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PROF GRACIANO ROCHA- PONTO
AFO PARA CONSULTOR DE ORAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
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AULA 05
Saudaes, caro aluno!
Este o penltimo encontro de nosso curso. Falaremos aqui da Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF), com um destaque, em separado, sobre a parte
relativa a dvida pblica.
Sobre o primeiro ponto, a LRF procurou mudar a cultura dos administradores
pblicos no Brasil quanto s finanas pblicas. Ela envolveu um processo
inclusive pedaggico sobre a forma de lidar com o dinheiro pblico, e,
acompanhada pela Lei de Crimes Fiscais (Lei 10.028/2000), buscou instituir
um modelo responsvel (como diz seu nome) de gesto.
Ento, vamos l. Boa aula!
GRACIANO ROCHA
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LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL (LEI COMPLEMENTAR 101/2000)
Introduo
Antes de comentarmos os dispositivos da lei, vamos tratar de algumas
informaes preliminares.
A LRF foi editada num ambiente de reformas reclamadas por vrios setores da
sociedade brasileira, aps o final dos governos militares. Entretanto, desde a
redemocratizao, o Brasil, como federao, enfrentava problemas econmicos
graves, dos quais a chamada inflao galopante podia ser indicada como o
principal.
Num ambiente de alta inflao, o planejamento de receitas a arrecadar
e de despesas a efetuar durante o exerccio financeiro praticamente
intil. Isso porque o ndice de preos se altera substancialmente de um
perodo para outro, e as previses feitas vrios meses antes no so
fonte confivel para a gesto. Assim, a administrao financeira era
afetada por diversos vcios e desvios provenientes do ambiente
inflacionrio.
Por isso, apenas depois da estabilizao da moeda e do controle da
inflao, a partir de 1995, principalmente, criou-se o ambiente propcio para
um novo (e srio) regramento das finanas pblicas. As ideias/necessidades
principais que levaram edio da LRF foram:
controle das contas pblicas, de forma a evitar dficits;
necessidade de planejar a ao governamental, aplicando os recursos
de forma racional e sustentvel;
controle das despesas com pessoal e do montante da dvida pblica,
para evitar o sufocamento dos entes governamentais num contexto de
gastos sem desenvolvimento econmico;
transparncia da gesto oramentria e financeira, com
disponibilizao de demonstrativos e resultados em meios de acesso
pblico.
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O trecho da LRF que serve como mapa da LRF o 1 do art. 1. Os itens
constantes desse texto so ampliados nas sees da Lei, com a fixao de suas
regras prprias. Vejamos a lei seca:
Art. 1, 1 A responsabilidade na gesto fiscal pressupe a ao planejada e
transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o
equilbrio das contas pblicas, mediante o cumprimento de metas de resultados
entre receitas e despesas e a obedincia a limites e condies no que tange a
renncia de receita, gerao de despesas com pessoal, da seguridade social e
outras, dvidas consolidada e mobiliria, operaes de crdito, inclusive por
antecipao de receita, concesso de garantia e inscrio em Restos a Pagar.
Vamos desdobrar os pontos integrantes desse trecho:
pressuposto da gesto fiscal responsvel: ao planejada e
transparente. A administrao dos recursos pblicos no pode ser feita
de improviso. Deve levar em conta as necessidades prioritrias da
sociedade e a escassez de recursos financeiros, bem como a
sustentabilidade das finanas pblicas no tempo;
objetivos da gesto fiscal responsvel: prevenir riscos e corrigir
desvios capazes de afetar o equilbrio das contas. Nesse sentido, a
gesto responsvel envolve o acompanhamento permanente do
comportamento das receitas, despesas e dvida pblica;
instrumentos da gesto fiscal responsvel:
cumprimento de metas de resultado entre receitas e despesas. O
equilbrio fiscal depende da manuteno de uma diferena mnima
entre receitas e despesas, principalmente para controle do montante
da dvida;
limites e condies quanto a
renncia de receita;
gerao de despesas com pessoal;
gerao de despesas da seguridade social e outras;
dvidas consolidada e mobiliria;
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operaes de crdito, inclusive por antecipao de receita;
concesso de garantia;
inscrio de despesas em restos a pagar.
As maiores dificuldades criadas pela LRF no tocante a esses pontos
justificam-se pelo risco de desequilbrio das contas pblicas em caso de
descontrole. Perceba que todos esses itens que sofrem limites e
condies esto ligados diminuio de receita ou ao aumento
(potencial ou real) de despesa.
Como isso cai na prova?
1. (FGV/ANALISTA/SAD-PE/2008) A responsabilidade na gesto fiscal
pressupe a ao planejada e transparente, em que se previnem riscos e
corrigem desvios capazes de afetar o equilbrio das contas pblicas,
mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e
despesas e a obedincia a limites e condies no que tange a renncia de
receita, gerao de despesas com pessoal, da seguridade social e outras,
dvidas consolidada e mobiliria, operaes de crdito, inclusive por
antecipao de receita, concesso de garantia e inscrio em Restos a
Pagar.
2. (CESPE/TCNICO SUPERIOR/IPAJM-ES/2006) O conceito de
responsabilidade fiscal atende ao objetivo da poltica oramentria de
evitar que os entes da Federao gastem mais do que aquilo que
arrecadam.
O primeiro trecho da LRF que destacamos, o 1 do art. 1, por sua
abrangncia e importncia, serve para fundamentar diversas questes. A
primeira apenas reproduz esse pargrafo, razo pela qual est CERTA.
A responsabilidade fiscal a responsabilidade no trato com as finanas
pblicas. Portanto, para manter as finanas saudveis, necessrio evitar
desequilbrios fiscais. A questo 2 est CERTA.
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Abrangncia da LRF
Outra disposio inicial da LRF diz respeito a quem est submetido s suas
regras e limitaes.
A Lei utilizou um critrio amplo para fixar sua clientela. Todos os rgos de
todos os Poderes, fundaes, autarquias, fundos, empresas estatais
dependentes, de todos os entes da Federao, devem observar as normas
estabelecidas na LRF. Ou seja, est abrangida toda a administrao direta dos
entes federados e quase toda a administrao indireta.
Como exceo, apenas as chamadas empresas estatais independentes
esto fora do alcance da Lei (embora essas empresas tenham, geralmente,
suas prprias regras de governana corporativa, para sobreviverem no
mercado, regras estas que substituem, de certa forma, as regras de
responsabilidade fiscal).
Inicialmente, cabe destacar que ambas as espcies de estatais, as
dependentes e as independentes, so consideradas empresas
controladas. Isso significa que elas tm a maior parte de seu capital
social com direito a voto nas mos de um ente federado (Unio, Estado,
DF, Municpio, conforme o caso). Ou seja, o ente federado quem detm
o poder de decidir, ao final, como a empresa controlada se comportar e
desenvolver suas atividades no mercado ou na prestao de servios
pblicos.
Muito bem, o que leva dependncia ou no de uma empresa estatal a
caracterstica da autossustentabilidade quanto a suas atividades normais de
manuteno e de investimento. O tipo de recursos que so transferidos
pelo ente pblico s estatais reflete justamente essa caracterstica.
Nesse sentido, estatais dependentes recebem recursos para cobertura de suas
despesas correntes, rotineiras, relativas ao pagamento de pessoal e de
custeio geral, bem como para suas despesas com investimentos. Vale
dizer, as estatais dependentes no conseguem se manter sem a
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transferncia de recursos do ente controlador. Suas atividades no envolvem,
como regra, a obteno de lucro. Por essas caractersticas, as empresas
estatais dependentes normalmente esto abrangidas pelos oramentos
fiscal e da seguridade social.
J as estatais independentes, quando recebem recursos do ente controlador,
os recebem tipicamente como aumento de participao acionria, ou seja,
como forma de ampliao do controle, pelo ente pblico, sobre a
administrao da empresa. Esse perfil leva as estatais independentes a
serem contempladas no oramento de investimento.
Como isso cai na prova?
3. (FCC/AUXILIAR DE FISCALIZAO/TCE-SP/2010) Considera-se empresa
controlada a sociedade
(A) de capital aberto em que a Unio detenha mais de 20% e menos de
50% das aes.
(B) que presta servios de qualquer natureza para a Unio, os Estados e
Municpios.
(C) cuja maioria do capital social com direito a voto pertena, direta ou
indiretamente, a ente da Federao.
(D) que mantm convnio com a Unio, os Estados ou Municpios.
(E) cujo capital social pertena Unio em sua integralidade.
4. (FGV/ANALISTA/SAD-PE/2008) Para os efeitos da Lei de Responsabilidade
Fiscal, entende-se como ente da Federao a Unio, cada Estado, o
Distrito Federal e cada Municpio; como empresa controlada, a sociedade
cuja maioria do capital social com direito a voto pertena, direta ou
indiretamente, a ente da Federao; e como empresa estatal dependente,
empresa controlada que receba do ente controlador recursos financeiros
para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de
capital, excludos, no ltimo caso, aqueles provenientes de aumento de
participao acionria.
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Sobre a questo 3, a empresa controlada, seja dependente, seja
independente, caracteriza-se pela maior parte do capital social com direito a
voto pertencente ao ente pblico controlador. Gabarito: C.
A questo 4 est CERTA, reproduzindo definies trazidas pela LRF em seus
artigos iniciais.
Receita corrente lquida
Outra importante noo trazida nas primeiras linhas da LRF a receita
corrente lquida (RCL), utilizada como base para vrios limites de
gastos, estabelecidos posteriormente no texto da Lei (lembra-se dessa
palavra chave, limites, juntamente com condies?).
J devemos ter uma boa noo sobre receitas correntes, mas bom
relembrar: so as receitas arrecadadas normalmente pelos entes
pblicos, geralmente de efeito aumentativo sobre o patrimnio pblico,
e que se destinam, tipicamente, ao custeio das atividades e servios a
cargo da Administrao Pblica.
O termo lquida, em receita corrente lquida, significa que, para sua
definio, haver algum tipo de deduo ou desconto sobre o total bruto
de receitas correntes.
Cada ente federado ter suas prprias dedues, mas, nos prendendo ao caso
da Unio, a RCL calculada da seguinte forma:
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(=) TOTAL DAS RECEITAS CORRENTES
() transferncias constitucionais ou legais aos Estados/DF e Municpios
() contribuies sociais do empregador sobre a folha salarial e do trabalhador
() contribuio social para o Programa de Integrao Social (PIS)
() contribuio previdenciria dos servidores pblicos
() receitas previdencirias de compensao entre os regimes geral e dos
servidores pblicos
() compensao financeira aos Estados exportadores (Lei Kandir)
() complementao financeira ao FUNDEB (Emenda Constitucional 53)
Da anlise do quadro acima, vemos que, do total de receitas correntes
arrecadadas, a Unio desconta os recursos obrigatoriamente transferidos
aos outros entes federados (ou fundos) e aqueles vinculados a aes da
seguridade social, principalmente. Portanto, essas dedues tratam de
parcelas da receita corrente com os quais a Unio no pode contar, em
virtude de sua aplicao predefinida.
Portanto, para resumir, podemos dizer que a RCL representa o montante de
recursos prprios em que o ente governamental pode confiar para realizar
seus programas; na esfera pessoal, seria equivalente ao salrio lquido
recebido pelo trabalhador, com os descontos devidos j efetuados (previdncia
social, vale-transporte etc.).
A LRF tambm determina que a RCL seja apurada somando-se as receitas
arrecadadas no ms de contabilizao e nos onze anteriores, excludas as
duplicidades. Assim, o clculo da RCL mensal.
Como isso cai na prova?
5. (FCC/INSPETOR/TCM-CE/2010) O somatrio das receitas municipais
tributrias, de contribuies, patrimoniais, industriais, agropecurias, de
servios, transferncias correntes e as prprias de autarquias, fundaes e
empresas dependentes, deduzidas das contribuies dos servidores para
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custeio de seu sistema de previdncia e assistncia social, receita de
compensao financeira entre regimes previdencirios e Fundef, constitui,
segundo a LRF, a
(A) receita corrente lquida.
(B) renncia de receita.
(C) receita de capital.
(D) receita efetiva.
(E) receita no efetiva.
6. (CESPE/ANALISTA/TCE-TO/2008) A receita corrente lquida ser apurada
pelo somatrio, de janeiro a dezembro, das receitas correntes, deduzidas
as transferncias estabelecidas na lei.
Na questo 5, o enunciado reproduz todos os procedimentos para obteno do
valor da receita corrente lquida. Gabarito: A.
A questo 6 traz uma incorreo quanto ao prazo. A RCL calculada
mensalmente, com um olhar retrospectivo para os onze meses anteriores.
No se faz o clculo fixo entre janeiro e dezembro. Questo ERRADA.
LRF e Lei de Diretrizes Oramentrias
Na parte dedicada ao planejamento da ao governamental, a LRF traz
diversas disposies sobre as funes e o contedo da Lei de Diretrizes
Oramentrias e da Lei Oramentria Anual.
No que se refere LDO, determinou-se que essa lei tratasse dos seguintes
assuntos:
equilbrio entre receitas e despesas;
critrios e forma de limitao de empenho;
normas relativas ao controle de custos e avaliao dos resultados
dos programas financiados com recursos dos oramentos;
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demais condies e exigncias para transferncias de recursos a
entidades pblicas e privadas.
Portanto, a LDO recebeu da LRF tarefas ligadas ao planejamento
operacional, a respeito de quais procedimentos seguir diante de
desequilbrios fiscais; tarefas de avaliao, trazendo normas sobre a
checagem de custos e resultados dos programas; e tarefas contratuais, no
sentido de estabelecer condies para a transferncia de recursos.
Outra determinao da LRF sobre a LDO foi relativa criao de anexos a
esta ltima lei. Vamos estud-los agora.
a) Anexo de Metas Fiscais (AMF). No incio da aula, vimos que um dos
instrumentos da gesto fiscal responsvel o cumprimento de metas de
resultado entre receitas e despesas. Assim, o estabelecimento dessas
metas se d justamente no AMF, o que o torna um documento importantssimo
na vida financeira dos entes pblicos.
Para comprovar esse papel de destaque do Anexo, caso o Chefe do Executivo
deixe de apresent-lo, isso ser tomado como um crime fiscal, punvel com
multa equivalente a 30% dos vencimentos anuais respectivos.
O AMF estabelece metas para o perodo de 3 exerccios (o de referncia da
LDO e os dois posteriores), a partir da anlise empreendida sobre as
ocorrncias dos 3 exerccios anteriores.
As metas que compem o AMF so:
metas de receita: valores a arrecadar nos prximos exerccios;
metas de despesa: valores a serem despendidos no mesmo prazo;
metas de resultados nominal e primrio: diferena a ser mantida
entre a arrecadao e os gastos, ora levando em conta receitas e
despesas financeiras (resultado nominal, que reflete os efeitos do
endividamento pblico), ora desconsiderando esses componentes
financeiros (resultado primrio);
metas de dvida: valor referente ao montante da dvida pblica a ser
mantido nos prximos exerccios.
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Outros contedos do AMF so:
avaliao do cumprimento das metas relativas ao ano anterior.
Portanto, o AMF mais que um documento de projeo de metas;
tambm um documento de avaliao dos resultados das metas traadas
no exerccio passado;
demonstrativo das metas anuais, instrudo com memria e
metodologia de clculo que justifiquem os resultados pretendidos,
comparando-as com as fixadas nos trs exerccios anteriores, e
evidenciando a consistncia delas com as premissas e os objetivos da
poltica econmica nacional. As metas fiscais fixadas pelo Executivo, alm
de serem estabelecidas no AMF, tambm devem ser explicadas e
sustentadas com argumentos tcnicos, para convencimento do Poder
Legislativo e dos outros setores sociais;
evoluo do patrimnio lquido, tambm nos ltimos trs exerccios,
destacando a origem e a aplicao dos recursos obtidos com a alienao
de ativos. A ideia aqui manter controle sobre o que o governo realiza
com os recursos provenientes da alienao, ou seja, da venda, de bens
pblicos, como imveis e estoques de produtos agropecurios.
avaliao da situao financeira e atuarial:
o dos regimes geral de previdncia social e prprio dos servidores
pblicos e do Fundo de Amparo ao Trabalhador;
o dos demais fundos pblicos e programas estatais de natureza
atuarial;
demonstrativo da estimativa e compensao da renncia de receita e
da margem de expanso das despesas obrigatrias de carter continuado.
b) Anexo de Riscos Fiscais (ARF). Esse Anexo que trata das ocorrncias
possivelmente causadoras de desequilbrios nos resultados fiscais.
Os riscos fiscais so classificados como riscos oramentrios (riscos de
receita e de despesa, relativos no concretizao dos parmetros planejados)
e riscos de dvida (riscos de administrao da dvida mobiliria e passivos
contingentes).
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Os passivos contingentes, que so um tipo de risco de dvida, representam
situaes que podem ocasionar novas obrigaes para o ente pblico.
Normalmente, trata-se de causas judiciais em que o ente pode vir a ser
condenado a pagar certas quantias questionadas.
Diante da concretizao dos riscos fiscais, pode ser necessrio empregar
recursos para cobrir eventuais gastos. A dotao oramentria designada para
essas emergncias a nossa j conhecida reserva de contingncia, que
estudamos ao tratar de crditos adicionais.
A reserva de contingncia recebe tratamentos diferentes das leis de matria
oramentria:
a LDO deve definir a forma de utilizao da reserva, bem como seu
montante, que calculado com base na receita corrente lquida (olha
a RCL a de novo como vimos, ela serve de parmetro para diversos
limites e clculos trazidos na LRF);
por sua vez, a LOA prev a reserva de contingncia como uma dotao
oramentria, no montante institudo pela LDO, deixando-a
contabilizada, com recursos atribudos, e pronta para eventual execuo.
c) Anexo especial federal: para a Unio, est previsto um terceiro anexo.
A mensagem presidencial que encaminhar o PLDO ao Congresso dever conter
um anexo que trate dos seguintes pontos, referentes ao exerccio
subsequente:
objetivos das polticas monetria, creditcia e cambial;
parmetros e projees para os principais agregados e variveis
dessas polticas;
metas de inflao.
Assim, quando saem na mdia notcias sobre as metas de inflao para o ano
que vem, repare que o PLDO deve ter entrado em discusso no Congresso.
Como isso cai na prova?
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7. (FGV/CONSULTOR/SENADO/2008) A Lei de Diretrizes Oramentrias
dispor sobre o equilbrio entre receitas e despesas, critrios e forma de
limitao de empenho, normas relativas ao controle de custos e
avaliao dos resultados dos programas financiados com recursos dos
oramentos.
8. (FCC/ANALISTA/TRT-02/2008) A lei das diretrizes oramentrias conter
Anexo de Riscos Fiscais, onde sero avaliados os passivos contingentes e
outros riscos capazes de afetar as contas pblicas.
9. (CESPE/ANALISTA/DPU/2010) Metas fiscais so valores projetados para o
exerccio financeiro e que, depois de aprovados pelo Poder Legislativo,
servem de parmetro para a elaborao e a execuo do oramento. Para
obrigar os gestores a ampliar os horizontes do planejamento, as metas
devem ser projetadas para os prximos trs anos, isto , o exerccio a que
se referem e os dois seguintes.
10. (FCC/AUDITOR/TCE-CE/2006) A lei oramentria anual apresentar, em
anexo especfico, os objetivos das polticas monetria, creditcia e cambial,
e ainda as metas de inflao, para o exerccio subseqente.
A questo 7 est CERTA: trata-se das atribuies dadas LDO pela LRF,
conforme o art. 4 desta lei.
A questo 8 est CERTA. O ARF um dos anexos previstos para a LDO, e deve
conter a avaliao de passivos contingentes e outros riscos.
A questo 9 reflete bem a inteno da elaborao do AMF, reforando a
questo da ao planejada que j destacamos. Questo CERTA.
A questo 10 est ERRADA: o anexo especfico referido pelo enunciado
acompanha a LDO, e no a LOA.
LRF e Lei Oramentria Anual
Novamente, vamos destacar alguns dispositivos legais aplicveis:
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Art. 5 O projeto de lei oramentria anual, elaborado de forma compatvel
com o plano plurianual, com a lei de diretrizes oramentrias e com as normas
desta Lei Complementar:
I - conter, em anexo, demonstrativo da compatibilidade da programao dos
oramentos com os objetivos e metas constantes do documento de que trata o
1 do art. 4;
II - ser acompanhado do documento a que se refere o 6 do art. 165 da
Constituio, bem como das medidas de compensao a renncias de receita e
ao aumento de despesas obrigatrias de carter continuado;
III - conter reserva de contingncia, cuja forma de utilizao e montante,
definido com base na receita corrente lquida, sero estabelecidos na lei de
diretrizes oramentrias, destinada ao:
a) (VETADO)
b) atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais
imprevistos.
(...)
2 O refinanciamento da dvida pblica constar separadamente na lei
oramentria e nas de crdito adicional.
(...)
4 vedado consignar na lei oramentria crdito com finalidade imprecisa
ou com dotao ilimitada.
A compatibilidade da LOA com a LDO e o PPA no novidade; j estudamos
esse assunto na aula sobre os instrumentos oramentrios.
Entretanto, h uma compatibilidade adicional qual a LOA deve
obedecer: trata-se da compatibilidade com o Anexo de Metas Fiscais da
LDO. Dessa forma, a previso da receita e a fixao da despesa devem manter
os resultados fiscais do AMF, e isso deve vir garantido j no prprio texto do
projeto de LOA.
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Relativamente ao inciso II, o documento ao qual se refere o 6 do art. 165
da CF/88 o demonstrativo das renncias de receita, tambm j
estudado, e que integra o PLOA. Por se tratar de dinheiro recusado pelo
governo, e em nome do princpio da universalidade, o oramento deve
espelhar essa arrecadao a menor, para que sejam prestadas as
informaes corretas ao Legislativo.
O que a LRF acrescenta a essa ordem da Constituio a necessidade de
compensao das renncias de receita. E as informaes sobre as
medidas compensatrias tambm constaro da Lei Oramentria.
Alm do que se refere s renncias de receita, a LOA tambm ser
acompanhada das medidas de compensao s despesas obrigatrias de
carter continuado. Mas isso tambm assunto para daqui a pouco.
Uma preocupao especial com a rolagem da dvida pblica consta desse art.
5 da LRF. O refinanciamento da dvida, que j apareceria de qualquer modo
no oramento, deve constar de forma separada, em nome da clareza e
publicidade da informao. que esse dado representa a continuidade do
endividamento do ente pblico, o que limita, entre outras coisas, o
montante de recursos que no podero ser aplicados em despesas que
beneficiem diretamente a sociedade.
A respeito do 4 do art. 5 (vedao a crdito com finalidade imprecisa ou
com dotao ilimitada), essa ordem legal tem por objetivo tornar a LOA um
instrumento oramentrio to exato e transparente quanto possvel. A
previso de despesas sem finalidade precisa ou sem limitao de numerrio vai
contra a necessidade de controle que deve existir sobre a aplicao do
dinheiro pblico.
Como isso cai na prova?
11. (CESPE/ANALISTA/FINEP/2009) Um demonstrativo da compatibilidade da
programao dos oramentos com as metas fiscais estabelecidas na Lei de
Diretrizes Oramentrias (LDO) deve integrar a LOA, na forma de anexo.
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12. (FCC/TCNICO/TJ-PI/2009) A Lei Oramentria da Unio compreender
crditos com finalidade imprecisa ou dotao ilimitada, desde que
includos na Lei de Diretrizes Oramentrias.
13. (FCC/ANALISTA/MP-SE/2009) O projeto de LOA conter reserva de
contingncia, cuja forma de utilizao e montante, definido com base na
receita corrente lquida, sero estabelecidos na LDO.
14. (FCC/ANALISTA/MP-RS/2008) O projeto de lei oramentria anual ser
acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas
e despesas, decorrente de isenes, anistias, remisses, subsdios e
benefcios de natureza financeira, tributria e creditcia, bem como das
medidas de compensao a renncias de receita e ao aumento de
despesas de investimentos.
A questo 11 se refere ao demonstrativo requerido pelo art. 5, inc. I, da LRF.
Questo CERTA.
Crditos com finalidade imprecisa ou dotao ilimitada so vedados, sem
exceo. A questo 12 est ERRADA.
A questo 13 baseada na literalidade da LRF. A reserva de contingncia
corresponde a uma das dotaes da LOA. Questo CERTA.
A questo 14 trouxe um problema apenas no finalzinho: a LOA deve ser
acompanhada de medidas de compensao a despesas obrigatrias de carter
continuado, e no a despesas com investimentos. Questo ERRADA.
Execuo oramentria
Os principais trechos da LRF a respeito desse tpico so o art. 8 e o art. 13:
Art. 8 At trinta dias aps a publicao dos oramentos, nos termos em que
dispuser a lei de diretrizes oramentrias (...), o Poder Executivo estabelecer a
programao financeira e o cronograma de execuo mensal de desembolso.
Art. 13. No prazo previsto no art. 8, as receitas previstas sero desdobradas,
pelo Poder Executivo, em metas bimestrais de arrecadao, com a
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especificao, em separado, quando cabvel, das medidas de combate evaso
e sonegao, da quantidade e valores de aes ajuizadas para cobrana da
dvida ativa, bem como da evoluo do montante dos crditos tributrios
passveis de cobrana administrativa.
Assim, logo aps a publicao da LOA, num prazo de at 30 dias, faz-se
uma distribuio das despesas que os rgos podero executar
mensalmente, ao lado da distribuio bimestral da arrecadao prevista.
Com isso, a cada perodo, checa-se se o andamento da arrecadao poder
suportar o calendrio da despesa.
A LRF refere-se apenas ao Executivo, mas, conforme as LDOs, todos os
Poderes e o MP devem estabelecer sua prpria programao financeira e seu
cronograma de desembolso:
Lei 12.017/2009 (LDO 2010), Art. 69. Os Poderes e o Ministrio Pblico da
Unio devero elaborar e publicar por ato prprio, at 30 (trinta) dias aps a
publicao da Lei Oramentria de 2010, cronograma anual de desembolso
mensal, por rgo, nos termos do art. 8 da Lei Complementar n 101, de 2000,
com vistas ao cumprimento da meta de resultado primrio estabelecida nesta
Lei.
Por outro lado, o desdobramento bimestral da arrecadao da receita, bem
como seu acompanhamento, ficam a cargo do Executivo mesmo, que o
grande arrecadador entre os Poderes.
J estudamos anteriormente o pargrafo nico do art. 8, mas vamos
relembr-lo:
Art. 8, Pargrafo nico. Os recursos legalmente vinculados a finalidade
especfica sero utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua
vinculao, ainda que em exerccio diverso daquele em que ocorrer o ingresso.
Como vimos, esse dispositivo garante que os recursos vinculados a certas
despesas, por fora de lei ou instrumento contratual, somente nelas sejam
aplicados, mesmo que a execuo s ocorra em exerccio posterior. Assim,
premissa para a execuo do oramento a garantia de vinculao entre os
recursos arrecadados e suas aplicaes predefinidas.
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Portanto, no existe um zeramento relativamente aos recursos vinculados,
pelo fato de no terem sido aplicados no mbito do oramento em que
porventura tenham sido arrecadados.
Como isso cai na prova?
15. (FGV/ASSESSOR/DETRAN-RN/2010) Os recursos legalmente vinculados
finalidade especfica sero utilizados exclusivamente para atender ao
objeto de sua vinculao, exceto em exerccio diverso daquele em que
ocorrer o ingresso.
16. (CESPE/ANALISTA/TCE-AC/2009) Aps o incio do exerccio financeiro, os
poderes dispem de 30 dias para o estabelecimento da programao
financeira e cronograma de execuo mensal de desembolso.
A questo 15 altera a reescritura do pargrafo nico do art. 8 da LRF: os
recursos legalmente vinculados a certas despesas permanecem vinculados em
exerccios futuros. Questo ERRADA.
A questo 16 est ERRADA: o prazo de 30 dias para o estabelecimento da
programao financeira e do cronograma de desembolso contado a partir da
publicao da LOA, e no do incio do exerccio.
Cumprimento de metas de resultado
Sobre o cumprimento de metas, o Manual Tcnico de Oramento traz os
seguintes comentrios a respeito:
Em 1964, a edio da Lei n 4.320 j evidenciava a preocupao do
legislador quanto ao fiel cumprimento do equilbrio entre receitas e
despesas no oramento, permitindo que o Poder Executivo se
organizasse de forma a prevenir as oscilaes que aconteceriam no
decorrer do exerccio financeiro, invocando a necessidade de estipular
cotas trimestrais para a execuo da despesa. Em 2000, a Lei de
Responsabilidade Fiscal LRF trouxe a necessidade de incorporar metas
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de resultado fiscal, alm de ressaltar o descompasso provvel entre
receitas e despesas, de modo a equilibrar o oramento em tempo hbil
para no prejudicar o desempenho do governo nas trs esferas: federal,
estadual e municipal. J a Lei de Diretrizes Oramentrias LDO
completa os dispositivos legais da determinao do controle fiscal e dos
recursos disponibilizados, informando, entre outros parmetros, qual
ser a base contingencivel, as despesas que no so passveis de
contingenciamento, assim como o estabelecimento de demonstrativos
das metas de resultado primrio e sua periodicidade.
Tratando da lei seca, a LRF aborda o cumprimento de metas de resultado no
art. 9 e seus pargrafos, como segue:
Art. 9 Se verificado, ao final de um bimestre, que a realizao da receita
poder no comportar o cumprimento das metas de resultado primrio ou
nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministrio
Pblico promovero, por ato prprio e nos montantes necessrios, nos trinta
dias subsequentes, limitao de empenho e movimentao financeira, segundo
os critrios fixados pela lei de diretrizes oramentrias.
1 No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda que parcial, a
recomposio das dotaes cujos empenhos foram limitados dar-se- de forma
proporcional s redues efetivadas.
2 No sero objeto de limitao as despesas que constituam obrigaes
constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento do
servio da dvida, e as ressalvadas pela lei de diretrizes oramentrias.
3 No caso de os Poderes Legislativo e Judicirio e o Ministrio Pblico no
promoverem a limitao no prazo estabelecido no caput, o Poder Executivo
autorizado a limitar os valores financeiros segundo os critrios fixados pela lei
de diretrizes oramentrias.
Vamos comentar essas regras.
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Como j estudamos, o Anexo de Metas Fiscais estabelece, entre outras, metas
de resultado primrio e nominal para o exerccio de referncia e para os dois
seguintes.
Deixando bem repisado, durante o exerccio financeiro, faz-se um
acompanhamento constante da arrecadao da receita, que servir como
condio para a execuo da despesa programada. O Poder Executivo, aps a
publicao da LOA, deve desdobrar a arrecadao prevista em metas
bimestrais.
Pelo lado da despesa, cada Poder, mais o Ministrio Pblico, deve estabelecer a
programao financeira e o cronograma de execuo mensal de
desembolso, sempre conforme o ritmo de arrecadao, para garantir a
sustentabilidade das liberaes de gastos.
Ocorrendo alguma baixa na arrecadao, a ponto de ameaar as metas de
resultado primrio ou nominal, todos os Poderes e o MP devem frear o ritmo
de execuo da despesa. Assim, tanto a emisso de empenhos quanto a
transferncia de recursos devem ser reduzidas, para que o nvel da
execuo da despesa fique adequado ao cenrio de receita diminuda. Isso que
o que se chama, comumente, de contingenciamento de despesas.
Perceba que no o caso de aguardar a despesa superar a receita. O
parmetro so as metas de resultado. Como as metas de resultado,
normalmente, so positivas, isso significa que, para contingenciar
despesas, no se espera faltar dinheiro, mas, simplesmente, sobrar
menos dinheiro.
Havendo retomada da arrecadao, tambm se procede liberao das
despesas contingenciadas, proporcionalmente s redues antes
efetivadas.
importante observar tambm que nem toda despesa pode ser
contingenciada. As despesas obrigatrias segundo a CF/88 (pessoal, dvida
pblica e transferncias constitucionais ou legais) no podem ser afetadas por
esse artifcio de controle.
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Da mesma forma, as despesas ressalvadas pela LDO no podem ser
contingenciadas. Como j est bem estudado, a LDO indica quais despesas so
prioritrias para a Administrao no exerccio em foco. Um dos efeitos de uma
despesa ser considerada prioritria na LDO justamente ficar a salvo desses
cortes.
Ultimamente, um bom exemplo de despesas ressalvadas so as relativas
a projetos do Programa de Acelerao do Crescimento, o PAC. Como o
governo aposta todas as fichas no PAC, natural que os projetos
respectivos no sejam prejudicados pelo contingenciamento.
Muito bem, depois de afastadas as obrigaes constitucionais e as ressalvas da
LDO, sobra o grupo das despesas discricionrias, sobre as quais incidir o
contingenciamento.
Como j se destacou, todos os Poderes e o MP devem dar sua parcela de
contribuio para a manuteno do equilbrio fiscal. Portanto, por ato
prprio, todos devero limitar suas despesas diante de um quadro de queda
de arrecadao.
Entretanto, originalmente, a LRF dispunha que, caso algum Poder ou o MP
no procedesse ao respectivo contingenciamento, o Executivo poderia
descontar a parcela correspondente ao contingenciamento sobre o valor
repassado ao Poder no solidrio. a previso do 3 do art. 9,
reproduzido acima.
O desconto se daria sobre o repasse mensal que o Executivo faz aos outros
Poderes, em obedincia ao art. 168 da CF/88:
Art. 168. Os recursos correspondentes s dotaes oramentrias,
compreendidos os crditos suplementares e especiais, destinados aos rgos
dos Poderes Legislativo e Judicirio, do Ministrio Pblico e da Defensoria
Pblica, ser-lhes-o entregues at o dia 20 de cada ms, em duodcimos, na
forma da lei complementar a que se refere o art. 165, 9.
Entretanto, essa possibilidade de desconto em folha por parte do Executivo
foi declarada inconstitucional pelo STF (ADIN 2.238), devido afronta ao
princpio da separao dos Poderes. Assim, o Executivo no pode
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contingenciar despesas que no sejam as suas prprias, devendo aguardar
pela colaborao dos outros.
Como isso cai na prova?
17. (FCC/ANALISTA/TRE-RN/2011) Se for constatado que, ao final de um
bimestre, a realizao da receita no permitir o cumprimento das metas
de resultado primrio ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais,
os Poderes e o Ministrio Pblico promovero, por ato prprio e nos
montantes necessrios, nos trinta dias subsequentes, limitao de
empenho e movimentao financeira, segundo os critrios fixados pela lei
de diretrizes oramentrias.
18. (CESPE/ANALISTA/FINEP/2009) O Poder Executivo responsvel por
promover, de imediato, a limitao de empenho em todas as dotaes da
lei oramentria anual quando houver indcios de que a realizao da
receita no comportar o cumprimento das metas de resultado primrio.
19. (FGV/ASSESSOR/DETRAN-RN/2010) No caso de restabelecimento da
receita prevista, ainda que parcial, a recomposio das dotaes, cujos
empenhos foram limitados, dar-se- de forma proporcional s redues
efetivadas.
20. (CESPE/ANALISTA/MMA/2008) De acordo com a LRF, as despesas
destinadas ao pagamento do servio da dvida no sero objeto de
limitao, ainda que se verifique, ao final de um bimestre, que a
realizao da receita possa no comportar o cumprimento das metas de
resultado primrio ou nominal estabelecidas no anexo de metas fiscais.
A questo 17 reproduz o teor do caput do art. 9 da LRF. Questo CERTA.
Quanto questo 18, j vimos que o Executivo s pode contingenciar
despesas de seus rgos e entidades, sem invadir a esfera dos outros Poderes.
Questo ERRADA.
A questo 19 est CERTA. O retorno gradual da receita aos patamares
esperados permite a recomposio das despesas de forma proporcional s
redues anteriores.
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A questo 20 traz uma reescritura meio estranha, mas correta, do caput e do
3 do art. 9 da LRF. Questo CERTA.
Previso e arrecadao de receitas
Trataremos agora da postura dos entes federados quanto arrecadao das
receitas tributrias. Vejamos o art. 11 da LRF:
Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gesto fiscal a
instituio, previso e efetiva arrecadao de todos os tributos da competncia
constitucional do ente da Federao.
Pargrafo nico. vedada a realizao de transferncias voluntrias para o
ente que no observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos.
Como visto, a LRF dispe que, para ser considerado responsvel em termos
fiscais, cada ente federado dever empreender esforos para efetivamente
arrecadar as receitas tributrias de sua competncia.
Historicamente, os entes federados menores, principalmente os Municpios,
deixaram de instituir seus tributos prprios, vivendo apenas dos repasses
da Unio e dos Estados. A LRF tentou modificar esse costume, criando
exigncias para que todos os entes obtenham sua arrecadao prpria.
Essa necessidade de arrecadao prpria ainda mais significativa no que
diz respeito aos impostos, que so as fontes preferenciais de obteno de
recursos tributrios. Tanto que a LRF prev uma punio a quem no
instituir, prever e/ou arrecadar os respectivos impostos: o ente federado
faltoso no poder receber recursos de transferncias voluntrias
(geralmente, convnios) de outros entes.
Entretanto, essa punio aliviada posteriormente:
Art. 25, 3 Para fins da aplicao das sanes de suspenso de transferncias
voluntrias constantes desta Lei Complementar, excetuam-se aquelas relativas
a aes de educao, sade e assistncia social.
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O raciocnio por trs dessa aliviada no castigo aos entes federados que a
populao no poderia pagar um preo muito alto por causa da ao
irresponsvel dos governantes locais. Assim, recursos relativos s reas de
sade, educao e assistncia social continuaro sendo transferidos,
mesmo para entes que no tenham se esforado para obter arrecadao
prpria.
Sobre a previso de receita, a LRF traz o seguinte:
Art. 12. As previses de receita observaro as normas tcnicas e legais,
consideraro os efeitos das alteraes na legislao, da variao do ndice de
preos, do crescimento econmico ou de qualquer outro fator relevante e sero
acompanhadas de demonstrativo de sua evoluo nos ltimos trs anos, da
projeo para os dois seguintes quele a que se referirem, e da metodologia de
clculo e premissas utilizadas.
1 Reestimativa de receita por parte do Poder Legislativo s ser admitida se
comprovado erro ou omisso de ordem tcnica ou legal.
2 O montante previsto para as receitas de operaes de crdito no poder
ser superior ao das despesas de capital constantes do projeto de lei
oramentria.
3 O Poder Executivo de cada ente colocar disposio dos demais Poderes
e do Ministrio Pblico, no mnimo trinta dias antes do prazo final para
encaminhamento de suas propostas oramentrias, os estudos e as estimativas
das receitas para o exerccio subsequente, inclusive da corrente lquida, e as
respectivas memrias de clculo.
O caput e o 1 do art. 12 refletem o carter tcnico que deve cercar a
previso de receita. Os parlamentares no podem inflar a receita prevista
pelo Executivo, abrindo margem para novas despesas, com base em critrios
subjetivos e, por deduo, o Executivo tambm deve pautar-se em
estudos e clculos plausveis para realizar a estimativa. Apenas erro ou
omisso de natureza tcnica ou legal podem justificar uma emenda de receita.
Portanto, so fatores a se considerar no momento de prever as receitas:
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normas tcnicas e legais. Nesse ponto, trata-se principalmente da
legislao que rege as receitas e permite sua arrecadao, considerando
os fatos geradores, o conjunto de contribuintes alcanados pela cobrana
etc.
efeitos das alteraes na legislao. No caso de estar sendo discutida e/ou
votada alterao na legislao tributria no mbito do Legislativo,
possvel transferir ao oramento os efeitos potenciais da arrecadao
afetada por tais mudanas. Inclusive, registra-se que a Unio tem fixado
despesas condicionadas na LOA, executveis medida que as receitas
potenciais, advindas de alteraes legislativas, sejam aprovadas.
efeitos do crescimento econmico. A previso de uma crise econmica,
ou, pelo contrrio, de uma acelerao nas atividades econmicas,
pode trazer efeitos importantes sobre os nveis de arrecadao. Esses
fatores devem ser cotejados ao se projetar o montante de receita para o
oramento.
efeitos de qualquer outro fator relevante. Aqui, podemos pensar, a ttulo
de ilustrao, na informatizao da logstica de arrecadao de certa
receita, potencializando a ao do Fisco e diminuindo a evaso, ou num
evento excepcional, que aumente o consumo de bens e servios como
a Copa do Mundo no Brasil.
O 2 do art. 12 da LRF foi declarado inconstitucional, em liminar, no
mbito da j mencionada ADIN 2.238. que, apesar de reproduzir a regra de
ouro, que j estudamos, esse dispositivo no trouxe a exceo constante da
CF/88 (art. 167, inc. III), que permite a desobedincia regra de ouro
mediante a aprovao, por maioria absoluta dos parlamentares, de crditos
suplementares ou especiais.
Por fim, o 3 exige que o Executivo, depois de ter projetado a arrecadao
da receita, com base em tudo isso que vimos acima, disponibilize aos
outros Poderes e ao MP as informaes necessrias, para que estes
elaborem suas propostas oramentrias. Esse repasse de informaes deve
ocorrer no mnimo 30 dias antes do prazo final para encaminhamento das
propostas setoriais SOF.
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Como isso cai na prova?
21. (FGV/ANALISTA/SAD-PE/2008) Constituem requisitos essenciais da
responsabilidade na gesto fiscal a instituio, previso e efetiva
arrecadao de todos os tributos da competncia constitucional do ente da
Federao.
22. (CESPE/TCNICO SUPERIOR/IPEA/2008) Afronta o conceito de
responsabilidade fiscal da receita o fato de, at a presente oportunidade, a
Unio no ter institudo o imposto sobre grandes fortunas.
23. (CESPE/ANALISTA/MMA/2008) A Lei de Diretrizes Oramentrias (LDO)
determina que as autorizaes de despesas, constantes do projeto de lei
oramentria, devem considerar os efeitos das alteraes na legislao,
da variao dos ndices de preos, do crescimento econmico e de
qualquer outro fator relevante.
A questo 21 est CERTA: trata-se de uma reproduo do caput do art. 11 da
LRF.
A questo 22 mais exigente, e traz um exemplo de falha da Unio quanto
responsabilidade fiscal. Apesar de autorizada pela CF/88 (art. 153, inc. VII), a
Unio ainda no instituiu esse imposto. Questo CERTA.
H dois problemas na questo 23. Primeiramente, quem traz essas
determinaes a LRF, e no a LDO. Em segundo lugar, tais exigncias
referem-se s previses de receita, no s autorizaes de despesas. Questo
ERRADA.
Renncia de receita
De cara, vamos lei seca:
Art. 14. A concesso ou ampliao de incentivo ou benefcio de natureza
tributria da qual decorra renncia de receita dever estar acompanhada de
estimativa do impacto oramentrio-financeiro no exerccio em que deva
iniciar sua vigncia e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de
diretrizes oramentrias e a pelo menos uma das seguintes condies:
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I - demonstrao pelo proponente de que a renncia foi considerada na
estimativa de receita da lei oramentria, na forma do art. 12, e de que no
afetar as metas de resultados fiscais previstas no anexo prprio da lei de
diretrizes oramentrias;
II - estar acompanhada de medidas de compensao, no perodo mencionado
no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da elevao de
alquotas, ampliao da base de clculo, majorao ou criao de tributo ou
contribuio.
1 A renncia compreende anistia, remisso, subsdio, crdito presumido,
concesso de iseno em carter no geral, alterao de alquota ou
modificao de base de clculo que implique reduo discriminada de tributos
ou contribuies, e outros benefcios que correspondam a tratamento
diferenciado.
2 Se o ato de concesso ou ampliao do incentivo ou benefcio de que trata
o caput deste artigo decorrer da condio contida no inciso II, o benefcio s
entrar em vigor quando implementadas as medidas referidas no mencionado
inciso.
Antes de prosseguir, pode-se perguntar: por que um ente pblico deixaria de
arrecadar receita?
Vrias razes podem justificar essa deciso. Por exemplo, um municpio pode
conceder descontos sobre o IPTU relativamente s empresas que se
instalarem em seu territrio a partir de certa data. Renuncia-se a parte
da arrecadao para, ao mesmo tempo, aumentar a atividade econmica local
(o que vai resultar, futuramente, em maior arrecadao tributria).
Ainda como exemplo, um Estado poderia favorecer o desenvolvimento de
determinado setor produtivo, diminuindo a incidncia do ICMS sobre os
gneros comercializados desse ramo.
Portanto, tendo em vista que a obteno de receita primordial para a
manuteno do equilbrio fiscal, renunciar arrecadao de certas receitas
deve ser algo bastante justificvel.
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Alm dos instrumentos j definidos legalmente (anistia, remisso, subsdio,
crdito presumido e iseno), o 1 aponta o principal critrio para se
classificar certa medida como renncia de receita: os efeitos devem ser
no gerais, ou seja, no podem alcanar todos os contribuintes obrigados
ao pagamento. Portanto, renncia de receita, para a LRF, consiste num
tratamento diferenciado quanto ao conjunto de contribuintes.
Para se conceder ou ampliar incentivos/benefcios tributrios, as metas de
resultado (aquelas do Anexo de Metas Fiscais) no podem ser afetadas, ou
todo o trabalho de equilbrio das contas seria posto a perder.
Assim, necessrio fazer um trabalho de planejamento a respeito da renncia
de receita pretendida. Deve-se projetar o impacto dessa operao, em
termos oramentrios e financeiros, para o exerccio de incio da vigncia e
para os dois subsequentes.
Outro ponto importante sobre a renncia de receita a necessidade, ou no,
de compensao dos recursos que deixam de ser arrecadados.
Por exemplo, se as condies fiscais do ente federado permitem que ele
simplesmente renuncie a parte da arrecadao, sem maiores problemas
quanto s metas fiscais, pode-se editar uma LOA com receita j abatida da
renncia, no sendo necessrio instituir quaisquer compensaes.
Por outro lado, para renunciar a receita sem ter havido a previso, na LOA, da
receita j diminuda, a alternativa a obteno, a partir de outra fonte,
dos recursos correspondentes para a compensao. Dispensa-se a
arrecadao de um lado para se obter o equivalente a partir de outro setor ou
atividade econmica. Perceba que, nesse caso, no se pode simplesmente
desprezar a previso da receita feita pela LOA, diminuindo a arrecadao.
Nesse sentido, so opes de compensao renncia de receita: a criao
ou majorao de novo tributo; a elevao de alquotas; a ampliao da
base de clculo de tributo j existente.
A LRF indica, adicionalmente, que, sendo necessrio instituir medidas de
compensao, a renncia de receita s poder se efetivar depois de tais
medidas entrarem em vigor. Como diz o ditado, o seguro morreu de
velho!
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Como isso cai na prova?
24. (FGV/AUDITOR/TCM-PA/2008) Qualquer subsdio ou iseno, reduo de
base de clculo, concesso de crdito presumido, anistia ou remisso,
relativos a impostos, taxas e contribuies poder ser concedido mediante
lei especfica ou por decreto do Chefe do Poder Executivo, caso a
estimativa de impacto oramentrio-financeiro exija urgncia na reposio
de receita.
25. (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) Segundo a LRF, o benefcio
concernente ampliao de incentivo de natureza tributria da qual
decorra renncia de receita, dependente de medidas de compensao, por
meio do aumento de receita, s entrar em vigor no primeiro dia do
exerccio seguinte.
26. (FGV/AUDITOR/TCM-PA/2008) A concesso de benefcio de natureza
tributria da qual decorra renncia de receita dever estar acompanhada
de estimativa do impacto oramentrio-financeiro no exerccio em que
deva iniciar sua vigncia, bem como no exerccio seguinte, alm de
atender ao disposto na lei de diretrizes oramentrias.
A questo 24 est ERRADA. Para que seja concedida a renncia de receita,
devem ser observadas as condies da LRF. Alm disso, a questo
incoerente, pois, havendo urgncia na reposio de receita, no o caso de
efetivar novas renncias.
A questo 25 tambm est ERRADA. O requisito para entrada em vigor da
renncia de receita a implementao das medidas de compensao.
A estimativa de impacto oramentrio-financeiro da renncia de receita
obrigatria, devendo abranger o exerccio de incio e os dois seguintes (no
apenas um seguinte). A questo 26 est ERRADA.
Gerao de despesa
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Vamos comear nosso estudo sobre regras e condies para gerao de
despesa pelo art. 16 da LRF:
Art. 16. A criao, expanso ou aperfeioamento de ao governamental que
acarrete aumento da despesa ser acompanhado de:
I - estimativa do impacto oramentrio-financeiro no exerccio em que deva
entrar em vigor e nos dois subsequentes;
II - declarao do ordenador da despesa de que o aumento tem adequao
oramentria e financeira com a lei oramentria anual e compatibilidade com
o plano plurianual e com a lei de diretrizes oramentrias.
1 Para os fins desta Lei Complementar, considera-se:
I - adequada com a lei oramentria anual, a despesa objeto de dotao
especfica e suficiente, ou que esteja abrangida por crdito genrico, de forma
que somadas todas as despesas da mesma espcie, realizadas e a realizar,
previstas no programa de trabalho, no sejam ultrapassados os limites
estabelecidos para o exerccio;
II - compatvel com o plano plurianual e a lei de diretrizes oramentrias, a
despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas
previstos nesses instrumentos e no infrinja qualquer de suas disposies.
2 A estimativa de que trata o inciso I do caput ser acompanhada das
premissas e metodologia de clculo utilizadas.
3 Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa considerada irrelevante, nos
termos em que dispuser a lei de diretrizes oramentrias.
4 As normas do caput constituem condio prvia para:
I - empenho e licitao de servios, fornecimento de bens ou execuo de
obras;
II - desapropriao de imveis urbanos a que se refere o 3 do art. 182 da
Constituio.
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Com a exceo de despesas irrelevantes (a serem conceituadas pela LDO),
os incisos do art. 16 tratam das condies para que se crie ou amplie uma
despesa referente a criao, expanso ou aperfeioamento de ao
governamental (normalmente, trata-se de aes oramentrias do tipo
projeto).
Voc j deve ter percebido que esse prazo de 3 exerccios aparece
algumas vezes na LRF. Aquela histria da ao planejada que vimos
logo no incio da aula se reflete, entre outras coisas, na observncia dos
efeitos de certos fenmenos ou atos durante esse perodo.
Assim, a gerao da despesa deve ser acompanhada da estimativa de
impacto oramentrio-financeiro no exerccio de incio e nos dois
seguintes.
Perceba tambm que a despesa criada ou ampliada deve ser compatvel com
o PPA e a LDO, e ter adequao oramentria e financeira com a LOA.
Sem o cumprimento dessas condies, no se pode iniciar a execuo da
despesa nova: nada de empenhar, realizar licitao, contratar bens ou
servios ou, at mesmo, desapropriar imveis urbanos (o que, conforme a
CF/88, deve ser indenizado previamente e em dinheiro).
Como isso cai na prova?
27. (CESPE/ADVOGADO/AGU/2008) A criao de ao governamental que
acarrete despesa pblica ser acompanhada de estimativa do impacto
oramentrio-financeiro no exerccio em que deva entrar em vigor e nos
dois subsequentes.
28. (FCC/ESPECIALISTA/PREF. SO PAULO/2010) A despesa considerada
irrelevante aspecto do planejamento que deve estar previsto
(A) na LOA Lei Oramentria Anual.
(B) na LDO Lei de Diretrizes Oramentrias.
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(C) na LDO Lei Oramentria Anual e no PPA Plano Plurianual.
(D) no PPA Plano Plurianual.
(E) no PPA Plano Plurianual e na LOA Lei Oramentria Anual.
29. (FCC/APOFP/SEFAZ-SP/2010) Sobre despesa pblica, correto afirmar
que dispensa compatibilidade com o plano plurianual, desde que adequada
lei oramentria anual e lei de diretrizes oramentrias, bem assim
que esteja inserida em dotao especfica e suficiente ou abrangida por
crdito genrico.
A questo 27 teve sua redao baseada no art. 16, caput e inc. I, da LRF.
Questo CERTA.
Na questo 28, os critrios para se considerar uma despesa como irrelevante
devem ser fixados pela LDO, conforme o art. 16, 3, da LRF. Gabarito: B.
Como j vimos, todos os instrumentos e procedimentos de natureza
oramentria devem ser compatveis com o PPA. A questo 29 est ERRADA.
Despesas obrigatrias de carter continuado
As despesas obrigatrias de carter continuado (DOCC) tm suas
caractersticas discriminadas no art. 17 da LRF:
Art. 17. Considera-se obrigatria de carter continuado a despesa corrente
derivada de lei, medida provisria ou ato administrativo normativo que fixem
para o ente a obrigao legal de sua execuo por um perodo superior a dois
exerccios.
1 Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata o caput devero
ser instrudos com a estimativa prevista no inciso I do art. 16 e demonstrar a
origem dos recursos para seu custeio.
2 Para efeito do atendimento do 1, o ato ser acompanhado de
comprovao de que a despesa criada ou aumentada no afetar as metas de
resultados fiscais previstas no anexo referido no 1 do art. 4, devendo seus
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efeitos financeiros, nos perodos seguintes, ser compensados pelo aumento
permanente de receita ou pela reduo permanente de despesa.
3 Para efeito do 2, considera-se aumento permanente de receita o
proveniente da elevao de alquotas, ampliao da base de clculo, majorao
ou criao de tributo ou contribuio.
4 A comprovao referida no 2, apresentada pelo proponente, conter as
premissas e metodologia de clculo utilizadas, sem prejuzo do exame de
compatibilidade da despesa com as demais normas do plano plurianual e da lei
de diretrizes oramentrias.
5 A despesa de que trata este artigo no ser executada antes da
implementao das medidas referidas no 2, as quais integraro o
instrumento que a criar ou aumentar.
6 O disposto no 1 no se aplica s despesas destinadas ao servio da
dvida nem ao reajustamento de remunerao de pessoal de que trata o inciso
X do art. 37 da Constituio.
7 Considera-se aumento de despesa a prorrogao daquela criada por prazo
determinado.
Diferentemente das despesas que comentamos h pouco, relativas a criao,
expanso ou aperfeioamento da ao governamental, e que caracterizam
tipicamente investimentos, as DOCC so despesas correntes, ou seja, de
manuteno da mquina administrativa e de servios pblicos.
Por serem despesas correntes, as DOCC no importam enriquecimento do
Estado (o que caracterstica das despesas de capital). Portanto, DOCC so
executadas em favor de atividades e servios que beneficiam direta ou
indiretamente a sociedade, mas que no envolvem aumento patrimonial.
Vale anotar as outras caractersticas dessas despesas: elas so obrigatrias,
em virtude de serem institudas por atos normativos, e so de longo prazo
(mais que dois exerccios).
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Todas essas caractersticas das DOCC trazem alto risco para o equilbrio
fiscal: trata-se de despesas que diminuem o patrimnio, que duram bastante
tempo e cuja execuo no pode ser interrompida.
por isso que a LRF traz tantas condies para a criao de DOCC. Vamos
esquematiz-las:
estimativa do impacto oramentrio-financeiro no exerccio em que a
despesa deva entrar em vigor e nos dois subsequentes;
demonstrao da origem dos recursos para custeio;
comprovao de no afetao das metas de resultado fiscais do AMF;
compensao por meio de aumento permanente de receita ou reduo
permanente de despesa;
incio da execuo da DOCC apenas depois das medidas de compensao.
Veja que, diferentemente da renncia de receita, que pode ser absorvida
pela LOA, a LRF no d alternativa quanto s DOCC: elas devem ser
acompanhadas de medidas de compensao, e ponto final.
Essas medidas de compensao so aquelas que servem tambm para as
renncias de receita, j comentadas (envolvendo aumento de receita). Mas,
aqui, tambm se pode compensar por meio da reduo de despesa. De
qualquer forma, as medidas de compensao, em nome da segurana fiscal,
devem ser institudas no mesmo instrumento que criar a DOCC.
O 6 estabelece duas excees classificao de despesas como DOCC.
Apesar de apresentarem todas as caractersticas aqui estudadas, elas no
precisaro se submeter a esse rgido regime de aprovao e execuo. Trata-
se das despesas relativas ao pagamento da dvida pblica e ao reajuste
geral do funcionalismo.
O 7 do art. 17 evita que uma despesa seja criada para um perodo curto,
fugindo classificao como DOCC, e, posteriormente, seja prorrogada.
Assim, estaramos diante de uma DOCC camuflada, desobrigada de seguir
todas essas regras.
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Para evitar essa situao, a prorrogao de uma despesa normal ser
considerada aumento de despesa, e, dessa forma, ser enquadrada nas
regras das DOCC.
Relembrando o que vimos anteriormente, o Anexo de Metas Fiscais da LDO
dever conter um demonstrativo da estimativa e compensao da
renncia de receita e da margem de expanso das despesas obrigatrias de
carter continuado, e a LOA, por seu turno, trar as prprias medidas de
compensao a renncias de receita e ao aumento de despesas obrigatrias
de carter continuado.
Para finalizar, segundo o art. 15 da LRF, a gerao de despesa ou a assuno
de obrigao que no atendam s regras para criao de despesa com
investimentos (art. 16) e de DOCC (art. 17) sero consideradas no
autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimnio pblico.
Como isso cai na prova?
30. (FGV/ESPECIALISTA/FNDE/2007) A despesa obrigatria de carter
continuado aquela despesa corrente derivada de lei, medida provisria
ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigao legal
de sua execuo por um perodo superior a dois anos.
31. (CESPE/ADVOGADO/AGU/2008) A reviso geral anual da remunerao de
servidores pblicos uma exceo necessidade de que, para o aumento
da despesa, seja demonstrada a origem dos recursos para seu custeio.
32. (FGV/ANALISTA/SAD-PE/2008) No considerada aumento de despesa a
prorrogao da despesa criada de acordo com as regras da LC 101/2000,
ainda que por prazo determinado.
33. (FCC/ANALISTA/TRT-23/2007) Os atos que aumentarem ou criarem
despesa obrigatria de carter continuado para um ente da federao
devero demonstrar a origem de recursos para seu custeio.
A questo 30 apenas reproduz o conceito legal de DOCC. Questo CERTA.
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A questo 31 indica corretamente uma das excees s exigncias das DOCC.
Apesar de se caracterizar como tal, a reviso geral anual do funcionalismo no
precisa obedecer s limitaes da LRF quanto ao tema. Questo CERTA.
A questo 32 est ERRADA: o problema foi a negao de uma previso legal
(art. 17, 7, da LRF).
O enunciado da questo 33 reproduz uma das condies para a criao de
DOCC. Questo CERTA.
Despesa com pessoal
A despesa com pessoal constitui um dos grandes pontos de interesse da Lei de
Responsabilidade Fiscal, pelo volume que assume nos gastos pblicos e
pelas caractersticas de risco para o equilbrio fiscal.
Para garantir a sustentabilidade das contas pblicas, as despesas com pessoal
devem ser mantidas sobre controle, em virtude de suas caractersticas de
DOCC.
Despesas com pessoal so eternas, no sentido de no poderem, em
princpio, ser reduzidas ou cortadas. E ainda h os casos de prorrogao, ao
se transformar a remunerao de pessoal ativo em penses ou
aposentadorias.
Em virtude dessas observaes, faz parte da responsabilidade na gesto fiscal
manter sob controle as despesas com pessoal.
Para a LRF (art. 18), a despesa total com pessoal de um ente federado
abrange os seguintes itens:
(...) gastos com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos
eletivos, cargos, funes ou empregos, civis, militares e de membros de Poder,
com quaisquer espcies remuneratrias, tais como vencimentos e vantagens,
fixas e variveis, subsdios, proventos da aposentadoria, reformas e penses,
inclusive adicionais, gratificaes, horas extras e vantagens pessoais de
qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuies recolhidas pelo
ente s entidades de previdncia.
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Alm dessas, so contabilizadas como outras despesas de pessoal aquelas
referentes terceirizao de mo de obra que venha a substituir
servidores e empregados pblicos. A terceirizao de mo de obra que
no sirva a tal fim continuar sendo classificada como outras despesas
correntes.
Para a contabilizao da despesa com pessoal, so apuradas as despesas
executadas no ms de referncia e nos onze anteriores, obedecendo ao
regime de competncia (ou seja, leva-se em considerao o fato gerador
da despesa, e no a sada dos recursos do caixa). Esse perodo de
apurao (ms de referncia + 11 anteriores) o mesmo da receita
corrente lquida, que, como j dito, a base de comparao para
diversos clculos e limites da LRF.
A LRF instituiu os limites mximos da despesa total com pessoal, calculados
tambm sobre a RCL. Tais limites so de 50% da RCL para a Unio e de
60% da RCL para Estados, DF e Municpios.
Para realizar o clculo da despesa com pessoal, definindo seu percentual em
relao RCL, so feitas algumas dedues, das quais podemos destacar
as seguintes:
indenizao por demisso de servidores ou empregados;
incentivos demisso voluntria;
decorrentes de deciso judicial e da competncia de perodo anterior
ao da apurao da despesa total com pessoal (11 meses anteriores);
despesas com inativos no suportadas diretamente pelo oramento do
ente pblico.
Os limites de 50% ou 60% so, por fim, rateados entre os Poderes e rgos
dos entes federados, cabendo a maior parcela ao Executivo (maior
empregador, como regra). Vejamos um quadro demonstrativo desse rateio:
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% sobre receita corrente lquida
UNIO (mximo de 50% da RCL)
Executivo Legis lativo (incluindo o TCU) Judicirio MPU
40,9% 2,5% 6% 0,6%
ESTADOS/DF (mximo de 60% da RCL)
Executivo Legislativo (incluindo o TCE) Judicirio MPE
49%
(48,6% se houver TCM)
3%
(3,4% se houver TCM) 6% 2%
MUNICPIOS (mximo de 60% da RCL)
Executivo Legislativo (incluindo TC do M, quando
houver)
54% 6%
Entrando um pouco na seara do Direito Constitucional, vamos diferenciar
Tribunal de Contas dos Municpios (TCM) de Tribunal de Contas do
Municpio (TC do M).
A CF/88 permite (art. 31, 1) que os estados instituam um tribunal de
contas especializado para exercer atividades de controle externo sobre
os municpios do estado. Esse o Tribunal de Contas dos Municpios, um
rgo estadual.
Atualmente, quatro estados tm TCM em sua estrutura orgnica: Par,
Cear, Bahia e Gois.
No havendo esse rgo especializado, o controle dos municpios ser
exercido pelo prprio Tribunal de Contas do Estado, em auxlio s
Cmaras de Vereadores.
Quando aos Tribunais de Contas do Municpio (rgos municipais), s
existem dois: o do municpio de So Paulo e o do Rio de Janeiro. E no
podem existir outros: a CF/88 proibiu a criao de novos tribunais desse
tipo (art. 31, 4).
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Como isso cai na prova?
34. (CESPE/ACE/TCU/2008) Para efeitos da LRF, a despesa total com pessoal
engloba o somatrio dos gastos do ente da Federao com os ativos, os
inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funes
ou empregos, civis, militares e de membros de poder, com quaisquer
espcies remuneratrias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e
variveis, subsdios, proventos da aposentadoria, reformas e penses,
inclusive adicionais, gratificaes, horas extras e vantagens pessoais de
qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuies recolhidas
pelo ente s entidades de previdncia.
35. (FCC/AUDITOR/TCE-AM/2007) Na despesa total de pessoal, para fins de
verificao dos limites definidos na Lei da Responsabilidade Fiscal NO
ser computada a despesa com
(A) vantagens variveis.
(B) indenizao por demisso de servidores ou empregados.
(C) gratificaes.
(D) horas extras.
(E) encargos sociais e contribuies recolhidas pelo ente s entidades de
previdncia.
36. (FCC/CONTADOR/DNOCS/2010) A despesa total com pessoal da Unio
no poder exceder a 60% de sua receita lquida corrente e, a dos
Estados e Municpios, a 50% de suas receitas lquidas.
O comprido texto da questo 34 limitou-se a copiar o teor do art. 18 da LRF.
Questo CERTA.
Das alternativas da questo 35, a que no se inclui no clculo da despesa total
com pessoal a indenizao por demisso. Gabarito: B.
Na questo 36, inverteram-se os nmeros: o limite da despesa com pessoal da
Unio de 50% da RCL, e dos Estados e Municpios, 50%. Questo ERRADA.
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Controle da despesa total com pessoal
A LRF determina que seja considerado nulo de pleno direito o ato que
provoque aumento da despesa com pessoal e no atenda s seguintes
exigncias:
condies dos arts. 16 e 17 (gerao de despesa e de DOCC);
disposio do art. 37, inc. XIII, da CF/88 (proibio de vinculao ou
equiparao de espcies remuneratrias para efeito de remunerao
de pessoal);
disposio do art. 169, 1, da CF/88 (autorizao da LDO e previso
na LOA para aumento da despesa com pessoal);
obedincia ao limite legal das despesas com pessoal inativo;
proibio de aumento da despesa com pessoal nos ltimos 180 dias do
mandato do chefe de Poder.
Alm disso, os Poderes e rgos dos entes federados no devem esperar que a
despesa com pessoal ultrapasse o limite mximo para fazerem alguma coisa. A
LRF tambm instituiu procedimentos de cautela, no tocante a esse assunto.
Essa cautela se refletiu no estabelecimento de sublimites a serem
observados, da seguinte forma:
limite de alerta: 90% do limite mximo. Ultrapassado esse ponto, os
Tribunais de Contas devem alertar ao rgo ou Poder respectivo a
respeito do fato;
limite prudencial: 95% do limite mximo da despesa total com
pessoal. Ultrapassado esse limite, o rgo ou Poder deve iniciar
procedimentos de controle da despesa com pessoal: fica proibido
conceder vantagem, aumento, reajuste (salvo por determinao legal,
judicial ou contratual), criar cargos, empregos ou funes, admitir
pessoal, contratar hora extra etc.
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limite mximo da despesa total com pessoal: 50% ou 60% da RCL,
conforme o caso. Ultrapassado o limite mximo, o percentual excedente
dever ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sendo, pelo
menos, um tero no primeiro quadrimestre. E, para essa eliminao do
excesso, podem-se adotar as medidas sequenciais indicadas no art. 169,
3 e 4, da CF/88, a saber: reduo das despesas com cargos em
comisso e funes de confiana; exonerao de servidores no
estveis; e, por fim, se necessrio, exonerao de servidores
estveis.
Se a eliminao do excesso da despesa com pessoal no for alcanada no
prazo legal, o ente federado fica proibido de receber transferncias
voluntrias, contratar operaes de crdito (exceto para
refinanciamento da dvida mobiliria e para reduo das despesas com
pessoal) e de receber garantia de outro ente.
Como isso cai na prova?
37. (FCC/PROCURADOR/TCE-AP/2010) Se a despesa total com pessoal
exceder a 95% do limite permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal,
NO ser vedado ao Poder ou rgo referido nesta Lei que houver
incorrido no excesso
(A) conceder vantagem, aumento, reajuste ou adequao de remunerao
a qualquer ttulo, salvo excees.
(B) alterar estrutura de carreira que implique aumento de despesa.
(C) extinguir cargo ou funo.
(D) criar cargo, emprego ou funo.
(E) realizar provimento de cargo pblico, admisso ou contratao de
pessoal a qualquer ttulo, com ressalvas legais.
38. (FCC/TCNICO/TCM-PA/2010) Os Tribunais de Contas alertaro os
Poderes ou rgos citados no art. 20 da Lei de Responsabilidade Fiscal
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quando constatarem que o montante da despesa total com pessoal
ultrapassou
(A) 75% do limite.
(B) 80% do limite.
(C) 90% do limite.
(D) 95% do limite.
(E) 190% do limite.
39. (CESPE/AUDITOR/AUGE-MG/2009) No caso de ultrapassagem do limite da
despesa com pessoal e no alcanada a reduo no prazo estabelecido
pela legislao, o ente no poder receber transferncia voluntria.
40. (CESPE/CONTROLADOR/PREF. VITRIA/2008) De acordo com a LRF,
qualquer ato de prefeito municipal que resulte em aumento de despesa
com pessoal, expedido nos cento e oitenta dias anteriores ao final de seu
mandato, nulo de pleno direito.
Na questo 37, com a ultrapassagem do limite de 95% da despesa total com
pessoal, o Poder ou rgo afetado no poder executar qualquer das aes
referidas na questo 25, exceto a extino de cargos e funes (que no
representam obviamente, aumento de despesa). Gabarito: C.
Na questo 38, o sublimite a ser observado para emisso de alerta pelos
Tribunais de Contas, no tocante despesa total com pessoal, de 90% do
limite mximo. Gabarito: C.
A questo 39 est CERTA: a proibio de receber transferncias voluntrias
uma das principais punies que os entes federados podem sofrer pelo
descumprimento de regras da LRF, inclusive essa, referente ao controle da
despesa com pessoal.
A questo 40 est ERRADA: como visto, h despesas com pessoal que so
excepcionadas pela LRF, no compondo o limite, como as despesas com
demisso voluntria, despesas com pessoal inativo no custeadas pelo
oramento, etc.
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Transparncia da gesto fiscal
Como destacamos logo de incio, a LRF pressupe a ao planejada e
transparente no tocante s finanas pblicas.
A transparncia da gesto fiscal garantida por alguns instrumentos, aos
quais se deve dar ampla divulgao, inclusive em meios eletrnicos de
acesso pblico. Os instrumentos e meios de garantir a transparncia fiscal
foram indicados pela Lei, em seus arts. 48 e 49.
Resumindo, so instrumentos de transparncia da gesto fiscal:
os planos, oramentos e leis de diretrizes oramentrias;
as prestaes de contas e o respectivo parecer prvio;
o Relatrio Resumido da Execuo Oramentria (relatrio bimestral,
abrangendo todos os Poderes, que reflete a execuo da receita e da
despesa)
o Relatrio de Gesto Fiscal (relatrio que reflete a obedincia, pelo
Poder ou rgo emissor, quanto aos limites e critrios da
responsabilidade fiscal montante da dvida, despesa com pessoal,
operaes de crdito etc.);
as verses simplificadas desses documentos.
Alm disso, tambm esto previstos como formas de garantir a transparncia
da gesto fiscal:
incentivo participao popular e realizao de audincias pblicas,
durante os processos de elaborao e discusso dos planos, lei de
diretrizes oramentrias e oramentos (aqui, poderia ser citado como
exemplo a adoo do oramento participativo);
liberao ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em
tempo real, de informaes pormenorizadas sobre a execuo
oramentria e financeira, em meios eletrnicos de acesso pblico;
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adoo, pelos entes federados, de sistema integrado de
administrao financeira e controle, com padro mnimo de
qualidade estabelecido pela Unio (ou seja, uma verso do SIAFI para
adoo pelos entes federados).
As informaes pormenorizadas em tempo real sobre a execuo
oramentria e financeira dos entes federados, a serem publicadas na
Internet, devem abranger o seguinte:
quanto despesa: no mnimo, dados referentes ao nmero do
processo, ao bem fornecido ou ao servio prestado, pessoa fsica ou
jurdica beneficiria do pagamento e, quando for o caso, ao
procedimento licitatrio realizado;
quanto receita: o lanamento e o recebimento de toda a receita das
unidades gestoras, inclusive referente a recursos extraordinrios.
No caso da Unio, os dados sobre a execuo oramentria e financeira, entre
outros, esto disponveis no Portal da Transparncia
(www.transparencia.gov.br).
Alm dessa disponibilizao de informaes na Internet, a LRF prev
tambm meios fsicos de exercer a transparncia fiscal. Nesse sentido,
o art. 49 prev que as contas apresentadas pelo Chefe do Poder
Executivo ficaro disponveis, durante todo o exerccio, no respectivo
Poder Legislativo e no rgo tcnico responsvel pela sua elaborao,
para consulta e apreciao pelos cidados e instituies da sociedade.
Como isso cai na prova?
41. (FGV/ANALISTA/SEFAZ-RJ/2011) A seguir, so elencados instrumentos da
transparncia da gesto fiscal, EXCEO DE UM. Assinale-o.
(A) Verso simplificada do relatrio de gesto fiscal.
(B) Verso simplificada do relatrio resumido oramentrio.
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(C) O relatrio resumido de execuo oramentria.
(D) O parecer prvio.
(E) Verso simplificada da realizao de audincias pblicas.
42. (CESPE/ACE/TCU/2008) Entre os mecanismos de transparncia da gesto
fiscal mencionados pela Lei de Responsabilidade Fiscal, destacam-se a
participao popular e a realizao de audincias pblicas durante os
processos de apreciao das contas dos dirigentes e responsveis pelos
rgos e entidades da administrao e, tambm, antes do julgamento
dessas contas.
43. (FCC/TCNICO/TCE-MG/2007) As contas apresentadas pelo Chefe do
Executivo ficaro disponveis durante o prazo de seis meses, no respectivo
Tribunal de Contas.
Das alternativas da questo 41, a nica que no representa um dos
instrumentos de transparncia da gesto fiscal, eleitos pela LRF, trata da
verso simplificada da realizao de audincias pblicas. Gabarito: E.
A questo 42 est ERRADA. A participao popular e a realizao de audincias
pblicas referem-se aos processos de elaborao e discusso dos projetos de
matria oramentria.
As contas do Chefe do Executivo devem ficar disponveis para ampla consulta
durante todo o exerccio, no respectivo Poder Legislativo e no rgo tcnico
responsvel pela elaborao. A questo 43 est ERRADA.
Relatrio Resumido da Execuo Oramentria
O Relatrio Resumido da Execuo Oramentria (RREO), como diz seu nome,
um documento demonstrativo da execuo das receitas e das despesas
constantes da LOA e dos crditos adicionais.
um documento bimestral, editado pelo Poder Executivo, mas abrangendo
todos os Poderes e o MP, e que serve para demonstrar o quanto a execuo
oramentria corresponde ao planejamento realizado durante o processo de
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elaborao do oramento, atualizando as informaes conforme o andamento
do exerccio.
No RREO, so demonstradas as receitas realizadas e a realizar, bem como as
despesas executadas e a executar, conforme diversas classificaes
oramentrias.
As disposies relativas ao RREO esto nos arts. 52 e 53 da LRF.
Reproduzimos abaixo esse trecho, em partes:
Art. 52. O relatrio a que se refere o 3 do art. 165 da Constituio abranger
todos os Poderes e o Ministrio Pblico, ser publicado at trinta dias aps o
encerramento de cada bimestre e composto de:
I - balano oramentrio, que especificar, por categoria econmica, as:
a) receitas por fonte, informando as realizadas e a realizar, bem como a
previso atualizada;
b) despesas por grupo de natureza, discriminando a dotao para o exerccio, a
despesa liquidada e o saldo;
II - demonstrativos da execuo das:
a) receitas, por categoria econmica e fonte, especificando a previso inicial, a
previso atualizada para o exerccio, a receita realizada no bimestre, a
realizada no exerccio e a previso a realizar;
b) de