de metas. Uma das principais tarefas é a erradicação da pobreza. Se incluirmos a China, cerca de 120 milhões de pessoas foram retiradas da miséria; entretanto, se desconsi-derarmos a China, o quadro torna- -se não muito otimista, tampouco animador. Por isso, devemos traba-lhar esses temas mais fortemente. A questão da matrícula no ensino fundamental está avançando na maior parte do mundo, exceto na África Subsaariana. Com relação à igualdade de gênero, estamos distante de alcançá-la. O mesmo ocorre com os ODMs relacionados à mortalidade materna e à saúde.

BV — O que a ONU tem feito para agilizar esse processo?

Abramov — Há muitas regiões em que a Organização das Nações Unidas está atuando. Algumas agências, programas e fundos, a exemplo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e do Fundo de Popula-ção das Nações Unidas (UNFPA), estão trabalhando arduamente para trazer novos métodos, programas e formas de financiamento que auxiliem na erradicação da pobre-za. O UNFPA, assim como outras agências, atua fortemente na ques-tão da mortalidade materna. Com o apoio da Organização Mundial da Saúde, foi criado um programa muito amplo com foco na igual-dade de gênero. Todas as agências da ONU, cada qual em sua área de atuação, estão empenhadas em cumprir a agenda prioritária, visan-do ao empoderamento da mulher. A campanha do secretário-geral da

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O representante da ONu é recepcionado com festa por um grupo de crianças e jovens instrumentistas e pelo Coral Ecumênico infantojuvenil boa Vontade, formado por alunos do instituto de Educação da lbV, na capital paulista. Após a apresentação musical, o dr. Abramov dirige-se aos alunos da escola da lbV e os parabeniza pelo desempenho e pela pronúncia do idioma inglês. Para ele, a música dá uma perspectiva nova de esperança, ressaltando que “a Educação é o caminho certo para tornar essa esperança em realidade”. E completa: “Aprender é sempre difícil, mas traz resultados positivos com possibilidades futuras. Agradeço à LBV por oferecer a vocês esta oportunidade”.

ONU conheceu o Instituto de Edu-cação da LBV, na capital paulista. Nesta entrevista, ele fala das im-pressões que teve dos programas socioeducacionais da Instituição. Também faz um panorama das ações da ONU na concretização dos objetivos do milênio, com destaque para o terceiro: “Promo-ver a igualdade entre os gêneros e autonomia das mulheres”.

BOA VONTADE — Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio talvez sejam o mais audacioso conjunto de metas aprovado por países do mundo inteiro na ONU. A cinco anos da data-limite para o cumpri-mento desses objetivos, quais as possibilidades reais de êxito?

Abramov — Imaginem um bilhão de pessoas saindo da situa-

ção de pobreza, cada criança indo à escola e ainda o trabalho feito com as mulheres, capacitando-as para alcançar a igualdade de gê-nero. É uma ação gigantesca, mas, sem dúvida, possível de ser realiza-da. É preciso apenas compreender o que é vontade política, e acredito que ela — como pude observar na escola da Legião da Boa Vontade — vem da sociedade civil; é uma das grandes lições que estamos aprendendo. Os Estados membros planejam promover em setembro [de 20 a 22] uma conferência de cúpula, a Reunião Plenária de Alto Nível da Assembleia-Geral, com a finalidade de avaliar resultados, de pensar formas de acelerar a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e de criar novos tipos de fundos

ONU no Brasil

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Igualdade de gênero e do Empo-deramento das Mulheres. A LBV organizou uma série de encontros e workshops com abordagem crítica em torno desse assunto, de grande relevância para as Nações Unidas e de enorme interesse dos países membros. Esses eventos contribuirão de forma significativa para as futuras agendas do Ecosoc.

BV — Como a ONU vê o papel da América Latina nessas questões?

Abramov — Devo dizer que, se existem progressos, com certeza, muitos deles podem ser observa-dos na América Latina, apesar da crise econômica, social, energé-tica e alimentar. Os países latino- -americanos muito têm feito para tirar as mulheres da situação de po-breza, combater a violência contra elas, e estão promovendo uma série de ações em prol da empregabilida-de feminina. Estou otimista acerca

da liderança desses países no esfor-ço pela igualdade de gênero.

BV — A “feminização da pobreza” é um dos temas de sua palestra no fórum promovido pela LBV...

Abramov — Infelizmente, a feminização da pobreza ainda existe, não obstante os esforços dos governos. Há planos de ação de abrangência nacional sendo exe-cutados, novas legislações em vigor, as quais asseguram às mulheres a herança de terras, de propriedades, o acesso a financiamento e ao crédi-to. Ainda assim, há muitas lacunas que temos de preencher.

BV — Como combater a violência contra as mulheres?

Abramov — É provável que não exista um programa capaz de pôr fim a esse tipo de violência. O que vi hoje na escola da LBV provavelmente seja o caminho, pois é um programa amplo, que começa na escola e segue adiante. Envolve o cumprimento de leis e a aplicação de políticas que ten-tam pôr fim à violência contra a mulher. Trata-se da Educação, de melhorar, de diversas formas, a situação social do sexo feminino na sociedade e de incluir homens e meninos nesse problema de es-cala mundial. Uma em cada três mulheres, ao longo da vida, sofre violência, e esta realidade está presente em países desenvolvidos e emergentes, atingindo ricos e pobres. Portanto, acredito que só com programas abrangentes, como os que são desenvolvidos pela Legião da Boa Vontade, é que poderemos acabar com esse mal.

No rio de janeiro/rj, o dr. Abramov elogiou o método educacional aplicado a crianças, jovens e adultos: a Pedagogia do Afeto (direcionada à infância, até os 10 anos de idade) e a Pedagogia do Cidadão Ecumênico (a partir dos 11 anos), criadas por Paiva Netto. uma proposta educacional pioneira, cujo lema é: “Aqui se estuda. Formam-se Cérebro e Coração”.

ONU, Ban Ki-moon, Unidos para acabar com a violência contra mu-lheres é particularmente importante como um catalisador para a união dos povos em prol da erradicação dessa violência.

BV — Qual o principal objetivo desta visita oficial ao Brasil e à Argentina?

Abramov — Gostaria de des-tacar o nosso relacionamento estratégico com a Legião da Boa Vontade, que se intensifica a cada ano. A LBV contribui muito com o Departamento de Assuntos Sociais e Econômicos da ONU ao criar programas que vão ao encon-tro da agenda do Ecosoc; quando apresenta suas considerações por meio de discursos ou relatórios; e ao participar anualmente de diversas atividades ligadas ao tema estabelecido pelo departa-mento. Neste ano, trataremos da

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BV — Como alcançar a igualdade de gênero, por exemplo, no am-biente de trabalho?

Abramov — Essa questão apresenta muitos aspectos. Não existe um programa específico para lidar com isso; contudo, são necessárias leis que esta-beleçam a igualdade, além de mecanismos que garantam o cumprimento dessas leis e polí-ticas que promovam a igualdade dos salários entre homens e mulheres. Realmente, é preciso criar essa infraestrutura, capaz de propiciar à mulher condições para trabalhar e, ao mesmo tem-po, cuidar da família. Vejo que os programas da LBV seguem essa ampla abordagem, que pode ser observada no fato de as crianças permanecerem na escola por longo período e terem uma exce-lente educação, ao mesmo tempo em que são dadas condições às mães de trabalhar.

BV — De que forma as organi-zações da sociedade civil têm colaborado com a ONU para o avanço dessas questões?

Abramov — Eu diria que elas não são apenas o coração, mas também o motor que impulsiona a igualdade de gênero. E digo isso com humildade, porque, verdadei-ramente, são as organizações, as associações e os grupos de mulhe-res que estão na vanguarda dessa iniciativa. Elas é que trabalharam arduamente no Programa de Ação de Pequim e na Declaração de Pe-quim [China] para uma campanha dirigida a acabar com a violência contra a mulher; elas estão na vanguarda de diversas iniciativas.

BV — E os próximos passos dessa articulação entre a ONU e a sociedade civil organizada?

Abramov — Penso que se trata de relacionamento recíproco, as respostas não podem vir de um

lado apenas. Creio que o maior desafio seja intensificar as ações para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, tentar mobilizar bases e recursos internos e externos e ver o que de fato funciona. A Legião da Boa Von tade tem essa experiência, e várias de suas boas práticas po-deriam ser reproduzidas em outros países, aplicadas em uma escala maior. Portanto, acredito que o nosso papel nas Nações Unidas é propagar no mundo esses bons programas e encontrar meios de levá-los ao conhecimento dos Estados membros, fazendo-os alcançar uma dimensão maior.

BV — Para a LBV, a Educação com Espiritualidade Ecumênica é um poderoso instrumento de transformação social, inclusive na questão da igualdade de gênero...

Abramov — Acredito que a educação é a chave e está na

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agradecer, em primeiro lugar, à Legião da Boa Vontade este con-vite e a oportunidade de conhecer este lindo país, tão diferente, tão singular. Tem como vocação a miscigenação e, ao mesmo tempo, carrega uma identidade inconfundível, dando ao mundo um bom exemplo e mostrando o que pode ser alcançado, em um prazo relativamente curto, através da democracia, da participação da sociedade civil e da Boa Vontade das pessoas.

O instituto de Educação josé de Paiva Netto, da lbV, em São Paulo/SP (na imagem, o pátio), demonstra que Educação de qualidade, Solidariedade e a indispensável Espiritualidade Ecumênica são as chaves do êxito da Pedagogia do Afeto e da Pedagogia do Cidadão Ecumênico, preconizadas por Paiva Netto. Na fachada do instituto (no local assinalado), o dirigente da instituição fez colocar esta máxima de Aristóteles: “Todos quantos têm meditado na arte de governar o gênero humano acabam por se convencer de que a sorte dos impérios depende da educação da mocidade”.

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O conjunto educacional da legião da boa Vontade na capital paulista está localizado na Av. rudge, 630 e 700, bom retiro, tel.: (11) 3225-4500.

base do que estamos fazendo. Se conseguirmos educar as pessoas, daremos a elas as ferramentas, as metodologias e a verdadeira esperança, tornando isso uma reali dade. Creio que a Educa-ção, que será o tema principal da reunião do Ecosoc no ano que vem, é crucial, razão pela qual está presente em cada Objetivo de Desenvolvimento do Milênio. Sem a Educação, sem mulheres instruídas, não há como formar famílias saudáveis, sociedades

produtivas. Acredito na forte relação entre a Educação e o cumprimento dos ODMs. Por isso, no próximo ano, espero que a Legião da Boa Vontade esteja na vanguarda do movimento da sociedade civil para levar a Educação a um nível superior e torná-la, de fato, o cerne de cada processo governamental.

BV — Que recado deixaria aos brasileiros?

Abramov — Gostaria de

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O diretor-presidente da Le-gião da Boa Vontade, José de Paiva Netto, recebeu no dia 20 de março, em

seu gabinete na regional da Insti-tuição no Rio de Janeiro/RJ, o dr. Andrei Abramov, chefe da Seção de ONGs do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas (UN/DESA). O cordial encontro coroou a série de viagens oficiais do represen-tante da ONU à América Latina para participar do 7º Fórum Inter-

O representante da ONu, dr. Andrei Abramov (E), é recebido por Paiva Netto e sua esposa, dona lucimara Augusta, no rio de janeiro/rj.

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Representante das Nações Unidas relata ao dirigente da LBV a alegria em conhecer o trabalho socioeducacional da Instituição

Encontro cordialsetorial Rede Sociedade Solidária, da LBV.

Durante a descontraída con-versa, Paiva Netto rememorou a história da Instituição, que em 1º de janeiro de 2010 (Dia da Confraternização Universal) celebrou 60 anos de realizações em benefício e pela valorização do Ser Humano e de seu Espírito eterno.

Nesse contexto, o dirigente da Instituição apresentou ao dr. Abramov um resumo dos de-

safios que enfrenta para manter uma obra do porte da LBV (uma das maiores organizações da sociedade civil do planeta). Só no Brasil, para se ter uma ideia do grandioso impacto das ações da Organização, foram em 2009 mais de 8 milhões de atendi-mentos prestados a cidadãos de baixa renda, conforme o balanço social da LBV, auditado pela Walter Heuer (auditores externos independentes), por iniciativa do diretor-presidente da Instituição,

ONU no Brasil

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(1) O dr. Abramov visita o Templo da boa Vontade, em brasília/DF, e (2) cumpre agenda oficial na lbV da Argentina.

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medida esta praticada muito antes de a legislação exigi-la.

Além de mostrar-se bastante impressionado com as realizações administrativas de Paiva Netto no comando da Obra, o representan-te da ONU enalteceu a versatili-dade do dirigente da LBV, cujo talento para a comunicação e a arte faz dele, escritor, jornalista, radialista, poeta e compositor.

O anfitrião conversou com o dr. Abramov sobre a Rússia, país de origem do visitante. Mencionou o importante legado cultural daquela nação para a música clássica. Em especial, salientou o trabalho de consagra-dos compositores, a exemplo de Sergei Prokofiev, Tchaikovsky e Aleksandr Borodin.

LBV faz bem ao povo!O dr. Abramov foi além da

apertada agenda de compro-missos como representante das Nações Unidas no 7º Fórum Intersetorial Rede Sociedade Solidária, da LBV. Reservou

parte do tempo para aprofundar seu conhecimento sobre as ações socioeducacionais da Instituição em São Paulo/SP, Buenos Aires (Argentina), Brasília/DF e Rio de Janeiro/RJ.

Satisfeito com o que viu, o representante da ONU com-partilhou com Paiva Netto o que sentiu diante do trabalho empreendido pela Legião da Boa Vontade. Disse que chamou sua atenção o fato de a Obra instalar unidades em locais onde há extrema necessidade e altas demandas nas áreas de saúde e educação. Apontou o exemplo do Centro Educacional, Cultural e Comunitário da LBV na capital fluminense, o qual vi-sitou durante a realização de um Mutirão da Cidadania e Saúde. Lá, o dr. Abramov acompanhou a qualidade do atendimento ofe-recido diariamente a crianças e jovens das comunidades de baixa renda do entorno: favelas do Guarda, do Jacarezinho, do Par-que Evereste, da Nova Brasília,

“Vejo que os programas da LBV seguem essa ampla

abordagem, que pode ser observada no fato de as

crianças permanecerem na escola por longo período e terem uma excelente

educação, ao mesmo tempo em que são dadas condições às mães de trabalhar. (...) Espero que a Legião da Boa Vontade

esteja na vanguarda do movimento da sociedade civil para levar a Educação a um nível superior e torná-la, de

fato, o cerne de cada processo governamental.”

Dr. Andrei AbramovChefe da Seção de ONGs do Depar-tamento de Assuntos Econômicos e

Sociais das Nações Unidas (UN/DESA).

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de Manguinhos, do Parque União de Del Castilho, do Complexo do Alemão, da Águia de Ouro e da Comunidade de Escol. O repre-sentante da ONU também ficou impressionado com o fato de a Legião da Boa Vontade atender mensalmente, somente nessa unidade, mais de 2 mil famílias.

Referindo-se à oportuna ob-servação do representante da ONU, o jornalista Francisco Periotto, assessor geral da pre-sidência da LBV, ressaltou que é antiga a determinação de Paiva Netto, aos administradores da Instituição, para que a escolha do local de construção das unidades socioeducacionais da Legião da Boa Vontade seja por regiões onde atendam a população de baixa renda, pois, para o diri-gente da LBV, deve ser dado ao povo um atendimento de ponta, com a melhor qualidade possí-vel, sempre.

Já em Nova York, o dr. Abramov enviou missiva ao diretor-presi-dente da LBV, na qual destaca:

“Minha missão, a convite da Legião da Boa Vontade, (...) pro-porcionou-me uma experiência em primeira mão de como lidar

presente onde o povo precisa!

RIO DE JANEIRO/BRASIL

com ONGs brasileiras e de outros países latino-americanos, bem como com brasileiros de diferen-tes segmentos e vivências — uma oportunidade única para ouvir as suas preo cupações e colaborar na busca de soluções criativas para os desafios que enfrentam.

“As conferências de que par-ticipei estabeleceram metas rea-listas e estratégicas para realizar uma análise das iniciativas de mulheres na erradicação da pobreza, na eliminação da vio-lência, no emprego e em outras áreas; melhorar a capacidade das mulheres para responder à pobreza e ao analfabetismo e in-tercambiar modelos de melhores práticas. Muitas dessas recomen-dações encontraram seu caminho em uma declaração por escrito preparada pela Legião da Boa Vontade para a Reunião de Alto Nível do Ecosoc 2010.

“Em particular, gostaria de saudar a ênfase do senhor na educação de crianças e mulhe-res de áreas urbanas pobres. Espero continuar participando e contribuindo com o trabalho da Legião da Boa Vontade nestes e em outros campos”.

É antiga a determinação de Paiva Netto, aos administradores da LBV, para que a escolha do local de construção das unidades socioeducacionais da Legião da Boa Vontade seja por regiões

onde atendam a população de baixa renda, pois, para o dirigente da LBV, deve ser dado ao povo um atendimento de

ponta, com a melhor qualidade possível, sempre.

ONU no Brasil

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Visite, apaixone-se e ajude a LbV! No Rio de Janeiro/RJ, o centro educacional, cultural e comunitário José de Paiva Netto está localizado na Av. dom Hélder câmara, 3.059 — del castilho. Para outras informações, ligue: (21) 2501-0247.

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COMUNIDADES:(1) Águia de Ouro;

(2) Parque União de Del Castilho;

(3) Complexo do Alemão; (4) Nova Brasília;

(5) Comunidade de Escol; (6) Parque Evereste;

(7) Guarda; (8) Jacarezinho e (9) Manguinhos.

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Segundo estudo do Institute for Health Metrics and

Evaluation (IHME), da Universidade de Washington

(EUA), o progresso é visível. Em 1970, 39 países

apresentavam taxa de mortalidade infantil superior

a 200 mortes a cada 1.000 nascimentos. Em 1990,

portanto, duas décadas depois, esse número caiu

para 12 países e, em 2010, não há nenhum país com

índices tão altos.

A notícia é animadora: em todo o mundo caíram as taxas de mortalidade infantil. Esse avanço, porém, foi desigual.

Anualmente, cerca de 11 milhões de crianças ainda morrem antes de completar 5 anos de idade. E o mais grave é que as mortes pode-riam ser evitadas. Entre as causas estão as doenças respiratórias, a diarreia, o sarampo e a malária, de acordo com o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desen-volvimento).

O desafio é global, e as dificul-dades, maiores em países e regiões com servi-

ços básicos de saúde ineficientes ou precários. No Brasil, por exemplo, é grande a disparidade: o risco de crianças pobres falecerem é duas vezes maior em relação às conside-radas ricas. Por região, o Nordeste apresentou a queda mais acentuada no número de mortes nessa faixa etária, mas ainda representa quase o dobro da média nacional, segundo o relatório Situação Mundial da In-fância 2008, do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).

Mesmo assim, há o que co-memorar: estudo publicado

recentemente na revista médica The Lancet

mostrou que a taxa de mortalidade

infantil bra-

sileira caiu 61,7% nos últimos 20 anos — passou de 52,04 mortes em cada 1.000 nascimentos em 1990 para a média de pouco mais de 19 óbitos em 2010.

Futuro promissorCom essa expressiva melhora

no quadro social, o Brasil sobe nove posições no ranking inter-nacional de baixa mortalidade infantil nas últimas duas déca-das e está próximo de cumprir o quarto dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, da ONU: reduzir até 2015 em dois terços a mortalidade de crianças com menos de 5 anos de idade. Todavia, não se trata de tarefa simples. O caminho para alcançar a meta depende de um conjunto bastante variado de medidas, recursos, políticas e projetos dirigidos não só às crianças, mas também às famí-lias e às comunidades. É esse

entendimento mais amplo das necessidades do povo que

caracteriza o trabalho da Legião da Boa Vontade,

Programas sociais contribuem para a queda do índice em áreas com população de baixa renda

Mortalidade infantil cai 61%

Acontece no BrasilAvanços nos ODms

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“Meu bebê e eu somos eternamente gratos à LBV

pela atenção concedida a nós. Desejo que

outras pessoas também possam desfrutar desse

lindo programa. Tudo de bom a todos os que

fazem parte disso”, disse a gestante Isaura Consuelo, ao lado do esposo, Fábio Araújo, que carrega o enxoval

entregue pela instituição em São Gonçalo, rio de

janeiro/rj.

O QUE SÃO OS ODMs?

Durante a Cúpula do Milênio, em 2000, a ONU estabeleceu um conjunto de metas a serem alcança-das até 2015 com vista a melhorar a qualidade de vida da Humanidade e garantir a sustentabilidade do pla-neta. Esse desafio global diante dos maiores problemas mundiais ficou conhecido como os oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs). Ao todo, 191 países as-sinaram o acordo, que prevê, por exemplo, a redução da mortalidade infantil em 75% até 2015, com base nos índices de 1990.

uma das maiores organizações brasileiras da sociedade civil.

Exemplo desse tipo de ação é o programa Cidadão-Bebê, aplicado desde 1996 nos centros comunitá-rios e educacionais da LBV. Ele parte do princípio de que a melhor forma de garantir a saúde da mãe e da criança é promover ações preventivas antes ou no início da gestação.

Na LBV, é ensinada a maneira correta de dar banho no bebê, bem como a higiene bucal e a receita do soro caseiro. As mães também passam pela puericultura, em es-pecial a pesagem e vacinação da criança, e assistem a palestras sobre primeiros socorros e cuidados em casa. O programa oferece, ainda, acompanhamento detalhado do de-senvolvimento da criança até 1 ano de idade, com visitas domiciliares e análise da realidade da família com a assistente social, encami-nhamentos para a rede de serviços e auxílio-alimentação.

De Cascavel, no Paraná, Cleonice Freitas (na foto com o filho, de 9 meses) conta que foi apa-nhada de surpresa quando soube da gravidez. “A assistente social da LBV me convidou para participar do grupo de gestantes, e foi muito bom para mim; tinha inclusive psicólogas que me ajudaram muito em tudo. (...) Aprendi a ter mais Amor pelas pessoas, eu era até meio ignorante. Mas, graças a Deus, através da LBV, aprendi a ter amor-próprio e mais respeito aos outros também”.

A esses milhares de famílias atendidas todos os anos, em situa-ção de risco social ou de camadas

de baixa renda, é dada a opor-tunidade de um desenvolvimento saudável para o corpo, a mente e o Espírito, por meio de atividades que colaboram para a redução da mortalidade e da desnutrição materna e infantil.

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Empoderamento femininoONU Mulheres

com a ONu mulheres, as Nações unidas esperam dar maior apoio à igualdade de gênero

Fonte: rádio ONu

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A Reunião de Alto Nível do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (Ecosoc), edição 2010, mar-

ca a criação da ONU Mulheres — Entidade para a Igualdade de Gênero e Capacitação Feminina, que estará em pleno funciona-mento operacional em janeiro de 2011. O objetivo central do encontro, ocorrido em Nova York/EUA, entre 28 de junho e 2

A publicação em português da revista da lbV é entregue à ministra Nilcéa Freire, da Secretaria de Política para as mulhe-res do brasil.

Victor Bodiu, ministro de Estado da moldávia, recebe a mensagem ecumênica da legião da boa Vontade.

Dr. Hamidon Ali, presidente do Conselho Econômico e Social da ONu, recebe a revista bOA VONTADE mulher das mãos de Rosana Bertolin.

Dra. Albaneide Peixinho (D), coordena-dora-geral do Programa Nacional de Ali-mentação Escolar, um dos programas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação do governo brasileiro, recebe a publicação ecumênica da lbV.

Don Bundy, especialista em Saúde Escolar, Nutrição e HiV/AiDS & Educação do banco mundial, folheia a revista bOA VONTADE mulher, em inglês.

Na sala de conferências da ONu, Moushira Mahmoud Khattab, ministra de Estado para a Família e a População do governo do Egito, ao lado de José Gabriel Periotto Paes, da lbV.

de julho, foi concentrar esforços pela igualdade de gênero, a fim de que a declaração final incluís-se um compromisso e fixasse metas específicas. Todavia, a expectativa dos participantes foi superada. “ONU Mulheres vai aumentar significativamente os esforços da ONU para promover a igualdade de gênero, expandir as oportunidades e combater a discriminação em todo o mundo”,

disse o scretário-geral da Organi-zação, Ban Ki-moon.

Com a criação da nova agência — resultado da fusão de outros quatro organismos, incluindo o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem) — será possível uma atuação direta na questão da igualdade de gênero, com foco na capacitação feminina. Para a vice-secretária-geral da ONU,

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Após palestras na sala de conferência da ONu, rosana bertolin cumprimenta a sra. Valentina Bodrug-Lungu, presidente da Gender Center em moldávia.

Durante o evento, o dr. S. B. Karmakar, presidente da ONG in’tl Com’tee For Arab-israeli reconciliation, recebe das mãos de josé Gabriel Periotto Paes a revista bOA VONTADE mulher.

Fábio Farias, membro da delegação do brasil na ONu, folheia a publicação da lbV.

Sibi Lawson-Marriott (D), diretora de relações exteriores da World Food Programme (WFP), agência da ONu, exibe a revista bOA VONTADE mulher, em inglês.

rosana bertolin confraterniza com a sra. Margaret Ndanyi, chefe do departamento de Escola, Saúde e Nutrição do ministério da Educação do governo do Quênia.

Asha-Rose Migiro, “a nova enti-dade vai dar a mulheres e meninas uma voz única na arena mundial”.

Na avaliação de Migiro, a ONU Mulheres deverá “reforçar a coe-rência do sistema das Nações Uni-das sobre questões de gênero e em relação aos esforços de partes que continuam trabalhando para esses objetivos”. A partir desse único or-ganismo, espera-se um apoio inter-governamental para a formulação de políticas e o auxílio aos Estados membros, para que realizem, entre outras questões, parcerias com a sociedade civil.

Boas práticas e recomendações

Na reunião de 2010 foi apre-sentado relatório com propostas, recomendações e exemplos de tecnologias sociais inovadoras, praticadas pela Legião da Boa Von tade — que desde 1999 possui status consultivo geral na ONU —, e capazes de serem

aplicadas também em diferentes contextos pelo mundo. Elaborado especialmente para o evento, o documento é fruto de encontros intersetoriais na América Latina com o suporte do Departamen-to de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU e o apoio do Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC-Rio) [ver especial na página 108].

No último dia da Reunião de Alto Nível do Ecosoc, 2 de julho, a Legião da Boa Vontade foi convi-dada a compartilhar suas experiên-cias na promoção de programas e projetos socioeducacionais diri-gidos às mulheres. A UN/Habitat, órgão da ONU responsável pelo assunto habitação, convidou ainda ministros, embaixadores e autori-dades de delegações oficiais para o Café da Manhã Ministerial sobre “Igualdade de gênero e combate à pobreza em áreas urbanas”.

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A publicação da lbV também é entregue à senhora Agnès Bonavita Faure, da Cooperación internacional do uruguai.

Vladimir V. Chernigov, diretor adjunto do ministério da Agricultura da rússia, recebe a revista bOA VONTADE mulher.

Fabrice Heyriès, diretor-geral da Cohé-sion Sociale, órgão ligado ao governo francês, e rosana bertolin.

LBV se pronuncia a delegações internacionais

A Instituição representou a sociedade civil — ao ser indicada pelo Ecosoc entre as suas mais de três mil organizações cadastradas — para discursar às delegações oficiais presentes no Café da Manhã Ministerial, no dia 2 de julho. O representante da Legião da Boa Vontade na ONU, Danilo Parmegiani, discorreu sobre os programas socioeducacionais que a Organização desenvolve no Brasil e no exterior, que visam promover a igualdade entre os gêneros.

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O representante da Instituição na ONU, Danilo Parmegiani, deu vários exemplos de ações promovi-das no Brasil e em mais quatro paí-ses da América Latina (Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai). Ao final, a co-organizadora da reunião, a ministra brasileira Nilcéa Freire, da secretaria Especial de Política para as Mulheres, parabenizou o conteúdo da revista BOA VON-TADE Mulher.

A Reunião de Alto Nível do Ecosoc, ou High-Level Segment, é realizada anualmente na sede da ONU, em Nova York, para avaliar os progressos verificados na aplicação dos Oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs).

A LBV elaborou um relatório incluindo propostas e recomen-dações dos participantes, bem como exemplos de tecnologias sociais inovadoras, praticadas pela Instituição, e capazes de serem replicadas. O documento foi traduzido e recomendado pela ONU nos seus seis idiomas ofi-ciais — árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e russo.

O documento encaminhado pela LBV ao High-Level Segment da ONU está disponível na internet: http://documents.un.org/mother.asp.

PortuguêsinglêsFrancêsEspanhol

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As senhoras Queen Mother Blakely (E), da New Future Foundation, inc Harlem Women international, e Patreinnah Acosta-Pelle (D), assessora executiva da mesma fundação, recebem a revista bOA VONTADE mulher, em inglês, e os cumprimentos de rosana bertolin, da lbV.

À direita, rosana bertolin apresenta à dra. A. A. Nwaka (E), chefe da Federal road Safety Corp, da Nigéria, e Cecilia C. Ejindu, diretora do departamento dos Objetivos de Desenvolvimento do milênio do mesmo órgão (ao centro), a publicação especial da lbV sobre o trabalho que a instituição realiza há seis décadas em favor da igualdade e da valorização da mulher.

Status da MulherComissão da ONU discute

Quinze anos depois da De-claração e Plataforma de Ação de Pequim (1995), na qual representantes de

189 países reuniram-se para dis-cutir Igualdade, Justiça e Direitos Humanos à luz da perspectiva de gênero e do reconhecimento da desigualdade entre homens e mulheres, um novo encontro nas Nações Unidas avaliou os avanços obtidos nesse período.

A 54ª Sessão da Comissão sobre o Status da Mulher (CSW, sigla em inglês), realizada de 1º a 12 de março, na sede da ONU, em Nova York (EUA), também considerou os resultados dos dez anos da 23ª

Sessão Especial da Assembleia- -Geral das Nações Unidas (2000).

O evento serviu ainda para a realização de uma série de ati-vidades destinadas a fomentar a troca de experiências e boas práticas no empoderamento da Mulher, principalmente no que se refere à identificação de desafios e à formulação de políticas con-cretas de promoção da igualdade de gênero — que, vale lembrar, é um dos oito Objetivos de Desen-volvimento do Milênio.

LBV defende projetos de valorização da Mulher

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movidos pelas Nações Unidas, a Legião da Boa Vontade, que possui status consultivo ge-ral no Conselho Econômico e Social da ONU (Ecosoc), tem participação efetiva. Neles, apresenta a chefes de governos e organizações da sociedade civil e ao público sua experiên-cia nos temas em debate, por meio dos projetos e programas socioeducacionais que desen-volve no Brasil e em outros países. Exemplo disso são as ações de valorização de mulhe-res e meninas, o que colabora para a erradicação da violência contra o sexo feminino, já que

elas contam com o suporte psi-cológico, jurídico, alimentar e social. Ao mesmo tempo, essas ações favorecem a harmonia familiar, pois são transmitidos às mulheres e meninas atendi-das valores éticos universais e a importância de vivenciá-los.

“A bandeira da Instituição fundamenta-se ecumenicamente no Novo Mandamento de Jesus — ‘Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei’ (Evangelho segundo João, 13:34) — porque o Amor é a maior força capaz de promover a Fraternidade, o companheirismo, a igualdade, o respeito mútuo e outros valores

(1) O dr. Richard Jordan, presidente da 60a Conferência do Departamento de infor-mação Pública (DPi) da ONu sobre os impactos das mudanças climáticas, destacou a qualidade da publicação especial da lbV, confidenciando ao representante da instituição no evento, Danilo Parmegiani, que primeiro leria o artigo do jornalista Paiva Netto, intitulado “O milênio das mulheres”. (2) A diretora-executiva do re-tage Centre da Nigéria, dra. M. J. Sokomba, acredita que a ideia de Sociedade Solidária apresentada pela lbV “colabora na construção da Paz e para resolver conflitos”. E completa: “(…) Se você está caminhando em direção à Solidariedade, então, não está trabalhando sozinho, mas em parceria com outras pessoas, no nível familiar, comunitário, nacional e internacional; assim você constrói pontes”. (3) Na África, Fadila Halifi, da Associação pelos Direitos da mulher do marrocos, acolhe mulheres vítimas de violência sexual com orientação psicológica e de saúde femi-nina. Assim como a lbV, a ativista africana acredita que a erradicação desse pro-blema passa pela conscientização das novas gerações. “Vocês estão caminhando bem quando oferecem às crianças uma educação baseada no Amor, valorizando o papel da Mulher nesse processo. O trabalho da LBV é importante porque traz o princípio de igualdade de gênero”.

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essenciais para a convivência”, aponta a LBV em documento encaminhado à ONU e com ver-sões nos seis idiomas oficiais das Nações Unidas (árabe, chinês, espanhol, inglês, francês e russo).

Os participantes do encontro receberam a BOA VONTADE Mulher (disponível em portu-guês, espanhol, francês e inglês), publicação especial em que está registrada a mensagem ecumêni-ca do diretor-presidente da LBV, José de Paiva Netto: “O Milênio das Mulheres”, acompanhada de um tributo a personalidades fe-mininas, anônimas ou famosas, que deixaram sua contribuição

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para um mundo mais feliz e solidário.

Atrizes americanas recebem a BOA VONTADE Mulher

As consagradas atrizes Meryl Streep e Sarah Jones estiveram na 54ª Sessão da Comissão sobre o Status da Mulher das Nações Unidas. Na ocasião, Meryl (ga-nhadora de duas estatuetas do Oscar) recebeu de Conceição de Albuquerque, uma das represen-

Sr. Garen Nazarian, Embaixador da Armênia na ONu e Presidente da Conferência sobre o Status da mulher, com Adriana Rocha, da lbV.

A presidente do grupo Futuro de Telecomunicações, sra. Maria Hinojosa, com Sandra Fernandez.

Danilo Parmegiani com a sra. Bernice Cousins, do Comitê de Espiritualidade, Valores e interesses Globais.

Shirin Ebadi, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz em 2003 e ativista internacional dos Direitos Humanos, com Mariana Malaman, da lbV.

Sandra Fernandez, com a sra. Victorine Odounlami, presidente do Comitê inter-africano (iAC) de benin.

mariana malaman com as senhoras Maysoon Al-Darawsheh (E) e Abeer Al Akras (C), da Coligação de Organizações islâmicas (CiO).

Danilo Parmegiani com a sra. Faustina F. Inglês de Almeida Alves – Deputada da 7a Comissão – Secretária do Grupo de mulheres Parlamentares da Assembleia Nacional da república de Angola.

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tantes da LBV no evento, a edição em inglês da BOA VONTADE Mulher. Agradecida, demonstrou interesse em ler o documento da Instituição, especialmente para conhecer as recomendações sobre a igualdade de gênero.

Estrela da Broadway, Sarah Jones, com igual simpatia, co-mentou a mensagem da Legião da Boa Vontade. Contente por querer saber mais a respeito da LBV, ressaltou: “Vou aprender o português!”.

ONU Mulheres

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Sandra Fernandez, com a sra. Isolda Heredia de Salvatierra, do Observatório Venezuelano dos Direitos Humanos das mulheres.

Danilo Parmegiani, da lbV, com a sra. Sare Gómez, da ONG Dialogo mujer (Diálogo mulher) da Colômbia.

Atrizes de Hollywood e da broadway recebem a re-vista bOA VONTADE mulher. À esquerda, a estrela Sarah Jones, e à direita, a premiada Meryl Streep.

Sheba George (E) e ruth manorama (D), representantes da Aliança Nacional de mulheres da Índia. Ao centro, Conceição de Albuquerque, da lbV.

representantes da lbV com grupo de mulheres, de ONGs de Taiwan e Coreia.

A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, recebe a publicação do representante da lbV no evento, Celso de Oliveira. À direita, o ilustre reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, sr. José Vicente.

Hillary Clinton com a revista BOA VONTADE

MulherCumprindo agenda oficial no

Brasil, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, recebeu em 3 de março, em São Paulo/SP, exemplar em inglês da revista BOA VONTADE Mulher. A representante dos Estados Unidos folheou a publicação e deteve-se na mensagem do diretor-pre sidente da LBV, José de Paiva Netto, intitulada “O Milênio das Mulheres”, na qual o jornalista destaca a importância da Alma feminina na resolução dos problemas mundiais. A dra. Hillary esteve no auditório da Faculdade Zumbi dos Palmares, onde respon-deu a perguntas de universitários e professores que prestigiaram o encontro nesse centro de ensino paulistano, para o qual a LBV foi convidada.

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Estrela da Broadway, Sarah Jones, com simpatia, comentou a mensagem da Legião da Boa Vontade. contente por querer

saber mais a respeito da LbV, ressaltou: “Vou aprender o português!”.

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Uma sociedade maisigualitária

e fraternaAvanços consideráveis

foram alcançados pelas mulheres nas últimas décadas, fruto da cons-

cientização e do amadurecimento da sociedade como um todo e, principalmente, pelo fato de a própria mulher ter lutado pela afirmação de seus direitos e da sua capacidade realizadora.

Importante passo para essa defesa, a 4ª Conferência Mundial sobre as Mulheres foi realizada pelas Nações Unidas no ano de 1995, em Pequim, na China. O evento deixou claro como é im-portante haver progresso na parti-cipação feminina no parlamento e no poder executivo dos governos. Quinze anos depois, relatório

divulgado pela União Interpar-lamentar, UIP, em conjunto com o Mapa das Mulheres na Política em 2010 — durante a 54ª Sessão da Comissão sobre o Status da Mulher, na sede da ONU, em Nova York, EUA, entre os dias 1o e 12 de março —, mostrou que a média global de mulheres parla-mentares atingiu 18,8%, aquém da meta de 30% pretendida pela Conferência de Pequim, mas que, ao mesmo tempo, representou aumento de 7,5% em relação a 1995, quando a taxa era de 11,3%. No executivo, o avanço foi mais lento: apenas nove mulheres entre 151 chefes de Estado eleitos, ou seja, apenas 6% do total mundial.

No entanto, contrariando essas

boas expectativas, ainda segundo a Organização das Nações Uni-das, mais de 70% das pessoas em situação de pobreza no mundo são mulheres. Outro dado preocupan-te, apontado pelo secretário- -geral da ONU, dr. Ban Ki-moon, exatamente no Dia Internacional da Mulher (8 de março), é que até 70% das mulheres sofrem algum tipo de violência ao longo da vida, na maioria ataques de parceiros.

Fórum intersetorial pela valorização da Mulher

Cada vez mais a sociedade civil organizada tem se engajado em articular ações para impedir que a injustiça e a discriminação

Nações UnidasEmpoderamento da mulher

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Evento promovido pela LBV, em parceria com a ONU, discute em nove cidades latino- -americanas ações pela igualdade entre os gêneros e a autonomia das mulheres.

contra a mulher se perpetuem. Exemplo disso deu-se com o 7º Fórum Intersetorial Rede So-ciedade Solidária — 4ª Feira de Inovações em Suporte à Revisão Ministerial Anual do Conselho Econômico e Social (Ecosoc), órgão da ONU. Realizada pela Legião da Boa Vontade, com o apoio do Departamento de As-suntos Econômicos e Sociais da Organização das Nações Unidas (UN/DESA) e do Centro de In-formação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC-Rio), a série de eventos ocorreu em nove cidades da América Latina: Salvador/BA, São Paulo/SP, Brasília/DF, Rio de Janeiro/RJ e Porto Alegre/RS, no Brasil; Buenos Aires, na Argen-

Objetivos do MilênioUm dos mais importantes desafios globais, firmado em 2000 durante a

Cúpula do Milênio, conhecido como os oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs), reuniu 191 países membros da ONU para a definição de um conjunto de metas a serem alcançadas até 2015, com vista a me-lhorar a qualidade de vida do Ser Humano e garantir a sustentabilidade do planeta. Em resumo, são eles: 1- acabar com a fome e a miséria; 2- educação básica de qualidade para todos; 3- igualdade entre sexos e valorização da mulher; 4- reduzir a mortalidade infantil; 5- melhorar a saúde das gestantes; 6- combater a aids, a malária e outras doenças; 7- qualidade de vida e respeito ao meio ambiente; e 8 - todo mundo trabalhando pelo desenvolvimento.

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A lbV esteve presente na Conferência de Pequim sobre a mulher, em setembro de 1995. Além dos locais oficiais do evento, representantes da instituição levaram a mensagem de Solidariedade Ecumênica a diversos pontos, a exemplo da muralha da China (1) e de escolas públicas da capital chinesa (2).

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A presença do diretor do uNiC-rio, dr. Giancarlo Summa, e do chefe da Seção de ONGs do uN/DESA, dr. Andrei Abramov, durante evento da rede Sociedade Solidária na capital fluminense.

Dr. ban Ki-moon, secretário-geral da ONu.

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tina; Assunção, no Paraguai; La Paz, na Bolívia; e Montevidéu, no Uruguai. O dr. Andrei Abra-mov, chefe da Seção de ONGs do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU (UN/DESA), em missão oficial da organização, esteve presente em vários desses eventos.

Abertos a todos os interes-sados, os encontros reuniram representantes de organizações públicas e privadas, da sociedade civil e acadêmica, que identifi-caram e compartilharam práticas bem-sucedidas. A ideia é levar a experiência dessas boas práticas a outras localidades como novas

tecnologias sociais. Por orienta-ção do próprio Ecosoc, no qual a LBV possui status consultivo ge-ral desde 1999, o tema focalizado foi o terceiro dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs): “Promover a igualdade entre os gêneros e a autonomia das mulheres”.

Nações Unidas

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Brasília discute combate à violência doméstica

Na capital federal, o fórum teve lugar no Parlamento Mun-dial da Fraternidade Ecumênica, o ParlaMundi da LBV, no dia 17 de março, e abordou o enfrenta-mento da violência doméstica. Compuseram a mesa de debate o dr. Andrei Abramov, chefe da Seção de ONGs do Departamen-to de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas (UN/DESA); a ativista Kátia Gui-marães, diretora de Projetos da

Subsecretaria de Enfrentamento à Violência contra a Mulher; a empresária Eliane Belfort, dire-tora titular do Comitê de Respon-sabilidade Social da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp); a psicóloga Mara Suassuna, diretora do Centro de Valorização da Mulher Consuelo Nasser; a socióloga Fernanda Bittencourt, doutora pela Uni-versidade de Brasília; e Suelí Periotto, supervisora geral da

pedagogia da LBV e diretora do Instituto de Educação da Institui-ção na capital paulista.

A solenidade foi conduzida pelo representante da Legião da Boa Vontade nas Nações Unidas, Danilo Parmegiani, que ressal-tou as ações realizadas pela LBV no mundo, em sintonia com os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Na sequência, Alziro Paolotti de Paiva, em nome do diretor-presidente da Instituição,

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José de Paiva Netto, deu as boas-vindas aos participantes. Na ocasião, mencionou o relevante papel da Mulher na Huma-nidade e elencou as

principais iniciativas da LBV para a valorização do gênero feminino.

Em sua explanação, o dr. Abramov apresentou o histórico papel da ONU no combate à vio-lência contra a Mulher e a atuação da sociedade civil no enfrenta-mento dessa questão, com des-taque para o trabalho realizado pela Legião da Boa Vontade em suas unidades socioeducacionais. Citou como exemplo a escola da LBV em São Paulo/SP, a qual havia visitado dois dias antes.

O representante das Nações Unidas declarou: “Primeira-mente, gostaria de prestar uma homenagem especial à Legião da Boa Vontade, uma organização brasileira da sociedade civil, com status consultivo geral no Ecosoc,

da ONU, que trabalha sem cessar para cons-truir um mundo em que mulheres e crianças possam usufruir completamente de seus direitos humanos. Todos aqui neste evento têm conhecimento do trabalho da LBV pela educa-ção de crianças e pela proteção a mulheres e meninas que sofrem violência doméstica. Entretanto, neste ano em que celebramos os 15 anos da Conferência Mundial de Pequim, gostaria de parti-cularmente destacar a ação da LBV no socorro às vítimas de violência, sendo elas mulheres ou crianças”.

O dr. Abramov falou também da longevidade da Obra: “Gos-taria de parabenizar, de todo o coração, em primeiro lugar, o pre-sidente da LBV, a vocês e a todos da Legião da Boa Von tade pelos 60 anos da Instituição. Partindo de uma pessoa que está bem próxima de apreciar o que significa ter 60 anos,

eu diria que é uma boa idade, pois você está sábio o suficiente para observar cuidadosamente as lições do passado, porém, ainda jovem o bastante para olhar para a frente e abraçar a mudança. Do meu ponto de vista, esta é uma boa idade. Portanto, desejo à LBV novos sucessos no futuro!”.

O evento seguiu com im-portantes pronunciamentos, a exemplo do subsecretário de Promoção dos Direitos Humanos da Secretaria Especial de Direi-tos Humanos da Presidência da República, Perly Cipriano. Ele ressaltou que é preciso combater a violência doméstica e familiar agindo em favor de um dos maio-

res desafios “que temos para enfrentar no nosso país, no nosso planeta: a valorização da Mulher, a valorização da espécie humana”. E, finalizando, exaltou a iniciativa da

Brasília/DF — No Parlamundi da lbV, superlotado, o representante da legião da boa Vontade nas Nações unidas, Danilo Parmegiani, ressalta as ações da instituição no mundo, em sintonia com os oito Objetivos de Desenvolvimento do milênio (ODms).

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Nações Unidas

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Instituição de constituir um fó-rum com esse fim: “Em nome da Secretaria Especial de Direitos Humanos, gostaria de agradecer à LBV, uma parceira permanente, além das nossas fronteiras, lá na ONU, em favor da diversidade re-ligiosa, dos direitos humanos, da mediação de conflito, do combate à violência. Dar os parabéns à LBV e ao Paiva Netto pelo traba-lho que realizam no Brasil e no mundo. É preciso ampliar a nossa parceria; temos avançado nisso e a LBV tem colaborado muito”.

A igualdade de gênero e a Paz

A secretária-executiva da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da Re-pública, Teresa Sousa, também colaborou com o debate. Segun-do ela, o tema discutido na série de encontros promovidos pela LBV exprime antigo anseio dos povos. “É importante que a sociedade civil — e a LBV tem essa capilari-dade para fazer isso — não só discuta, mas também leve os seus sentimentos para essa discussão, porque a igualdade entre os gêne-ros, entre as pessoas, é relevante para construir uma sociedade

de Paz. E estando aqui, numa casa ecumênica, posso dizer com tranquilidade: o que o nosso país e as nações aí fora precisam é exatamente isso, a construção de uma sociedade de Paz”, afirmou.

Teresa registrou um agradeci-mento especial à LBV “por estar levando essa conscientização a milhões de brasileiros e brasileiras e povos amigos de outras nações”. E acrescentou: “O principal é que a LBV faz com que as pessoas introjetem [a noção de] que essa desigualdade existe e pode ser mudada por todos e todas”.

A responsabilidade do poder público foi o assunto tratado pela diretora de Projetos da Sub-secretaria de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, Kátia Guimarães. Entre outros aspectos da questão, ela fez um apanhado

sobre a Política Nacional de Enfrentamento da Vio-lência contra a Mulher, destacando a necessidade de essa ação ser integrada e intersetorial.

Em entrevista à BOA VONTADE, Kátia Guimarães concluiu, ao participar dessa ini-ciativa da Legião da Boa Vontade: “O Fórum da LBV, seja do ponto de vista local, seja do ponto de vista nacional e internacional, só

faz crescer a nossa possibilidade de difundir que temos condições de enfrentar a violência”. Empreendedorismo feminino

Vinda de São Paulo espe-cialmente para o evento, a dra. Eliane Belfort, diretora titular do Comitê de Responsabilidade So-cial da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), igualmente compôs a mesa de de-bates. No painel, dissertou sobre o empreendedorismo feminino, exemplificando o tema, inclusive, com a própria trajetória.

Ela afirmou que não bastam leis para promover a igualdade entre os gêneros, é preciso “edu-car os filhos e, principalmente, as filhas para não prejudicar a autoestima feminina e o seu protagonismo na vida. (...) Este trabalho da LBV aqui, juntando organizações não governamen-tais que atuam na valorização da Mulher, demonstra como temos caminhado para reverter essa cultura. (...) É um evento impor-tantíssimo dentro dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, e mostra a força da LBV”.

A psicóloga Mara Suassuna, diretora do Centro de Valorização da Mulher (Cevam), analisou o

Teresa Sousa

No Brasil, a criação do serviço de informação, orientação e denúncias, o Ligue 180, abriu uma importante porta para o atendimento de mulheres vítimas da violência. Somente no ano passado, o serviço recebeu em torno de 500 mil ligações.

Serviço de informação e denúncia tem meio milhão de ligações em 2009

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papel da sociedade civil perante o problema. Para ela, as pessoas devem partir, cada vez mais, para o campo da ação: “Ser realmente um Ser Humano participativo, ter oportunidade de ampliar a nossa área de atuação no mundo”.

O público acompanhou também a palavra de Fernanda Bittencourt, doutora em Sociologia pela Uni-versidade de Brasília e membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher na própria UnB. Agradecida à LBV pelo convite, a socióloga ressaltou o valor de abrir espaço para o assunto. “A desigualdade é percebida nas diferentes esferas da vida social. Esta, entre outras atribuições, é estabelecida pela própria socieda-de. (...) Devemos buscar rupturas para as esperadas transformações e mudanças, até porque não é uma questão individual, mas uma pro-blemática social”, comentou.

Pedagogia do Afeto e Pedagogia do Cidadão Ecumênico encerram painel

Suelí Periotto, supervisora geral da pedagogia da LBV e diretora do Instituto de Educação da Institui-ção na capital paulista, encerrou a primeira parte do encontro com a apresentação de resultados alcança-dos pela Pedagogia do Afeto (apli-cada até os 10 anos de idade) e da Pedagogia do Cidadão Ecumênico

(a partir dos 11 anos), preconizadas por Paiva Netto. Com sua metodo-logia — que é sucesso nas escolas e nos programas desenvolvidos pela Instituição em todo o Brasil e no exterior — leva em conta a forma-ção integral do Ser Humano (veja mais informações sobre o assunto na página 54 desta revista).

Para a educadora, a forma mais eficiente de a “Mulher adquirir o empoderamento, o crescimento profissional, é ter uma educação de qualidade”. E completou: “A Legião da Boa Vontade entende isso e atende a essa expectativa; temos crianças que ficam conosco desde o berçário até o término da educação básica e têm ido para as melhores faculdades. No entanto, acreditamos que só abastecê-las intelectual mente não propicia essa defesa, essa autonomia, não dá toda a vontade de liderar e fazer a diferença. O dirigente da LBV, Paiva Netto, fala que preci-samos aliar Cérebro e Coração: à inteligência e ao aspecto cogni-tivo dar o brilho dos sentimentos, dos valores”.

Longe de formar crianças e jovens conformados com a própria realidade, a proposta pioneira do dirigente da LBV inspira a supe-ração dos desafios diários a que estão expostos os alunos de baixa renda atendidos pela Instituição, conforme ponderou Suelí. “Nós provemos os seus corações dos

melhores sentimentos, para que não tenhamos crianças amargas, jovens revoltados. O que muitas ve-zes a família não consegue oferecer na totalidade, por causa de tantos afazeres, a escola pode sim abra-çar, dando aos educandos boas referências. (...) Os resultados das escolas da LBV são mensuráveis, inclusive com dois pontos muito evidentes. A primeira questão é que não temos evasão escolar; em segundo lugar, [temos] boas notas no Enem* — este ano, mesmo com as mudanças e o maior grau de dificuldade, as notas foram expres-sivas, tivemos alunas que brilhan-temente atingiram a nota máxima de redação, a pontuação 1.000, ou seja, estão sabendo expressar bem suas ideias, porque [essas jovens] estão sendo sensibilizadas primei-ro interiormente; e isso se reflete, inclusive, no aspecto pedagógico.”

Por meio dessa proposta, a es-cola, além de aplicar os conteúdos curriculares, agrega ao cotidiano dos alunos temáticas contextua-lizadas, como a da igualdade de gênero. Por isso, segundo Suelí Periotto, os resultados têm sido bastante positivos: “É preciso que a menina, durante seus estudos e ao sair da escola, ao concluir a educação básica, saiba defender- -se, falar ‘não’, e conheça os seus direitos em plenitude; e que o menino, com as informações da sala de aula, aprenda a instruir a sua mãe, a irmã, e a respeitar a amiga, a namorada, a noiva e futura esposa”.

* Enem — Exame Nacional do Ensino Médio, ins-trumento de avali a ção de alunos.

Dezenas de organizações expuseram suas boas práticas na 4a Feira de Inovações em Brasília/DF. O resultado está disponível no site

www.redesociedadesolidaria.org.br (em português).

Nações Unidas

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O mote das discussões do 7º Fórum Intersetorial Rede Socieda-de Solidária na capital fluminense foi a feminização da pobreza e da exclusão, ou seja, o aumento nos últimos anos da proporção de meninas e mulheres em situação de vulnerabilidade social, conforme divulgado, em outubro de 2009, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O encontro, rea-lizado em 19 de março no Centro Cultural Light, teve a presença do diretor do UNIC-Rio, dr. Giancarlo Summa, e do chefe da Seção de ONGs do UN/DESA, dr. Andrei Abramov.

Ao discursar, o jornalista Gian-carlo Summa inicialmente lembrou

o compromisso maior das Nações Unidas, associando-o à matéria do Fórum: “A ONU promove a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, que em seu 1º artigo [reconhece] a igualda-de entre todos, sem distinção de gênero, etnia, crença religiosa, visão política, com diferentes

nacionalidades. Todos somos iguais em direitos”. E completou, ao se referir ao tópico “Igualdade de gênero e valorização da Mulher”: “A Legião da Boa Vontade, de tantas

ações meritórias, escolheu um tema de extrema relevância”.

A necessidade de conscien-tizar a sociedade acerca da dis-criminação contra o sexo fe-

O debate sobre a feminização da pobreza

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minino foi a tônica do discurso da defensora pública Arlanza Maria Rodrigues Rebello, que também é coordenadora do Núcleo Especial de Defesa dos Direitos da Mulher (Nudem) da Defensoria do Es-tado. Ao saudar os participantes do encontro, ela afirmou: “No trabalho do Nudem constatamos alarmantes números da violência contra a mulher. (...) Percebemos que ela ainda se sente tímida e constrangida a denunciar o agressor. (...) Agradeço à LBV por essa oportunidade e parabe-nizo a instituição pelo relevante trabalho que desempenha nas suas escolas”.

Giancarlo Summa

Arlanza rebello

O Coral Ecumênico infantil boa Vontade apresenta-se no palco do teatro, dando início à solenidade. Em destaque, o representante do dirigente da lbV no evento, Alziro Paolotti de Paiva.

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A advogada Glória Márcia Percinoto, representante da comissão OAb mulher (seccional rio de janeiro) no evento e membro do Conselho Nacional dos Direitos da mulher, palestra no encontro promovido na capital fluminense.

Emprego informal como indicador de pobreza

Dando continuidade ao painel temático, a mestra em Psicologia Cecília Teixeira Soares, superin-tendente de Direitos da Mulher do governo fluminense e presi-denta do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, trouxe im-

portante contribuição ao debate. Com 30 anos de experiência em ações de igualdade de gênero, ela desta-cou que o fenômeno da feminização da po-

breza pode ser compreendido, em primeiro lugar, a partir do número crescente de mulheres que se tor-nam chefes de família e passam a responder sozinhas pelo próprio sustento e o dos filhos, netos e agregados. Além “de ter menor acesso ao emprego formal, ou

seja, menos direitos trabalhistas, estão mais no mercado infor-mal”, disse.

Maria Salet Ferreira Novellino, doutora em Ciência da Informação pela UFRJ e pesquisa-dora titular da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE, agradeceu à LBV a oportunidade de apresentar essas pesquisas fora do ambiente acadêmico. Segundo ela, a questão da feminização da pobreza “aparece pela primeira vez em 1978, num artigo publica-do pela pesquisadora americana Diane Pearce, numa análise dos censos nos Estados Unidos”.

A exemplo da especialista nor-te-americana, a dra. Novellino utilizou dados oficiais para analisar a questão, no caso, os da Pesquisa Nacional por Amostra de Domi-

A 4ª Feira de inovações em suporte à revisão ministerial da ONu ocorreu, no rio de janeiro/rj, em formato de mutirão e reuniu milhares de pessoas (1). Na ocasião, foi oferecida à população uma série de serviços gratuitos, como aferição de pressão arterial, teste de glicose (2 e 3) e corte de cabelo (4). O mutirão foi promovido pela legião da boa Vontade em parceria com o Centro universitário Augusto motta (unisuam), o instituto Embelleze e o Centro de referência da Assistência Social (Cras) Tia ruth.

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cílios (PNAD) de 2008 (os mais recentes disponíveis no Brasil).

“De 2001 a 2008, cai a proporção de homens chefes de domicílio. (...) Percebi que as mulheres chefes de família se con-centram mesmo nas clas-ses de renda mais baixa. E observamos que não é

a ausência de um provedor que determina a pobreza, ao contrário, o que a gente tem de garantir é uma cidadania econômica para elas”, declarou.

Cecília Soares

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Nações Unidas

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Educacional da LBV, em 24 de março, o tema “Igualdade de Gêne-ro e Valorização da Mulher”.

Humano e Inclusão Educacional de Mulheres Afrodescendentes (Fiema), Rose Rosendo. Três dias depois do encontro de Salvador, a Supercreche Jesus, na capital paulista, foi palco também do workshop. Na capital gaúcha, a professora Patrícia Krieger Grossi, doutora em Serviço Social, trouxe ao Centro Comunitário e

A agenda do 7º Fórum Inter-setorial Rede Sociedade Solidária reservou, ainda, importante ativi-dade para três cidades do país: o workshop “Valorização da Mu-lher”, promovido pela LBV. Em Salvador/BA, o encontro deu-se em 12 de março, com a palestra conduzida pela assessora do Fundo Municipal para o Desenvolvimento

Salvador/BA • São Paulo/SP • Porto Alegre/RS

Paraguai

Na agenda do 7o Fórum intersetorial

rede Sociedade Solidária, o público pôde conferir importantes palestras durante

o workshop “Valorização da

mulher”, promovido pela lbV em Porto

Alegre/rS (no destaque) e em São Paulo/SP.

Márcio Francisco

Patrícia Grossirose rosendo

A oficial de Gênero e Adolescência do Fundo de População das Nações

Unidas (UNFPA) no Pa-raguai, Mirtha Rivarola, deu início aos debates sobre a Mulher vista na perspectiva do conjunto de metas de desenvol-vimento da ONU para

estas primeiras décadas do milênio. O tema predominou o Fórum da LBV, realizado no auditório das Nações Unidas em Assunção, Paraguai.

O evento da LBV na capital paraguaia foi bastante concorrido e contou com a presença da coordena-dora do projeto Majuvi — Monitora-

mento e Capacitação para a Melhoria do Acesso à Justiça de Mulheres Vítimas de Violência —, Elva Nuñez; da diretora de Políticas de Gênero do município de Assunção, Susana Piersanti; da diretora de Comunicação e Cultura Democrática da Secretaria da Mulher, Celeste Molina; da coordena-

dora de projetos da Fundação Kuña Aty, Olga Campuzano; da diretora--geral do Centro de Documentação e Estudos (CDE), Clyde Soto; da diretora da Casa da Mulher, Mirta Franco; e da coordenadora da Área Jurídica da Anistia Internacional, Elodia Almirón.

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Bolívia

O tema “Igualdade de Gênero e Valorização da Mulher” esteve no foco principal das atividades do Fórum Intersetorial Rede Sociedade Solidária da capital da Argentina. De-clarado de Interesse Cultural e So-cial pela Legislatura do Governo de Buenos Aires, o fórum teve o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), do Centro de Informação das Nações Unidas para a Argentina e Uruguai (Cinu Buenos Aires), do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e da organização Lazo Blanco Argentina e Uruguai.

A ministra de Desenvol-vimento Social do governo de Buenos Aires, María Eugenia Vidal, abriu os

trabalhos do dia, que contaram também com a participação de analista da área de Desenvolvimento Social do PNUD Argentina, gimena de León; do pesqui-

sador associado ao Conselho de Pesquisa do Governo de Buenos Aires, Alejandro Villa e do coordenador da organi-zação Lazo Blanco Argentina/Uruguai, Hugo Huberman.

A embaixadora Magdalena M. Faillace, representante especial para Assuntos da Mulher no âmbito internacional, ressaltou em carta de adesão ao evento da LBV: “Quero felicitar a Legião da Boa Vontade pelo trabalho e pelo compromisso assumido em nosso país, assim como por levar à frente esta ini-ciativa”.maría Eugenia Vidal

Dando sequência à série de eventos da Rede Sociedade Solidária, a LBV promoveu na cidade de La Paz, em 24 de março, mais um encontro do fórum intersetorial. Participaram dos debates, no auditório do Ministério da Saúde e Esporte de La Paz, autoridades de renome do país, a exemplo da vice- -ministra de Gênero, Evelyn Llanos; da coordenadora do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para

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lva a Mulher (Unifem) na Bolívia, Evelin Agreda; e do diretor de Promoção da Saúde do Ministério da Saúde e Esporte, Abraan Chambi.

Entre os palestrantes do Fórum da LBV em La Paz, Bolívia, destaque para Betty Pinto, coordenadora dos Programas Especiais dos Direitos Humanos da Mulher e da Defensoria do Povo; Mari Marca, diretora-executiva do Centro de Informação e Desenvolvimento da Mulher (Ci-dem); Edith Chacón, professora do Instituto Normal Superior Simón Bolívar; dra. Yesica Velarde Conde, encarregada da área de Gênero do Centro de Capacitação e Serviço para a Integração da Mulher (Secacem); dra. Alexia Paredes, consultora de Transversalização de Gênero do Ministério da Saúde e Esporte; e Samuel Villegas, especialista em estatísticas e indicadores do vice-Ministério de Gênero, órgão subordinado ao Ministério da Justiça.

Nações Unidas

120 | BOA VONTADE

Page 121: Revista Boa Vontade, edição 227

Elena Ponte

A LBV finalizou as atividades do 7º Fórum Intersetorial Rede Socie-dade Solidária com a realização do último encontro da série, em 26 de março, no Centro de Conferências da Prefeitura de Montevidéu, no Uruguai. A diretora do Instituto Na-cional das Mulheres (vin culado ao

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Ministério do Desenvolvimento Social), Beatriz Ramírez, e a coordenadora--executiva da Secretaria da Mulher da Prefeitura de Montevidéu, Elena Ponte, abriram os trabalhos.

O encontro na capital uruguaia contou com a presença de Lilián Abracinskas, diretora da Comissão

Nacional de Segmento de Mulheres, e da pós-graduada em Sociologia Maria Lucía Scuro, do Sistema de Indicadores de Gênero do Ministério de Desenvolvimento Social. “Foi muito interessante participar deste Fórum realizado pela LBV, uma organização que tem impacto em bairros montevideanos e coloca para a difusão pública temas de grande valor”, afirmou Maria Lucía.

Uruguai

beatriz ramírez

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Page 122: Revista Boa Vontade, edição 227

Por esses dias, ao compulsar um velho livro, veio-me grande preocupação — um misto de descrédito com a

raça humana, em consequência de atos praticados por agentes políticos e da exploração do Homem por seus semelhantes, e de medo do futuro, devido aos recentes e assombrosos fatos da Natureza. Então, tomou- -me súbita indagação: O que pode o Homem peregrino (homo viator) es-perar após o término de sua jornada sobre a Terra?

Diante disso, recordei que em dado momento, não muito distante na história do Homem, 1858, o cientista de A Origem das Espécies, Charles Darwin, ao formular “A Teoria da Evolução”, reuniu dados a partir dos quais se sentiu autorizado a afirmar que as espécies existentes — entre elas o próprio Homem — não tinham sido criadas tal como se encontravam na face da Terra, sendo, ao revés, produto de uma lenta e progressiva evolução. Desse modo,

tentava afastar o entendimento, então dominante, de que o Homem tinha origem sobrenatural.

Em 1962, John Lewis, também inglês, publicava a tese “O Homem e a Evolução”, em que transpõe o conceito da sobrevivência do mais apto do campo da Biologia para o da Sociologia. Acrescenta ele uma nova forma de herança ao Homem – a herança cultural, pois só ele pode ser examinado no contexto histórico, isto é, “o homem é o único animal que vive à luz de experiências raciais acumuladas”. Com efeito, estudan-do a fundo a teoria evolucionista de Darwin, denuncia sua deturpação por aqueles que pretendem reduzir a vida a uma pura e simples am-pliação das lutas pela sobrevivência das espécies, numa visão puramente materialista. Acrescenta ainda que o fator cultural é mais responsável pela evolução humana do que as trans-formações meramente biológicas, porque o Homem socialmente consi-derado modifica por vontade própria o meio em que vive, utilizando-se de instrumentos que inventa; não é, desse modo, mero coadjuvante de um processo evolutivo ocasional. O termo “cultura”, nesse contexto, está empregado na sua acepção sociológica, como a superação pelo Homem do estado natural das coisas, pela invenção de bens, de utensílios, e de formas outras de melhor sobre-

viver no ambiente do planeta Terra. Assim é ao transformar a madeira, ao utilizar a argamassa, ao manipular os metais. E, mais recentemente, ao decifrar o genoma humano.

Deixando de lado a valoração dessas duas teorias, vê-se, por um lado, que os biólogos ainda se de-dicam a responder às questões em aberto no processo da evolução, como quais são exatamente as mu-danças genéticas que provocam as adaptações produzidas pela se-leção natural. Por outro lado, fica evidente que a vida em sociedade teve e tem valor preponderante na evolução do Homem na Terra. Uma e outra, por si só, não res-pondem à indagação sobre nossa origem e destino — o que éramos antes e o que seremos depois...

O desenvolvimento tecnológico e toda a evolução só foram possí-veis por meio da vida em sociedade, pela troca de experiências, única maneira capaz de transmitir os co-nhecimentos adquiridos. Portanto, ambas as teorias fazem sentido no contexto da evolução do Homem. Constata-se que as transformações passadas e atuais atribuídas ao Ho-mem resultam do progresso mate-rial e intelectual, pela produção de bens, ciência e de cultura, e também pela interação social do mundo glo-balizado. Quanto às demais espécies animais, de acordo com a Biologia,

Dr. Cícero Araújo, ex- -delegado da Polícia Civil do DF.

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Refletindo sobre a evolução humana

Opinião

Dr. Cícero Araújo

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elas se formaram, existiram, algu-mas delas desaparecendo da face da Terra no desenrolar natural da evolução biológica, sem que lhes coubesse qualquer forma de evolu-ção cultural. O progresso material, tantas vezes benfazejo, no entanto, produz verdadeira derrocada hu-mana, em razão da atitude deletéria do Homem na utilização dos bens materiais e sociais deixados à sua disposição. Esse livre-agir poderá levar à extinção da vida na Terra, por ações de toda ordem sobre o planeta: guerras, inundações e secas, epide-mias, pestes e outras catástrofes, quase tudo resultando da egoísta e desmedida atuação humana. Hoje, ninguém se arisca a pôr em dúvida a realidade do aquecimento global, de-corrente da queima de combustível fóssil, das florestas, e da atividade industrial, causando chuvas ácidas, o derretimento de geleiras, a subida do nível das águas do mar, a mudança no regime das chuvas, a extinção de espécies de animais e de plantas, a escassez de alimentos que resulta em fome e tantas outras consequências que levam ao desastre humano.

O homem moderno, de maneira egoísta, descura da preservação da vida pela banalização da morte, pelo uso de drogas ilícitas, pelo desrespeito à criança e ao idoso, pela vulgarização do sexo, esque-cendo valores e sentimentos que dignificam sua vida no planeta. O que muito se vê é o império do consumismo desenfreado e o culto à personalidade, a busca do poder a qualquer custo, o abandono dos mais velhos à míngua de afeto e do mais comezinho sentimento de humanidade, afora as vexatórias

práticas políticas em voga, a con-firmar o Apocalipse anunciado nas Sagradas Escrituras.

Diante da realidade das catás-trofes da Natureza e da degradação humana, de que já nos falavam as profecias de Daniel e do Apocalipse, prenuncia-se o verdadeiro fim dos tempos! O escritor Paiva Netto, em seu livro As Profecias sem Mistério, explica que fim dos tempos não sig-nifica “fim do mundo”, pois “vive-mos constantemente pequenos ciclos de transformação apocalíptica, ou seja, de restrita expressão histórica, humana e espiritual, ante as grandes eras de transformação, como esta que passamos” [páginas 73-74] (...). “A Profecia é uma revelação antecipada do sistemático evoluir da Humanidade” [página 177]. Nessa visão, socorre-me a lembrança do velho bispo de Hipona, que apresen-tou à Humanidade os primeiros estu-dos a respeito da origem e causa do pecado, entendido este como abuso da liberdade na prática de atos livres. Em seus estudos, o tema principal é a liberdade do Ser Humano e a origem do mal moral. Para Agostinho, a fonte do pecado — toda e qualquer transgressão, erro, ou vício, excluída qualquer conotação religiosa ou cle-rical — está no abuso da liberdade, sendo, entretanto, o livre-arbítrio um grande dom de Deus. Daí por que à teoria da evolução genética e à teoria da evolução social do Homem pode- -se acrescentar um componente te-ológico, que permite a consideração de que, além dos aspectos genéticos e sociológicos, há outros a reger a vida humana sobre a Terra...

Assim, a despeito de tudo, cumpre-nos, como homens livres

e de bons costumes, adotar uma visão otimista do mundo, quase panglossiana, e uma prática mais saudável com o meio ambiente. Pois, se o resultado de tudo é a morte, esta, segundo o teólogo católico Leonardo Boff, “significa um aperfeiçoamento antropológico do Homem às dimensões de toda a realidade e não somente à sua situ-ação de estar no mundo, podendo assim dizer que a morte é o vere dies natalis (o verdadeiro natal) do Homem”. Vale, então, meditar sobre o seguinte: para o Homem vi-ver eternamente esta vida biológica seria uma maldição, como seria para a espiga jamais amadurecer, jamais ser segada tornar-se o trigo de Deus.

Em resumo: o Homem, desde os primórdios, sempre se inquietou e buscou resposta para sua origem. No século 19, propendeu para a crença de que sua origem e evo-lução decorriam de um processo biológico de evolução fortuito, uma verdadeira obra do acaso, em nada vinculado à ideia, até então vigente, de sua origem divina. No século 20, abriu-se nova visão, com a consi-deração dos aspectos sociológicos que compõem a evolução e a vida humanas. Com Santo Agostinho, séculos 4o e 5o, imperou a ideia da vontade livre como dádiva de Deus ao Homem, evidenciando-se, por conseguinte, que a origem huma-na repousa na vontade de um Ser Superior — a Inteligência Infinita, a quem chamamos de Deus, para quem haveremos de volver. Assim, estaria respondida a indagação pri-meira quanto à origem e ao destino do homem peregrino...

BOA VONTADE | 123

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Opinião — Mídia AlternativaComunicação social

Carlos Arthur Pitombeira, jornalista e conselheiro da Abi.

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Carlos Arthur Pitombeiraespecial para a BOA VONTADE

História e prática desperdiçadas

Os jornais de bairro têm sido pouco estudados nos cursos de Comunicação

-se para concorrer a um espaço na grande mídia.

Algumas de nossas bibliotecas regionais também não disponibili-zam conhecimentos teóricos sobre a história dos jornais de bairro. Estes, alheios a tal indiferença, trilham seu caminho sem se inti-midar com as novas tecnologias, conscientes do papel deles difusor dos conceitos de cidadania e dos princípios dos direitos humanos e da informação que levam às regiões de periferia. Os jornais de bairro, em diferentes pontos do

país, continuam obedecendo ao mesmo ritual, al-

guns saindo re-gularmente,

outros circulando temporariamen-te, tudo como há 200 anos.

Um exemplo de como é antigo o descaso para com essa mídia está em São Paulo. Por ocasião da fun-dação da Gazeta de Pinheiros, logo após a Segunda Guerra Mundial, o fato foi ignorado até pela biblioteca municipal de lá. Os grandes jornais não fizeram qualquer registro da entrada em circulação da Gazeta, considerado “um jornal pequeno, limitado e distribuído pelas ruas e avenidas de um bairro da zona oeste da capital paulista, com uma população constituída principal-mente de classe média em ascen-são”. A circulação era quinzenal, com noticiário local e uma tiragem

Além de algumas pesqui-sas feitas como tarefas dos alunos de Comu-nicação, as escolas de

jornalismo ignoram esse tipo de publicação. Não se debruçam sobre sua história, rica no Brasil a partir de 1808, nem incentivam os estudantes a buscar na mídia alter-nativa/comunitária o espaço de que

tanto precisam para aprender a fazer jornal, preparando-

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baixa, proporcional ao número de habitantes da região; foi um suces-so e criou a imagem positiva em termos comerciais, o que estimulou o surgimento de outros jornais de bairro, como a Gazeta da Lapa, Gazeta de Vila Mariana, São Paulo Zona Sul e Gazeta de Santo Amaro, que muitas vezes disputavam os anúncios e a preferência do público em uma mesma localidade.

Esses são exemplos positivos, mas há também de se registrar que na esteira desses bem-sucedidos jornais foram surgindo outros em bairros de grande ou pequena den-sidade populacional. O lançamento deles, geralmente, visava apenas a funcionar como órgão de pressão com objetivos escusos. Por isso, acabavam desaparecendo, já que não havia qualquer razão para que a população os aceitasse. As matérias que ofereciam eram as mesmas já publicadas nos grandes jornais diá-rios. À medida que foram acabando esses pequenos periódicos, lançados sem critério e perfil profissional, passou-se a perceber quão impor-tante era nas redações dos jornais alternativos/comunitários a presen-ça de alguém que entendesse do assunto, de preferência um jornalista que tivesse a alma impregnada do delírio de fazer jornal.

Iniciação profissionalDá saudades lembrar o chão

da redação coberto de laudas de papel vagabundo, literalmente ar-rancadas das velhas Remington, Olivetti e Royal, ou cuspidas da boca de um redator revoltado por não conseguir fechar um título de três linhas de sete batidas em cada uma delas. No mesmo ambiente, redatores alucinados em máqui-nas de escrever com as mãos sujas de carbono, cigarros presos no canto da boca ou esquecidos acesos em cinzeiros imundos. Nas mesas dos paginadores, re-pórteres debruçados para ganhar alguns centímetros de espaço na página, valorizando uma foto ou ampliando uma legenda. A presença dos copidesques cor-rigindo os textos escritos pelos repórteres confundia-se com a de secretários de redação chamando a atenção dos profissionais para certos recursos de estilo e forma e apontando os equívocos mais traiçoeiros, numa espécie de supervisão que se constituía, de fato, em uma verdadeira iniciação profissional.

À medida que a noite avançava, os leiautes iam caindo nas oficinas enquanto os impressores espera-vam que as provas voltassem das mãos dos revisores. Pouco a pouco apareciam as primeiras telhas*1 que eram instaladas com cuidado nos cilindros para o início da im-pressão.

Jornalismo e calor humano

O lugar das máqui-nas de escrever, pesadas e barulhentas, foi ocupado pelos computadores. Por trás deles, limitados em pequenos comparti-mentos, se escondem repórteres e redatores que se comunicam pelo próprio computador. A relação fi-cou fria. Em lugar dos misteriosos paginadores, que ao final de cál-culos intermináveis em suas réguas ou gabaritos de papel definiam para os redatores os espaços exatos para cada uma das matérias, temos agora técnicos em diagramação eletrônica despejando sobre as telas dos computadores textos já digi-tados por outros profissionais da redação. Acabou o contato direto entre as pessoas...

*1 Telha — Chapa estereotípica, moldada em forma arqueada para se adaptar ao cilindro da máquina rotativa.

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Page 126: Revista Boa Vontade, edição 227

Nos cursos de jornalismo, o estudo da mídia comunitária/alter-nativa, que tem mais de 200 anos no Brasil, deveria ser incentivado para despertar nos alunos o inte-resse de se voltarem para ela como a primeira opção de quem quer aprender na prática. E com grandes possibilidades, porque os jornais de bairro têm sido o caminho natural de jornalistas aposentados ou da-queles que já não encontram mais espaço nas redações de grandes veículos, agora ocupadas pelos jo-vens. A experiência acumulada de repente parece ter perdido o valor.

É preciso lembrar aos estu-dantes que a grande imprensa de hoje, em cidades como o Rio de Janeiro, por exemplo, não tem mais o mesmo número de jornais como nas décadas de 1950 e 1960: além dos matutinos, existiam os vesper-tinos, somando mais de 20 jornais. Naquela época, eram maiores as oportunidades para quem quisesse aprender. E agora, o que fazer?

Os estágios também tinham outro sentido; eram encarados de maneira diferente. Quem se dis-punha a ir para uma redação queria apenas trabalhar ao lado de repór-teres experimentados e redatores consagrados, pouco se importando com o que ganhariam em termos de salário. Muitas vezes não rece-biam nada durante um bom tempo. Preparados, teriam naturalmente

um lugar na redação onde estavam aprendendo ou em qualquer outra, pois a concorrência entre os jornais era grande e o que não faltava era vaga para um bom repórter.

Hoje, os estágios são regulados de tal forma que não atendem aos interesses nem do empregador nem do foca*2. Aprender nas redações

Opinião — Mídia Alternativa

ficou mais difícil, porquanto a coleta de notícias, as consultas ao Departamento de Pesquisas, a che-cagem das informações e a apura-ção dos fatos são coisas do passado. Qualquer jornal dispõe de acesso imediato aos bancos de dados da internet, verdadeiras bibliotecas ao alcance de qualquer um.

Sem espaço nas redações do reduzido número de grandes jornais — eles estão restritos a cinco ou seis no Rio de Janeiro — ou na equipe de jornalismo da TV Globo, esses jovens, hoje, aventuram-se, primeiro, em ter a sua própria assessoria de comunicação, quando não vão dire-to fazer mestrado e doutorado para poder exercer o magistério. Ser pro-fessor de jornalismo (?) mesmo sem nunca ter passado por uma redação.

Diante dessas dificuldades por que passam os bacharéis em Comunicação Social é que seus professores deveriam chamar a atenção dos alunos para os jornais de bairro, as rádios comunitárias e a mídia alternativa em geral. Com um pouco de sorte, eles poderão trabalhar com veteranos profis-sionais que se voltaram para esse mercado, materializando assim os próprios conhecimentos teóricos deles. Aprenderão mais ainda: a viver o jornalismo com o calor humano e a sensibilidade que emerge naturalmente do convívio nas diferenças de idade.

O lugar das máquinas de escrever, pesadas e barulhentas, foi

ocupado pelos computadores. Por trás deles, limitados em

pequenos compartimentos, se escondem repórteres e redatores que se comunicam pelo próprio

computador. A relação ficou fria. Em lugar dos misteriosos paginadores, que ao final de

cálculos intermináveis em suas réguas ou gabaritos de papel definiam para os redatores os

espaços exatos para cada uma das matérias, temos agora técnicos em diagramação eletrônica despejando

sobre as telas dos computadores textos já digitados por outros

profissionais da redação. Acabou o contato direto entre as pessoas...

*2 Foca — Profissional de pouca experiência ou novato no jornalismo.

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Acontece no Ceará

F O R T A L E Z A / C E

Com a atual reforma do Centro Comunitário e Educacional da Legião da Boa Vontade em

Fortaleza/CE, haverá expressiva melhoria na qualidade de vida de centenas de famílias de baixa renda atendidas pela Instituição na capital cearense. A LBV es-tima que serão beneficiadas ini-cialmente mais de 500 famílias.

O investimento na reforma de toda a estrutura foi possível graças à ajuda de milhares de co-laboradores. Nos próximos me-

ses, os beneficiados e atendidos desfrutarão de novos ambientes com salas mais amplas e areja-das. Serão ao todo cinco salas de atividades: quatro destinadas ao programa LBV: Criança — Futu-ro no Presente! e uma reservada para o Espaço de Convivência, da Terceira Idade. A reforma também contempla laboratório de informática, refeitório maior, moderna cozinha, banheiros e pátio para atividades e lazer.

A primeira parte da obra foi concluída em julho. Após a

entrega do Centro Comunitário e Educacional todo reformado, será iniciada a segunda etapa das melhorias, com a construção de uma quadra poliesportiva, um auditório e mais salas para cursos profissionalizantes.

Em todo o país, a LBV tem promovido ações semelhantes em suas unidades socioeduca-cionais, além da construção de novos centros socioassistenciais e educacionais.

Para mais informações, acesse www.lbv.org.br.

Ajude a mudar a vida de milhares de crianças. Acesse: www.euajudoamudar.org.brR. Alziro Zarur, 275 — Vila Manoel Sátiro — Fortaleza/CE — Tel.: (85) 3484-3533

cresce o número de atendimentos

leontina maciel

Novas instalações do Centro Comunitário e Educacional da lbV na capital cearense.

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LBVé ação!

BOA VONTADE | 127

Page 128: Revista Boa Vontade, edição 227

doar tempo, conhecimento, esforço e amor em favor do próximo. O que leva a pessoa a praticar a So-

lidariedade? São médicos, donas de casa, professores, estudantes, empresários, aposentados, indi-

A atividade voluntária cresce no país

víduos de diferentes atribuições e idades variadas, mas com um desejo comum: ser útil e ajudar a sociedade, contribuir para ame-nizar o sofrimento e tornar a vida de outras pessoas melhor.

Esse tipo de sentimento na po-

pulação tem se manifestado cada vez mais, como, por exemplo, desde o fim do ano passado, quan-do o país acompanhou as tragédias provocadas pelas fortes chuvas em diversos pontos: drama vivido em Ilha Grande, Niterói e Rio de

isabela ribeiro

LBVé ação!

VoluntariadoSolidariedade

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Page 129: Revista Boa Vontade, edição 227

Janeiro/RJ, no Nordeste e mais recentemente no Rio Grande do Sul. A mobilização popular diante da dificuldade tem crescido. Surge o voluntário, que não emudece nem cruza os braços, porque sabe a importância de agir e fazer a diferença.

As fortes chuvas, vendavais e o ciclone extratropical que atingiram o Rio Grande do Sul no fim de ju-lho deixaram milhares de pessoas desalojadas. As ilhas localizadas às margens do Rio Guaíba, uma das regiões mais pobres da capital gaúcha, sofreram bastante. Graças ao apoio de voluntários, a Campa-nha SOS Calamidades, da Legião da Boa Vontade (LBV), vem oferecendo ajuda às famílias das Ilhas do Pavão e Ilha Grande dos Marinheiros, regiões mais afetadas e onde há extrema pobreza. É essa mesma ação fraterna que acolheu também os Estados de Pernambuco e Alagoas [veja quadro ao lado], que tiveram, no fim de junho, vá-rias cidades castigadas pela força das águas.

Em todos esses momentos, a Solidariedade esteve presente. Exemplo dessa atitude é a em-presária Josicleide Vasconcelos, voluntária na Legião da Boa Vontade em Maceió/AL. “Eram tantas pessoas vagando pelas ruas, sem alimento, roupas...”, explica Josicleide, “tínhamos de dar um pouco de dignidade a esse povo que passa por toda essa dificuldade em nosso país”.

Para ela, logo ficou evidente que sozinha pouco poderia fazer: “A primeira coisa que me veio à cabeça foi: ‘Vou ligar para a

Alagoas e PernambucoA Legião da Boa Vontade realiza, com o apoio de voluntários, ações emer-

genciais para atender pessoas e comunidades vítimas da enxurrada que no fim de junho levou desolação a cidades de Pernambuco e Alagoas. As chuvas concentraram-se próximo à cabeceira de rios, provocando transbordamento. Os municípios ribeirinhos do Mundaú, no Vale do Mundaú, Zona da Mata alagoana, foram os mais castigados. De acordo com dados da Defesa Civil de Alagoas, as tempestades deixaram mais de 26 mil pessoas desabrigadas e o número de mortos havia passado de 30. Em Pernambuco, a coordenação da Defesa Civil informou que foram quase 27 mil os desalojados e mais de 53 mil os desabrigados no Estado. Nos Centros Comunitários e Educacionais da LBV funcionam postos de arrecadação: Recife/PE – Rua dos Coelhos, 219, Boa Vista, tel.: (81) 3413-8600; e Maceió/AL – Rua Muniz Falcão, 964, Barro Duro, tel.: (82) 3328-4410.

LBV’, e graças a Deus a institui-ção está mais uma vez presente, conseguindo realizar tudo aquilo que já fez tantas vezes em anos de caminhada”. O desprendi-mento da vendedora Marisa Silva Dias Monteiro também contagia. Segundo ela, o traba-lho voluntário representa uma

escola de aprendizagem e enri-quecimento pessoal. Moradora do município de São Gonçalo/RJ, administra as poucas horas dispo-níveis em favor de quem precisa: “Trabalho, cuido da casa, dos filhos, e à noite faço faculdade”.

Quando estagiava na Legião da Boa Vontade, Marisa des-

A lbV, em parceria com a Empresa Total Combustíveis, entregou mais de duas mil cestas de alimentos às famílias vítimas das chuvas em Pernambuco e Alagoas. Nas fotos, o caminhão com as doações chega às cidades de Catende/PE (1) e união dos Palmares/Al (2).

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As chuvas provocaram estragos tam-bém na capital sergipana. Áreas ficaram intransitáveis, com alagamento de ruas e destruição de casas, fazendo crescer o número de desabrigados. A LBV uniu- -se à Secretaria de Assistência Social e Cidadania (Semasc) e mobilizou-se em favor dessas pessoas. “A participação

de vocês não é surpresa, porque a LBV, historicamente, vive presente na vida de muitas famílias carentes de nossa cidade”, disse íris Nascimento, coordenadora do Centro de Referência de Assistência Social (Cras), para onde foram encaminhados os itens arrecadados.

A Cruz Vermelha e a Defesa Civil também contaram com o apoio da LBV no amparo aos flagelados das chuvas que ocorreram na capital paulista em fevereiro. Voluntários da Obra trabalha-ram na mobilização, reunindo os artigos de primeira necessidade arrecadados com a ajuda da população paulistana.

Por meio da Campanha SOS Calamidades, a LBV auxiliou no socorro às vítimas de deslizamentos de terra e de enchentes. Nos primeiros dias do ano, elas receberam itens de primeira necessidade arrecadados pela Instituição. “Queria agradecer à LBV pela colaboração, (...) isso é de grande valia para nós, porque ajuda a confortar um pouco mais essas famílias”, afirmou a primeira-dama de Angra dos Reis, Alessandra Jordão.

SãO PAULO/SP

ANgRA DOS REIS/RJ

ARACAJU/SE

cobriu a vocação. “Houve uma época em que trabalhei em frente ao Centro Comunitário e Educa-cional da LBV em São Gonçalo;

fui lá, me apresentei e, depois de um tempo, comecei a estagiar como assistente social. Foi aí que me apaixonei. Comecei a sentir

vontade de ajudar além das horas do estágio”.

A importância da ação vo-luntária ficou patente durante a tragédia que se abateu sobre o Rio de Janeiro no mês de abril, quan-do a maior tempestade ocorrida no Estado nos últimos 44 anos causou a morte de pelo menos 219 pessoas e deixou mais de 11 mil desabrigados. A Legião da Boa Vontade, sempre atenta aos problemas da população, acio-nou imediatamente a Campanha LBV — SOS Calamidades e, em parceria com a Defesa Civil, pôde ajudar milhares de pessoas preju-dicadas pelas chuvas.

Nesse período, um caso co-moveu bastante a voluntária Ma-risa, o deslizamento ocorrido no Morro do Bumba, antigo lixão de Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro, onde se permiti-ra a construção desordenada e perigosa de moradias. Lá, cer-ca de 50 casas foram levadas, deixando 48 mortos e inúmeras pessoas sem abrigo. “Quando houve o desabamento no Morro do Bumba, tomei a dimensão da importância do trabalho voluntário. Cada sorriso é tão compensador! Vale qualquer esforço. Tornei-me uma apai-

VoluntariadoSolidariedade

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Page 131: Revista Boa Vontade, edição 227

A distribuição de água potável, roupas e calçados foi uma das ações da LBV nas comunidades cariocas.

A população dos bairros afetados pelas chuvas recebeu, por meio da LBV, cestas de alimentos não perecíveis, incluindo biscoitos e achocolatados além de roupas, calçados, produtos de higiene e água mineral (doada pela Cascataí).

Graças à ajuda da população, toneladas de alimentos, roupas, colchões, material de higiene e água potável foram entregues pela LBV à Defesa Civil.

RIO DE JANEIRO/RJ

NITERóI/RJ

xonada pela LBV depois dessa experiência”, relembra.

A empresária Arli Carvalhal, de Niterói/RJ, mobilizou rapida-mente funcionários do escritório e vizinhos do prédio onde mora. O objetivo: colaborar para a Campanha da LBV. “Todo o mundo ajudou. Recolhi roupas e alimentos com o pessoal do ser-viço e do meu condomínio. Como trabalho durante a semana, levei as doações num domingo. Foi gratificante poder ajudar aque-las famílias que perderam suas casas, parentes. Não abro mão de colaborar sempre”.

Na contramão da calamidade

Segundo a Defesa Civil, tam-bém no mês de abril, 39 cidades de Santa Catarina foram afetadas por temporais e vendavais. As enxurradas e os alagamentos no Estado fizeram com que, ao todo, 14 municípios decretassem situação de emergência. Mais uma vez, a força da Boa Vontade falou mais alto. Ana Rita Coelho Sengler, de Florianópolis/SC, durante o triste período por que passou sua cidade, não cruzou os braços. “É de abalar qualquer um que tem o coração voltado ao outro. Fiquei muito triste, mas me juntei à LBV e vi que o trabalho

DUQUE DE CAxIAS/RJ

da instituição é de grande valia. Tenho de agradecer à LBV por ser voluntária nessa iniciativa. Foi uma troca de experiências fantástica”, disse.

Na mesma época, a capital de Sergipe sofreu com o grande volume de chuvas. A LBV e a Secretaria Municipal de Assistên-cia Social e Cidadania (Semasc) realizaram a Campanha SOS Calamidades, com o objetivo de arrecadar agasalhos, colchões, alimentos e outros itens para

as pessoas prejudicadas pelas chuvas em Aracaju. O sergipano Everaldo Conceição de Souza participou da iniciativa: “Fiz tudo que estava a meu alcance para socorrer com a LBV as vítimas do temporal. Fiquei feliz e conforta-do em poder fazer algo de bom”.

O voluntariado é um agente eficiente de transformação social. Com ele, o cidadão mostra que não apenas vê com mais otimismo o futuro da sociedade, mas também participa dessa realidade.

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Samba & Históriajoão roberto Kelly

Ahistória das marchinhas carnavalescas, pode-se dizer, tem na figura do compo-sitor e produtor musical João Roberto Kelly um divisor de águas. Antes dele

brilharam Braguinha (João de Barro), Nássara, Lamartine Babo, Mário Lago, Ataulfo Alves, entre outros. Após essa fase áurea, houve como

que uma estagnação no carnaval, e surgiu en-tão João Roberto Kelly com Mulata Bossa--Nova, Colombina iê-iê-iê, Rancho da Pra-ça Onze, Cabeleira do Zezé, numa notável sequência de sucessos. Até hoje são dele as canções que aparecem em listas das mais executadas no período carnavalesco em clubes, coretos, bailes e eventos de rua, a exemplo do que ocorreu neste ano, segundo o ECAD (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição).

“Sou grato ao público por prestigiar sempre minha música de carnaval”, agradece o compositor em entrevista

Hilton Abi-rihanespecial para a BOA VONTADE

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João Roberto Kelly:compositor, pianista, produtor e apresentador de programas de rádio, TV e shows.

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Hilton Abi-rihan, radialista, jornalista e apresentador do programa Samba & História.*

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* Programa Samba & História — Na Super Rede Boa Vontade de Rádio (Super RBV), você pode acompanhar as entrevistas aos domingos, às 14 e 20 horas. Pela Boa Vontade TV (canal 23 da SKY), o telespectador pode conferi-las aos sábados, às 14 e 22 horas e às sextas, às 21 horas. Outra opção é aos domingos, às 14 e 21 horas. Pela Rede Educação e Futuro de Televisão, assista ao bate-papo aos sábados às 22 horas; domingos às 21 horas e terças às 22 horas.

à BOA VONTADE. O bate-papo com João Roberto, por sinal, fluiu com a espontaneidade de quem tem o dom de captar no cotidiano boas oportunidades para traduzir a vida em música. A versatilidade e o talento desse carioca nascido no bairro da Gamboa, região central do Rio, estão impressos nas muitas canções dele que enriquecem a música popular brasileira, no su-cesso em programas de televisão na década de 1960 e nas empol-gantes marchinhas carnavalescas.

Apesar de ter concluído o curso de Direito, em 1958, o sambista op-tou por seguir a vocação e continuar na atividade musical.“Gosto tanto de música que durante um tempo trabalhei ensinando harmonia na Escola de Música Villa-Lobos.” Desse período, guarda um carinho especial: “Trago boas recordações dessa escola, acho importante pas-sar para os outros um pouco do que se sabe”. Também integrou o Con-selho de Música do Rio de Janeiro e trabalhou na comissão artística e cultural do Theatro Municipal do Rio.“Foi um período bastante interessante. Minha vida é feita de pedaços que me dão muita satisfa-

(1) Colégio Padre Antônio Vieira, 4o da primeira fila, da esquerda para a direita. (2) joão roberto Kelly (sentado) ao lado da mãe, Luzia, em pé o pai, Celso, e o irmão Fernando Kelly. (3) Com Emilinha Borba. No destaque, o lP Times Square, de joão roberto Kelly.

ção, que até mesmo me esqueço dos momentos complicados”, diz.

O inícioUm fato pitoresco ocorreu

no início da trajetória do artista, período em que João Roberto deixava composições dele em várias gravadoras. Começava a década de 1960 e ele entregou na

Odeon a canção Boato para Isaurinha Garcia gravar; o então diretor artístico da grava-dora, Ismael Corrêa, aproveitou o promissor início de carreira de Elza Soares e incluiu a música no LP da cantora. Sua obra, inspira-da no ditado popular: “Em todo boato existe um fundo de verda-de”, estourou nas paradas.

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como compositor na TV”, conta João Roberto.

Levado para a TV Rio, “pelo Walter Clark Bue-no e pelo José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni”, encontrou Chico Anysio, com quem traba-lhou no programa Praça Onze. “Faltava o final. Como se dizia antigamente em teatro de revista, o grand finale.” Foi quando comentou com Anysio: “Tenho uma melodia, acredito que ela dará certo para fazer o final do Praça Onze”. Ao ouvir a composição, Chico disse: “É isso que quero, cara. Vamos fazer uma letra para ela”. E juntos escreve-

O rápido sucesso pegou de surpresa a própria mãe do autor, Luzia Kelly. “Minha mãe estava lanchando no Largo da Carioca

e ouviu a música, no alto-falante de uma casa de discos. Ela disse: ‘É do meu fi-lho! Essa música é lá de casa’. Como eu não havia gravado,

ela pensou que tivessem roubado minha canção. Só respirou alivia-da quando o vendedor mostrou o disco da Elza e ela conferiu que a autoria da música era minha”, relembra.

Em 1965, durante as festivida-des de 400 anos da cidade do Rio de Janeiro, a deputada estadual Edna Lotes achou necessário ter uma marcha-rancho para as co-memorações. João Roberto Kelly já havia composto, com J. Rui, Rancho do Rio, para o programa de TV Musikelly e aproveitou a oportunidade: “A deputada nos viu na televisão e me procurou para tornar a música o hino oficial do quarto centenário da cidade. Fizeram uma moção muito bonita na Câmara dos Deputados... nas galerias havia muitas crianças. Elas representavam os Pequenos Cantores da Guanabara*. Aqui-lo me emocionou, porque gosto muito de criança. Até hoje quando canto essa música me emociono”.

Artista versátil, destacou-se no rádio, no teatro e na televi-são, seja compondo a trilha, seja como apresentador ou produtor. Exemplos disso são My fair show e Times Square, “dois programas que praticamente me lançaram

isaurinha Garcia

Chico Anysio

Walter Clark bueno boni

ram Rancho da Praça Onze, que alcançou enorme projeção na voz

de Dalva de Oliveira.

SambalançoEstilo intermediário

entre o samba tradicional e a bossa nova, ganhou força nos bailes do Rio e

de São Paulo, nas décadas de 1960 a 1980, e caiu também no gosto de João Roberto Kelly. “Esse ritmo surgiu dos bateristas, do pessoal da música. A bossa nova sempre foi muito gostosa, mas o pessoal quan-do ia cantar os sambas modernos já colocava um pouco mais de calor. Deste período, destacam-se Miltinho, Elza Soares, Luiz Reis, Orlandivo e outros”, comenta.

Essa também foi a fase de estreitar algumas amizades: “Sem-pre fomos amigos, sempre admirei

Elza Soares faz participação emocionante no curta ‘No balanço de Kelly’, sobre o compositor (ao piano).

* Pequenos Cantores da guanabara — Grupo criado nos anos 1950, constituído por alunos do Colégio Salesiano, na antiga Guanabara.

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o Luiz Reis. Éramos tão amigos que gravamos juntos um CD de piano. A minha história é muito ligada ao Luiz também. Acho que ele e o Haroldo Barbosa forma-ram uma dupla inesquecível para a música popular brasileira”.

Histórias musicaisCronista bem-humorado da vida

e da própria cena musical, Kelly se serviu do carnaval como fonte cons-tante de inspiração. “Eu costumo di-zer que minhas canções são flashes daquilo que está acontecendo.” Um bom exemplo é como “fotografou” o clima durante o II Festival Inter-nacional da Canção, em 1967, em que Chico Buarque disputava com a música Carolina, e Gutemberg Guarabyra com Margarida: “Aí fiz uma sátira. Compus com Augusto Melo Pinto Apareceu a Margarida. Porque todo mundo achava que aquela noite seria de Carolina (que obteve apenas o 3º lugar)”.

Do mesmo modo, a ideia para compor outra marcha sua, Mulata iê-iê-iê, veio também por acaso, du-rante um desfile de Miss Brasil, no Maracanãzinho, no qual o compo-sitor foi jurado. “Havia uma mulata muito bonita desfilando, era a Vera Lúcia Couto. Quando vi aquela mu-lata na passarela, pensei: ‘Isso não é samba, está mais para o iê-iê-iê’.

Aí, chamei de Mulata Bossa-Nova e nasceu a marcha”.

“Vi o nascimento da LBV...”

Na agradável conversa, João Roberto Kelly recordou a anti-ga ligação dele com a Legião da Boa Vontade: “É uma satisfação! Vi o nascimento da LBV com o Alziro Zarur, na Rádio Mundial. Nessa época, apresentava um programa de samba com o Oswaldo Sargentelli

Em 1987, numa visita à Sede Central da legião da boa Vontade, em São Paulo/SP, Oswaldo Sargentelli (1924-2002) conversa com seu velho amigo Paiva Netto, sendo observa do pelo legionário Walter Periotto. Na ocasião, o diretor-presidente da lbV co-meçou a cantar uma série de composições do tio de Sargentelli, o inesquecível composi-tor popular Lamartine Babo (1904-1963). Oswaldo, expansivo como sempre, disse: ”Ó Paiva! Você conhece mais música do meu tio do que eu”. E repetiu o mesmo numa viagem de avião, quando se reencontraram. Em outra oportunidade, em carta encaminhada pelo saudoso sambista ao dirigente da instituição, destacou ainda: “O Zarur gostava de mim, do meu espírito boê mio, espírito brincalhão, mas sincero, amigo. E por isso não foi à toa, modéstia à parte, que ele me escolheu para ser locutor do seu programa jesus Está Chamando. Paiva, fica com Deus, meu Irmão! Fé em Deus! Quando eu trabalhei com o fundador da LBV, me considerei promovido a ‘Tenentelli’, e você, que eu conheci na Mun-dial em 1957, já está promovido a Marechal. Vá em frente!”.

(1924-2002) (que fazia a locução da abertura e do encerramento dos programas da LBV)”.

Esse mago das marchinhas, considerado um orgulho da cultura carioca, ressaltou o crescimento do trabalho da Instituição: “Quero aproveitar essa oportunidade para mandar um abraço muito carinho-so ao meu Irmão Paiva Netto, um homem vitorioso. Temos essa Obra gigantesca, que praticamente vi nascer e hoje é mundial, a Fra-ternidade universal que a LBV co-manda de uma forma muito firme. José de Paiva Netto, um abraço a você! Pelo compositor que é, meu colega. Já ouvi um coral cantando uma música sua e achei simples-mente maravilhosa. Parabéns por tudo, pelo homem de bem que é e também pelo artista!”.

“Minha vida é feita de pedaços que me dão muita satisfação, que até mesmo me esqueço dos momentos complicados.”

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Música, maestro!

In memoriam

*¹O maestro carioca Sílvio Barbato estava no voo 447 Rio–Paris, da Air France, que caiu no Oceano Atlântico em 1o de junho de 2009, com 228 passageiros, sem deixar sobreviventes. Dirigiu a área artística da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional, de Brasília, de 1989 a 1992 e de 1999 a 2006 e foi regente do Theatro Mu-nicipal do Rio de Janeiro/RJ.*² A citada Sinfonia da Alvorada é também conhecida como Sinfonia de Brasília, encomendada por JK ainda em 1958.

Uma homenagem ao saudoso regente Sílvio Barbato*¹

O coral de anjos e a orquestra celestial comemoraram em junho, no Céu, o primeiro ano sob a regência de Sílvio

Barbato (1959-2009). A divina música que ele tão habilmente sabia compor e reger ganhou mais harmonia, sentimento e virtuosis-mo, agora, longe das invejas, dos rancores, com os acordes inundan-do de amor os nossos corações e as nossas vidas, lá do Céu.

Os gênios não morrem! Síl-

vio estará sempre vivo, do “dó” ao “si”, em toda clave, em todo acorde, em nossos pensamentos e nos momentos angustiosos aqui na Terra como no Céu.

Eleve, caro maestro, com sua elegância natural, seu sorriso sin-cero, precioso, e seu virtuosismo, a batuta, para de lá encher este mundo, vasto mundo que tanto o ama, dessa harmonia que somente você sabia transmitir a todos nós.

Toque para os anjos e santos, encha a imensidão de acordes com suas canções, óperas, que sempre banharam as nossas almas com uma saudade sem tamanho e amorosamente.

Interprete Villa-Lobos, Claudio Santoro, Verdi e Bizet, cuja mu-sicalidade você recriou e regeu na nossa embaixada em Roma, numa première plena de sucesso.

Toque a Sinfonia da Alvo-rada*², você regendo Tom Jo-bim e eu narrando Vinicius de Moraes, no Teatro Nacional, magnífica sinfonia que Jusce-lino Kubitscheck pediu que compusessem para enaltecer Brasília musicalmente. Além de sua ópera em homenagem a Car-los Chagas, pai e filho, feita em comemoração ao centenário da descoberta da doença provocada pelo barbeiro.

Toque para todos eles que con-tigo aí estão no Reino Sagrado.

Toque, Sílvio! Erga a sua batu-ta e em cada tom, em cada acorde, pense naqueles que aguardam a hora do reencontro Divino. Será então uma festança musical, um louvor à Vida eterna, sob a regên-cia do imortal Sílvio Barbato.

Salve Deus!

Gilberto Amaral, jornalista e colunista do Jornal de Brasília

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Gilberto Amaralespecial para a BOA VONTADE

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In memoriam

Em 26 de abril, o premiado jornalista e fotógrafo Mario de Moraes (1925-2010) voltou, aos 84 anos, à Pátria Espiritual. Ca-rioca, iniciou sua bela e vitoriosa carreira profissional aos 17 anos, como repórter do jornal O Radi-cal. Teve passagens pelo periódi-co O Mundo e pela revista Fon--Fon. O extenso currículo assina-la a atuação em O Cruzeiro; na chefia de reportagem do núcleo de jornalismo da TV Globo, onde foi um dos responsáveis pela criação do primeiro telejornal da emissora, o TeleGlobo; e como correspondente de guerra em Angola, além de ter entrevistado

Saudades do jornalista mario de moraescom exclusividade Ramón Mer-cader, assassino do líder revolu-cionário ucraniano Trotsky.

Assessor de imprensa de di-versas empresas e autor de sete livros, é de Mario de Moraes a autoria do único close de Getúlio Vargas morto. O jornalista era, com orgulho, sócio da Associa-ção Brasileira de Imprensa (ABI) desde 1948. Em 1990, entrou para o time de colaboradores especiais da revista BOA VONTADE, em cujas páginas assinava matérias a respeito de variados assuntos, com destaque para narrativas de fatos históricos e esclarecimentos sobre os direitos do cidadão. Ao

Espírito eterno deste valoroso profissional e amigo, as vibra-ções de Paz da LBV, extensivas a seus familiares.

Homenagem ao empresário elias do NascimentoVoltou à Pátria Espiritual em 14 de maio, no Rio de

Janeiro, RJ, o empresário Elias do Nascimento (1949-2010), fundador do grupo Rio Tókio. Por mais de 12 anos, comandou a rede de concessionárias de automóveis, tornando-a líder de vendas na América Latina.

De espírito humanitário, o empresário foi um entusiasta das causas sociais, sempre apoiando as iniciativas da Legião da Boa Vontade. Diversos pro-gramas e publicações da Super Rede Boa Vontade de Comunicação (TV, rádio, internet e revista) foram por ele patrocinados.

A LBV e seu diretor-presidente, José de Paiva Netto, enviam ao espírito eterno do senhor Elias as mais sinceras vibrações de Paz, sentimento este extensivo à querida família.

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In memoriam

Retornou à Pátria Espiritual, em 18 de junho, José Sara-mago (1922-2010), o único escritor da língua portuguesa

a ganhar o Prêmio Nobel de Litera-tura, em 1998. O autor lusitano — que certa vez disse: “Nossa única defesa contra a morte é o amor” — faleceu aos 87 anos em casa, nas Ilhas Canárias, Espanha. Há alguns anos, o jornalista e escritor Paiva Netto fez a Saramago uma homenagem ao incluir a repre-sentação artística dele no painel A Evolução da Humanidade. Ali, ao lado da estampa de Jesus, o Cristo Ecumênico, estão personalidades, crentes e ateias, que marcaram a História pela relevância de suas atuações. A exposição integra um dos ambientes do Templo da Boa Von tade, a Pirâmide das Almas Benditas, em Brasília/DF.

A Legião da Boa Vontade solidariza-se com os parentes e

À memória de José Saramago

josé Saramago realiza sessão de autógrafos, em 2009, na tradicional Feira do livro da cidade do Porto, Portugal. Na foto, o autor português com o livro Reflexões da Alma, do escritor Paiva Netto, lançado em Portugal pela Editora Pergaminho.

À esquerda, vista parcial do painel A Evolução da Humanidade. No quadro abaixo, a representação artística de josé Saramago, “Prêmio luís de Camões” de 1995.

amigos de José Saramago e envia as mais sinceras vibrações de Paz ao seu Espírito eterno.

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Dorina Nowill: vida dedicada à inclusão

A pedagoga e ativista pela in-clusão dos deficientes visuais Dorina de Gouvêa Nowill (1919-2010) retornou à Pátria

Espiritual no dia 29 de agosto. Ela fi-cou cega aos 17 anos em consequên-cia de uma infecção ocular.

Tendo sido a primeira aluna defi-ciente visual a entrar em um colégio público no Brasil, Dorina percebeu a carência de livros dedicados à comu-nicação em braile. Por isso, em 1946, com um grupo de amigas, criou a Fundação para o Livro do Cego no Brasil com o intuito de produzir livros para esse público. Em 1991, a entidade recebeu seu nome.

Uma das pioneiras na confecção de livros para as pessoas com defici-

ência visual, a instituição foi respon-sável por desenvolver técnicas mais modernas a fim de facilitar o contato dos cegos com obras literárias, como livros falados e vozes sintetizadas no computador. A Fundação Dorina Nowill para Cegos tem hoje a maior imprensa braile da América Latina — na qual foi vertido para essa lin-guagem, por iniciativa da fundação, o livro Somos todos Profetas, do escritor Paiva Netto, que integra a coleção “O Apocalipse de Jesus para os Simples de Coração” —, além de uma biblioteca itinerante para os deficientes visuais.

Dorina teve cinco filhos, doze netos e três bisnetos e era casada havia 60 anos com Edward Hilbert

Alexander Nowill, que conheceu nos Estados Unidos, onde se espe-cializou em educação de cegos pelo Teachers College da Universidade de Colúmbia, no Estado de Nova York.

A Legião da Boa Vontade e seu diretor-presidente, José de Paiva Netto, enviam as mais sinceras vibrações de Paz ao Espírito eterno de Dorina Nowill, extensivas aos familiares e amigos.

In memoriam

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Acontece no Rio Grande do Sul

liliane Cardoso

O jornal A Tribuna Regional comemorou, no dia 24 de junho, 43 anos de ativida-de, período em que se tor-

nou referência no jornalismo do interior gaúcho. Pelo dinamismo e capacidade profissional de sua equipe, o periódico é reconheci-do como porta-voz das Missões, região noroeste do Rio Grande do Sul, que compreende mais de 40 municípios.

Em concorrida cerimônia no salão de festas do Clube Gaúcho, em Santo Ângelo/RS, jornalistas, anunciantes e amigos convidados

tiveram a oportunidade de assistir a um vídeo sobre a bem-sucedida tra-jetória do jornal desde sua fundação, em 5 de julho de 1967.

Em entrevista à BOA VONTA-DE, o diretor de A Tribuna Luiz Valdir Andres Filho comentou: “Para nós, é uma satisfação levar informação sempre atualizada, séria, com credibilidade, para esse grande número de municípios da região noroeste do Rio Grande do Sul”. A respeito da 3ª edição do prêmio “Marcas & Líderes”, cuja entrega ocorreu em conjunto com os festejos do aniversário de fundação

do jornal, afirmou: “É um evento que A Tribuna desenvolve aqui em Santo Ângelo, entregando o troféu ‘Mar-cas & Líderes’ para os destaques da comunidade santo-angelense, como forma de agradecimento e de incentivo às empresas, instituições e entidades que, ao longo do ano, se destacam nos seus segmentos”.

ReconhecimentoUma pesquisa entre os leitores

e anunciantes indicou as empre-sas, instituições e personalidades agraciadas. O diretor-presidente da Legião da Boa Vontade, José

Entrega de prêmio marca aniversário de A Tribuna Regional

A partir da esquerda: a sra. Andréa Andres, diretora do jornal A Tribuna; o casal legionário Renata e Alziro de Paiva, que representou o dirigente da lbV, homenageado na solenidade; o sr. Luiz Andres Filho e a sra. Neila Zilá Andres, também diretores do diário, durante a entrega do prêmio “marcas & líderes”.

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renata e Alziro de Paiva confraternizam

com a sra. ligia Schröder

de Paiva Netto, que tem coluna publicada semanalmente no tra-dicional periódico, pela segunda vez consecutiva foi escolhido para receber a honraria.

Luiz Andres Filho ressaltou a escolha do nome do dirigente da LBV — na ocasião representado pelo casal Legionário Renata e Alziro de Paiva — nessa home-nagem: “Paiva Netto, além de ser amigo da família Andres, é colu-nista do jornal. Aliás, uma coluna muito apreciada, sempre apontada nas pesquisas como uma das prin-cipais, das mais lidas. Para nós, é uma satisfação e orgulho tê-lo aqui. Merecidamente recebe, pelo segundo ano consecutivo, o troféu ‘Marcas & Líderes’. Ele é um líder, uma marca também com a Legião da Boa Vontade. Nós agradecemos à LBV, que é sempre nossa parcei-ra. Um abraço ao Paiva Netto”.

Em nome do diretor-presiden te da LBV, Alziro de Paiva agradeceu o prêmio e enfatizou o fato de ser fruto de “uma eleição popular”. E completou: “É o carinho do povo de Santo Ângelo, que demonstra o carinho do Rio Grande do Sul e de todo o Brasil pelos 54 anos de trabalho ininterruptos pelo engrandecimento do nosso país e do mundo”. Ele mencionou, ainda, um dos diferenciais dos artigos do homenageado, que exaltam sem-

“Paiva Netto, além de ser amigo da família Andres, é colunista do jornal. Aliás, uma coluna muito apreciada, sempre apontada nas pesquisas como uma das principais, das mais lidas. Para nós, é uma

satisfação e orgulho tê-lo aqui. Merecidamente recebe, pelo segundo ano consecutivo, o troféu ‘Marcas & Líderes’. Ele é um líder, uma marca também com a Legião da Boa Vontade.”

pre os valores da Espiritualidade Ecumênica. “O jornalista Paiva Netto insere na vida das pessoas o Evangelho de Jesus. De forma extremamente didática, o Cristo Ecumênico passa a fazer parte do dia a dia, (...) a guiar o mundo para o crescimento. O povo de Santo Ângelo deixou isso muito claro.”

Renata de Paiva descreveu o que sentiu ao representar o dirigente da Instituição na solenidade: “Ao cha-marem o nome do jornalista Paiva Netto, nós sentimos o calor da Família Legionária. O povo mis-sioneiro aplaudiu e demonstrou todo seu carinho e gratidão pelas palavras dele no jornal A Tribuna Regional e por todo o conforto espiritual e esperança que oferece para os brasileiros”.

Tradição e história“São 43 anos de circulação

ininterrupta, é o único diário de Santo Ângelo, das Missões”, lem-brou a diretora Andréa Andres Vendramin. Também ela comen-tou a indicação do dirigente da LBV para o prêmio: “Nossa fa-mília admira a pessoa de Paiva Netto, que nos possibilita tê-lo no jornal. Ele é muito elogiado, e sua coluna, bastante comentada. Além do trabalho maravilhoso, digno, à frente da LBV(...)”.

Ao término da entrevista, Andréa agradeceu a mensagem da Legião da Boa Vontade: “Recebi um cartão via e-mail da LBV com a foto das crianças e uns dizeres; eu me emocionei mesmo [com a mensagem do cartão]. Muito lindo! Repassei para cada funcionário do jornal aquele cartão, porque dizia ali o que gostaria de falar para todos”.

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Aclamado pelo povo uma das Sete Maravilhas de Brasília, o Templo da Boa Vontade (TBV) se tornou, perto de

completar 21 anos, um símbolo da capital do Brasil por constituir importante elemento na forte vo-cação mística da cidade.

Ao completar 50 anos de funda-ção, Brasília e sua história ganha-ram destaque na mídia nacional e estrangeira. O jornal Correio Brazi-liense, por exemplo, distribuiu uma revista especial com o retrospecto dos principais acontecimentos de 1960 a 2010. No ano de 1989, o

destaque foi para a inauguração do TBV, a Pirâmide dos Espíritos Luminosos. Na revista está regis-trado o momento histórico, com resumo dos fatos em torno da me-morável data, sob o título “Todas as Crenças”.

A relevância do Templo da LBV para os brasilienses, mo-numento mais visitado da capital federal, segundo dados oficiais da Secretaria de Estado de Turis-mo do Distrito Federal (Setur), foi lembrada por diversos sites, entre os quais dapress.com.br, venhaparabrasilia.com.br, tribu-

nadobrasil.com.br, brasal.com.br, geracaobrasilia.org.br, UOL Notícias — especial 50 anos de Brasília, 24horasnews.com.br e panoramio.com.

O TBV também foi citado no especial sobre as Sete Maravilhas de Brasília, veiculado nas emissoras de televisão, a exemplo da TV Câ-mara, Cidade Livre, Globo, NBR, Record e TV Senado; e de emis-soras de rádio: Band FM, Brasília Super Rádio FM, Globo Brasília, Bandeirantes Brasília, Clube AM, Cultura FM, Nacional AM e Bra-sília Rádio Península FM.

Notícias de BrasíliaOs 50 anos da capital brasileira

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O Templo da Boa Vontade (TBV), símbolo maior do Ecumenismo Divino, é o monumento mais visitado da capital do Brasil, segundo dados oficiais da Secretaria de Estado de Turismo do Distrito Federal (Setur). Na foto, da esquerda para a direita, o Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica, o ParlaMundi da LBV, a sede administrativa e o TBV. Visite: SGAS 915, Lotes 75/76. Informações: (61) 3245-1070/www.tbv.com.br

“A maior construção piramidal (de sete faces) do século 20”

Jornal Diário de Noticias — Portugal — (20/9/2003)

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O Templo da Boa Vontade, a Pirâmide das Almas Benditas, recebeu em 15 de abril a ministra de Estado do Ministério

do Desenvolvimento da Mulher e da Criança do governo indiano, Krishna Tirath. Em visita oficial ao Brasil, para participar do III Fórum de Mulheres IBAS (Índia, Brasil e África do Sul), ela se encantou com o Templo da Paz, como também é conhecido o TBV. “As pessoas estão meditando num lugar muito calmo, bonito e limpo. Eu adorei vir a esse Templo para reservar algumas horas para adoração”, destacou a ministra.

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Meditação

Em 3 de maio, foi a vez do ministro da Defesa do Equador, Javier Ponce (em destaque na foto). O representante do governo equatoriano visitou o monumento acompanhado por sua comitiva, formada pelo embaixador Eduardo Mora-Anda; pelo coronel de

Defesa da Embaixada do Equador no Brasil, Fredy gustavo Druoet Chiriboga; e pelo tenente-coronel equatoriano Ronier Bladimir Ramirez Sandoya.

Javier Ponce ficou comovido com o Ecumenismo Irrestrito do Templo da LBV. “Acredito que há uma nova leitura da palavra ecumênica entre nós; está aberta a todas as correntes e isso coincide com a diversidade de nossos países.” Também poeta, o ministro se disse inspirado pelas energias positivas que sentiu no TBV, tanto que até pensa transformar em versos a experiência. “Há uma veia espiritual muito presente em minha poesia, e eu acredito que há muito o que dizer neste sentido: caminhar até o fundo de um abismo, pela linha negra, para, depois, pela linha branca, voltar ao céu e à luz (...)”, disse em alusão à espiral localizada no centro da pirâmide do TBV.

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Registro

Em 2 de maio, o Templo da Boa Vontade foi visitado pela atriz Natália Lage, que percorreu os ambientes da Pirâmide dos Espíritos Luminosos acompanhada por sua mãe, Maria Lage. Além de caminharem pela espiral, as simpáticas peregrinas registraram a visita em fotografia, posando ao lado da Fonte Sagrada.

Em 10 de junho, a página do Templo da Boa Vontade na internet ganhou versão em mais dois idiomas: árabe e chinês. Mesmo sem ter visitado ainda o monumento, o tradutor de árabe Jean T. Nemr enfatizou a relevância do Templo da LBV, que surgiu para promover pioneiramente

o Ecumenismo Irrestrito. “É gratificante que alguém use o nosso idioma e divulgue coisas que têm grande valor para o mundo in-teiro”, afirmou.

Ele mencionou ainda o pensamento universalista presente nos ideais e nas atividades da Instituição: “A ideia da Boa Vontade não se limita ao Cristianismo, mas agrega muitas religiões em torno de um só conceito, para que seja ecumênico e para o bem da Humanidade em geral. Realmente, não existe no mundo uma concepção como essa. A filosofia da Legião da Boa Vontade é diferente e pioneira”.

Os internautas também encontram na página do TBV o con-teúdo em alemão, espanhol, esperanto, francês, inglês, italiano e

português: www.tbv.com.br.Fac-símile das novas home pages do site em árabe e chinês.

Novidade

Crianças atendidas pela LBV na capital federal participaram da gravação do clipe Nós somos o Mundo, ao lado de diversos artistas brasilienses. A música é versão de We are the World (Michael Jackson (1958-2009) e Lionel Ritchie), lançada em janeiro de 1985 para co-laborar, na época, com as vítimas da fome na África.

Desta vez, a canção está sendo veiculada para solicitar ajuda para o povo do Haiti e do Chile, países que tiveram muitas perdas humanas e materiais, no início deste ano, em de-corrência de fortes terremotos. Os meninos e meninas do Coral Ecumênico Infantil Boa Vontade de Brasília encerram o clipe, que faz parte do projeto Um mundo bem melhor — cujo objetivo é conscientizar as pessoas de que cada Ser Humano é responsável na promoção dessa transformação planetária. Desde 1º de junho, o clipe pode ser visto em sites de vídeos, a exemplo do YouTube.

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Notícias de Brasília

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Enquanto a bandeira do Distrito Federal entrava no Centro de Convenções ulysses Guimarães, na abertura do Congresso, o mestre de cerimônias anunciava: “Neste momento, crianças da Legião da Boa Vontade adentram este ambiente trazendo cristais, um dos símbolos de Brasília. Segundo os estudiosos do assunto, o cristal, além de purificar o ambiente, favorece a cromoterapia. E o Templo da Boa Vontade, pirâmide heptagonal, monumento mais visitado da capital federal e uma das Sete Maravilhas de Brasília, tem no ápice aquela que é considerada a maior pedra de cristal puro do mundo”.

Mais de 400 guias de turismo visitam o TbV

Mais de 400 profissionais da área de turismo escolheram um domingo de abril para conhecer o Templo da Boa Vontade. Como estavam em Brasília/DF para participar do 30o Congresso Brasileiro dos Guias de Turismo, eles aproveitaram a ocasião para incluir o TBV na agenda de atividades.

Marilene Pitanga, de Alagoas, se disse encantada e, resumindo o sen-

timento de muitos de seus colegas ali presentes, comentou: “Foi lindo, me senti leve! Fiquei emocionada quando estava andando [na espiral]; Deus estava ao meu lado. Não tenho nem palavras (...), porque a sensação é muito boa”.

Os guias de turismo percorre-ram os ambientes da Pirâmide das Almas Benditas e, na oportunidade,

receberam a revista BOA VONTADE, edição especial dos 60 anos da LBV. “É uma satisfação muito grande conhecer o Templo, uma obra feita com muito carinho, especialmente para alimentar a Alma e o Espírito da gente. Saímos daqui carregados de energias positivas. Estou muito satisfeito”, ressaltou Francisco Negreiros, do Amapá.

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Arte na Tela

marta jabuonski, curadora da Galeria de Arte do Templo da boa Vontade.

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alCultura e história

marta jabuonskiFotos: Clayton Ferreira

Possibilitar que um nú-mero maior de pessoas tenha acesso à arte e à cultura foi o que moti-

vou a FJPN — Fundação José de Paiva Netto a idealizar o projeto Conhecendo Museus. Em essên-cia, defende a ideia de que a arte é fundamental na construção da cidadania, ou seja, não pode ser privilégio de uma minoria. Assim, munidos desse aprendi-zado, é que a criança e o jovem pode (re)elaborar novos conhe-cimentos, capazes de promover mudanças positivas. O museu é lugar de reflexão, de encontrar no passado as respostas para o presente e o futuro.

Resultado de parceria entre a

Direito amemóriaProjeto Conhecendo Museus é lançado em Brasília

durante o 4o Fórum Nacional de Museus

Fundação José de Paiva Netto, o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e o Ministério da Edu-cação (MEC), o projeto teve o seu lançamento oficial durante o 4º Fórum Nacional de Museus (FNM), realizado de 12 a 17 de julho, em Brasília/DF, que deba-teu o tema “Direito a memória. Direito a museus”. Para Mário Chagas, diretor do Departamento de Processos Museais do Ibram, “o que se está fazendo, na verda-de, é o reconhecimento à vontade de memórias nos diferentes gru-pos sociais”.

Durante o fórum, foram exibi-dos no espaço Conhecendo Museus 15 vídeos, da primeira edição do projeto, que apresentam insti-

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tuições museológicas da Região Sudeste (veja no quadro ao lado).

Luciano Duarte, superinten-dente da Fundação José de Paiva Netto, cuja atuação se faz no cam-po da comunicação social, edu-cacional e cultural, representou a FJPN no evento. Ao destacar o alcance da iniciativa, ele afirmou: “Trata-se da certeza de que as crianças do nosso país poderão conhecer os museus de suas res-pectivas regiões e de outras partes do Brasil nas próprias salas de aula, por intermédio da televisão [além do formato DVD, por meio da Boa Vontade TV e de emissoras parceiras], estabelecendo assim um diálogo sem fronteiras, capaz de levantar questionamentos e

Na Região Sudeste, o projeto Conhecendo Museus contemplou 15 instituições museológicas. Do Rio de Janeiro, o Museu da Maré, Museu da República, Museu Histórico Nacional, Museu Nacional de Belas Artes, Museu de Arte Contemporânea e Museu do Folclore Edson Carneiro; de São Paulo, Museu de Arte de São Paulo, Museu do Café, Memorial do Imigrante, Museu de Zoologia e Museu Paulista (Museu do Ipiranga/USP); e de Minas gerais, Museu da Inconfidência, Museu do Oratório, Museu de Artes e Ofícios e Museu Histórico Abílio Barreto.

Cerimônia de abertura do 4o Fórum Nacional de museus

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reflexões, reafirmando o direito de todos à cultura e cidadania”.

E acrescenta o representante da FJPN: “Parabéns ao Ibram pela realização do 4º Fórum de Mu-seus, que congrega e educa pro-fissionais de museologia, amantes da cultura, representantes inter-nacionais, num momento histórico para a memória do Brasil”.

MEC distribuirá mais de 30 mil kits do projeto

Segundo Luciano Duarte, a produção audiovisual Conhecendo Museus é uma série de documen-tários que, por meio de linguagem acessível, serve de complemento paradidático. Além dos vídeos, faz parte também do kit o encarte exploratório, feito para orientar

professores sobre como trabalhar o material em sala de aula. A primeira edição, com museus do Sudeste, já está no ar pela Boa Vontade TV, pela Rede Educação e Futuro de Tele-visão (da Fundação José de Paiva Netto), pela TV Brasil (emissora da Empresa Brasil de Comunicação – EBC) e pela TV Escola (do MEC). Mais de 30 mil kits do projeto serão distribuídos pelo MEC.

Para José do Nascimento Junior, presidente do Ibram, “esse é um projeto fundamental, tem um caráter abrangente”. E explicou: “Nós estamos incorporando a TV Brasil e a TV Escola; então, a pos-sibilidade de ele ser um sucesso é muito grande, pois conscientizará a população quanto ao valor dos museus, da preservação da memó-ria, das questões relativas ao pa-trimônio cultural, resultando num país qualificado, num povo que sabe que a memória é relevante para a sua identidade. Essa parce-ria com a Fundação José de Paiva Netto possibilita estruturar um projeto de abrangência nacional”.

Museus debatem diretrizes, ações e metasO 4º Fórum Nacional de Museus reafirmou a necessidade da troca

de experiências para a construção de uma nova imaginação museal, a experiência do museu como prática dialógica, e focalizou os temas “De-senvolvimento sustentável”, “Economia criativa”, “Cidade e cidadania”, entre outros. Em meio a todo esse debate, conforme ressaltou Eneida Braga, organizadora do evento, insere-se “um aspecto muito importante, que é a construção conjunta de um plano nacional setorial de museus”.

No ano em que Brasília completa 50 anos, o cenário arquitetônico, artístico e cultural da cidade serviu de ponto de partida para a reflexão do tema proposto, atraindo pessoas de todas as regiões brasileiras e representantes internacionais. A diversidade dos museus nacionais se tornou visível nas palestras, seminários, minicursos, mesas-redondas, o que culminou em registros que podem levar à definição de diretrizes, ações e metas da Política Nacional de Museus (PNM) e do Sistema Nacional de Museus (SNM).

Eneida braga, organizadora do 4o Fórum Nacional de museus.

mário Chagas, diretor do Departamento de Processos museais do ibram.

josé do Nascimento junior, presidente do ibram.

Arte na Tela

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A jornalista Tereza Cruvinel, diretora--presidente da EbC, uma das parceiras na exibição da série Conhecendo Museus.

Rui Mourão, diretor do Museu da Inconfidência, um dos contem-plados no Conhecendo Museus, mostra-se otimista: “Esse é um projeto interessantíssimo. A socie-dade brasileira precisa conhecer os museus e tirar proveito do tra-

balho cultural. Com divulgação, vamos estimular mais visitas”.

Fã declarada do projeto, Cecília Machado, diretora do Grupo Técni-co do Sistema Estadual de Museus, destacou a relevância e a visibilida-de da empreitada, além do desejo

de que se produza uma edição do projeto especialmente para o Estado de São Paulo. “A gente já está le-vando essas considerações para a Secretaria do Estado e da Cultura; planejamos para curtíssimo prazo executá-lo.”

luciano Duarte, diretor da Fundação boa Vontade, saúda o público e apresenta o projeto Conhecendo Museus.

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militante da juventude Ecumênica da boa Vontade de Deus e graduado em Física pela universidade de Campinas (unicamp).

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Aceleradores,e o destino da ciência

“a partícula de Deus”

No meio científico, muito se especula sobre as descobertas que o acelerador de partículas LHC (Grande Colisor de Há-

drons, na sigla inglesa) evidenciará ao mundo. Depois de imprevistos, suspeitas e temores de que tal su-permáquina pudesse criar buracos negros (veja boxe na próxima pági-na), o primeiro teste veio em 2008. Na ocasião, cientistas colocaram no potente acelerador do Cern — Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire (Conselho Europeu para Pesquisa Nuclear) — um feixe de prótons que percorreu, numa ve-

locidade próxima à da luz, toda a extensão do grande anel de colisão, com 27 quilômetros de circunferên-cia, construído na fronteira franco- -suíça. Neste ano, depois de várias pausas para manutenção, finalmente, as pesquisas e estudos tiveram início. Diante do progresso que o LHC está tendo, foram anunciados, em julho de 2010, a construção de dois novos aceleradores, o Colisor Linear Inter-nacional (ILC) e o Colisor Linear Compacto (Clic).

Nessa mais nova fase da Ciência, nos indagamos: o que poderá surgir de todo esse empreendimento?

Origem do universoEspírito e Ciência

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Grande Colisor de Hádrons

Mas o que é um acelerador de partículas? Podemos descrever, grosseiramente, o Grande Colisor de Hádrons como um enorme mi-croscópio, com o qual se pretende recriar condições semelhantes às que existiam frações de segundo depois do big bang*1. Quando chegamos a medidas tão peque-nas, menores que o átomo, tendo o raio da ordem de um angstrom (1Å), equivalente a 10-10m, ou seja, da dimensão das partículas que o constituem, o mundo tal como conhecemos começa a se portar diferentemente do que o bom sen-so poderia supor. Desta maneira, o processo de observação daquilo que não é possível enxergar a olho nu torna-se complexo até mesmo pelas mais poderosas lentes de aumento.

Há mais de três séculos, o ma-temático e filósofo francês Blaise Pascal (1623-1662) afirmou: “(...) Por mais que ampliemos as nos-sas concepções e as projetemos além dos espaços imagináveis, concebemos tão somente átomos em comparação com a realidade das coisas”. Embora na época desse pensador o átomo fosse mais especulação do que real teoria científica, podemos compreender

que, ao se tratar desses constituin-tes da matéria, existe dificuldade em estabelecer precisamente a realidade em relação ao mundo em nossa escala. Isso se agrava mais quando sabemos que o processo que nos faz enxergar interfere naquilo que vemos.

A luz é composta por fótons, subpartículas desprovidas de mas-sa, que em contato com outras próximas e da mesma ordem de magnitude — como os prótons e nêutrons, considerados hádrons, daí o nome do colisor — provo-cam interferência no processo de observação. Portanto, foi necessá-rio criar maneiras diferentes para estudar a matéria, em especial por meio dos aceleradores de partículas que, como o próprio nome indica, aumentam a velocidade dessas par-tes diminutas, levando-as a colidir entre si e, consequentemente, expor novas sutilezas da matéria, como os chamados bósons de Higgs. Contu-do, para que isso ocorra, é imensa a demanda de energia, a fim de via-bilizar a aceleração de tais corpús-culos a velocidades próximas à da luz. Somente o LHC é capaz hoje de fornecer artificialmente tamanha quantidade de energia. Provavel-mente, por conta da importância para a Física, Leon Lederman,

Nobel na área em 1988, intitulou o bóson de Higgs de “a partícula de Deus”*2.

“A partícula de Deus”Muitos consideram essa deno-

minação não somente equivocada — uma vez que associa à Ideia Divina uma partícula compreen-dida no campo da Ciência —, mas também pobre, pois procura definir Deus de forma particulada. Lederman, talvez munido de ironia — ou por perspicácia apenas —, acabou por difundir o termo, ge-rando enorme curiosidade sobre o assunto.

Independentemente disso, o bóson de Higgs, se comprovada sua existência, explicará a origem da massa, um dos pilares no modelo-padrão de partículas. Caso isso não ocorra, depararemos com uma nova revolução científica, pois modelos e teorias deverão ser criados para explicar o que a Natureza de fato nos revela no Universo quântico (mecânica que explica as partículas menores que o átomo). Desse modo, com o advento do acelerador de partículas, é uma questão de tempo até sabermos se a Física de hoje necessitará ser revista ou não, ou se assistiremos à inauguração de uma nova Física no século 21.

*¹ Teoria proposta pelo padre católico georges-Henri édouard Lemaître (1894-1966), na qual afirmava que o Universo teve início com uma grande explosão.*2 “A partícula de Deus” — É como também ficou conhecido o bóson de Higgs. Proposto em 1964 pelo físico escocês Peter Higgs, o bóson seria a partícula responsável por dotar de massa tudo o que há no Universo, ou seja, pela formação de planetas, estrelas e galáxias a partir dos gases, e mesmo da vida na Terra e talvez em outros pontos do Cosmos. Daí a expectativa em torno do experimento com o LHC, que pode provar a existência do bóson.

Buraco negroAcredita-se que se trata de região do espaço-tempo dotada de campo gravitacional tão intenso que dali nada pode fugir, inclusive a radiação eletromagnética, como a luz.

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Para ilustrarmos bem essa questão, recorro ao que escreveu Paiva Netto, em sua obra As Profecias sem Mistério (Eleva-ção, 1998, 84a edição): “(...) se alguém assegurar ser tal coisa impossível, tendo em vista de-terminado parecer científico — qualquer um poderá perguntar- -lhe a que Ciência se refere: a do passado, a contemporânea ou a do futuro?”

Os cientistas e o DivinoA Ciência procura a Divindade

sob diferentes nomes e modos, e muitas vezes o faz até sem o saber. Isaac Newton, Charles Darwin, Louis Pasteur, Antoine Lavoisier, Gustav Kirchhoff e Hermann von Helmholtz são exemplos na Ciência que se

no debate “Religião versus Ciência”. Entender Deus não deve ser tarefa única das correntes religiosas, mas a principal ideia que move a Ciência. Por quê? Se O definirmos como as próprias Leis Físicas, conforme o filósofo holandês Baruch Spinoza (1632-1677) defendia, então a Físi-ca é, por conta disso, e nos valhamos aqui de uma afirmativa de Paiva Netto, “a mais espiritual das ciên-cias”*3. Contudo, devemos aprimo-rar ainda mais esse raciocínio.

Matemática e conceitos abstratos

O cientista italiano Galileu Galilei (1564-1642) resumiu a Matemática como “o alfabeto no qual Deus escreveu o Universo”. Ora, o exercício de definir Deus pode gerar intermináveis contro-

O que forma o Universo

Com o Grande Colisor de Há-drons, o Conselho Europeu para Pesquisa Nuclear (Cern) também tem por missão encontrar evidências relacionadas à matéria escura, ou invisível (encontrada nas galáxias), que se acredita ser responsável por algo em torno de 25% do Universo; apenas 5% do Cosmos é o que conhecemos hoje. Os cientistas esperam ainda que o LHC obtenha provas da existência de energia es-cura (responsável pela aceleração do Universo), que representaria os 70% restantes do Cosmos.

concentraram no tema, e tantos outros continuam esse esforço em conhecer a Essência Criadora. Relegado há muito como mera Metafísica, a compreensão de Deus talvez possa vir a ser visua-lizada pelo estudo da Ciência, e aí esteja a explicação para a procura constante em tentar definir as mecânicas e forças elementares, reunidas numa Teoria de Tudo.

Naturalmente, como ressalta o pensador Paiva Netto, necessário se faz não apenas buscar a Teoria de Tudo, que continuará incomple-ta, mas, sim, a do Tudo, que busca a Verdade, seja por intermédio do conhecimento, seja por tudo que evidencie a Grandeza do Amor (o próprio Universo). Nesse processo, é preciso cuidado para não cair antes no impulso de inserir esse assunto

Espírito e Ciência

O lHC (Grande Colisor de Hádrons), com 27 quilômetros de circunferência, é resultado de um grande empreendimento que pretende simular segundos após o big bang.

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*3 O físico Juliano Bento faz menção ao que Paiva Netto declarou, em 1982, numa entrevista à Folha de S.Paulo, acerca da Economia ao dizer: “A Economia é a mais espiritual das ciências”.

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vérsias, já que podemos considerá- -Lo a própria Matemática, por-quanto a parte que procede de um todo possui características desse todo. O brilhante físico ateu Paul Dirac (1902-1984) manifestou também uma posição contundente sobre o assunto: “A Matemática é uma ferramenta especialmente de-senvolvida para lidar com concei-tos abstratos, e não existem limites para o seu poder nesse campo”.

Diante disso, temos que a abs-tração surge para se contrapor àqui-lo que a limitada visão humana não consegue extrair do que se supõe real. Mas, se com a Matemática definimos o Universo, e ao mesmo tempo ela lida com conceitos abs-tratos, podemos inclusive recorrer ao argumento segundo o qual a abstração seria de fato parte da sistematização do Cosmos. Nisso, abstrair uma definição de Deus implica um ato científico.

Jesus, o Cristo Ecumênico, o grande Cientista e Filósofo universal, que fartas vezes foi confinado ao plano religioso, como protesta Paiva Netto, ao propor a dessectarização de Jesus*4 exemplificou: “Não está escrito na vossa lei: ‘Eu disse: Vós sois deuses?’. (...) Se não faço as obras de meu Pai, não me acrediteis. Mas se as faço, embora não me creiais a mim, crede nas obras” (Evangelho de Jesus segundo João, 10:34 a 38).

O Supremo Educador dos Po-vos ensina-nos a reconhecer aqui-lo que procede do Pai Celestial. Se

a Ciência produz conhecimento para entender o todo, livre de qual-quer paixão pessoal ou dogmatis-mos, então, ela está realizando o intento de verificar Deus em tudo o que procura. Mais uma vez, “é preciso se livrar da ideia do deus antropomórfico, um impedimento para a compreensão do Universo” (Leia Ecce Deus, do jornalista e escritor Paiva Netto).

Espírito e matériaVale também aqui recordar as

palavras do dirigente da LBV em seu artigo “Spinoza, Lao-tsé e na-tureza divina da matéria”, publicado em 29 de abril de 1993, no jornal Correio Braziliense: “Escrevi que, durante muito tempo, a matéria foi considerada obstáculo ao Espírito. Contudo, agora deixará de ser, à medida que percebermos e respei-tarmos sua função superior. (...) O malefício não se encontra na maté-ria, ou no que dela restou depois da

reforma da Ciência Física instituída por Einstein (1879-1955), mas no uso que dela fizermos”.

À Substância Divina das leis da Física, escritas na linguagem matemática, acrescentamos o en-tender do Espírito como também esse agente que, aliado ao sagrado conceito de Amor, que o Cientista Celeste Jesus nos concedeu, for-nece bases para uma compreensão mais profunda do que se pode intuir do verdadeiro cerne da matéria.

O futuro da CiênciaQuão profundas elucidações o

Grande Colisor de Hádrons poderá trazer para o estudo da Natureza. Que esse instrumento seja capaz de proporcionar ao mundo e à Ciência novas conquistas, onde os limiares agora renovados da Física surjam ainda mais longínquos, de forma que vislumbremos, à luz da Verdade Eterna e Divina, a real partícula de Deus: O Espírito!

*4 Dessectarização de Jesus — Leia mais no se-gundo volume das Diretrizes Espirituais da Religião de Deus, de Paiva Netto.

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No destaque, pode-se ver a extensão do grande anel de colisão, com 27 quilômetros de circunferência, construído na fronteira franco-suíça.

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Ação Jovem LBV

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A sessão solene de encerra-mento do 35º Fórum In-ternacional do Jovem Mi-litante da Boa Vontade de

Deus, em 3 de julho, certamente ficará marcada para muitas pes-soas em todo o mundo. Com discurso caloroso e inspirador, o diretor-presidente da Legião da Boa Vontade, José de Paiva Netto, criador desse movimento jovem, comandou por meio de videoconferência a conclusão do evento. Pela TV, rádio e internet, suas palavras foram transmitidas para todo o Brasil e o exterior.

Inicialmente, Paiva Netto

recordou o primeiro contato que teve com a Instituição. Era 1953, ainda adolescente, recebera de uma senhora negra, no Rio de Janeiro/RJ, um opúsculo editado pela LBV que muito lhe chamou a atenção: no folheto, de excelente conteúdo, encontrou descritos os ideais que almejava desde moço. Três anos depois, revestido des-se espírito Legionário, passou a dedicar-se integralmente à ex-pansão do trabalho da Legião da Boa Vontade e, com o saudoso fundador da Casa, Alziro Zarur (1914-1979), abraçou o compro-misso de levar essa mensagem de

Amor e Solidariedade ao maior número de pessoas possível.

O encontro de jovens militan-tes da LBV também acompanhou mais um passo importante para o cumprimento da grande res-ponsabilidade assumida pelo seu dirigente: a abertura oficial das novas instalações do escritório da LBV dos Estados Unidos para representação na ONU, em Manhattan (ver matéria na pág. X). Aliás, foi também por ini-ciativa dele que a Obra iniciou suas atividades nos EUA, em 30 de outubro de 1986, onde mantém um centro comunitário

Encontro internacional

o pódio de todas as torcidasbOA VOnTADE

Paiva Netto comanda sessão solene de fórum jovem da Legião da Boa Vontade sobre esportes...

... e comemora com o povo 54 anos de serviços prestados à LBV

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e educacional em Newark (Nova Jersey).

A cerimônia final do fórum representou o desfecho de um ano de ações, como campanhas solidárias e encontros para debater temas atuais, com a participação de jovens de todas as idades. Além disso, foi o ponto alto de uma se-mana de importantes realizações em homenagem aos 54 anos de trabalho do líder da militância jovem na formação da Cidadania Ecumênica (29 de junho). Por

exemplo, nos dias 29 e 30 de junho e 1º de julho, ocorreu o 8º Con-gresso Internacional de Educação da LBV, na capital paulista. Nele, educadores do Brasil e do exterior analisaram o tema “Disciplina: um olhar além do intelecto”. Durante o evento, foi lançada a publicação Educação com Espiritualidade Ecumênica — Manual da Peda-gogia do Afeto e da Pedagogia do Cidadão Ecumênico, com a proposta pedagógica do dirigente da LBV, Paiva Netto, aplicada

com sucesso na rede de ensino e programas socioeducacionais da Legião da Boa Vontade (ver matéria na página 54).

O público que compareceu ao Congresso de Educação da LBV também foi agraciado com a nova edição da revista JESUS ESTÁ CHEGANDO!, número 107. A publicação traz a segunda parte do artigo do dirigente da Instituição: “Jesus, a Educação, a Economia e a sua ética, firmadas

Rio de Janeiro — O diretor-presidente da legião da boa Vontade, josé de Paiva Netto, durante a conclusão do 35o Fórum internacional do jovem militante da boa Vontade de Deus, em 3 de julho. Na segunda foto, ele observa o bolo — feito em sua homenagem —, com imagens artesanais relembrando o início da jornada na lbV, quando ainda era adolescente, e algumas das realizações suas em 54 anos de trabalho na instituição.

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Ação Jovem LBV

no Seu Novo Mandamento, no Evangelho e no Apocalipse”.

O fórumPromovido anualmente pela

Legião da Boa Vontade, o Fórum Internacional do Jovem Militante da Boa Vontade, nesta sua 35ª edição, proporcionou aos moços de todas as idades a oportuni-dade de desenvolver debates e atividades culturais em torno do tema “Boa Vontade: o pódio de todas as torcidas”. A escolha do tema foi da própria juventude, a fim de discutir a Espiritualidade Ecumênica e a Cultura de Paz nos esportes. Tradicionalmente, o objetivo do fórum é promo-ver o protagonismo juvenil e o entendimento da cultura como ferramenta essencial à construção da identidade e meio eficaz para promoção da cidadania.

Com a conclusão de mais essa etapa, foi disparado o 36º Fórum, edição especial, em comemora-ção dos 50 anos do Movimento

Ação Jovem LBV

Recife/PE Salvador/BA

Porto Alegre/RS Porto Alegre/RS

Goiânia/GO

São Paulo/SP

Campinas/SP

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Jovem da Boa Vontade — criado em 1961 por Paiva Netto, em pro-posta a Alziro Zarur. Até junho de 2011, os jovens militantes pode-rão trabalhar no tema do próximo fórum, escolhido por votação: “Juventude, Boa Vontade para um mundo melhor”.

Rodas Espirituais e Culturais

Paralelamente ao Fórum do Jovem Militante da Boa Vontade de Deus, as Rodas Espirituais e Culturais da LBV oferecem às novas gerações uma série de eventos com manifestações artísticas sobre o tema do ano,

incluindo o concorrido Festival Internacional de Música, aberto a compositores e músicos em geral.

As composições, sempre iné-ditas, procuram abranger a temá-tica central de forma ecumê nica, crítica e fraternal. Os interessados concorrem nas categorias solo, duplas, trios, quartetos, bandas ou grupos vocais. Cada etapa regio-nal classifica três primeiros luga-res. Os que alcançam a primeira colocação têm suas músicas pro-duzidas nos estúdios da Gravadora Som Puro Records, em São Paulo/SP, compondo um CD alusivo ao tema do Fórum; a segunda colo-cação de cada localidade concorre

em uma vota-ção popular na-cional. Neste ano, um empate técnico classificou duas bandas (Curitiba/PR e São Paulo/SP). A votação ocorreu no site acaojovemlbv.com.br. Após a produção, as composições são veiculadas em veículos de comu-nicação parceiros.

Brasília/DF Curitiba/PR

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Walter PeriottoFonte: Ministério da Saúde

Melhor Idade

O bom funcionamento do transporte público é fun-damental para um país, pois grande parte da popu-

lação dele se utiliza para cumprir os compromissos diários. De acordo com o artigo 39 do Es-tatuto do Idoso (Lei nº 10.741), fica assegurada a gratuidade dos transportes coletivos públicos

urbanos e semiurbanos ao cida-dão a partir de 60 anos de idade. O Decreto no 5.934/2006 e a Re-solução da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) no 1.692/2006 regulam o mesmo direito no transporte interesta-dual. Todavia, o benefício nem sempre é do conhecimento dos que podem usufruir dele.

Segundo a técnica do Pro-grama de Orientação e Proteção ao Consumidor (Procon/SP) Regina Andrade, para garantir acesso ao benefício em viagens interestaduais, o idoso deve “ter uma renda de até dois salários mínimos”. Além disso, informa a especialista, ele precisa “ad-quirir um bilhete de viagem do

idoso e comparecer ao terminal de embarque 30 minutos antes da hora marcada da partida”. Caso não sejam solicitadas as vagas reservadas a pessoas na Terceira Idade, a empresa de transporte poderá disponibili-zar para venda os assentos que seriam destinados à gratuidade preferencial. Se estiverem preen-chidos, a companhia deverá con-ceder desconto de 50% no valor da passagem.

Para viagem com distância in-ferior a 500 quilômetros, o idoso deverá adquirir a passagem com um prazo máximo de seis horas antes da partida; acima disso, o prazo de antecedência passa a ser de 12 horas. O Estatuto do Idoso

nos transportes públicosUm direito dos idosos

Gratuidade

Divu

lgaçã

o

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Page 159: Revista Boa Vontade, edição 227

A seguir, alguns telefones de instituições que defendem o interesse de pessoas da melhor idade, nas quais também se pode

obter informações sobre direitos desta parcela da sociedade, pre-

vistos em nossa Constituição e no Estatuto do Idoso.

• Rio de Janeiro/RJ: Disque Idoso: 0800 239 191• Recife/PE: Conselho Estadual do Idoso — Av. Cruz Cabugá,

665, Santo Amaro, tel.: (81) 3421-0083• Distrito Federal: Disque-Idoso: 0800-6441401

• São Paulo/SP: Ministério Público do Estado de São Paulo — Rua Riachuelo, 115, tels.: (11) 3119-9082/9083

determina que as empresas de transporte rodoviário, ferroviário e hidroviário tenham disponibili-zados 10% dos seus assentos para o atendimento preferencial, lei vá-lida em todo o território brasileiro.

A Constituição Federal, no art. 230, parágrafo 2º, garante aos maiores de 65 anos gratui-dade dos transportes coletivos. Se houver recusa ao benefício, procure a promotoria do idoso no Ministério Público de sua cidade e faça valer seus direitos.

Fonte: Universidade da Ter-ceira Idade – UERJ/RJ

www.unati.uerj.br

Fique atento

O desafio de aprender a ler e escrever na Terceira Idade encontra ambiente propício no Lar Vovó

Ássima e Vovô Elias Zarur, da Legião da Boa Vontade, em Volta Redonda/RJ. Com seu programa de alfabetização, a LBV torna essa meta possível e prazerosa aos idosos que ali convivem e participam dessa atividade.

Na LBV desde 2009, a pro-fessora Rosa Maria dos Santos comenta: “É impressionante a vontade que eles têm de aprender. Nós preparamos aulas de resgate da memória. Temos idosos de 90 anos que tiveram acesso à Educação,

V O l T A r E D O N D A / r j

Alfabetização na terceira Idadeisabela ribeiro

mas que por falta de prática esqueceram”.

Segundo a educadora, o exer-cício que mais gostam é o de for-mar palavras, juntando as sílabas. Durante as aulas, eles desenham, pintam, criam grupos de leitura e, a cada atividade, redescobrem poten-cialidades esquecidas. As turmas

são alegres e há uma importante troca de experiências. “A cada aula que termino, penso: ‘Hoje sou um pouco melhor que on-tem’. Sinto que gostam das aulas. A verdade é que, se aprendem al-guma coisa comigo, eu aprendo muito mais com eles, na LBV”, completa a professora Rosa.

LBVé ação!

Crist

ina S

imão

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Page 160: Revista Boa Vontade, edição 227

Seguros estamos na Divina Segurança

das seguras mãos de Jesus.

Paiva Netto

Ana Cláudia Ribeiro de Paiva, 10 anos, de Uberlândia/MG,

comenta as palavras do Irmão Paiva no dia da conclusão do

7o Fórum Internacional dos Soldadinhos de Deus, da LBV, em 27

de março de 2010:

“O Fórum dos Soldadinhos de Deus foi especial, porque ele

ensinou a gente que ‘Esporte é Vida, não violência!’. Escutei

e adorei muito as palavras do Irmão Paiva, porque são

inspiradoras para os Soldadinhos de Deus. Ele falou sobre

o esporte da mente e disse que Jesus é o nosso exemplo,

porque Ele caminhava de aldeia em aldeia pra levar Sua

palavra. E essa mensagem elevada fazia o povo pensar.

Não há melhor exercício que a prática do Bem. Jesus

fazia exercício não só do corpo, mas também da mente,

caminhando para levar Sua palavra a todos”.

*A ilustração faz parte de um dos livros da Coleção Ecumênica “Os Milagres de Jesus”.

Adquira já pelo Clube Cultura de Paz: 0300 10 07 940.

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Agora você também pode

adquirir os livros digitais do

Soldadinhos de Deus Editorial e

ler em seu computador.

Acesse: www.gatosabido.com.br

Novidade!!!

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1 32

(1) Marcelo da Silva de Moraes, 6 anos,

Nova Iguaçu/RJ, (2) Lucca Magliano Fávaro Moreno, 1 ano e

2 meses, São Paulo/SP, (3) Higor de Assis Silva, 6 anos, Uberlândia/MG,

(4) Gabrielly e Yasmin Dutra Maia, 1 e 8 anos, Brasília/DF, (5) Eduarda Soares Scheibner,

4 anos, Araruama/RJ, (6) Mirella Maria Reis Silva Santos, 5 meses. Pais: Janira e Carlos Henrique

Santos, Salvador/BA, (7) Larissa Marchesan da Conceição, 1 ano. Pais: Claudia e Fabiano da Conceição, Curitiba/PR, (8) Elisa e Lívia Teles

Batista de Oliveira, 7 e 3 anos, Goiânia/GO, (9) Samuel Lucas dos Santos Bortolin, 1 ano. Pais: Liliane e Cleomar Bortolin, São Paulo/SP, (10)

Rayssa Maria da Costa, 2 anos. Mãe: Cleidinalda Maria da Costa, São Paulo/SP, (11) Tainá Teixeira Costa, 6 meses. Pais: Gisele e Marcos Costa, Rio de Janeiro/RJ, (12) Luiza de Assis Fraga Pereira, São Paulo/SP, (13) Ísis Caroline Rosa Franco, 8

meses, e Bruno César Franco, 9 anos, Santa Vitória/MG.

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Acontece no Rio Grande do Norte

N A T A L / R N

A Legião da Boa Vontade atua desde 1982 em Natal/RN, atendendo comunidades de baixa renda com programas

e projetos socioeducacionais. Dessa forma, proporciona uma melhor qualidade de vida e fortalece os va-lores éticos, morais e espirituais de muitas famílias, contribuindo assim para melhorar a autoestima delas.

Cada vez mais parceiros têm se apresentado para ajudar essas atividades. É o caso da Cosern — Companhia Energética do Rio Grande do Norte. “A Cosern é parceira há tanto tempo da LBV porque confia no seu trabalho. Desejo que continuem com essa sensibilidade que vocês têm. (...) Já li a respeito e vejo que a LBV atinge tanto o lado familiar como o atendimento médico, educacional... É uma assistência completa”, comentou a analista do Setor de Processos Comer-

cosern ressalta parceria com a LbV no Rio Grande do Norte

ciais, Maria Luiza Bezerra Trin-dade Pinto.

A atuação no Estado também é observada há muito tempo pelo gestor de Arrecadação da Cosern, Hermann Rostand Daniel de Al-buquerque. “Tenho acompanha-do o trabalho da LBV desde o seu início com Alziro Zarur (1914-

Arivaldo Oliveira

1979), com a Sopa do Zarur. É um trabalho interessante que visa [auxiliar] os mais pobres, as comunidades mais necessita-das, que vem dando seus frutos e deve continuar. É um órgão muito respeitado na sua área de atuação. A LBV tem respeito e credibilidade.”

Foto1: Hermann Rostand Daniel de Albuquerque, da Companhia Energética do rN (Cosern), também apoia as ações socioeducacionais da lbV. Foto 2: Maria Luiza Bezerra Pinto (D), da Cosern, e a representante da lbV em Natal, Oderlânia Galdino (E).

1 2

Foto

s: Ar

quivo

BV

Templo da Boa VontadeSGAS 915, LOTES 75/76 - BRASÍLIA/DF - Brasil

Informações: (61) 3245-1070 / www.TBV.com.br162 | BOA VONTADE

Page 163: Revista Boa Vontade, edição 227

No próximo dia 23 de outubro, o fundador do Templo da Boa Vontade celebrará os 21 anos do monumento mais visitado de Brasília. Traga sua família para esta grande festa espiritual! Venha cantar a Prece para ter tranquilidade, numa poderosa Corrente Ecumênica pela Paz no mundo.

Paiva Nettocomanda o maior encontro

ecumênico do Brasil

Alguns dos Ambientes

Templo da Boa VontadeSGAS 915, LOTES 75/76 - BRASÍLIA/DF - Brasil

Informações: (61) 3245-1070 / www.TBV.com.br

Page 164: Revista Boa Vontade, edição 227

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