Upload
olana-kautzmann
View
250
Download
0
Embed Size (px)
DESCRIPTION
PROF GRACIANO ROCHA- PONTO
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 1
AULA 05
Saudações, caro aluno!
Este é o penúltimo encontro de nosso curso. Falaremos aqui da Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF), com um destaque, em separado, sobre a parte
relativa a dívida pública.
Sobre o primeiro ponto, a LRF procurou mudar a cultura dos administradores
públicos no Brasil quanto às finanças públicas. Ela envolveu um processo
inclusive pedagógico sobre a forma de lidar com o dinheiro público, e,
acompanhada pela Lei de Crimes Fiscais (Lei 10.028/2000), buscou instituir
um modelo responsável (como diz seu nome) de gestão.
Então, vamos lá. Boa aula!
GRACIANO ROCHA
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 2
LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL (LEI COMPLEMENTAR 101/2000)
Introdução
Antes de comentarmos os dispositivos da lei, vamos tratar de algumas
informações preliminares.
A LRF foi editada num ambiente de reformas reclamadas por vários setores da
sociedade brasileira, após o final dos governos militares. Entretanto, desde a
redemocratização, o Brasil, como federação, enfrentava problemas econômicos
graves, dos quais a chamada “inflação galopante” podia ser indicada como o
principal.
Num ambiente de alta inflação, o planejamento de receitas a arrecadar
e de despesas a efetuar durante o exercício financeiro é praticamente
inútil. Isso porque o índice de preços se altera substancialmente de um
período para outro, e as previsões feitas vários meses antes não são
fonte confiável para a gestão. Assim, a administração financeira era
afetada por diversos vícios e desvios provenientes do ambiente
inflacionário.
Por isso, apenas depois da estabilização da moeda e do controle da
inflação, a partir de 1995, principalmente, criou-se o ambiente propício para
um novo (e sério) regramento das finanças públicas. As ideias/necessidades
principais que levaram à edição da LRF foram:
• controle das contas públicas, de forma a evitar déficits;
• necessidade de planejar a ação governamental, aplicando os recursos
de forma racional e sustentável;
• controle das despesas com pessoal e do montante da dívida pública,
para evitar o “sufocamento” dos entes governamentais num contexto de
gastos sem desenvolvimento econômico;
• transparência da gestão orçamentária e financeira, com
disponibilização de demonstrativos e resultados em meios de acesso
público.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 3
O trecho da LRF que serve como “mapa” da LRF é o § 1º do art. 1º. Os itens
constantes desse texto são ampliados nas seções da Lei, com a fixação de suas
regras próprias. Vejamos a lei seca:
Art. 1º, § 1º A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e
transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o
equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados
entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a
renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e
outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por
antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar.
Vamos desdobrar os pontos integrantes desse trecho:
• pressuposto da gestão fiscal responsável: ação planejada e
transparente. A administração dos recursos públicos não pode ser feita
“de improviso”. Deve levar em conta as necessidades prioritárias da
sociedade e a escassez de recursos financeiros, bem como a
sustentabilidade das finanças públicas no tempo;
• objetivos da gestão fiscal responsável: prevenir riscos e corrigir
desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas. Nesse sentido, a
gestão responsável envolve o acompanhamento permanente do
comportamento das receitas, despesas e dívida pública;
• instrumentos da gestão fiscal responsável:
� cumprimento de metas de resultado entre receitas e despesas. O
equilíbrio fiscal depende da manutenção de uma diferença mínima
entre receitas e despesas, principalmente para controle do montante
da dívida;
� limites e condições quanto a
� renúncia de receita;
� geração de despesas com pessoal;
� geração de despesas da seguridade social e outras;
� dívidas consolidada e mobiliária;
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 4
� operações de crédito, inclusive por antecipação de receita;
� concessão de garantia;
� inscrição de despesas em restos a pagar.
As maiores “dificuldades” criadas pela LRF no tocante a esses pontos
justificam-se pelo risco de desequilíbrio das contas públicas em caso de
descontrole. Perceba que todos esses itens que sofrem “limites e
condições” estão ligados à diminuição de receita ou ao aumento
(potencial ou real) de despesa.
Como isso cai na prova?
1. (FGV/ANALISTA/SAD-PE/2008) A responsabilidade na gestão fiscal
pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e
corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas,
mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e
despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de
receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras,
dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por
antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a
Pagar.
2. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/IPAJM-ES/2006) O conceito de
responsabilidade fiscal atende ao objetivo da política orçamentária de
evitar que os entes da Federação gastem mais do que aquilo que
arrecadam.
O primeiro trecho da LRF que destacamos, o § 1º do art. 1º, por sua
abrangência e importância, serve para fundamentar diversas questões. A
primeira apenas reproduz esse parágrafo, razão pela qual está CERTA.
A responsabilidade fiscal é a responsabilidade no trato com as finanças
públicas. Portanto, para manter as finanças “saudáveis”, é necessário evitar
desequilíbrios fiscais. A questão 2 está CERTA.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 5
Abrangência da LRF
Outra disposição inicial da LRF diz respeito a quem está submetido às suas
regras e limitações.
A Lei utilizou um critério amplo para fixar sua “clientela”. Todos os órgãos de
todos os Poderes, fundações, autarquias, fundos, empresas estatais
dependentes, de todos os entes da Federação, devem observar as normas
estabelecidas na LRF. Ou seja, está abrangida toda a administração direta dos
entes federados e quase toda a administração indireta.
Como exceção, apenas as chamadas “empresas estatais independentes”
estão fora do alcance da Lei (embora essas empresas tenham, geralmente,
suas próprias regras de governança corporativa, para “sobreviverem” no
mercado, regras estas que substituem, de certa forma, as regras de
responsabilidade fiscal).
Inicialmente, cabe destacar que ambas as espécies de estatais, as
dependentes e as independentes, são consideradas empresas
controladas. Isso significa que elas têm a maior parte de seu capital
social com direito a voto nas mãos de um ente federado (União, Estado,
DF, Município, conforme o caso). Ou seja, o ente federado é quem detém
o poder de decidir, ao final, como a empresa controlada se comportará e
desenvolverá suas atividades no mercado ou na prestação de serviços
públicos.
Muito bem, o que leva à “dependência” ou não de uma empresa estatal é a
característica da autossustentabilidade quanto a suas atividades normais de
manutenção e de investimento. O tipo de recursos que são transferidos
pelo ente público às estatais reflete justamente essa característica.
Nesse sentido, estatais dependentes recebem recursos para cobertura de suas
despesas correntes, rotineiras, relativas ao pagamento de pessoal e de
custeio geral, bem como para suas despesas com investimentos. Vale
dizer, as estatais dependentes não conseguem se manter sem a
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 6
transferência de recursos do ente controlador. Suas atividades não envolvem,
como regra, a obtenção de lucro. Por essas características, as empresas
estatais dependentes normalmente estão abrangidas pelos orçamentos
fiscal e da seguridade social.
Já as estatais independentes, quando recebem recursos do ente controlador,
os recebem tipicamente como aumento de participação acionária, ou seja,
como forma de ampliação do controle, pelo ente público, sobre a
administração da empresa. Esse “perfil” leva as estatais independentes a
serem contempladas no orçamento de investimento.
Como isso cai na prova?
3. (FCC/AUXILIAR DE FISCALIZAÇÃO/TCE-SP/2010) Considera-se empresa
controlada a sociedade
(A) de capital aberto em que a União detenha mais de 20% e menos de
50% das ações.
(B) que presta serviços de qualquer natureza para a União, os Estados e
Municípios.
(C) cuja maioria do capital social com direito a voto pertença, direta ou
indiretamente, a ente da Federação.
(D) que mantém convênio com a União, os Estados ou Municípios.
(E) cujo capital social pertença à União em sua integralidade.
4. (FGV/ANALISTA/SAD-PE/2008) Para os efeitos da Lei de Responsabilidade
Fiscal, entende-se como ente da Federação a União, cada Estado, o
Distrito Federal e cada Município; como empresa controlada, a sociedade
cuja maioria do capital social com direito a voto pertença, direta ou
indiretamente, a ente da Federação; e como empresa estatal dependente,
empresa controlada que receba do ente controlador recursos financeiros
para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de
capital, excluídos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de
participação acionária.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 7
Sobre a questão 3, a empresa controlada, seja dependente, seja
independente, caracteriza-se pela maior parte do capital social com direito a
voto pertencente ao ente público controlador. Gabarito: C.
A questão 4 está CERTA, reproduzindo definições trazidas pela LRF em seus
artigos iniciais.
Receita corrente líquida
Outra importante noção trazida nas primeiras linhas da LRF é a “receita
corrente líquida” (RCL), utilizada como base para vários limites de
gastos, estabelecidos posteriormente no texto da Lei (lembra-se dessa
palavra chave, “limites”, juntamente com “condições”?).
Já devemos ter uma boa noção sobre receitas correntes, mas é bom
relembrar: são as receitas arrecadadas normalmente pelos entes
públicos, geralmente de efeito aumentativo sobre o patrimônio público,
e que se destinam, tipicamente, ao custeio das atividades e serviços a
cargo da Administração Pública.
O termo “líquida”, em “receita corrente líquida”, significa que, para sua
definição, haverá algum tipo de dedução ou desconto sobre o total bruto
de receitas correntes.
Cada ente federado terá suas próprias deduções, mas, nos prendendo ao caso
da União, a RCL é calculada da seguinte forma:
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 8
(=) TOTAL DAS RECEITAS CORRENTES
(–) transferências constitucionais ou legais aos Estados/DF e Municípios
(–) contribuições sociais do empregador sobre a folha salarial e do trabalhador
(–) contribuição social para o Programa de Integração Social (PIS)
(–) contribuição previdenciária dos servidores públicos
(–) receitas previdenciárias de compensação entre os regimes geral e dos
servidores públicos
(–) compensação financeira aos Estados exportadores (Lei Kandir)
(–) complementação financeira ao FUNDEB (Emenda Constitucional 53)
Da análise do quadro acima, vemos que, do total de receitas correntes
arrecadadas, a União desconta os recursos obrigatoriamente transferidos
aos outros entes federados (ou fundos) e aqueles vinculados a ações da
seguridade social, principalmente. Portanto, essas deduções tratam de
parcelas da receita corrente com os quais a União não pode contar, em
virtude de sua aplicação predefinida.
Portanto, para resumir, podemos dizer que a RCL representa o montante de
recursos próprios em que o ente governamental pode “confiar” para realizar
seus programas; na esfera pessoal, seria equivalente ao salário líquido
recebido pelo trabalhador, com os descontos devidos já efetuados (previdência
social, vale-transporte etc.).
A LRF também determina que a RCL seja apurada somando-se as receitas
arrecadadas no mês de contabilização e nos onze anteriores, excluídas as
duplicidades. Assim, o cálculo da RCL é mensal.
Como isso cai na prova?
5. (FCC/INSPETOR/TCM-CE/2010) O somatório das receitas municipais
tributárias, de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de
serviços, transferências correntes e as próprias de autarquias, fundações e
empresas dependentes, deduzidas das contribuições dos servidores para
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 9
custeio de seu sistema de previdência e assistência social, receita de
compensação financeira entre regimes previdenciários e Fundef, constitui,
segundo a LRF, a
(A) receita corrente líquida.
(B) renúncia de receita.
(C) receita de capital.
(D) receita efetiva.
(E) receita não efetiva.
6. (CESPE/ANALISTA/TCE-TO/2008) A receita corrente líquida será apurada
pelo somatório, de janeiro a dezembro, das receitas correntes, deduzidas
as transferências estabelecidas na lei.
Na questão 5, o enunciado reproduz todos os procedimentos para obtenção do
valor da receita corrente líquida. Gabarito: A.
A questão 6 traz uma incorreção quanto ao prazo. A RCL é calculada
mensalmente, com um “olhar retrospectivo” para os onze meses anteriores.
Não se faz o cálculo fixo entre janeiro e dezembro. Questão ERRADA.
LRF e Lei de Diretrizes Orçamentárias
Na parte dedicada ao planejamento da ação governamental, a LRF traz
diversas disposições sobre as funções e o conteúdo da Lei de Diretrizes
Orçamentárias e da Lei Orçamentária Anual.
No que se refere à LDO, determinou-se que essa lei tratasse dos seguintes
assuntos:
• equilíbrio entre receitas e despesas;
• critérios e forma de limitação de empenho;
• normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados
dos programas financiados com recursos dos orçamentos;
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 10
• demais condições e exigências para transferências de recursos a
entidades públicas e privadas.
Portanto, a LDO recebeu da LRF tarefas ligadas ao planejamento
operacional, a respeito de quais procedimentos seguir diante de
desequilíbrios fiscais; tarefas de avaliação, trazendo normas sobre a
checagem de custos e resultados dos programas; e tarefas “contratuais”, no
sentido de estabelecer condições para a transferência de recursos.
Outra determinação da LRF sobre a LDO foi relativa à criação de anexos a
esta última lei. Vamos estudá-los agora.
a) Anexo de Metas Fiscais (AMF). No início da aula, vimos que um dos
instrumentos da gestão fiscal responsável é o cumprimento de metas de
resultado entre receitas e despesas. Assim, o estabelecimento dessas
metas se dá justamente no AMF, o que o torna um documento importantíssimo
na vida financeira dos entes públicos.
Para comprovar esse papel de destaque do Anexo, caso o Chefe do Executivo
deixe de apresentá-lo, isso será tomado como um crime fiscal, punível com
multa equivalente a 30% dos vencimentos anuais respectivos.
O AMF estabelece metas para o período de 3 exercícios (o de referência da
LDO e os dois posteriores), a partir da análise empreendida sobre as
ocorrências dos 3 exercícios anteriores.
As metas que compõem o AMF são:
• metas de receita: valores a arrecadar nos próximos exercícios;
• metas de despesa: valores a serem despendidos no mesmo prazo;
• metas de resultados nominal e primário: diferença a ser mantida
entre a arrecadação e os gastos, ora levando em conta receitas e
despesas financeiras (resultado nominal, que reflete os efeitos do
endividamento público), ora desconsiderando esses componentes
financeiros (resultado primário);
• metas de dívida: valor referente ao montante da dívida pública a ser
mantido nos próximos exercícios.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 11
Outros conteúdos do AMF são:
• avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior.
Portanto, o AMF é mais que um documento de projeção de metas; é
também um documento de avaliação dos resultados das metas traçadas
no exercício passado;
• demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e
metodologia de cálculo que justifiquem os resultados pretendidos,
comparando-as com as fixadas nos três exercícios anteriores, e
evidenciando a consistência delas com as premissas e os objetivos da
política econômica nacional. As metas fiscais fixadas pelo Executivo, além
de serem estabelecidas no AMF, também devem ser explicadas e
sustentadas com argumentos técnicos, para convencimento do Poder
Legislativo e dos outros setores sociais;
• evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três exercícios,
destacando a origem e a aplicação dos recursos obtidos com a alienação
de ativos. A ideia aqui é manter controle sobre o que o governo realiza
com os recursos provenientes da alienação, ou seja, da venda, de bens
públicos, como imóveis e estoques de produtos agropecuários.
• avaliação da situação financeira e atuarial:
o dos regimes geral de previdência social e próprio dos servidores
públicos e do Fundo de Amparo ao Trabalhador;
o dos demais fundos públicos e programas estatais de natureza
atuarial;
• demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e
da margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado.
b) Anexo de Riscos Fiscais (ARF). Esse Anexo que trata das ocorrências
possivelmente causadoras de desequilíbrios nos resultados fiscais.
Os riscos fiscais são classificados como riscos orçamentários (riscos de
receita e de despesa, relativos à não concretização dos parâmetros planejados)
e riscos de dívida (riscos de administração da dívida mobiliária e passivos
contingentes).
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 12
Os passivos contingentes, que são um tipo de risco de dívida, representam
situações que podem ocasionar novas obrigações para o ente público.
Normalmente, trata-se de causas judiciais em que o ente pode vir a ser
condenado a pagar certas quantias questionadas.
Diante da concretização dos riscos fiscais, pode ser necessário empregar
recursos para cobrir eventuais gastos. A dotação orçamentária designada para
essas “emergências” é a nossa já conhecida reserva de contingência, que
estudamos ao tratar de créditos adicionais.
A reserva de contingência recebe tratamentos diferentes das leis de matéria
orçamentária:
• a LDO deve definir a forma de utilização da reserva, bem como seu
montante, que é calculado com base na receita corrente líquida (olha
a RCL aí de novo – como vimos, ela serve de parâmetro para diversos
limites e cálculos trazidos na LRF);
• por sua vez, a LOA prevê a reserva de contingência como uma dotação
orçamentária, no montante instituído pela LDO, deixando-a
contabilizada, com recursos atribuídos, e pronta para eventual execução.
c) Anexo especial federal: para a União, está previsto um terceiro anexo.
A mensagem presidencial que encaminhar o PLDO ao Congresso deverá conter
um anexo que trate dos seguintes pontos, referentes ao exercício
subsequente:
• objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial;
• parâmetros e projeções para os principais agregados e variáveis
dessas políticas;
• metas de inflação.
Assim, quando saem na mídia notícias sobre as “metas de inflação para o ano
que vem”, repare que o PLDO deve ter entrado em discussão no Congresso.
Como isso cai na prova?
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 13
7. (FGV/CONSULTOR/SENADO/2008) A Lei de Diretrizes Orçamentárias
disporá sobre o equilíbrio entre receitas e despesas, critérios e forma de
limitação de empenho, normas relativas ao controle de custos e à
avaliação dos resultados dos programas financiados com recursos dos
orçamentos.
8. (FCC/ANALISTA/TRT-02/2008) A lei das diretrizes orçamentárias conterá
Anexo de Riscos Fiscais, onde serão avaliados os passivos contingentes e
outros riscos capazes de afetar as contas públicas.
9. (CESPE/ANALISTA/DPU/2010) Metas fiscais são valores projetados para o
exercício financeiro e que, depois de aprovados pelo Poder Legislativo,
servem de parâmetro para a elaboração e a execução do orçamento. Para
obrigar os gestores a ampliar os horizontes do planejamento, as metas
devem ser projetadas para os próximos três anos, isto é, o exercício a que
se referem e os dois seguintes.
10. (FCC/AUDITOR/TCE-CE/2006) A lei orçamentária anual apresentará, em
anexo específico, os objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial,
e ainda as metas de inflação, para o exercício subseqüente.
A questão 7 está CERTA: trata-se das atribuições dadas à LDO pela LRF,
conforme o art. 4º desta lei.
A questão 8 está CERTA. O ARF é um dos anexos previstos para a LDO, e deve
conter a avaliação de passivos contingentes e outros riscos.
A questão 9 reflete bem a intenção da elaboração do AMF, reforçando a
questão da “ação planejada” que já destacamos. Questão CERTA.
A questão 10 está ERRADA: o anexo específico referido pelo enunciado
acompanha a LDO, e não a LOA.
LRF e Lei Orçamentária Anual
Novamente, vamos destacar alguns dispositivos legais aplicáveis:
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 14
Art. 5º O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma compatível
com o plano plurianual, com a lei de diretrizes orçamentárias e com as normas
desta Lei Complementar:
I - conterá, em anexo, demonstrativo da compatibilidade da programação dos
orçamentos com os objetivos e metas constantes do documento de que trata o §
1º do art. 4º;
II - será acompanhado do documento a que se refere o § 6º do art. 165 da
Constituição, bem como das medidas de compensação a renúncias de receita e
ao aumento de despesas obrigatórias de caráter continuado;
III - conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização e montante,
definido com base na receita corrente líquida, serão estabelecidos na lei de
diretrizes orçamentárias, destinada ao:
a) (VETADO)
b) atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais
imprevistos.
(...)
§ 2º O refinanciamento da dívida pública constará separadamente na lei
orçamentária e nas de crédito adicional.
(...)
§ 4º É vedado consignar na lei orçamentária crédito com finalidade imprecisa
ou com dotação ilimitada.
A compatibilidade da LOA com a LDO e o PPA não é novidade; já estudamos
esse assunto na aula sobre os instrumentos orçamentários.
Entretanto, há uma “compatibilidade adicional” à qual a LOA deve
obedecer: trata-se da compatibilidade com o Anexo de Metas Fiscais da
LDO. Dessa forma, a previsão da receita e a fixação da despesa devem manter
os resultados fiscais do AMF, e isso deve vir garantido já no próprio texto do
projeto de LOA.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 15
Relativamente ao inciso II, o documento ao qual se refere o § 6º do art. 165
da CF/88 é o demonstrativo das renúncias de receita, também já
estudado, e que integra o PLOA. Por se tratar de “dinheiro recusado” pelo
governo, e em nome do princípio da universalidade, o orçamento deve
espelhar essa arrecadação a menor, para que sejam prestadas as
informações corretas ao Legislativo.
O que a LRF acrescenta a essa ordem da Constituição é a necessidade de
compensação das renúncias de receita. E as informações sobre as
medidas compensatórias também constarão da Lei Orçamentária.
Além do que se refere às renúncias de receita, a LOA também será
acompanhada das medidas de compensação às despesas obrigatórias de
caráter continuado. Mas isso também é assunto para daqui a pouco.
Uma preocupação especial com a “rolagem” da dívida pública consta desse art.
5º da LRF. O refinanciamento da dívida, que já apareceria de qualquer modo
no orçamento, deve constar de forma separada, em nome da clareza e
publicidade da informação. É que esse dado representa a continuidade do
endividamento do ente público, o que limita, entre outras coisas, o
montante de recursos que não poderão ser aplicados em despesas que
beneficiem diretamente a sociedade.
A respeito do § 4º do art. 5º (vedação a crédito com finalidade imprecisa ou
com dotação ilimitada), essa ordem legal tem por objetivo tornar a LOA um
instrumento orçamentário tão exato e transparente quanto possível. A
previsão de despesas sem finalidade precisa ou sem limitação de numerário vai
contra a necessidade de controle que deve existir sobre a aplicação do
dinheiro público.
Como isso cai na prova?
11. (CESPE/ANALISTA/FINEP/2009) Um demonstrativo da compatibilidade da
programação dos orçamentos com as metas fiscais estabelecidas na Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO) deve integrar a LOA, na forma de anexo.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 16
12. (FCC/TÉCNICO/TJ-PI/2009) A Lei Orçamentária da União compreenderá
créditos com finalidade imprecisa ou dotação ilimitada, desde que
incluídos na Lei de Diretrizes Orçamentárias.
13. (FCC/ANALISTA/MP-SE/2009) O projeto de LOA conterá reserva de
contingência, cuja forma de utilização e montante, definido com base na
receita corrente líquida, serão estabelecidos na LDO.
14. (FCC/ANALISTA/MP-RS/2008) O projeto de lei orçamentária anual será
acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas
e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e
benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia, bem como das
medidas de compensação a renúncias de receita e ao aumento de
despesas de investimentos.
A questão 11 se refere ao demonstrativo requerido pelo art. 5º, inc. I, da LRF.
Questão CERTA.
Créditos com finalidade imprecisa ou dotação ilimitada são vedados, sem
exceção. A questão 12 está ERRADA.
A questão 13 é baseada na literalidade da LRF. A reserva de contingência
corresponde a uma das dotações da LOA. Questão CERTA.
A questão 14 trouxe um problema apenas no finalzinho: a LOA deve ser
acompanhada de medidas de compensação a despesas obrigatórias de caráter
continuado, e não a despesas com investimentos. Questão ERRADA.
Execução orçamentária
Os principais trechos da LRF a respeito desse tópico são o art. 8º e o art. 13:
Art. 8º Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos termos em que
dispuser a lei de diretrizes orçamentárias (...), o Poder Executivo estabelecerá a
programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso.
Art. 13. No prazo previsto no art. 8º, as receitas previstas serão desdobradas,
pelo Poder Executivo, em metas bimestrais de arrecadação, com a
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 17
especificação, em separado, quando cabível, das medidas de combate à evasão
e à sonegação, da quantidade e valores de ações ajuizadas para cobrança da
dívida ativa, bem como da evolução do montante dos créditos tributários
passíveis de cobrança administrativa.
Assim, logo após a publicação da LOA, num prazo de até 30 dias, faz-se
uma distribuição das despesas que os órgãos poderão executar
mensalmente, ao lado da distribuição bimestral da arrecadação prevista.
Com isso, a cada período, checa-se se o andamento da arrecadação poderá
suportar o calendário da despesa.
A LRF refere-se apenas ao Executivo, mas, conforme as LDO’s, todos os
Poderes e o MP devem estabelecer sua própria programação financeira e seu
cronograma de desembolso:
Lei 12.017/2009 (LDO 2010), Art. 69. Os Poderes e o Ministério Público da
União deverão elaborar e publicar por ato próprio, até 30 (trinta) dias após a
publicação da Lei Orçamentária de 2010, cronograma anual de desembolso
mensal, por órgão, nos termos do art. 8º da Lei Complementar nº 101, de 2000,
com vistas ao cumprimento da meta de resultado primário estabelecida nesta
Lei.
Por outro lado, o desdobramento bimestral da arrecadação da receita, bem
como seu acompanhamento, ficam a cargo do Executivo mesmo, que é o
grande arrecadador entre os Poderes.
Já estudamos anteriormente o parágrafo único do art. 8º, mas vamos
relembrá-lo:
Art. 8º, Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados a finalidade
específica serão utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua
vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso.
Como vimos, esse dispositivo garante que os recursos vinculados a certas
despesas, por força de lei ou instrumento contratual, somente nelas sejam
aplicados, mesmo que a execução só ocorra em exercício posterior. Assim,
é premissa para a execução do orçamento a garantia de vinculação entre os
recursos arrecadados e suas aplicações predefinidas.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 18
Portanto, não existe um “zeramento” relativamente aos recursos vinculados,
pelo fato de não terem sido aplicados no âmbito do orçamento em que
porventura tenham sido arrecadados.
Como isso cai na prova?
15. (FGV/ASSESSOR/DETRAN-RN/2010) Os recursos legalmente vinculados à
finalidade específica serão utilizados exclusivamente para atender ao
objeto de sua vinculação, exceto em exercício diverso daquele em que
ocorrer o ingresso.
16. (CESPE/ANALISTA/TCE-AC/2009) Após o início do exercício financeiro, os
poderes dispõem de 30 dias para o estabelecimento da programação
financeira e cronograma de execução mensal de desembolso.
A questão 15 altera a reescritura do parágrafo único do art. 8º da LRF: os
recursos legalmente vinculados a certas despesas permanecem vinculados em
exercícios futuros. Questão ERRADA.
A questão 16 está ERRADA: o prazo de 30 dias para o estabelecimento da
programação financeira e do cronograma de desembolso é contado a partir da
publicação da LOA, e não do início do exercício.
Cumprimento de metas de resultado
Sobre o cumprimento de metas, o Manual Técnico de Orçamento traz os
seguintes comentários a respeito:
Em 1964, a edição da Lei nº 4.320 já evidenciava a preocupação do
legislador quanto ao fiel cumprimento do equilíbrio entre receitas e
despesas no orçamento, permitindo que o Poder Executivo se
organizasse de forma a prevenir as oscilações que aconteceriam no
decorrer do exercício financeiro, invocando a necessidade de estipular
cotas trimestrais para a execução da despesa. Em 2000, a Lei de
Responsabilidade Fiscal – LRF trouxe a necessidade de incorporar metas
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 19
de resultado fiscal, além de ressaltar o descompasso provável entre
receitas e despesas, de modo a equilibrar o orçamento em tempo hábil
para não prejudicar o desempenho do governo nas três esferas: federal,
estadual e municipal. Já a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO
completa os dispositivos legais da determinação do controle fiscal e dos
recursos disponibilizados, informando, entre outros parâmetros, qual
será a base contingenciável, as despesas que não são passíveis de
contingenciamento, assim como o estabelecimento de demonstrativos
das metas de resultado primário e sua periodicidade.
Tratando da lei seca, a LRF aborda o cumprimento de metas de resultado no
art. 9º e seus parágrafos, como segue:
Art. 9º Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita
poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou
nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério
Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nos trinta
dias subsequentes, limitação de empenho e movimentação financeira, segundo
os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.
§ 1º No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda que parcial, a
recomposição das dotações cujos empenhos foram limitados dar-se-á de forma
proporcional às reduções efetivadas.
§ 2º Não serão objeto de limitação as despesas que constituam obrigações
constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento do
serviço da dívida, e as ressalvadas pela lei de diretrizes orçamentárias.
§ 3º No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Público não
promoverem a limitação no prazo estabelecido no caput, é o Poder Executivo
autorizado a limitar os valores financeiros segundo os critérios fixados pela lei
de diretrizes orçamentárias.
Vamos comentar essas regras.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 20
Como já estudamos, o Anexo de Metas Fiscais estabelece, entre outras, metas
de resultado primário e nominal para o exercício de referência e para os dois
seguintes.
Deixando bem repisado, durante o exercício financeiro, faz-se um
acompanhamento constante da arrecadação da receita, que servirá como
condição para a execução da despesa programada. O Poder Executivo, após a
publicação da LOA, deve desdobrar a arrecadação prevista em metas
bimestrais.
Pelo lado da despesa, cada Poder, mais o Ministério Público, deve estabelecer a
programação financeira e o cronograma de execução mensal de
desembolso, sempre conforme o ritmo de arrecadação, para garantir a
sustentabilidade das liberações de gastos.
Ocorrendo alguma baixa na arrecadação, a ponto de ameaçar as metas de
resultado primário ou nominal, todos os Poderes e o MP devem “frear” o ritmo
de execução da despesa. Assim, tanto a emissão de empenhos quanto a
transferência de recursos devem ser reduzidas, para que o nível da
execução da despesa fique adequado ao cenário de receita diminuída. Isso que
o que se chama, comumente, de “contingenciamento de despesas”.
Perceba que não é o caso de aguardar a despesa superar a receita. O
parâmetro são as metas de resultado. Como as metas de resultado,
normalmente, são positivas, isso significa que, para contingenciar
despesas, não se espera “faltar dinheiro”, mas, simplesmente, “sobrar
menos dinheiro”.
Havendo retomada da arrecadação, também se procede à liberação das
despesas contingenciadas, proporcionalmente às reduções antes
efetivadas.
É importante observar também que nem toda despesa pode ser
contingenciada. As despesas obrigatórias segundo a CF/88 (pessoal, dívida
pública e transferências constitucionais ou legais) não podem ser afetadas por
esse artifício de controle.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 21
Da mesma forma, as despesas ressalvadas pela LDO não podem ser
contingenciadas. Como já está bem estudado, a LDO indica quais despesas são
prioritárias para a Administração no exercício em foco. Um dos efeitos de uma
despesa ser considerada prioritária na LDO é justamente ficar a salvo desses
cortes.
Ultimamente, um bom exemplo de despesas ressalvadas são as relativas
a projetos do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC. Como o
governo aposta todas as fichas no PAC, é natural que os projetos
respectivos não sejam prejudicados pelo contingenciamento.
Muito bem, depois de afastadas as obrigações constitucionais e as ressalvas da
LDO, sobra o grupo das “despesas discricionárias”, sobre as quais incidirá o
contingenciamento.
Como já se destacou, todos os Poderes e o MP devem dar sua parcela de
contribuição para a manutenção do equilíbrio fiscal. Portanto, por ato
próprio, todos deverão limitar suas despesas diante de um quadro de queda
de arrecadação.
Entretanto, originalmente, a LRF dispunha que, caso algum Poder ou o MP
não procedesse ao respectivo contingenciamento, o Executivo poderia
descontar a parcela correspondente ao contingenciamento sobre o valor
repassado ao Poder “não solidário”. É a previsão do § 3º do art. 9º,
reproduzido acima.
O desconto se daria sobre o repasse mensal que o Executivo faz aos outros
Poderes, em obediência ao art. 168 da CF/88:
Art. 168. Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias,
compreendidos os créditos suplementares e especiais, destinados aos órgãos
dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria
Pública, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês, em duodécimos, na
forma da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º.
Entretanto, essa possibilidade de “desconto em folha” por parte do Executivo
foi declarada inconstitucional pelo STF (ADIN 2.238), devido à afronta ao
princípio da separação dos Poderes. Assim, o Executivo não pode
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 22
contingenciar despesas que não sejam as suas próprias, devendo aguardar
pela colaboração dos outros.
Como isso cai na prova?
17. (FCC/ANALISTA/TRE-RN/2011) Se for constatado que, ao final de um
bimestre, a realização da receita não permitirá o cumprimento das metas
de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais,
os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos
montantes necessários, nos trinta dias subsequentes, limitação de
empenho e movimentação financeira, segundo os critérios fixados pela lei
de diretrizes orçamentárias.
18. (CESPE/ANALISTA/FINEP/2009) O Poder Executivo é responsável por
promover, de imediato, a limitação de empenho em todas as dotações da
lei orçamentária anual quando houver indícios de que a realização da
receita não comportará o cumprimento das metas de resultado primário.
19. (FGV/ASSESSOR/DETRAN-RN/2010) No caso de restabelecimento da
receita prevista, ainda que parcial, a recomposição das dotações, cujos
empenhos foram limitados, dar-se-á de forma proporcional às reduções
efetivadas.
20. (CESPE/ANALISTA/MMA/2008) De acordo com a LRF, as despesas
destinadas ao pagamento do serviço da dívida não serão objeto de
limitação, ainda que se verifique, ao final de um bimestre, que a
realização da receita possa não comportar o cumprimento das metas de
resultado primário ou nominal estabelecidas no anexo de metas fiscais.
A questão 17 reproduz o teor do caput do art. 9º da LRF. Questão CERTA.
Quanto à questão 18, já vimos que o Executivo só pode contingenciar
despesas de seus órgãos e entidades, sem invadir a esfera dos outros Poderes.
Questão ERRADA.
A questão 19 está CERTA. O “retorno” gradual da receita aos patamares
esperados permite a recomposição das despesas de forma proporcional às
reduções anteriores.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 23
A questão 20 traz uma reescritura meio estranha, mas correta, do caput e do §
3º do art. 9º da LRF. Questão CERTA.
Previsão e arrecadação de receitas
Trataremos agora da postura dos entes federados quanto à arrecadação das
receitas tributárias. Vejamos o art. 11 da LRF:
Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a
instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência
constitucional do ente da Federação.
Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o
ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos.
Como visto, a LRF dispõe que, para ser considerado responsável em termos
fiscais, cada ente federado deverá empreender esforços para efetivamente
arrecadar as receitas tributárias de sua competência.
Historicamente, os entes federados menores, principalmente os Municípios,
deixaram de instituir seus tributos próprios, vivendo apenas dos repasses
da União e dos Estados. A LRF tentou modificar esse costume, criando
exigências para que todos os entes obtenham sua arrecadação própria.
Essa necessidade de arrecadação própria é ainda mais significativa no que
diz respeito aos impostos, que são as fontes preferenciais de obtenção de
recursos tributários. Tanto é que a LRF prevê uma punição a quem não
instituir, prever e/ou arrecadar os respectivos impostos: o ente federado
faltoso não poderá receber recursos de transferências voluntárias
(geralmente, convênios) de outros entes.
Entretanto, essa punição é “aliviada” posteriormente:
Art. 25, § 3º Para fins da aplicação das sanções de suspensão de transferências
voluntárias constantes desta Lei Complementar, excetuam-se aquelas relativas
a ações de educação, saúde e assistência social.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 24
O raciocínio por trás dessa “aliviada” no castigo aos entes federados é que a
população não poderia pagar um preço muito alto por causa da ação
irresponsável dos governantes locais. Assim, recursos relativos às áreas de
saúde, educação e assistência social continuarão sendo transferidos,
mesmo para entes que não tenham se esforçado para obter arrecadação
própria.
Sobre a previsão de receita, a LRF traz o seguinte:
Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais,
considerarão os efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de
preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão
acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da
projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de
cálculo e premissas utilizadas.
§ 1º Reestimativa de receita por parte do Poder Legislativo só será admitida se
comprovado erro ou omissão de ordem técnica ou legal.
§ 2º O montante previsto para as receitas de operações de crédito não poderá
ser superior ao das despesas de capital constantes do projeto de lei
orçamentária.
§ 3º O Poder Executivo de cada ente colocará à disposição dos demais Poderes
e do Ministério Público, no mínimo trinta dias antes do prazo final para
encaminhamento de suas propostas orçamentárias, os estudos e as estimativas
das receitas para o exercício subsequente, inclusive da corrente líquida, e as
respectivas memórias de cálculo.
O caput e o § 1º do art. 12 refletem o caráter técnico que deve cercar a
previsão de receita. Os parlamentares não podem “inflar” a receita prevista
pelo Executivo, abrindo margem para novas despesas, com base em critérios
subjetivos – e, por dedução, o Executivo também deve pautar-se em
estudos e cálculos plausíveis para realizar a estimativa. Apenas erro ou
omissão de natureza técnica ou legal podem justificar uma emenda de receita.
Portanto, são fatores a se considerar no momento de prever as receitas:
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 25
• normas técnicas e legais. Nesse ponto, trata-se principalmente da
legislação que rege as receitas e permite sua arrecadação, considerando
os fatos geradores, o conjunto de contribuintes alcançados pela cobrança
etc.
• efeitos das alterações na legislação. No caso de estar sendo discutida e/ou
votada alteração na legislação tributária no âmbito do Legislativo, é
possível transferir ao orçamento os efeitos potenciais da arrecadação
afetada por tais mudanças. Inclusive, registra-se que a União tem fixado
despesas condicionadas na LOA, executáveis à medida que as receitas
potenciais, advindas de alterações legislativas, sejam aprovadas.
• efeitos do crescimento econômico. A previsão de uma crise econômica,
ou, pelo contrário, de uma aceleração nas atividades econômicas,
pode trazer efeitos importantes sobre os níveis de arrecadação. Esses
fatores devem ser cotejados ao se projetar o montante de receita para o
orçamento.
• efeitos de qualquer outro fator relevante. Aqui, podemos pensar, a título
de ilustração, na informatização da logística de arrecadação de certa
receita, potencializando a ação do Fisco e diminuindo a evasão, ou num
evento excepcional, que aumente o consumo de bens e serviços – como
a Copa do Mundo no Brasil.
O § 2º do art. 12 da LRF foi declarado inconstitucional, em liminar, no
âmbito da já mencionada ADIN 2.238. É que, apesar de reproduzir a regra de
ouro, que já estudamos, esse dispositivo não trouxe a exceção constante da
CF/88 (art. 167, inc. III), que permite a desobediência à regra de ouro
mediante a aprovação, por maioria absoluta dos parlamentares, de créditos
suplementares ou especiais.
Por fim, o § 3º exige que o Executivo, depois de ter projetado a arrecadação
da receita, com base em tudo isso que vimos acima, disponibilize aos
outros Poderes e ao MP as informações necessárias, para que estes
elaborem suas propostas orçamentárias. Esse repasse de informações deve
ocorrer no mínimo 30 dias antes do prazo final para encaminhamento das
propostas setoriais à SOF.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 26
Como isso cai na prova?
21. (FGV/ANALISTA/SAD-PE/2008) Constituem requisitos essenciais da
responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva
arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da
Federação.
22. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/IPEA/2008) Afronta o conceito de
responsabilidade fiscal da receita o fato de, até a presente oportunidade, a
União não ter instituído o imposto sobre grandes fortunas.
23. (CESPE/ANALISTA/MMA/2008) A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)
determina que as autorizações de despesas, constantes do projeto de lei
orçamentária, devem considerar os efeitos das alterações na legislação,
da variação dos índices de preços, do crescimento econômico e de
qualquer outro fator relevante.
A questão 21 está CERTA: trata-se de uma reprodução do caput do art. 11 da
LRF.
A questão 22 é mais exigente, e traz um exemplo de falha da União quanto à
responsabilidade fiscal. Apesar de autorizada pela CF/88 (art. 153, inc. VII), a
União ainda não instituiu esse imposto. Questão CERTA.
Há dois problemas na questão 23. Primeiramente, quem traz essas
determinações é a LRF, e não a LDO. Em segundo lugar, tais exigências
referem-se às previsões de receita, não às autorizações de despesas. Questão
ERRADA.
Renúncia de receita
De cara, vamos à lei seca:
Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza
tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de
estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva
iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de
diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições:
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 27
I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na
estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não
afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de
diretrizes orçamentárias;
II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado
no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da elevação de
alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou
contribuição.
§ 1º A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido,
concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou
modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos
ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento
diferenciado.
§ 2º Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou benefício de que trata
o caput deste artigo decorrer da condição contida no inciso II, o benefício só
entrará em vigor quando implementadas as medidas referidas no mencionado
inciso.
Antes de prosseguir, pode-se perguntar: por que um ente público deixaria de
arrecadar receita?
Várias razões podem justificar essa decisão. Por exemplo, um município pode
conceder descontos sobre o IPTU relativamente às empresas que se
instalarem em seu território a partir de certa data. Renuncia-se a parte
da arrecadação para, ao mesmo tempo, aumentar a atividade econômica local
(o que vai resultar, futuramente, em maior arrecadação tributária).
Ainda como exemplo, um Estado poderia favorecer o desenvolvimento de
determinado setor produtivo, diminuindo a incidência do ICMS sobre os
gêneros comercializados desse ramo.
Portanto, tendo em vista que a obtenção de receita é primordial para a
manutenção do equilíbrio fiscal, renunciar à arrecadação de certas receitas
deve ser algo bastante justificável.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 28
Além dos instrumentos já definidos legalmente (anistia, remissão, subsídio,
crédito presumido e isenção), o § 1º aponta o principal critério para se
classificar certa medida como renúncia de receita: os efeitos devem ser
“não gerais”, ou seja, não podem alcançar todos os contribuintes obrigados
ao pagamento. Portanto, renúncia de receita, para a LRF, consiste num
tratamento diferenciado quanto ao conjunto de contribuintes.
Para se conceder ou ampliar incentivos/benefícios tributários, as metas de
resultado (aquelas do Anexo de Metas Fiscais) não podem ser afetadas, ou
todo o trabalho de equilíbrio das contas seria posto a perder.
Assim, é necessário fazer um trabalho de planejamento a respeito da renúncia
de receita pretendida. Deve-se projetar o impacto dessa operação, em
termos orçamentários e financeiros, para o exercício de início da vigência e
para os dois subsequentes.
Outro ponto importante sobre a renúncia de receita é a necessidade, ou não,
de compensação dos recursos que deixam de ser arrecadados.
Por exemplo, se as condições fiscais do ente federado permitem que ele
simplesmente renuncie a parte da arrecadação, sem maiores problemas
quanto às metas fiscais, pode-se editar uma LOA com receita já abatida da
renúncia, não sendo necessário instituir quaisquer compensações.
Por outro lado, para renunciar a receita sem ter havido a previsão, na LOA, da
receita já diminuída, a alternativa é a obtenção, a partir de outra fonte,
dos recursos correspondentes para a compensação. Dispensa-se a
arrecadação de um lado para se obter o equivalente a partir de outro setor ou
atividade econômica. Perceba que, nesse caso, não se pode simplesmente
desprezar a previsão da receita feita pela LOA, diminuindo a arrecadação.
Nesse sentido, são opções de compensação à renúncia de receita: a criação
ou majoração de novo tributo; a elevação de alíquotas; a ampliação da
base de cálculo de tributo já existente.
A LRF indica, adicionalmente, que, sendo necessário instituir medidas de
compensação, a renúncia de receita só poderá se efetivar depois de tais
medidas entrarem em vigor. Como diz o ditado, “o seguro morreu de
velho”!
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 29
Como isso cai na prova?
24. (FGV/AUDITOR/TCM-PA/2008) Qualquer subsídio ou isenção, redução de
base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão,
relativos a impostos, taxas e contribuições poderá ser concedido mediante
lei específica ou por decreto do Chefe do Poder Executivo, caso a
estimativa de impacto orçamentário-financeiro exija urgência na reposição
de receita.
25. (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) Segundo a LRF, o benefício
concernente à ampliação de incentivo de natureza tributária da qual
decorra renúncia de receita, dependente de medidas de compensação, por
meio do aumento de receita, só entrará em vigor no primeiro dia do
exercício seguinte.
26. (FGV/AUDITOR/TCM-PA/2008) A concessão de benefício de natureza
tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada
de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que
deva iniciar sua vigência, bem como no exercício seguinte, além de
atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias.
A questão 24 está ERRADA. Para que seja concedida a renúncia de receita,
devem ser observadas as condições da LRF. Além disso, a questão é
incoerente, pois, havendo urgência na reposição de receita, não é o caso de
efetivar novas renúncias.
A questão 25 também está ERRADA. O requisito para entrada em vigor da
renúncia de receita é a implementação das medidas de compensação.
A estimativa de impacto orçamentário-financeiro da renúncia de receita é
obrigatória, devendo abranger o exercício de início e os dois seguintes (não
apenas um seguinte). A questão 26 está ERRADA.
Geração de despesa
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 30
Vamos começar nosso estudo sobre regras e condições para geração de
despesa pelo art. 16 da LRF:
Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que
acarrete aumento da despesa será acompanhado de:
I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva
entrar em vigor e nos dois subsequentes;
II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação
orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com
o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias.
§ 1º Para os fins desta Lei Complementar, considera-se:
I - adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto de dotação
específica e suficiente, ou que esteja abrangida por crédito genérico, de forma
que somadas todas as despesas da mesma espécie, realizadas e a realizar,
previstas no programa de trabalho, não sejam ultrapassados os limites
estabelecidos para o exercício;
II - compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias, a
despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas
previstos nesses instrumentos e não infrinja qualquer de suas disposições.
§ 2º A estimativa de que trata o inciso I do caput será acompanhada das
premissas e metodologia de cálculo utilizadas.
§ 3º Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa considerada irrelevante, nos
termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias.
§ 4º As normas do caput constituem condição prévia para:
I - empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução de
obras;
II - desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3º do art. 182 da
Constituição.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 31
Com a exceção de despesas irrelevantes (a serem conceituadas pela LDO),
os incisos do art. 16 tratam das condições para que se crie ou amplie uma
despesa referente a criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação
governamental (normalmente, trata-se de ações orçamentárias do tipo
projeto).
Você já deve ter percebido que esse prazo de 3 exercícios aparece
algumas vezes na LRF. Aquela história da “ação planejada” que vimos
logo no início da aula se reflete, entre outras coisas, na observância dos
efeitos de certos fenômenos ou atos durante esse período.
Assim, a geração da despesa deve ser acompanhada da estimativa de
impacto orçamentário-financeiro no exercício de início e nos dois
seguintes.
Perceba também que a despesa criada ou ampliada deve ser compatível com
o PPA e a LDO, e ter adequação orçamentária e financeira com a LOA.
Sem o cumprimento dessas condições, não se pode iniciar a execução da
despesa nova: nada de empenhar, realizar licitação, contratar bens ou
serviços ou, até mesmo, desapropriar imóveis urbanos (o que, conforme a
CF/88, deve ser indenizado previamente e em dinheiro).
Como isso cai na prova?
27. (CESPE/ADVOGADO/AGU/2008) A criação de ação governamental que
acarrete despesa pública será acompanhada de estimativa do impacto
orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos
dois subsequentes.
28. (FCC/ESPECIALISTA/PREF. SÃO PAULO/2010) A despesa considerada
irrelevante é aspecto do planejamento que deve estar previsto
(A) na LOA − Lei Orçamentária Anual.
(B) na LDO − Lei de Diretrizes Orçamentárias.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 32
(C) na LDO − Lei Orçamentária Anual e no PPA − Plano Plurianual.
(D) no PPA − Plano Plurianual.
(E) no PPA − Plano Plurianual e na LOA − Lei Orçamentária Anual.
29. (FCC/APOFP/SEFAZ-SP/2010) Sobre despesa pública, é correto afirmar
que dispensa compatibilidade com o plano plurianual, desde que adequada
à lei orçamentária anual e à lei de diretrizes orçamentárias, bem assim
que esteja inserida em dotação específica e suficiente ou abrangida por
crédito genérico.
A questão 27 teve sua redação baseada no art. 16, caput e inc. I, da LRF.
Questão CERTA.
Na questão 28, os critérios para se considerar uma despesa como irrelevante
devem ser fixados pela LDO, conforme o art. 16, § 3º, da LRF. Gabarito: B.
Como já vimos, todos os instrumentos e procedimentos de natureza
orçamentária devem ser compatíveis com o PPA. A questão 29 está ERRADA.
Despesas obrigatórias de caráter continuado
As despesas obrigatórias de caráter continuado (DOCC) têm suas
características discriminadas no art. 17 da LRF:
Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente
derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem
para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois
exercícios.
§ 1º Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata o caput deverão
ser instruídos com a estimativa prevista no inciso I do art. 16 e demonstrar a
origem dos recursos para seu custeio.
§ 2º Para efeito do atendimento do § 1º, o ato será acompanhado de
comprovação de que a despesa criada ou aumentada não afetará as metas de
resultados fiscais previstas no anexo referido no § 1º do art. 4º, devendo seus
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 33
efeitos financeiros, nos períodos seguintes, ser compensados pelo aumento
permanente de receita ou pela redução permanente de despesa.
§ 3º Para efeito do § 2º, considera-se aumento permanente de receita o
proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração
ou criação de tributo ou contribuição.
§ 4º A comprovação referida no § 2º, apresentada pelo proponente, conterá as
premissas e metodologia de cálculo utilizadas, sem prejuízo do exame de
compatibilidade da despesa com as demais normas do plano plurianual e da lei
de diretrizes orçamentárias.
§ 5º A despesa de que trata este artigo não será executada antes da
implementação das medidas referidas no § 2º, as quais integrarão o
instrumento que a criar ou aumentar.
§ 6º O disposto no § 1º não se aplica às despesas destinadas ao serviço da
dívida nem ao reajustamento de remuneração de pessoal de que trata o inciso
X do art. 37 da Constituição.
§ 7º Considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela criada por prazo
determinado.
Diferentemente das despesas que comentamos há pouco, relativas a criação,
expansão ou aperfeiçoamento da ação governamental, e que caracterizam
tipicamente investimentos, as DOCC são despesas correntes, ou seja, de
manutenção da máquina administrativa e de serviços públicos.
Por serem despesas correntes, as DOCC não importam enriquecimento do
Estado (o que é característica das despesas de capital). Portanto, DOCC são
executadas em favor de atividades e serviços que beneficiam direta ou
indiretamente a sociedade, mas que não envolvem aumento patrimonial.
Vale anotar as outras características dessas despesas: elas são obrigatórias,
em virtude de serem instituídas por atos normativos, e são de longo prazo
(mais que dois exercícios).
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 34
Todas essas características das DOCC trazem alto risco para o equilíbrio
fiscal: trata-se de despesas que diminuem o patrimônio, que duram bastante
tempo e cuja execução não pode ser interrompida.
É por isso que a LRF traz tantas condições para a criação de DOCC. Vamos
esquematizá-las:
• estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que a
despesa deva entrar em vigor e nos dois subsequentes;
• demonstração da origem dos recursos para custeio;
• comprovação de não afetação das metas de resultado fiscais do AMF;
• compensação por meio de aumento permanente de receita ou redução
permanente de despesa;
• início da execução da DOCC apenas depois das medidas de compensação.
Veja que, diferentemente da renúncia de receita, que pode ser “absorvida”
pela LOA, a LRF não dá alternativa quanto às DOCC: elas devem ser
acompanhadas de medidas de compensação, e ponto final.
Essas medidas de compensação são aquelas que servem também para as
renúncias de receita, já comentadas (envolvendo aumento de receita). Mas,
aqui, também se pode compensar por meio da redução de despesa. De
qualquer forma, as medidas de compensação, em nome da “segurança fiscal”,
devem ser instituídas no mesmo instrumento que criar a DOCC.
O § 6º estabelece duas exceções à classificação de despesas como DOCC.
Apesar de apresentarem todas as características aqui estudadas, elas não
precisarão se submeter a esse rígido regime de aprovação e execução. Trata-
se das despesas relativas ao pagamento da dívida pública e ao reajuste
geral do funcionalismo.
O § 7º do art. 17 evita que uma despesa seja criada para um período curto,
fugindo à classificação como DOCC, e, posteriormente, seja prorrogada.
Assim, estaríamos diante de uma DOCC camuflada, desobrigada de seguir
todas essas regras.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 35
Para evitar essa situação, a prorrogação de uma despesa “normal” será
considerada “aumento de despesa”, e, dessa forma, será enquadrada nas
regras das DOCC.
Relembrando o que vimos anteriormente, o Anexo de Metas Fiscais da LDO
deverá conter um demonstrativo da estimativa e compensação da
renúncia de receita e da margem de expansão das despesas obrigatórias de
caráter continuado, e a LOA, por seu turno, trará as próprias medidas de
compensação a renúncias de receita e ao aumento de despesas obrigatórias
de caráter continuado.
Para finalizar, segundo o art. 15 da LRF, a geração de despesa ou a assunção
de obrigação que não atendam às regras para criação de despesa com
investimentos (art. 16) e de DOCC (art. 17) serão consideradas “não
autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio público”.
Como isso cai na prova?
30. (FGV/ESPECIALISTA/FNDE/2007) A despesa obrigatória de caráter
continuado é aquela despesa corrente derivada de lei, medida provisória
ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal
de sua execução por um período superior a dois anos.
31. (CESPE/ADVOGADO/AGU/2008) A revisão geral anual da remuneração de
servidores públicos é uma exceção à necessidade de que, para o aumento
da despesa, seja demonstrada a origem dos recursos para seu custeio.
32. (FGV/ANALISTA/SAD-PE/2008) Não é considerada aumento de despesa a
prorrogação da despesa criada de acordo com as regras da LC 101/2000,
ainda que por prazo determinado.
33. (FCC/ANALISTA/TRT-23/2007) Os atos que aumentarem ou criarem
despesa obrigatória de caráter continuado para um ente da federação
deverão demonstrar a origem de recursos para seu custeio.
A questão 30 apenas reproduz o conceito legal de DOCC. Questão CERTA.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 36
A questão 31 indica corretamente uma das exceções às exigências das DOCC.
Apesar de se caracterizar como tal, a revisão geral anual do funcionalismo não
precisa obedecer às limitações da LRF quanto ao tema. Questão CERTA.
A questão 32 está ERRADA: o problema foi a negação de uma previsão legal
(art. 17, § 7º, da LRF).
O enunciado da questão 33 reproduz uma das condições para a criação de
DOCC. Questão CERTA.
Despesa com pessoal
A despesa com pessoal constitui um dos grandes pontos de interesse da Lei de
Responsabilidade Fiscal, pelo volume que assume nos gastos públicos e
pelas características de risco para o equilíbrio fiscal.
Para garantir a sustentabilidade das contas públicas, as despesas com pessoal
devem ser mantidas sobre controle, em virtude de suas características de
DOCC.
Despesas com pessoal são “eternas”, no sentido de não poderem, em
princípio, ser reduzidas ou cortadas. E ainda há os casos de prorrogação, ao
se transformar a remuneração de pessoal ativo em pensões ou
aposentadorias.
Em virtude dessas observações, faz parte da responsabilidade na gestão fiscal
manter sob controle as despesas com pessoal.
Para a LRF (art. 18), a despesa total com pessoal de um ente federado
abrange os seguintes itens:
(...) gastos com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos
eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder,
com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens,
fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões,
inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de
qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo
ente às entidades de previdência.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 37
Além dessas, são contabilizadas como “outras despesas de pessoal” aquelas
referentes à terceirização de mão de obra que venha a substituir
servidores e empregados públicos. A terceirização de mão de obra que
não sirva a tal fim continuará sendo classificada como “outras despesas
correntes”.
Para a contabilização da despesa com pessoal, são apuradas as despesas
executadas no mês de referência e nos onze anteriores, obedecendo ao
regime de competência (ou seja, leva-se em consideração o fato gerador
da despesa, e não a saída dos recursos do caixa). Esse período de
apuração (mês de referência + 11 anteriores) é o mesmo da receita
corrente líquida, que, como já dito, é a base de comparação para
diversos cálculos e limites da LRF.
A LRF instituiu os limites máximos da despesa total com pessoal, calculados
também sobre a RCL. Tais limites são de 50% da RCL para a União e de
60% da RCL para Estados, DF e Municípios.
Para realizar o cálculo da despesa com pessoal, definindo seu percentual em
relação à RCL, são feitas algumas deduções, das quais podemos destacar
as seguintes:
• indenização por demissão de servidores ou empregados;
• incentivos à demissão voluntária;
• decorrentes de decisão judicial e da competência de período anterior
ao da apuração da despesa total com pessoal (11 meses anteriores);
• despesas com inativos não suportadas diretamente pelo orçamento do
ente público.
Os limites de 50% ou 60% são, por fim, “rateados” entre os Poderes e órgãos
dos entes federados, cabendo a maior parcela ao Executivo (maior
empregador, como regra). Vejamos um quadro demonstrativo desse rateio:
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 38
% sobre receita corrente líquida
UNIÃO (máximo de 50% da RCL)
Executivo Legis lativo (incluindo o TCU) Judiciário MPU
40,9% 2,5% 6% 0,6%
ESTADOS/DF (máximo de 60% da RCL)
Executivo Legislativo (incluindo o TCE) Judiciário MPE
49%
(48,6% se houver TCM)
3%
(3,4% se houver TCM) 6% 2%
MUNICÍPIOS (máximo de 60% da RCL)
Executivo Legislativo (incluindo TC do M, quando
houver)
54% 6%
Entrando um pouco na seara do Direito Constitucional, vamos diferenciar
Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) de Tribunal de Contas do
Município (TC do M).
A CF/88 permite (art. 31, § 1º) que os estados instituam um tribunal de
contas especializado para exercer atividades de controle externo sobre
os municípios do estado. Esse é o Tribunal de Contas dos Municípios, um
órgão estadual.
Atualmente, quatro estados têm TCM em sua estrutura orgânica: Pará,
Ceará, Bahia e Goiás.
Não havendo esse órgão especializado, o controle dos municípios será
exercido pelo próprio Tribunal de Contas do Estado, em auxílio às
Câmaras de Vereadores.
Quando aos Tribunais de Contas do Município (órgãos municipais), só
existem dois: o do município de São Paulo e o do Rio de Janeiro. E não
podem existir outros: a CF/88 proibiu a criação de novos tribunais desse
tipo (art. 31, § 4º).
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 39
Como isso cai na prova?
34. (CESPE/ACE/TCU/2008) Para efeitos da LRF, a despesa total com pessoal
engloba o somatório dos gastos do ente da Federação com os ativos, os
inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções
ou empregos, civis, militares e de membros de poder, com quaisquer
espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e
variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões,
inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de
qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas
pelo ente às entidades de previdência.
35. (FCC/AUDITOR/TCE-AM/2007) Na despesa total de pessoal, para fins de
verificação dos limites definidos na Lei da Responsabilidade Fiscal NÃO
será computada a despesa com
(A) vantagens variáveis.
(B) indenização por demissão de servidores ou empregados.
(C) gratificações.
(D) horas extras.
(E) encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de
previdência.
36. (FCC/CONTADOR/DNOCS/2010) A despesa total com pessoal da União
não poderá exceder a 60% de sua receita líquida corrente e, a dos
Estados e Municípios, a 50% de suas receitas líquidas.
O comprido texto da questão 34 limitou-se a copiar o teor do art. 18 da LRF.
Questão CERTA.
Das alternativas da questão 35, a que não se inclui no cálculo da despesa total
com pessoal é a indenização por demissão. Gabarito: B.
Na questão 36, inverteram-se os números: o limite da despesa com pessoal da
União é de 50% da RCL, e dos Estados e Municípios, 50%. Questão ERRADA.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 40
Controle da despesa total com pessoal
A LRF determina que seja considerado nulo de pleno direito o ato que
provoque aumento da despesa com pessoal e não atenda às seguintes
exigências:
• condições dos arts. 16 e 17 (geração de despesa e de DOCC);
• disposição do art. 37, inc. XIII, da CF/88 (proibição de vinculação ou
equiparação de espécies remuneratórias para efeito de remuneração
de pessoal);
• disposição do art. 169, § 1º, da CF/88 (autorização da LDO e previsão
na LOA para aumento da despesa com pessoal);
• obediência ao limite legal das despesas com pessoal inativo;
• proibição de aumento da despesa com pessoal nos últimos 180 dias do
mandato do chefe de Poder.
Além disso, os Poderes e órgãos dos entes federados não devem esperar que a
despesa com pessoal ultrapasse o limite máximo para fazerem alguma coisa. A
LRF também instituiu procedimentos de cautela, no tocante a esse assunto.
Essa cautela se refletiu no estabelecimento de sublimites a serem
observados, da seguinte forma:
• limite de alerta: 90% do limite máximo. Ultrapassado esse ponto, os
Tribunais de Contas devem alertar ao órgão ou Poder respectivo a
respeito do fato;
• limite prudencial: 95% do limite máximo da despesa total com
pessoal. Ultrapassado esse limite, o órgão ou Poder deve iniciar
procedimentos de controle da despesa com pessoal: fica proibido
conceder vantagem, aumento, reajuste (salvo por determinação legal,
judicial ou contratual), criar cargos, empregos ou funções, admitir
pessoal, contratar hora extra etc.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 41
• limite máximo da despesa total com pessoal: 50% ou 60% da RCL,
conforme o caso. Ultrapassado o limite máximo, o percentual excedente
deverá ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sendo, pelo
menos, um terço no primeiro quadrimestre. E, para essa eliminação do
excesso, podem-se adotar as medidas sequenciais indicadas no art. 169,
§§ 3º e 4º, da CF/88, a saber: redução das despesas com cargos em
comissão e funções de confiança; exoneração de servidores não
estáveis; e, por fim, se necessário, exoneração de servidores
estáveis.
Se a eliminação do excesso da despesa com pessoal não for alcançada no
prazo legal, o ente federado fica proibido de receber transferências
voluntárias, contratar operações de crédito (exceto para
refinanciamento da dívida mobiliária e para redução das despesas com
pessoal) e de receber garantia de outro ente.
Como isso cai na prova?
37. (FCC/PROCURADOR/TCE-AP/2010) Se a despesa total com pessoal
exceder a 95% do limite permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal,
NÃO será vedado ao Poder ou órgão referido nesta Lei que houver
incorrido no excesso
(A) conceder vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração
a qualquer título, salvo exceções.
(B) alterar estrutura de carreira que implique aumento de despesa.
(C) extinguir cargo ou função.
(D) criar cargo, emprego ou função.
(E) realizar provimento de cargo público, admissão ou contratação de
pessoal a qualquer título, com ressalvas legais.
38. (FCC/TÉCNICO/TCM-PA/2010) Os Tribunais de Contas alertarão os
Poderes ou órgãos citados no art. 20 da Lei de Responsabilidade Fiscal
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 42
quando constatarem que o montante da despesa total com pessoal
ultrapassou
(A) 75% do limite.
(B) 80% do limite.
(C) 90% do limite.
(D) 95% do limite.
(E) 190% do limite.
39. (CESPE/AUDITOR/AUGE-MG/2009) No caso de ultrapassagem do limite da
despesa com pessoal e não alcançada a redução no prazo estabelecido
pela legislação, o ente não poderá receber transferência voluntária.
40. (CESPE/CONTROLADOR/PREF. VITÓRIA/2008) De acordo com a LRF,
qualquer ato de prefeito municipal que resulte em aumento de despesa
com pessoal, expedido nos cento e oitenta dias anteriores ao final de seu
mandato, é nulo de pleno direito.
Na questão 37, com a ultrapassagem do limite de 95% da despesa total com
pessoal, o Poder ou órgão afetado não poderá executar qualquer das ações
referidas na questão 25, exceto a extinção de cargos e funções (que não
representam obviamente, aumento de despesa). Gabarito: C.
Na questão 38, o sublimite a ser observado para emissão de alerta pelos
Tribunais de Contas, no tocante à despesa total com pessoal, é de 90% do
limite máximo. Gabarito: C.
A questão 39 está CERTA: a proibição de receber transferências voluntárias é
uma das principais “punições” que os entes federados podem sofrer pelo
descumprimento de regras da LRF, inclusive essa, referente ao controle da
despesa com pessoal.
A questão 40 está ERRADA: como visto, há despesas com pessoal que são
excepcionadas pela LRF, não compondo o limite, como as despesas com
demissão voluntária, despesas com pessoal inativo não custeadas pelo
orçamento, etc.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 43
Transparência da gestão fiscal
Como destacamos logo de início, a LRF pressupõe a “ação planejada e
transparente” no tocante às finanças públicas.
A transparência da gestão fiscal é garantida por alguns instrumentos, aos
quais se deve dar “ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de
acesso público”. Os instrumentos e meios de garantir a transparência fiscal
foram indicados pela Lei, em seus arts. 48 e 49.
Resumindo, são instrumentos de transparência da gestão fiscal:
• os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias;
• as prestações de contas e o respectivo parecer prévio;
• o Relatório Resumido da Execução Orçamentária (relatório bimestral,
abrangendo todos os Poderes, que reflete a execução da receita e da
despesa)
• o Relatório de Gestão Fiscal (relatório que reflete a obediência, pelo
Poder ou órgão emissor, quanto aos limites e critérios da
responsabilidade fiscal – montante da dívida, despesa com pessoal,
operações de crédito etc.);
• as versões simplificadas desses documentos.
Além disso, também estão previstos como formas de garantir a transparência
da gestão fiscal:
• incentivo à participação popular e realização de audiências públicas,
durante os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de
diretrizes orçamentárias e orçamentos (aqui, poderia ser citado como
exemplo a adoção do orçamento participativo);
• liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em
tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução
orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso público;
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 44
• adoção, pelos entes federados, de sistema integrado de
administração financeira e controle, com padrão mínimo de
qualidade estabelecido pela União (ou seja, uma versão do SIAFI para
adoção pelos entes federados).
As “informações pormenorizadas em tempo real” sobre a execução
orçamentária e financeira dos entes federados, a serem publicadas na
Internet, devem abranger o seguinte:
• quanto à despesa: no mínimo, dados referentes ao número do
processo, ao bem fornecido ou ao serviço prestado, à pessoa física ou
jurídica beneficiária do pagamento e, quando for o caso, ao
procedimento licitatório realizado;
• quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda a receita das
unidades gestoras, inclusive referente a recursos extraordinários.
No caso da União, os dados sobre a execução orçamentária e financeira, entre
outros, estão disponíveis no Portal da Transparência
(www.transparencia.gov.br).
Além dessa disponibilização de informações na Internet, a LRF prevê
também “meios físicos” de exercer a transparência fiscal. Nesse sentido,
o art. 49 prevê que “as contas apresentadas pelo Chefe do Poder
Executivo ficarão disponíveis, durante todo o exercício, no respectivo
Poder Legislativo e no órgão técnico responsável pela sua elaboração,
para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade”.
Como isso cai na prova?
41. (FGV/ANALISTA/SEFAZ-RJ/2011) A seguir, são elencados instrumentos da
transparência da gestão fiscal, À EXCEÇÃO DE UM. Assinale-o.
(A) Versão simplificada do relatório de gestão fiscal.
(B) Versão simplificada do relatório resumido orçamentário.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 45
(C) O relatório resumido de execução orçamentária.
(D) O parecer prévio.
(E) Versão simplificada da realização de audiências públicas.
42. (CESPE/ACE/TCU/2008) Entre os mecanismos de transparência da gestão
fiscal mencionados pela Lei de Responsabilidade Fiscal, destacam-se a
participação popular e a realização de audiências públicas durante os
processos de apreciação das contas dos dirigentes e responsáveis pelos
órgãos e entidades da administração e, também, antes do julgamento
dessas contas.
43. (FCC/TÉCNICO/TCE-MG/2007) As contas apresentadas pelo Chefe do
Executivo ficarão disponíveis durante o prazo de seis meses, no respectivo
Tribunal de Contas.
Das alternativas da questão 41, a única que não representa um dos
instrumentos de transparência da gestão fiscal, eleitos pela LRF, trata da
“versão simplificada da realização de audiências públicas”. Gabarito: E.
A questão 42 está ERRADA. A participação popular e a realização de audiências
públicas referem-se aos processos de elaboração e discussão dos projetos de
matéria orçamentária.
As contas do Chefe do Executivo devem ficar disponíveis para ampla consulta
durante todo o exercício, no respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico
responsável pela elaboração. A questão 43 está ERRADA.
Relatório Resumido da Execução Orçamentária
O Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO), como diz seu nome,
é um documento demonstrativo da execução das receitas e das despesas
constantes da LOA e dos créditos adicionais.
É um documento bimestral, editado pelo Poder Executivo, mas abrangendo
todos os Poderes e o MP, e que serve para demonstrar o quanto a execução
orçamentária corresponde ao planejamento realizado durante o processo de
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 46
elaboração do orçamento, atualizando as informações conforme o andamento
do exercício.
No RREO, são demonstradas as receitas realizadas e a realizar, bem como as
despesas executadas e a executar, conforme diversas classificações
orçamentárias.
As disposições relativas ao RREO estão nos arts. 52 e 53 da LRF.
Reproduzimos abaixo esse trecho, em partes:
Art. 52. O relatório a que se refere o § 3º do art. 165 da Constituição abrangerá
todos os Poderes e o Ministério Público, será publicado até trinta dias após o
encerramento de cada bimestre e composto de:
I - balanço orçamentário, que especificará, por categoria econômica, as:
a) receitas por fonte, informando as realizadas e a realizar, bem como a
previsão atualizada;
b) despesas por grupo de natureza, discriminando a dotação para o exercício, a
despesa liquidada e o saldo;
II - demonstrativos da execução das:
a) receitas, por categoria econômica e fonte, especificando a previsão inicial, a
previsão atualizada para o exercício, a receita realizada no bimestre, a
realizada no exercício e a previsão a realizar;
b) despesas, por categoria econômica e grupo de natureza da despesa,
discriminando dotação inicial, dotação para o exercício, despesas empenhada e
liquidada, no bimestre e no exercício;
c) despesas, por função e subfunção.
§ 1º Os valores referentes ao refinanciamento da dívida mobiliária constarão
destacadamente nas receitas de operações de crédito e nas despesas com
amortização da dívida.
§ 2º O descumprimento do prazo previsto neste artigo sujeita o ente às sanções
previstas no § 2º do art. 51.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 47
Perceba que a LRF tentou imprimir um caráter obrigatório ao RREO (e ao
RGF, como veremos). As sanções previstas no § 2º do art. 51, aplicáveis em
caso de desrespeito aos prazos de publicação do Relatório, são o
impedimento ao recebimento de transferências voluntárias (recursos de
convênios, principalmente) e à celebração de operações de crédito (exceto
para o refinanciamento do principal da dívida mobiliária).
Art. 53. Acompanharão o Relatório Resumido demonstrativos relativos a:
I - apuração da receita corrente líquida, na forma definida no inciso IV do art.
2º, sua evolução, assim como a previsão de seu desempenho até o final do
exercício;
II - receitas e despesas previdenciárias a que se refere o inciso IV do art. 50;
III - resultados nominal e primário;
IV - despesas com juros, na forma do inciso II do art. 4º;
V - Restos a Pagar, detalhando, por Poder e órgão referido no art. 20, os
valores inscritos, os pagamentos realizados e o montante a pagar.
Uma disposição interessante diz respeito ao último RREO do ano: ele deve
trazer informações adicionais relativamente aos demais. Vejamos:
Art. 53, § 1º O relatório referente ao último bimestre do exercício será
acompanhado também de demonstrativos:
I - do atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da Constituição,
conforme o § 3º do art. 32 [demonstrativo de atendimento à regra de ouro];
II - das projeções atuariais dos regimes de previdência social, geral e próprio
dos servidores públicos;
III - da variação patrimonial, evidenciando a alienação de ativos e a aplicação
dos recursos dela decorrentes.
Em qualquer caso, na publicação dos RREO deve-se justificar “alterações de
percurso”, ou seja, por que razões a execução orçamentária deve ser alterada
(via de regra, isso ocorre por arrecadação a menor que o planejado):
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 48
Art. 53, § 2º Quando for o caso, serão apresentadas justificativas:
I - da limitação de empenho;
II - da frustração de receitas, especificando as medidas de combate à
sonegação e à evasão fiscal, adotadas e a adotar, e as ações de fiscalização e
cobrança.
Como isso cai na prova?
44. (FGV/ANALISTA/SEFAZ-RJ/2011) O relatório resumido de execução
orçamentária abrange diversos itens, listados nas alternativas a seguir, À
EXCEÇÃO DE UMA. Assinale-a.
(A) Balanço orçamentário.
(B) Demonstrativo de execução das receitas de grupo e natureza.
(C) Demonstrativo de execução de despesas de função e subfunção.
(D) Demonstrativo de apuração da receita corrente líquida.
(E) Receitas e despesas previdenciárias.
45. (FCC/AUDITOR/TCM-CE/2006) Um demonstrativo que é exigido apenas no
Relatório Resumido da Execução Orçamentária referente ao último
bimestre do ano é o relativo
(A) à apuração da receita corrente líquida, tal como definida pela Lei de
responsabilidade Fiscal.
(B) aos resultados nominal e primário.
(C) à variação patrimonial, evidenciando a alienação de ativos e a
decorrente aplicação dos recursos.
(D) aos Restos a Pagar, detalhando os valores inscritos, os pagamentos
realizados e o montante a pagar.
(E) às receitas e despesas previdenciárias.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 49
Na questão 44, o problema está no “demonstrativo de execução das receitas
de grupo e natureza”. Não existe tal classificação no tocante às receitas. O
demonstrativo trazido pelo RREO quanto às receitas as demonstra sob a
classificação por categoria econômica e fonte. Gabarito: B.
Das alternativas da questão 45, o item que diz respeito ao último RREO do ano
é o demonstrativo da variação patrimonial. Gabarito: C.
Relatório de Gestão Fiscal
O Relatório de Gestão Fiscal (RGF), diferentemente do RREO, é editado
descentralizadamente: cada órgão e Poder referidos no art. 20 da LRF deve
publicar o seu próprio relatório, ao final de cada quadrimestre.
Dessa forma, há RGF de todos os Tribunais Superiores, do Ministério Público,
do Tribunal de Contas, das Casas Legislativas e dos próprios Poderes.
Vejamos os principais dispositivos da lei aplicáveis ao RGF:
Art. 54. Ao final de cada quadrimestre será emitido pelos titulares dos Poderes
e órgãos referidos no art. 20 Relatório de Gestão Fiscal, assinado pelo:
I - Chefe do Poder Executivo;
II - Presidente e demais membros da Mesa Diretora ou órgão decisório
equivalente, conforme regimentos internos dos órgãos do Poder Legislativo;
III - Presidente de Tribunal e demais membros de Conselho de Administração
ou órgão decisório equivalente, conforme regimentos internos dos órgãos do
Poder Judiciário;
IV - Chefe do Ministério Público, da União e dos Estados.
Parágrafo único. O relatório também será assinado pelas autoridades
responsáveis pela administração financeira e pelo controle interno, bem como
por outras definidas por ato próprio de cada Poder ou órgão referido no art.
20.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 50
Art. 55. O relatório conterá:
I - comparativo com os limites de que trata esta Lei Complementar, dos
seguintes montantes:
a) despesa total com pessoal, distinguindo a com inativos e pensionistas;
b) dívidas consolidada e mobiliária;
c) concessão de garantias;
d) operações de crédito, inclusive por antecipação de receita;
(...)
II - indicação das medidas corretivas adotadas ou a adotar, se ultrapassado
qualquer dos limites;
III - demonstrativos, no último quadrimestre:
a) do montante das disponibilidades de caixa em trinta e um de dezembro;
b) da inscrição em Restos a Pagar (...);
c) do cumprimento do disposto no inciso II e na alínea b do inciso IV do art.
38; [quitação das ARO até 10 de dezembro e proibição das ARO no último ano
de mandato do Chefe do Executivo].
(...)
§ 2º O relatório será publicado até trinta dias após o encerramento do período
a que corresponder, com amplo acesso ao público, inclusive por meio
eletrônico.
§ 3º O descumprimento do prazo a que se refere o § 2º sujeita o ente à sanção
prevista no § 2º do art. 51.
§ 4º Os relatórios referidos nos arts. 52 e 54 deverão ser elaborados de forma
padronizada, segundo modelos que poderão ser atualizados pelo conselho de
que trata o art. 67.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 51
Conforme os dados do art. 55, o RGF reproduz informações sobre os principais
temas tratados na LRF. É como se fosse um demonstrativo quadrimestral
do atendimento às regras e limites da Lei, por parte de cada Poder/órgão
emissor.
Quanto à publicação, o prazo, assim como o do RREO, é de até 30 dias depois
do período de referência.
Como isso cai na prova?
46. (FGV/ANALISTA/SEFAZ-RJ/2011) NÃO integra o relatório de gestão fiscal
o demonstrativo de
(A) resultado nominal ou primário.
(B) despesa total com pessoal.
(C) dívidas consolidadas e mobiliárias.
(D) concessão de garantias.
(E) operações de créditos.
47. (FCC/ANALISTA/TRE-SP/2006) O relatório de gestão fiscal, previsto na Lei
de Responsabilidade Fiscal (LC nº 101/2000) conterá, dentre outros
registros demonstrativos, a indicação, no último
(A) quadrimestre, do montante das disponibilidades de caixa em trinta e
um de dezembro.
(B) trimestre, do montante da inscrição em Restos a Pagar, das dívidas
liquidadas, concessão de garantias e operações de crédito, inclusive por
antecipação de despesa.
(C) quadrimestre, do montante da despesa com o pessoal, total e sem
distinção com inativos e pensionistas e dívidas não consolidadas e imobiliárias.
(D) trimestre, do montante em operações de crédito, salvo por
antecipação de receita ou despesa.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 52
(E) quadrimestre, do montante das operações de crédito inscritas por falta
de disponibilidade em caixa e cujos empenhos não foram cancelados.
Na questão 46, o problema está no demonstrativo do “resultado nominal ou
primário”; esses resultados são publicados, na verdade, no RREO, não no RGF.
Gabarito: A.
Na questão 47, em se tratando do RGF relativo ao último quadrimestre, a
informação correta diz respeito ao montante das disponibilidades de caixa em
31/12 (art. 55, inc. III, “a”). Gabarito: A.
Fiscalização da gestão fiscal
A fiscalização da gestão fiscal foi tratada na LRF em um único artigo, o de nº
59:
Art. 59. O Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos Tribunais de
Contas, e o sistema de controle interno de cada Poder e do Ministério Público,
fiscalizarão o cumprimento das normas desta Lei Complementar, com ênfase
no que se refere a:
I - atingimento das metas estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias;
II - limites e condições para realização de operações de crédito e inscrição em
Restos a Pagar;
III - medidas adotadas para o retorno da despesa total com pessoal ao
respectivo limite, nos termos dos arts. 22 e 23;
IV - providências tomadas, conforme o disposto no art. 31, para recondução
dos montantes das dívidas consolidada e mobiliária aos respectivos limites;
V - destinação de recursos obtidos com a alienação de ativos, tendo em vista as
restrições constitucionais e as desta Lei Complementar;
VI - cumprimento do limite de gastos totais dos legislativos municipais, quando
houver.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 53
§ 1º Os Tribunais de Contas alertarão os Poderes ou órgãos referidos no art.
20 quando constatarem:
I - a possibilidade de ocorrência das situações previstas no inciso II do art. 4º e
no art. 9º;
II - que o montante da despesa total com pessoal ultrapassou 90% (noventa por
cento) do limite;
III - que os montantes das dívidas consolidada e mobiliária, das operações de
crédito e da concessão de garantia se encontram acima de 90% (noventa por
cento) dos respectivos limites;
IV - que os gastos com inativos e pensionistas se encontram acima do limite
definido em lei;
V - fatos que comprometam os custos ou os resultados dos programas ou
indícios de irregularidades na gestão orçamentária.
§ 2º Compete ainda aos Tribunais de Contas verificar os cálculos dos limites da
despesa total com pessoal de cada Poder e órgão referido no art. 20.
Dessa forma, o Poder Legislativo, que titulariza o controle externo, bem como
o sistema de controle interno de cada Poder, e mais o Ministério Público,
devem fiscalizar o cumprimento das normas da LRF, com prioridade aos temas
dos incisos do art. 59.
Além disso, os Tribunais de Contas receberam da LRF a atribuição de alertar
aos Poderes ou órgãos, conforme o caso, em razão das seguintes ocorrências:
• queda de arrecadação que justifique o contingenciamento de despesas;
• montante da despesa total com pessoal superior a 90% do limite
máximo;
• montante das dívidas consolidada e mobiliária, das operações de crédito
e da concessão de garantia acima de 90% do limite máximo;
• ultrapassagem do limite legal de gastos com inativos e pensionistas;
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 54
• outros fatos que comprometam os custos/resultados dos programas ou
indícios de irregularidades na gestão orçamentária.
Por fim, os Tribunais de Contas também devem verificar os cálculos dos limites
da despesa total com pessoal de cada Poder e órgão relacionado no art. 20 da
LRF.
Como isso cai na prova?
48. (FCC/TÉCNICO/TCM-PA/2010) O cumprimento das normas previstas na
Lei de Responsabilidade Fiscal será fiscalizado pelo Poder Legislativo,
diretamente ou com o auxílio dos Tribunais de Contas, e o sistema de
controle interno de cada Poder e do Ministério Público, com ênfase no que
se refere a
(A) limites e condições para realização de investimentos e inversões
financeiras.
(B) providências tomadas para recondução do montante da dívida
flutuante aos respectivos limites.
(C) atingimento das metas estabelecidas no Plano Plurianual.
(D) cumprimento do limite de gastos totais dos legislativos municipais,
quando houver.
(E) atingimento das metas estabelecidas na Lei Orçamentária Anual.
49. (FCC/AUDITOR/TCE-AM/2007) Os Tribunais de Contas alertarão os
Poderes e órgãos indicados na Lei de Responsabilidade Fiscal quando
constatarem que os montantes das dívidas consolidada e mobiliária, das
operações de crédito e da concessão de garantia se encontram acima dos
respectivos limites em
(A) 50%.
(B) 60%.
(C) 70%.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 55
(D) 80%.
(E) 90%.
Na questão 48, o item que deve ser fiscalizado “com ênfase” pelos órgãos
responsáveis é o cumprimento do limite de gastos dos legislativos municipais
(art. 59, inc. VI). Gabarito: D.
Na questão 49, como já vimos, o sublimite para alerta dos Tribunais de
Contas, relativamente aos assuntos citados no enunciado da questão 37, é de
90% do respectivo limite geral. Gabarito: E.
DÍVIDA PÚBLICA
Disciplina constitucional da dívida pública
Inicialmente, veremos alguns trechos em que a CF/88 aborda diretamente o
tema “dívida pública”.
Esse assunto deve, como regra, ser tratado mediante lei. Assim firma o art.
48 da Constituição:
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da
República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor
sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre:
(...)
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de
crédito, dívida pública e emissões de curso forçado;
(...)
XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal.
No caso do inciso XIV, a lei desce a detalhes numéricos, servindo inclusive
para a fixação do montante da dívida mobiliária federal (a dívida relativa aos
títulos emitidos pelo Tesouro Nacional).
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 56
Assim, nos incisos acima, o tratamento das matérias deve ocorrer mediante lei
ordinária. Entretanto, no art. 163, alguns tópicos são reservados a lei
complementar:
Art. 163. Lei complementar disporá sobre:
II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e
demais entidades controladas pelo Poder Público;
III - concessão de garantias pelas entidades públicas;
IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública;
Esses incisos dizem respeito a tópicos desenvolvidos pela LRF, que é a “lei
complementar” exigida pelo caput, como veremos adiante.
Entretanto, não só leis recebem autorização constitucional para tratar da dívida
pública. Também o Senado Federal tem atribuições concernentes ao tema –
o que, nesse caso, se dá mediante a expedição de Resoluções:
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
(...)
V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União,
dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o
montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios;
VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito
externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público federal;
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União
em operações de crédito externo e interno;
IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida
mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 57
Dessa forma, algumas atribuições “menos legislativas”, mais “operacionais”,
são disciplinadas por Resoluções do Senado.
No caso do inciso V, trata-se de resoluções circunstanciais, conforme sejam
solicitadas autorizações de operações de crédito externo pelos entes
federados.
Nos incisos restantes, que tratam de limites e condições relativos a dívida e
a empréstimos, trata-se de resoluções de conteúdo mais fixo, que deve ser
observado pelos entes públicos no exercício de suas atividades financeiras.
Perceba, também, que a dívida mobiliária da União recebe um tratamento
especial, sendo a única com limites fixados por lei, como vimos acima. A dívida
mobiliária dos outros entes tem seus limites e condições fixados por Resolução
do Senado.
Por fim, a importância dada à questão da dívida pública fica evidente nos
seguintes dispositivos, que tratam da intervenção federal e da intervenção
dos Estados em seus municípios:
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto
para:
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos
consecutivos, salvo motivo de força maior;
(...)
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos
Municípios localizados em Território Federal, exceto quando:
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a
dívida fundada;
Portanto, deixar de pagar a dívida fundada (já veremos o conceito) é motivo
para intervenção do ente federado superior – a União ou o Estado,
conforme o caso.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 58
Como isso cai na prova?
50. (CESPE/PROCURADOR/TCE-PE/2004) Constitucionalmente, a matéria de
dívida pública federal, em sentido geral, deve ser tratada por meio de lei,
apesar de o Senado Federal ter diversas atribuições relativas à matéria.
51. (CESPE/PROCURADOR/TCE-PE/2004) Cabe ao Senado Federal estabelecer
o montante da dívida mobiliária federal.
52. (FGV/AUDITOR/TCM-PA/2008) É da competência exclusiva do Congresso
Nacional fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais
para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios.
A questão 50 resume bem o que acabamos de ver: como regra, a dívida
pública é assunto para lei ordinária, embora o Senado possa ter atuação
“solitária” em determinados tópicos. Questão CERTA.
O montante da dívida mobiliária federal, como estudamos, é um desses temas
reservados a lei ordinária. Os limites e condições relativos ao montante da
dívida mobiliária dos outros entes são estabelecidos por resolução do Senado.
A questão 51 está ERRADA.
A questão 52 está ERRADA também: a fixação de limites globais para a dívida
consolidada dos entes federados também é de competência do Senado, a
partir de proposta do Presidente.
Dívida e endividamento na LRF
Ao tratar de dívida pública, continuaremos estudando várias disposições da
LRF, que tem um capítulo dedicado ao tema: “Da Dívida e do
Endividamento”.
Nessa parte, a LRF inicia suas disposições com o estabelecimento de alguns
conceitos. Vamos à leitura individualizada deles.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 59
a) Relativamente à dívida fundada, vamos fazer um comparativo entre as
principais leis de nosso estudo, a Lei 4.320/64 e a LRF:
Lei 4.320/64, Art. 98. A dívida fundada compreende os compromissos de
exigibilidade superior a doze meses, contraídos para atender a desequilíbrio
orçamentário ou a financiamento de obras e serviços públicos.
Pelo dispositivo acima, as duas características dos recursos emprestados que
compõem a dívida fundada são a exigibilidade superior a doze meses e a
aplicação em despesas orçamentárias, que tanto podem ser correntes
quanto de capital.
Agora, veja a conceituação da LRF:
LRF, Art. 29, inc. I – dívida pública consolidada ou fundada: montante total,
apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da Federação,
assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização
de operações de crédito, para amortização em prazo superior a doze meses; (...)
Art. 29, § 3º Também integram a dívida pública consolidada as operações de
crédito de prazo inferior a doze meses cujas receitas tenham constado do
orçamento.
O critério da LRF para classificação das obrigações como “dívida fundada ou
consolidada” foi a sua assunção em virtude de normativos ou
instrumentos contratuais. Como regra, o prazo de exigibilidade continua
sendo superior a doze meses, mas as operações de crédito de prazo inferior
que tenham constado do orçamento também pertencerão a esse grupo.
A LRF não revogou a Lei 4.320/64 quanto ao presente assunto, mas trouxe o
acréscimo relativo a essas operações de curto prazo, que não foram abordadas
por sua antecessora.
No art. 30, § 7º, encontra-se um novo “componente” da dívida fundada: os
precatórios judiciais (condenações de natureza pecuniária sofridas pelo
Estado) que não forem pagos durante a execução do orçamento em que
tiverem sido incluídos integram o montante da dívida, para fins de aplicação
dos limites.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 60
Dessa forma, o não pagamento de precatórios resulta em maior
“endividamento” do ente público, diminuindo sua possibilidade de tomar
dinheiro emprestado (ou de realizar operações como as que discriminamos
acima).
b) Apesar de não abordada na LRF, também devemos destacar a dívida
flutuante, que apareceu na Lei 4.320/64. Segundo essa Lei, a dívida flutuante
abrange:
• os restos a pagar;
• os serviços da dívida a pagar;
• os depósitos (para devolução a terceiros);
• as operações de crédito por antecipação da receita orçamentária (ARO).
A principal característica da dívida flutuante é sua configuração para pronto
pagamento – a quitação não depende de qualquer autorização legislativa.
Não obstante, isso não significa que tal pagamento seja feito em curto prazo.
Curiosamente, o segundo item da dívida flutuante, os “serviços da dívida a
pagar”, são compostos de itens da dívida fundada que vão vencendo. Assim,
para ser paga, a dívida fundada é convertida, gradativamente, em dívida
flutuante.
c) Sobre a dívida mobiliária, a LRF a definiu como “dívida pública
representada por títulos emitidos pela União, inclusive os do Banco Central do
Brasil, Estados e Municípios”. Ou seja, o ente público emite papéis em troco
de dinheiro, papéis que serão resgatados posteriormente pelos compradores
(bancos, investidores particulares etc.), com o acréscimo de juros e inflação ao
valor original.
Apesar de integrar a dívida fundada, a dívida mobiliária é tratada à parte
desta, inclusive recebendo limites totais diferenciados (CF/88, art. 52, inc. VI
e IX).
O refinanciamento da dívida mobiliária refere-se à emissão de novos
títulos pelo ente público, para pagamento do montante já contratado,
atualizado monetariamente.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 61
d) A respeito das operações de crédito, que, em sentido estrito, referem-se
à tomada de recursos junto a agentes financeiros, a LRF as equiparou a
algumas transações que não envolvem a contratação de recursos no
mercado.
Assim, operações como venda de títulos públicos, aprovação (mesmo sem uso)
de crédito, reconhecimento de dívida, financiamento de bens, receitas
antecipadas, leasing etc., todas são tratadas, para os fins da LRF, como
operações de crédito, sendo contadas, portanto, nos limites e metas de
dívida estabelecidos.
Os trechos aplicáveis são os seguintes:
Art. 29, inc. III – operação de crédito: compromisso financeiro assumido em
razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título, aquisição
financiada de bens, recebimento antecipado de valores provenientes da venda a
termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e outras operações
assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros;
Art. 29, § 1º Equipara-se a operação de crédito a assunção, o reconhecimento
ou a confissão de dívidas pelo ente da Federação, sem prejuízo do
cumprimento das exigências dos arts. 15 e 16.
A ideia da LRF foi “cortar pela raiz” o endividamento excessivo dos entes
públicos. Embora algumas dessas operações não resultem em endividamento
imediato, seus efeitos futuros também podem afetar o equilíbrio fiscal.
Essa foi a razão para o conceito tão alargado de operação de crédito.
O § 4º do art. 29 traz um dispositivo que serve ao controle do montante da
dívida, de modo a evitar seu aumento sucessivo:
§ 4º O refinanciamento do principal da dívida mobiliária não excederá, ao
término de cada exercício financeiro, o montante do final do exercício
anterior, somado ao das operações de crédito autorizadas no orçamento para
este efeito e efetivamente realizadas, acrescido de atualização monetária.
e) O conceito para garantia é autoexplicativo:
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 62
Art. 29, inc. IV - concessão de garantia: compromisso de adimplência de
obrigação financeira ou contratual assumida por ente da Federação ou
entidade a ele vinculada;
Dessa forma, o simples risco de assumir dívida alheia traz, para o ente
público, a necessidade de registrar a garantia prestada como uma operação de
crédito, afetando seu limite de endividamento.
Como isso cai na prova?
53. (ESAF/ANALISTA/SEFAZ-CE/2006) A dívida pública consolidada ou
fundada corresponde ao montante total sem duplicidade das obrigações
financeiras do ente da Federação para amortização em prazo não superior
a doze meses.
54. (CESPE/PROCURADOR/AGU/2007) Considere que na lei orçamentária
anual de 2006, além da previsão da receita e fixação da despesa, tenha
havido autorização para recebimento antecipado de valores provenientes
de venda a termo de bens imóveis pertencentes à União. Essa autorização
é inconstitucional por ferir o princípio orçamentário da exclusividade.
55. (FCC/ANALISTA/TCE-AM/2006) Segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal
(Lei Complementar nº 101/2000), dívida pública representada por títulos
emitidos pela União, inclusive os do Banco Central do Brasil, Estados e
Municípios, é a definição de dívida
(A) perpétua.
(B) ativa.
(C) mobiliária.
(D) consolidada.
(E) fundada.
A questão 53 está ERRADA. O prazo de amortização indicado pela LRF,
referente à dívida fundada, é “superior a 12 meses”.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 63
A questão 54 também está ERRADA: a autorização referida é possível, já que o
recebimento antecipado de valores é igualado a operações de crédito pela LRF,
e a LOA pode autorizar a celebração de operações de crédito, sem afetar o
princípio da exclusividade (trata-se de uma das exceções ao princípio).
Na questão 55, como vimos, a dívida composta por títulos emitidos por entes
públicos é a mobiliária. Gabarito: C.
Limites da dívida pública e das operações de crédito
Agora, vamos focar o art. 30 da LRF:
Art. 30. No prazo de noventa dias após a publicação desta Lei Complementar, o
Presidente da República submeterá ao:
I - Senado Federal: proposta de limites globais para o montante da dívida
consolidada da União, Estados e Municípios, cumprindo o que estabelece o
inciso VI do art. 52 da Constituição, bem como de limites e condições relativos
aos incisos VII, VIII e IX do mesmo artigo;
II - Congresso Nacional: projeto de lei que estabeleça limites para o montante
da dívida mobiliária federal a que se refere o inciso XIV do art. 48 da
Constituição, acompanhado da demonstração de sua adequação aos limites
fixados para a dívida consolidada da União, atendido o disposto no inciso I do
§ 1º deste artigo.
As propostas de limites para veiculação por resolução do Senado e o projeto de
lei foram apresentados pelo Presidente da República, mas apenas as primeiras
foram convertidas em normas vigentes. Trata-se das Resoluções SF
40/2001 e 43/2001, cujas disposições são aplicáveis a todos os entes
federados.
O § 4º do art. 30 da LRF firma que a apuração da dívida consolidada, para
verificação dos limites, ocorrerá a cada quadrimestre.
Condições para contratação de operações de crédito
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 64
Como tratado no art. 32 da LRF e seus desdobramentos, para a celebração de
operações de crédito por parte dos entes federados, alguns requisitos
devem ser comprovados junto ao Ministério da Fazenda (isso vale para
todos os entes):
• formalização do pedido com fundamento em pareceres técnicos e
jurídicos, demonstrando a relação custo-benefício e o interesse
econômico e social da operação;
• existência de prévia e expressa autorização, na LOA, em créditos
adicionais ou em lei específica, para a contratação da operação;
• inclusão dos recursos da operação de crédito como receita, na LOA ou
em créditos adicionais;
• observância dos limites e condições fixados pelo Senado;
• no caso de operação de crédito externa, autorização específica do
Senado;
• atendimento à regra de ouro do art. 167, inc. III, da CF/88
(comprovação de que a soma das operações de crédito não ultrapassam
o montante das despesas de capital);
• observância das demais restrições da LRF.
Operações de crédito celebradas em desacordo com a LRF devem ser
consideradas nulas, procedendo-se ao seu cancelamento e à devolução de
recursos (embora sem o pagamento de juros e encargos).
Essa devolução pode ocorrer no próprio exercício de contratação (o que
representaria uma “arrecadação a menor” no exercício), ou, caso isso não seja
possível, deve-se providenciar a reserva de dotação orçamentária para o
exercício posterior (nesse caso, a devolução se faz mediante a execução de
despesa orçamentária).
A reserva de dotação orçamentária também se aplica ao excesso de dívida
observado em decorrência da regra de ouro. Ou seja, o excesso de
recursos de operações de crédito que superarem o montante das despesas de
capital também deverá ser devolvido.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 65
Enquanto não se fizer a devolução dos recursos ou não se providenciar a
reserva de dotação orçamentária, o ente público não poderá receber
transferências voluntárias, obter garantia de outro ente nem contratar novas
operações de crédito.
Recondução da dívida aos limites
Na leitura da LRF, podem-se perceber algumas semelhanças entre o controle
da despesa total com pessoal e o controle do estoque da dívida fundada.
O período de apuração de ambas é o mesmo: a cada quadrimestre. E,
ultrapassado o limite estabelecido, deve haver, imediatamente, medidas de
controle e de redução do excedente.
Entretanto, essa redução do excedente deve ser mais intensa no caso da
despesa total com pessoal. Lá, o órgão ou Poder afetado deve eliminar o
excedente em dois quadrimestres, sendo, no mínimo, 1/3 no primeiro
quadrimestre.
No caso da dívida fundada que tiver “estourado”, o ente público terá três
quadrimestres para reconduzi-la aos limites, sendo que pelo menos 25%
dessa eliminação do excedente deverá ocorrer logo no primeiro
quadrimestre. Isso é estatuído pelo art. 31 da LRF:
Art. 31. Se a dívida consolidada de um ente da Federação ultrapassar o
respectivo limite ao final de um quadrimestre, deverá ser a ele reconduzida até
o término dos três subsequentes, reduzindo o excedente em pelo menos 25%
(vinte e cinco por cento) no primeiro.
Enquanto perdurar o excesso de dívida, o ente não poderá contratar nova
operação de crédito (exceto o refinanciamento do principal da dívida
mobiliária), e deverá obter resultado primário para recondução da dívida ao
limite, promovendo, entre outras medidas, limitação de empenho
(contingenciamento de despesas).
Caso o prazo para recondução da dívida ao limite seja ultrapassado, sem
sucesso, o ente público, além das duas medidas acima, ficará impedido de
receber transferências voluntárias enquanto perdurar o excesso –
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 66
lembrando que o impedimento do recebimento de transferências voluntárias é
a punição padrão da LRF aos entes federados pelo descumprimento de suas
regras.
Como isso cai na prova?
56. (FGV/ANALISTA/SAD-PE/2008) A dívida consolidada de um ente da
Federação ultrapassou o limite legal no montante de R$ 1.200.000 ao final
do quadrimestre. Nesse caso, conforme estabelece a Lei de
Responsabilidade Fiscal, deverá retornar ao limite até o término dos três
quadrimestres subsequentes. No primeiro, haverá uma redução de pelo
menos:
(A) 240.000.
(B) 300.000.
(C) 360.000.
(D) 420.000.
(E) 180.000.
57. (CESPE/TÉCNICO/PGE-PA/2006) A LRF estabelece prazos e condições
rígidos para os entes que ultrapassarem os respectivos limites de
endividamento, sob pena de punições de natureza fiscal. Se verificado que
o ente ultrapassou os seus limites ao final de um quadrimestre, a estes
ele deverá retornar nos três quadrimestres seguintes, eliminando, pelo
menos, 25% do excesso já no primeiro período.
58. (FCC/AUDITOR/TCM-CE/2006) Se a dívida consolidada de um ente da
Federação ultrapassar os limites previstos na Lei de Responsabilidade
Fiscal ao final de um quadrimestre, deverá ser a ele reconduzida até o
término dos três subseqüentes, reduzindo o excedente em pelo menos
25% no primeiro. Enquanto perdurar o excesso, o ente que nele houver
incorrido poderá receber transferências voluntárias da União ou do Estado.
Na questão 56, devemos lembrar que a recondução da dívida aos limites deve
ocorrer em 3 quadrimestres, sendo 25% desse retorno logo no primeiro. Como
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 67
o excesso de dívida foi de R$ 1.200.000, no primeiro quadrimestre deve
ocorrer a redução no montante de R$ 300.000. Gabarito: B.
A questão 57 está CERTA, trazendo a descrição legal para o cálculo que
fizemos acima.
A questão 58 está ERRADA: enquanto perdurar o excesso de dívida, o ente
NÃO poderá receber transferências voluntárias.
Vedações aplicáveis às operações de crédito
Nos arts. 35 a 37 da LRF, são listadas algumas vedações relativas às
operações de crédito. Vejamos esses dispositivos aos poucos:
Art. 35. É vedada a realização de operação de crédito entre um ente da
Federação, diretamente ou por intermédio de fundo, autarquia, fundação ou
empresa estatal dependente, e outro, inclusive suas entidades da administração
indireta, ainda que sob a forma de novação, refinanciamento ou postergação
de dívida contraída anteriormente.
§ 1º Excetuam-se da vedação a que se refere o caput as operações entre
instituição financeira estatal e outro ente da Federação, inclusive suas
entidades da administração indireta, que não se destinem a:
I - financiar, direta ou indiretamente, despesas correntes;
II - refinanciar dívidas não contraídas junto à própria instituição concedente.
§ 2º O disposto no caput não impede Estados e Municípios de comprar títulos
da dívida da União como aplicação de suas disponibilidades.
A partir do caput do art. 35, conclui-se que órgãos e entidades
dependentes do orçamento público não podem tomar parte em operações
de crédito celebradas entre entes federados.
Apenas instituições financeiras de um ente público (não dependentes do
orçamento) podem emprestar recursos a outro – e, ainda assim, observando-
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 68
se as vedações de não se poder financiar despesas correntes nem
dívidas contraídas junto ao mesmo concedente.
O § 2º do art. 35 dispõe que a compra de títulos federais pelos entes menores,
a título de investimento das próprias disponibilidades, não se inclui na
vedação do caput.
Seguindo em frente:
Art. 36. É proibida a operação de crédito entre uma instituição financeira
estatal e o ente da Federação que a controle, na qualidade de beneficiário do
empréstimo.
Parágrafo único. O disposto no caput não proíbe instituição financeira
controlada de adquirir, no mercado, títulos da dívida pública para atender
investimento de seus clientes, ou títulos da dívida de emissão da União para
aplicação de recursos próprios.
A intenção refletida no art. 36 foi evitar um vício bastante comum no passado:
os entes federados (Estados, notadamente) tomavam recursos junto às
instituições financeiras por eles controladas, o que resultava em
operações nada transparentes e sem observância às regras de mercado, mas
decididas pelo peso das ações do controlador.
Entretanto, como visto acima, a compra de títulos emitidos pelo ente público,
por parte da instituição financeira, para fins de investimento, não se inclui
na vedação. Assim, é possível, por exemplo, que o Banco do Brasil compre
títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, com a ideia de manter aplicações
financeiras conservadoras.
O art. 37 da LRF veda a realização de algumas operações, assemelhadas a
operações de crédito:
• antecipação da receita relativa a tributo cujo fato gerador não tenha
ocorrido;
• recebimento antecipado de valores de empresa controlada (exceto lucros
e dividendos);
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 69
• assunção direta de compromisso, confissão de dívida ou operação
assemelhada, com utilização de título de crédito (exceto estatais
dependentes);
• assunção de obrigação sem autorização orçamentária.
Tais operações representam formas de endividamento do ente público, e,
por isso, também devem se somar ao montante da dívida pública para
observância do limite legal. Em todos esses casos, o ente público assegura
recursos com risco de devolução futura – daí a LRF equipará-los a operações
de crédito.
Operações de crédito por antecipação da receita orçamentária
A LRF também trouxe (e reafirmou) algumas normas sobre a contratação das
operações de crédito por antecipação da receita orçamentária, as ARO’s.
Vejamos:
Art. 38. A operação de crédito por antecipação de receita destina-se a atender
insuficiência de caixa durante o exercício financeiro e cumprirá as exigências
mencionadas no art. 32 e mais as seguintes:
I - realizar-se-á somente a partir do décimo dia do início do exercício;
II - deverá ser liquidada, com juros e outros encargos incidentes, até o dia dez
de dezembro de cada ano;
III - não será autorizada se forem cobrados outros encargos que não a taxa de
juros da operação, obrigatoriamente prefixada ou indexada à taxa básica
financeira, ou à que vier a esta substituir;
IV - estará proibida:
a) enquanto existir operação anterior da mesma natureza não integralmente
resgatada;
b) no último ano de mandato do Presidente, Governador ou Prefeito
Municipal.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 70
§ 1º As operações de que trata este artigo não serão computadas para efeito do
que dispõe o inciso III do art. 167 da Constituição, desde que liquidadas no
prazo definido no inciso II do caput.
Resumindo, são as principais exigências para a contratação de ARO:
• autorização na LOA para a operação (exceção ao princípio da
exclusividade orçamentária);
• será realizada apenas a partir do décimo dia do início do exercício;
• deve ser liquidada, com juros e encargos, até o dia 10 de dezembro;
• é proibida enquanto houver operação semelhante não inteiramente
quitada;
• é proibida no último ano de mandato do Chefe do Executivo.
A LRF estabelece que, caso as ARO sejam quitadas até 10 de dezembro, como
requerido, seu montante não será considerado para efeito da regra de
ouro. Ou seja, as ARO não comprometerão o limite de operações de crédito
que podem ser contraídas, liberando maior “margem” de financiamento para o
ente público.
Como isso cai na prova?
59. (CESPE/ANALISTA/TST/2008) Para fins de cumprimento da chamada
regra de ouro da Lei de Responsabilidade Fiscal, computam-se também as
operações de crédito por antecipação de receitas, desde que liquidadas no
mesmo exercício em que forem contratadas.
60. (ESAF/APO/MPOG/2008) As operações de crédito por antecipação de
receita orçamentária podem exceder o montante das despesas de capital,
desde que liquidadas até o dia dez de dezembro de cada ano.
61. (FCC/ESPECIALISTA/PREF. SÃO PAULO/2010) Sobre as operações de
crédito por antecipação de receita orçamentária é correto afirmar que
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 71
(A) destinam-se a atender insuficiência de caixa durante o exercício
financeiro.
(B) podem ser realizadas a partir do quinto dia do início do exercício
financeiro.
(C) são vedadas enquanto existir mais de uma operação da mesma
natureza ainda não resgatada integralmente.
(D) não podem ser contratadas no primeiro ano de mandato do Prefeito.
(E) deverão ser liquidadas com juros e outros encargos incidentes, até o
dia 31 de dezembro de cada ano.
A questão 59 traz uma previsão contrária ao disposto no art. 38, § 1º, da LRF,
que ressaltamos anteriormente. Questão ERRADA.
A questão 60 está CERTA. A regra de ouro não se aplica às operações do tipo
ARO que forem liquidadas até o dia 10/12. Dessa forma, o total dessas
operações pode superar o montante das despesas de capital.
Quanto à questão 61, devemos lembrar que a ARO só pode ser contratada a
partir do décimo dia do início do exercício; deve ser liquidada, com juros e
encargos, até 10/12; não pode ser celebrada no último ano de mandato do
chefe do Executivo; não pode ser efetuada enquanto houver outra pendente. A
característica correta é a possibilidade de atender insuficiência de caixa
durante o exercício. Gabarito: A.
Muito bem, caro aluno, aqui terminamos a aula de hoje.
Na semana que vem, terminaremos nosso curso, com os comentários a
respeito de planejamento e das leis orçamentárias vigentes.
Bons estudos, até lá!
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 72
GRACIANO ROCHA
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 73
RESUMO DA AULA
1. As ideias/necessidades principais que levaram à edição da LRF foram:
controle das contas públicas, de forma a evitar déficits; necessidade de
planejar a ação governamental, aplicando os recursos de forma racional e
sustentável; controle das despesas com pessoal e do montante da dívida
pública, para evitar o “sufocamento” dos entes governamentais num
contexto de gastos sem desenvolvimento econômico; transparência da
gestão orçamentária e financeira, com disponibilização de demonstrativos
e resultados em meios de acesso público.
2. O pressuposto da gestão fiscal responsável é a “ação planejada e
transparente”.
3. São objetivos da gestão fiscal responsável: prevenir riscos e corrigir
desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas.
4. São instrumentos da gestão fiscal responsável: o cumprimento de metas
de resultado entre receitas e despesas e a obediência a limites e
condições quanto a renúncia de receita; geração de despesas com
pessoal; geração de despesas da seguridade social e outras; dívidas
consolidada e mobiliária; operações de crédito, inclusive por antecipação
de receita; concessão de garantia; inscrição de despesas em restos a
pagar.
5. Todos os órgãos de todos os Poderes, fundações, autarquias, fundos,
empresas estatais dependentes, de todos os entes da Federação, devem
observar as normas estabelecidas na LRF. Apenas as chamadas “empresas
estatais independentes” estão fora da abrangência da Lei.
6. As empresas estatais dependentes recebem recursos para cobertura de
suas despesas correntes, rotineiras, relativas ao pagamento de pessoal e
de custeio geral, bem como para suas despesas com investimentos. Ou
seja, as estatais dependentes não conseguem se manter sem a
transferência de recursos do ente controlador.
7. As estatais independentes, quando recebem recursos do ente controlador,
os recebem tipicamente como aumento de participação acionária, ou seja,
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 74
como forma de ampliação do controle, pelo ente público, sobre a
administração da empresa.
8. A receita corrente líquida representa o montante de recursos próprios em
que o ente governamental pode “confiar” para realizar seus programas.
Na esfera federal, do total de receitas correntes arrecadadas, a União
desconta os recursos obrigatoriamente transferidos aos outros entes
federados (ou fundos) e aqueles vinculados a ações da seguridade social.
9. A LRF determinou que a LDO tratasse dos seguintes assuntos: equilíbrio
entre receitas e despesas; critérios e forma de limitação de empenho;
normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos
programas financiados com recursos dos orçamentos; demais condições e
exigências para transferências de recursos a entidades públicas e
privadas.
10. O Anexo de Metas Fiscais da LDO, criado por ordem da LRF, traz metas
que os entes públicos devem perseguir nos três exercícios seguintes,
relativas a receita, despesa, resultado nominal, resultado primário e
montante da dívida.
11. O Anexo de Riscos Fiscais da LDO, também criado pela LRF, discrimina os
passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas
públicas. Esses riscos se classificam em riscos orçamentários e riscos de
dívida.
12. Os recursos legalmente vinculados a certa finalidade só podem ser
utilizados para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em
exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso.
13. Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá
não comportar o cumprimento das metas de resultados primário ou
nominal, os Poderes e o Ministério Público deverão promover, por ato
próprio e nos montantes necessários, limitação de empenho e
movimentação financeira.
14. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a
instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 75
competência constitucional do ente da Federação, em especial os
impostos.
15. Os atos que importem renúncia de receita deverão ser acompanhados de
estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva
iniciar sua vigência e nos dois seguintes.
16. As renúncias de receita deverão ter comprovação de que foram
consideradas na estimativa da receita da LOA ou ser acompanhadas de
medidas de compensação.
17. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que
acarrete aumento da despesa será acompanhado de estimativa do
impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em
vigor e nos dois subseqüentes; declaração do ordenador da despesa de
que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a lei
orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei
de diretrizes orçamentárias.
18. Despesa obrigatória de caráter continuado é a despesa corrente derivada
de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para
o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois
exercícios.
19. Para a LRF, a despesa total com pessoal de um ente federado abrange os
seguintes itens: gastos com os ativos, os inativos e os pensionistas,
relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis,
militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies
remuneratórias, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas
pelo ente às entidades de previdência.
20. A despesa total com pessoal será apurada somando-se a realizada no mês
em referência com as dos onze imediatamente anteriores, adotando-se o
regime de competência.
21. A LRF determina que a despesa total com pessoal, em cada período de
apuração e em cada ente da Federação, não deve exceder os seguintes
percentuais da receita corrente líquida (RCL): União – 50%; Estados, DF e
Municípios – 60%.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 76
22. A despesa com pessoal envolve a fixação de sublimites para
acompanhamento de sua evolução, a saber: limite de alerta de 90% do
limite máximo (alerta pelo Tribunal de Contas respectivo); limite
prudencial de 95% do limite máximo (vedação a atos que gerem aumento
de despesas); e o próprio limite máximo (necessidade de recondução ao
limite).
23. Se a despesa total com pessoal de algum Poder ou órgão ultrapassar os
limites máximos, o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois
quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro.
24. Segundo a LRF, são instrumentos de transparência da gestão fiscal: os
planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de
contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução
Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas
desses documentos.
25. O Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO) é um
demonstrativo da execução das receitas e das despesas constantes da
LOA e dos créditos adicionais, bimestral, editado pelo Poder Executivo,
mas abrangendo todos os Poderes e o MP, e que serve para demonstrar o
quanto a execução orçamentária corresponde ao planejamento realizado
durante o processo de elaboração do orçamento, atualizando as
informações conforme o andamento do exercício.
26. O Relatório de Gestão Fiscal (RGF), diferentemente do RREO, é editado
descentralizadamente: cada órgão e Poder referidos no art. 20 da LRF
deve publicar o seu próprio relatório, ao final de cada quadrimestre. O
RGF reproduz informações sobre os principais temas tratados na LRF,
como se fosse um demonstrativo quadrimestral do atendimento às regras
e limites da Lei.
27. O Poder Legislativo, que titulariza o controle externo, bem como o sistema
de controle interno de cada Poder, e mais o Ministério Público, devem
fiscalizar o cumprimento das normas da LRF, com prioridade aos temas
dos incisos do art. 59.
28. A dívida pública, como regra, deve ser disciplinada por lei ordinária.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 77
29. O art. 163 da CF/88 reservou tópicos ligados à dívida e ao crédito para a
disciplina de lei complementar – o que foi atendido com a edição da LRF.
30. O Senado Federal detém competências específicas sobre dívida pública,
notadamente quanto à fixação de limites e condições para montantes da
dívida e para celebração de operações de crédito.
31. Segundo a LRF, dívida fundada é “montante total, apurado sem
duplicidade, das obrigações financeiras do ente da Federação, assumidas
em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de
operações de crédito, para amortização em prazo superior a doze meses”,
abarcando também as operações de prazo inferior a doze meses com
receitas constantes do orçamento.
32. A dívida flutuante abrange os restos a pagar; os serviços da dívida a
pagar; os depósitos (para devolução a terceiros); as operações de crédito
por antecipação da receita orçamentária (ARO).
33. A dívida mobiliária é conceituada como a “dívida pública representada por
títulos emitidos pela União, inclusive os do Banco Central do Brasil,
Estados e Municípios”.
34. O tratamento alargado que a LRF deu ao conceito de operação de crédito
abrange “compromisso financeiro assumido em razão de mútuo, abertura
de crédito, emissão e aceite de título, aquisição financiada de bens,
recebimento antecipado de valores provenientes da venda a termo de
bens e serviços, arrendamento mercantil e outras operações
assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros”, além da
assunção, reconhecimento ou confissão de dívidas.
35. Operações de crédito celebradas em desacordo com a LRF devem ser
consideradas nulas, procedendo-se ao seu cancelamento e à devolução de
recursos (embora sem o pagamento de juros e encargos).
36. O período de apuração do montante da dívida é quadrimestral, em que se
verifica o respeito aos limites.
37. No caso da dívida fundada que tiver “estourado”, o ente público terá três
quadrimestres para reconduzi-la aos limites, sendo que pelo menos 25%
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 78
dessa eliminação do excedente deverá ocorrer logo no primeiro
quadrimestre.
38. Enquanto perdurar o excesso de dívida, o ente não poderá contratar nova
operação de crédito (exceto o refinanciamento do principal da dívida
mobiliária), e deverá obter resultado primário para recondução da dívida
ao limite, promovendo, entre outras medidas, limitação de empenho
(contingenciamento de despesas).
39. Caso o prazo para recondução da dívida ao limite seja ultrapassado, sem
sucesso, o ente público também ficará impedido de receber transferências
voluntárias, enquanto perdurar o excesso.
40. Apenas instituições financeiras de um ente público (não dependentes do
orçamento) podem emprestar recursos a outro – e, ainda assim,
observando-se as vedações de não se poder financiar despesas correntes
nem dívidas contraídas junto ao mesmo concedente.
41. Conforme o art. 36 da LRF, é proibida a operação de crédito entre uma
instituição financeira estatal e o ente da Federação que a controle, na
qualidade de beneficiário do empréstimo. Entretanto, a compra de títulos
emitidos pelo ente público, por parte da instituição financeira, para fins de
investimento, não se inclui na vedação.
42. As principais exigências para a contratação de ARO são: autorização na
LOA para a operação (exceção ao princípio da exclusividade
orçamentária); realização a partir do décimo dia do início do exercício;
liquidação, com juros e encargos, até o dia 10/12; proibida enquanto
houver operação semelhante não quitada; proibida no último ano de
mandato do Chefe do Executivo.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 79
QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA
1. (FGV/ANALISTA/SAD-PE/2008) A responsabilidade na gestão fiscal
pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e
corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas,
mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e
despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de
receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras,
dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por
antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a
Pagar.
2. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/IPAJM-ES/2006) O conceito de
responsabilidade fiscal atende ao objetivo da política orçamentária de
evitar que os entes da Federação gastem mais do que aquilo que
arrecadam.
3. (FCC/AUXILIAR DE FISCALIZAÇÃO/TCE-SP/2010) Considera-se empresa
controlada a sociedade
(A) de capital aberto em que a União detenha mais de 20% e menos de
50% das ações.
(B) que presta serviços de qualquer natureza para a União, os Estados e
Municípios.
(C) cuja maioria do capital social com direito a voto pertença, direta ou
indiretamente, a ente da Federação.
(D) que mantém convênio com a União, os Estados ou Municípios.
(E) cujo capital social pertença à União em sua integralidade.
4. (FGV/ANALISTA/SAD-PE/2008) Para os efeitos da Lei de Responsabilidade
Fiscal, entende-se como ente da Federação a União, cada Estado, o
Distrito Federal e cada Município; como empresa controlada, a sociedade
cuja maioria do capital social com direito a voto pertença, direta ou
indiretamente, a ente da Federação; e como empresa estatal dependente,
empresa controlada que receba do ente controlador recursos financeiros
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 80
para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de
capital, excluídos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de
participação acionária.
5. (FCC/INSPETOR/TCM-CE/2010) O somatório das receitas municipais
tributárias, de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de
serviços, transferências correntes e as próprias de autarquias, fundações e
empresas dependentes, deduzidas das contribuições dos servidores para
custeio de seu sistema de previdência e assistência social, receita de
compensação financeira entre regimes previdenciários e Fundef, constitui,
segundo a LRF, a
(A) receita corrente líquida.
(B) renúncia de receita.
(C) receita de capital.
(D) receita efetiva.
(E) receita não efetiva.
6. (CESPE/ANALISTA/TCE-TO/2008) A receita corrente líquida será apurada
pelo somatório, de janeiro a dezembro, das receitas correntes, deduzidas
as transferências estabelecidas na lei.
7. (FGV/CONSULTOR/SENADO/2008) A Lei de Diretrizes Orçamentárias
disporá sobre o equilíbrio entre receitas e despesas, critérios e forma de
limitação de empenho, normas relativas ao controle de custos e à
avaliação dos resultados dos programas financiados com recursos dos
orçamentos.
8. (FCC/ANALISTA/TRT-02/2008) A lei das diretrizes orçamentárias conterá
Anexo de Riscos Fiscais, onde serão avaliados os passivos contingentes e
outros riscos capazes de afetar as contas públicas.
9. (CESPE/ANALISTA/DPU/2010) Metas fiscais são valores projetados para o
exercício financeiro e que, depois de aprovados pelo Poder Legislativo,
servem de parâmetro para a elaboração e a execução do orçamento. Para
obrigar os gestores a ampliar os horizontes do planejamento, as metas
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 81
devem ser projetadas para os próximos três anos, isto é, o exercício a que
se referem e os dois seguintes.
10. (FCC/AUDITOR/TCE-CE/2006) A lei orçamentária anual apresentará, em
anexo específico, os objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial,
e ainda as metas de inflação, para o exercício subseqüente.
11. (CESPE/ANALISTA/FINEP/2009) Um demonstrativo da compatibilidade da
programação dos orçamentos com as metas fiscais estabelecidas na Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO) deve integrar a LOA, na forma de anexo.
12. (FCC/TÉCNICO/TJ-PI/2009) A Lei Orçamentária da União compreenderá
créditos com finalidade imprecisa ou dotação ilimitada, desde que
incluídos na Lei de Diretrizes Orçamentárias.
13. (FCC/ANALISTA/MP-SE/2009) O projeto de LOA conterá reserva de
contingência, cuja forma de utilização e montante, definido com base na
receita corrente líquida, serão estabelecidos na LDO.
14. (FCC/ANALISTA/MP-RS/2008) O projeto de lei orçamentária anual será
acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas
e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e
benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia, bem como das
medidas de compensação a renúncias de receita e ao aumento de
despesas de investimentos.
15. (FGV/ASSESSOR/DETRAN-RN/2010) Os recursos legalmente vinculados à
finalidade específica serão utilizados exclusivamente para atender ao
objeto de sua vinculação, exceto em exercício diverso daquele em que
ocorrer o ingresso.
16. (CESPE/ANALISTA/TCE-AC/2009) Após o início do exercício financeiro, os
poderes dispõem de 30 dias para o estabelecimento da programação
financeira e cronograma de execução mensal de desembolso.
17. (FCC/ANALISTA/TRE-RN/2011) Se for constatado que, ao final de um
bimestre, a realização da receita não permitirá o cumprimento das metas
de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais,
os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 82
montantes necessários, nos trinta dias subsequentes, limitação de
empenho e movimentação financeira, segundo os critérios fixados pela lei
de diretrizes orçamentárias.
18. (CESPE/ANALISTA/FINEP/2009) O Poder Executivo é responsável por
promover, de imediato, a limitação de empenho em todas as dotações da
lei orçamentária anual quando houver indícios de que a realização da
receita não comportará o cumprimento das metas de resultado primário.
19. (FGV/ASSESSOR/DETRAN-RN/2010) No caso de restabelecimento da
receita prevista, ainda que parcial, a recomposição das dotações, cujos
empenhos foram limitados, dar-se-á de forma proporcional às reduções
efetivadas.
20. (CESPE/ANALISTA/MMA/2008) De acordo com a LRF, as despesas
destinadas ao pagamento do serviço da dívida não serão objeto de
limitação, ainda que se verifique, ao final de um bimestre, que a
realização da receita possa não comportar o cumprimento das metas de
resultado primário ou nominal estabelecidas no anexo de metas fiscais.
21. (FGV/ANALISTA/SAD-PE/2008) Constituem requisitos essenciais da
responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva
arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da
Federação.
22. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/IPEA/2008) Afronta o conceito de
responsabilidade fiscal da receita o fato de, até a presente oportunidade, a
União não ter instituído o imposto sobre grandes fortunas.
23. (CESPE/ANALISTA/MMA/2008) A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)
determina que as autorizações de despesas, constantes do projeto de lei
orçamentária, devem considerar os efeitos das alterações na legislação,
da variação dos índices de preços, do crescimento econômico e de
qualquer outro fator relevante.
24. (FGV/AUDITOR/TCM-PA/2008) Qualquer subsídio ou isenção, redução de
base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão,
relativos a impostos, taxas e contribuições poderá ser concedido mediante
lei específica ou por decreto do Chefe do Poder Executivo, caso a
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 83
estimativa de impacto orçamentário-financeiro exija urgência na reposição
de receita.
25. (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) Segundo a LRF, o benefício
concernente à ampliação de incentivo de natureza tributária da qual
decorra renúncia de receita, dependente de medidas de compensação, por
meio do aumento de receita, só entrará em vigor no primeiro dia do
exercício seguinte.
26. (FGV/AUDITOR/TCM-PA/2008) A concessão de benefício de natureza
tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada
de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que
deva iniciar sua vigência, bem como no exercício seguinte, além de
atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias.
27. (CESPE/ADVOGADO/AGU/2008) A criação de ação governamental que
acarrete despesa pública será acompanhada de estimativa do impacto
orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos
dois subsequentes.
28. (FCC/ESPECIALISTA/PREF. SÃO PAULO/2010) A despesa considerada
irrelevante é aspecto do planejamento que deve estar previsto
(A) na LOA − Lei Orçamentária Anual.
(B) na LDO − Lei de Diretrizes Orçamentárias.
(C) na LDO − Lei Orçamentária Anual e no PPA − Plano Plurianual.
(D) no PPA − Plano Plurianual.
(E) no PPA − Plano Plurianual e na LOA − Lei Orçamentária Anual.
29. (FCC/APOFP/SEFAZ-SP/2010) Sobre despesa pública, é correto afirmar
que dispensa compatibilidade com o plano plurianual, desde que adequada
à lei orçamentária anual e à lei de diretrizes orçamentárias, bem assim
que esteja inserida em dotação específica e suficiente ou abrangida por
crédito genérico.
30. (FGV/ESPECIALISTA/FNDE/2007) A despesa obrigatória de caráter
continuado é aquela despesa corrente derivada de lei, medida provisória
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 84
ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal
de sua execução por um período superior a dois anos.
31. (CESPE/ADVOGADO/AGU/2008) A revisão geral anual da remuneração de
servidores públicos é uma exceção à necessidade de que, para o aumento
da despesa, seja demonstrada a origem dos recursos para seu custeio.
32. (FGV/ANALISTA/SAD-PE/2008) Não é considerada aumento de despesa a
prorrogação da despesa criada de acordo com as regras da LC 101/2000,
ainda que por prazo determinado.
33. (FCC/ANALISTA/TRT-23/2007) Os atos que aumentarem ou criarem
despesa obrigatória de caráter continuado para um ente da federação
deverão demonstrar a origem de recursos para seu custeio.
34. (CESPE/ACE/TCU/2008) Para efeitos da LRF, a despesa total com pessoal
engloba o somatório dos gastos do ente da Federação com os ativos, os
inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções
ou empregos, civis, militares e de membros de poder, com quaisquer
espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e
variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões,
inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de
qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas
pelo ente às entidades de previdência.
35. (FCC/AUDITOR/TCE-AM/2007) Na despesa total de pessoal, para fins de
verificação dos limites definidos na Lei da Responsabilidade Fiscal NÃO
será computada a despesa com
(A) vantagens variáveis.
(B) indenização por demissão de servidores ou empregados.
(C) gratificações.
(D) horas extras.
(E) encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de
previdência.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 85
36. (FCC/CONTADOR/DNOCS/2010) A despesa total com pessoal da União
não poderá exceder a 60% de sua receita líquida corrente e, a dos
Estados e Municípios, a 50% de suas receitas líquidas.
37. (FCC/PROCURADOR/TCE-AP/2010) Se a despesa total com pessoal
exceder a 95% do limite permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal,
NÃO será vedado ao Poder ou órgão referido nesta Lei que houver
incorrido no excesso
(A) conceder vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração
a qualquer título, salvo exceções.
(B) alterar estrutura de carreira que implique aumento de despesa.
(C) extinguir cargo ou função.
(D) criar cargo, emprego ou função.
(E) realizar provimento de cargo público, admissão ou contratação de
pessoal a qualquer título, com ressalvas legais.
38. (FCC/TÉCNICO/TCM-PA/2010) Os Tribunais de Contas alertarão os
Poderes ou órgãos citados no art. 20 da Lei de Responsabilidade Fiscal
quando constatarem que o montante da despesa total com pessoal
ultrapassou
(A) 75% do limite.
(B) 80% do limite.
(C) 90% do limite.
(D) 95% do limite.
(E) 190% do limite.
39. (CESPE/AUDITOR/AUGE-MG/2009) No caso de ultrapassagem do limite da
despesa com pessoal e não alcançada a redução no prazo estabelecido
pela legislação, o ente não poderá receber transferência voluntária.
40. (CESPE/CONTROLADOR/PREF. VITÓRIA/2008) De acordo com a LRF,
qualquer ato de prefeito municipal que resulte em aumento de despesa
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 86
com pessoal, expedido nos cento e oitenta dias anteriores ao final de seu
mandato, é nulo de pleno direito.
41. (FGV/ANALISTA/SEFAZ-RJ/2011) A seguir, são elencados instrumentos da
transparência da gestão fiscal, À EXCEÇÃO DE UM. Assinale-o.
(A) Versão simplificada do relatório de gestão fiscal.
(B) Versão simplificada do relatório resumido orçamentário.
(C) O relatório resumido de execução orçamentária.
(D) O parecer prévio.
(E) Versão simplificada da realização de audiências públicas.
42. (CESPE/ACE/TCU/2008) Entre os mecanismos de transparência da gestão
fiscal mencionados pela Lei de Responsabilidade Fiscal, destacam-se a
participação popular e a realização de audiências públicas durante os
processos de apreciação das contas dos dirigentes e responsáveis pelos
órgãos e entidades da administração e, também, antes do julgamento
dessas contas.
43. (FCC/TÉCNICO/TCE-MG/2007) As contas apresentadas pelo Chefe do
Executivo ficarão disponíveis durante o prazo de seis meses, no respectivo
Tribunal de Contas.
44. (FGV/ANALISTA/SEFAZ-RJ/2011) O relatório resumido de execução
orçamentária abrange diversos itens, listados nas alternativas a seguir, À
EXCEÇÃO DE UMA. Assinale-a.
(A) Balanço orçamentário.
(B) Demonstrativo de execução das receitas de grupo e natureza.
(C) Demonstrativo de execução de despesas de função e subfunção.
(D) Demonstrativo de apuração da receita corrente líquida.
(E) Receitas e despesas previdenciárias.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 87
45. (FCC/AUDITOR/TCM-CE/2006) Um demonstrativo que é exigido apenas no
Relatório Resumido da Execução Orçamentária referente ao último
bimestre do ano é o relativo
(A) à apuração da receita corrente líquida, tal como definida pela Lei de
responsabilidade Fiscal.
(B) aos resultados nominal e primário.
(C) à variação patrimonial, evidenciando a alienação de ativos e a
decorrente aplicação dos recursos.
(D) aos Restos a Pagar, detalhando os valores inscritos, os pagamentos
realizados e o montante a pagar.
(E) às receitas e despesas previdenciárias.
46. (FGV/ANALISTA/SEFAZ-RJ/2011) NÃO integra o relatório de gestão fiscal
o demonstrativo de
(A) resultado nominal ou primário.
(B) despesa total com pessoal.
(C) dívidas consolidadas e mobiliárias.
(D) concessão de garantias.
(E) operações de créditos.
47. (FCC/ANALISTA/TRE-SP/2006) O relatório de gestão fiscal, previsto na Lei
de Responsabilidade Fiscal (LC nº 101/2000) conterá, dentre outros
registros demonstrativos, a indicação, no último
(A) quadrimestre, do montante das disponibilidades de caixa em trinta e
um de dezembro.
(B) trimestre, do montante da inscrição em Restos a Pagar, das dívidas
liquidadas, concessão de garantias e operações de crédito, inclusive por
antecipação de despesa.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 88
(C) quadrimestre, do montante da despesa com o pessoal, total e sem
distinção com inativos e pensionistas e dívidas não consolidadas e
imobiliárias.
(D) trimestre, do montante em operações de crédito, salvo por
antecipação de receita ou despesa.
(E) quadrimestre, do montante das operações de crédito inscritas por falta
de disponibilidade em caixa e cujos empenhos não foram cancelados.
48. (FCC/TÉCNICO/TCM-PA/2010) O cumprimento das normas previstas na
Lei de Responsabilidade Fiscal será fiscalizado pelo Poder Legislativo,
diretamente ou com o auxílio dos Tribunais de Contas, e o sistema de
controle interno de cada Poder e do Ministério Público, com ênfase no que
se refere a
(A) limites e condições para realização de investimentos e inversões
financeiras.
(B) providências tomadas para recondução do montante da dívida
flutuante aos respectivos limites.
(C) atingimento das metas estabelecidas no Plano Plurianual.
(D) cumprimento do limite de gastos totais dos legislativos municipais,
quando houver.
(E) atingimento das metas estabelecidas na Lei Orçamentária Anual.
49. (FCC/AUDITOR/TCE-AM/2007) Os Tribunais de Contas alertarão os
Poderes e órgãos indicados na Lei de Responsabilidade Fiscal quando
constatarem que os montantes das dívidas consolidada e mobiliária, das
operações de crédito e da concessão de garantia se encontram acima dos
respectivos limites em
(A) 50%.
(B) 60%.
(C) 70%.
(D) 80%.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 89
(E) 90%.
50. (CESPE/PROCURADOR/TCE-PE/2004) Constitucionalmente, a matéria de
dívida pública federal, em sentido geral, deve ser tratada por meio de lei,
apesar de o Senado Federal ter diversas atribuições relativas à matéria.
51. (CESPE/PROCURADOR/TCE-PE/2004) Cabe ao Senado Federal estabelecer
o montante da dívida mobiliária federal.
52. (FGV/AUDITOR/TCM-PA/2008) É da competência exclusiva do Congresso
Nacional fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais
para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios.
53. (ESAF/ANALISTA/SEFAZ-CE/2006) A dívida pública consolidada ou
fundada corresponde ao montante total sem duplicidade das obrigações
financeiras do ente da Federação para amortização em prazo não superior
a doze meses.
54. (CESPE/PROCURADOR/AGU/2007) Considere que na lei orçamentária
anual de 2006, além da previsão da receita e fixação da despesa, tenha
havido autorização para recebimento antecipado de valores provenientes
de venda a termo de bens imóveis pertencentes à União. Essa autorização
é inconstitucional por ferir o princípio orçamentário da exclusividade.
55. (FCC/ANALISTA/TCE-AM/2006) Segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal
(Lei Complementar nº 101/2000), dívida pública representada por títulos
emitidos pela União, inclusive os do Banco Central do Brasil, Estados e
Municípios, é a definição de dívida
(A) perpétua.
(B) ativa.
(C) mobiliária.
(D) consolidada.
(E) fundada.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 90
56. (FGV/ANALISTA/SAD-PE/2008) A dívida consolidada de um ente da
Federação ultrapassou o limite legal no montante de R$ 1.200.000 ao final
do quadrimestre. Nesse caso, conforme estabelece a Lei de
Responsabilidade Fiscal, deverá retornar ao limite até o término dos três
quadrimestres subsequentes. No primeiro, haverá uma redução de pelo
menos:
(A) 240.000.
(B) 300.000.
(C) 360.000.
(D) 420.000.
(E) 180.000.
57. (CESPE/TÉCNICO/PGE-PA/2006) A LRF estabelece prazos e condições
rígidos para os entes que ultrapassarem os respectivos limites de
endividamento, sob pena de punições de natureza fiscal. Se verificado que
o ente ultrapassou os seus limites ao final de um quadrimestre, a estes
ele deverá retornar nos três quadrimestres seguintes, eliminando, pelo
menos, 25% do excesso já no primeiro período.
58. (FCC/AUDITOR/TCM-CE/2006) Se a dívida consolidada de um ente da
Federação ultrapassar os limites previstos na Lei de Responsabilidade
Fiscal ao final de um quadrimestre, deverá ser a ele reconduzida até o
término dos três subseqüentes, reduzindo o excedente em pelo menos
25% no primeiro. Enquanto perdurar o excesso, o ente que nele houver
incorrido poderá receber transferências voluntárias da União ou do Estado.
59. (CESPE/ANALISTA/TST/2008) Para fins de cumprimento da chamada
regra de ouro da Lei de Responsabilidade Fiscal, computam-se também as
operações de crédito por antecipação de receitas, desde que liquidadas no
mesmo exercício em que forem contratadas.
60. (ESAF/APO/MPOG/2008) As operações de crédito por antecipação de
receita orçamentária podem exceder o montante das despesas de capital,
desde que liquidadas até o dia dez de dezembro de cada ano.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 91
61. (FCC/ESPECIALISTA/PREF. SÃO PAULO/2010) Sobre as operações de
crédito por antecipação de receita orçamentária é correto afirmar que
(A) destinam-se a atender insuficiência de caixa durante o exercício
financeiro.
(B) podem ser realizadas a partir do quinto dia do início do exercício
financeiro.
(C) são vedadas enquanto existir mais de uma operação da mesma
natureza ainda não resgatada integralmente.
(D) não podem ser contratadas no primeiro ano de mandato do Prefeito.
(E) deverão ser liquidadas com juros e outros encargos incidentes, até o
dia 31 de dezembro de cada ano.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 92
QUESTÕES ADICIONAIS
62. (FCC/AUDITOR/SESAB-BA/2005) A responsabilidade na gestão fiscal
pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e
corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas,
mediante o cumprimento das metas de resultados entre receitas e
despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de
receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras,
dívidas consolidadas e mobiliárias, operação de crédito, inclusive por
antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em restos a
pagar. NÃO são abrangidos pela Lei Complementar nº 101,
(A) as empresas estatais independentes.
(B) as Administrações diretas.
(C) os Fundos.
(D) os Tribunais de Contas.
(E) as fundações.
63. (FGV/ECONOMISTA/MIN. CULTURA/2006) A Lei de Responsabilidade
Fiscal, Lei Complementar 101/2000, traz em seu conteúdo o conceito de
responsabilidade fiscal. Assinale a alternativa que não corresponde a tal
conceito.
(A) obediência a limites e condições com referência a política de juros
internos
(B) ação planejada e transparente
(C) ação preventiva e corretiva de riscos e desvios que possam afetar o
equilíbrio das contas públicas
(D) obediência a limites e condições com referência a inscrições em restos
a pagar
(E) cumprimento de metas de resultados entre receita e despesa
64. (FGV/ANALISTA/SAD-PE/2008) A União, os Estados, o Distrito Federal, os
Municípios (incluindo o Poder Executivo, o Poder Legislativo, o Poder
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 93
Judiciário e o Ministério Público) e as respectivas administrações diretas,
fundos, autarquias, fundações e empresas estatais dependentes –
excetuando-se, no âmbito do Poder Legislativo, quando houver, o Tribunal
de Contas dos Municípios ou o Tribunal de Contas do Município – estão
sujeitos às regras da Lei de Responsabilidade Fiscal.
65. (FCC/ANALISTA/TRT-20/2006) A Receita Corrente Líquida é o
denominador comum de todos os limites da Lei de Responsabilidade
Fiscal, ou seja, de pessoal, despesas previdenciárias, reserva de
contingência e Dívida Fundada.
66. (CESPE/ANALISTA/DPU/2010) Com a edição da LRF, a LDO recebeu em
seu conteúdo uma série de novas e importantes atribuições. Essas
atribuições incluem flexibilizar a expansão das despesas obrigatórias de
caráter continuado.
67. (FCC/ANALISTA/TCE-GO/2009) A LDO disporá sobre normas relativas ao
controle de custos dos programas financiados com recursos dos
orçamentos.
68. (FGV/ANALISTA/MIN. CULTURA/2006) O anexo de metas fiscais integrará
a Lei Orçamentária e conterá as metas anuais, em valores correntes e
constantes, relativas às receitas, despesas, montante da dívida pública
para o exercício a que se referirem e para os dois seguintes.
69. (FCC/ANALISTA/TRT-20/2006) O sistema orçamentário público é
composto por três leis de iniciativa do Executivo sendo que a Lei de
Diretrizes Orçamentárias propõe critérios para limitação de empenho e
movimentação financeira e apresenta anexos de metas e de riscos fiscais,
entre outros conteúdos, conforme a Lei de Responsabilidade Fiscal.
70. (CESPE/ECONOMISTA/MIN. SAÚDE/2010) No âmbito da União, a
mensagem que encaminhar o projeto de lei de diretrizes orçamentárias
deverá discriminar os objetivos das políticas nacionais de natureza
monetária, creditícia e cambial, bem como as metas de inflação, para o
exercício subsequente.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 94
71. (FGV/AUDITOR/TCM-PA/2008) Assinale a alternativa que indique
corretamente as mudanças introduzidas pela Lei de Responsabilidade
Fiscal no conteúdo da LOA.
(A) Dispôs sobre o equilíbrio entre receitas e despesas orçamentárias.
(B) Estabeleceu critérios e formas de limitação de empenho.
(C) Aprovou normas para o controle de custos e a avaliação dos
resultados dos programas financiados pelo governo.
(D) Definiu o resultado primário a ser obtido com vistas à redução do
montante da dívida e das despesas com juros.
(E) Incluiu um demonstrativo de compatibilidade da programação do
orçamento com as metas previstas no respectivo anexo de metas fiscais.
72. (FCC/ANALISTA/TRT-04/2006) Nos termos da Lei Complementar nº 101,
de 2000, despesa obrigatória de caráter continuado é
(A) de capital; deriva de ato discricionário e se estende por um período
superior a dois exercícios.
(B) corrente; deriva de lei ou outro ato vinculante e se prolonga por um
período superior a dois exercícios.
(C) de capital; deriva de instrumento vinculante e se estende por um
período superior a três exercícios.
(D) o mesmo que criação, expansão ou aprimoramento da ação
governamental.
(E) corrente ou de capital, dependendo somente da obrigatoriedade
determinada em lei específica.
73. (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) Segundo a LRF, a União não pode
realizar despesa com pessoal em percentual superior a 50% da receita
corrente líquida, nela incluídas as despesas de indenização por demissão
de servidores ou empregados.
74. (CESPE/ANALISTA/SAD-PE/2009) Em atendimento ao que dispõe a LRF,
os valores dos contratos de terceirização de mão de obra referentes à
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 95
substituição de servidores e empregados públicos são contabilizados como
outras despesas de pessoal.
75. (FCC/ANALISTA/TCE-GO/2009) A Lei nº 101/2000 prevê que, quando o
Poder Executivo ultrapassar 90% (noventa por cento) do limite definido
para a despesa total com pessoal, ele será alertado pelo
(A) Poder Judiciário.
(B) Tribunal de Contas.
(C) Poder Legislativo.
(D) Conselho Municipal.
(E) Setor de Contabilidade.
76. (CESPE/TEFC/TCU/2009) Se o aumento acentuado e inesperado do
número de matrículas na rede pública de ensino obrigar a administração a
efetuar a contratação de novos professores mediante terceirização, as
despesas daí decorrentes terão de ser enquadradas entre as despesas de
pessoal e computadas para efeito de cálculo do respectivo limite.
77. (FCC/TÉCNICO/TCM-PA/2010) Sobre despesas com pessoal é INCORRETO
afirmar que
(A) não são computadas nos limites as despesas relativas a incentivos à
demissão voluntária.
(B) haverá no Poder ou órgão a vedação de criação de cargo, emprego ou
função, no caso de exceder a 95% do limite.
(C) tem como limites para a União 60% da receita corrente líquida e para
Estados, Distrito Federal e Municípios 50% da receita corrente líquida.
(D) a despesa total com pessoal será apurada somando-se a realizada no
mês de referência com as dos onze meses imediatamente anteriores.
(E) os valores dos contratos de terceirização de mão de obra que se
referem à substituição de servidores e empregados públicos são
contabilizados como "outras despesas de pessoal".
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 96
78. (FCC/ANALISTA/TRT-08/2010) De acordo com a Lei de Responsabilidade
Fiscal, na apuração da despesa total com pessoal será considerada a
despesa
(A) empenhada, liquidada e paga no mês em referência somada com a
dos onze meses imediatamente anteriores, adotando-se o regime de
caixa.
(B) realizada no quadrimestre em referência somada com a dos dois
últimos quadrimestres imediatamente anteriores, adotando-se o regime
de competência.
(C) empenhada, liquidada e paga no mês em referência somada com a
dos onze meses imediatamente anteriores, adotando-se o regime de
competência.
(D) realizada no mês em referência somada com as dos onze meses
imediatamente anteriores, adotando-se o regime de caixa.
(E) realizada no mês em referência somada com a dos onze meses
imediatamente anteriores, adotando-se o regime de competência.
79. (FCC/PROCURADOR/TCE-PI/2005) Se a despesa total com pessoal de
qualquer poder ultrapassar os limites definidos na Lei de Responsabilidade
Fiscal, o excesso, após as providências previstas no art. 22, terá de ser
eliminado nos dois quadrimestres seguintes. Não alcançada a redução no
prazo e enquanto perdurar o excesso, o ente NÃO poderá
(A) obter empréstimos, garantias e doações.
(B) receber transferências voluntárias, obter garantias e contratar
operações de crédito.
(C) receber transferências vinculadas, obter garantias e assumir dívidas.
(D) prestar aval, fiança e receber doações.
(E) contratar pessoal, serviços de terceiros e operações de crédito.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 97
80. (FCC/TÉCNICO/TCE-MG/2007) É vedada a participação popular e a
realização de audiências públicas durante os processos de elaboração e
discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos.
81. (CESPE/ASSESSOR/TCE-RN/2009) A liberação ao pleno conhecimento e
acompanhamento da sociedade, em tempo real, de informações
pormenorizadas acerca da execução orçamentária e financeira, em meios
eletrônicos de acesso público, é uma das formas de assegurar a
transparência da gestão fiscal.
82. (FCC/ANALISTA/TRT-20/2006) O Relatório Resumido de Execução
Orçamentária será publicado até 30 dias após o encerramento de cada
quadrimestre.
83. (FCC/ANALISTA/TRF-02/2007) O relatório resumido da execução
orçamentária
(A) alcança todos os entes da Federação, sendo elaborado pela Secretaria
do Tesouro Nacional.
(B) é produzido individualmente em cada Poder estatal, apresentando
números que permitem a limitação de empenho e de movimentação
financeira.
(C) apresenta o comportamento de despesas e dívidas sujeitas a limites
fiscais.
(D) revela somente a despesa com pessoal ativo e inativo, bem assim os
saldos de operações de crédito e Restos a Pagar.
(E) abrange todos os Poderes, fornecendo dados que indicam a limitação
de empenho e de movimentação financeira.
84. (FCC/ANALISTA/TRE-AM/2009) O Relatório de Gestão Fiscal é um dos
instrumentos de transparência da administração previstos pela Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF). Sobre o relatório é correto afirmar que
(A) será emitido ao final de cada trimestre pelo Chefe do Poder Executivo.
(B) será publicado até 60 (sessenta) dias após o encerramento do período
a que corresponder, inclusive por meio eletrônico.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 98
(C) contém demonstrativo das disponibilidades em caixa em todo
relatório.
(D) é facultativo para municípios com população de até 100.000 (cem mil)
habitantes.
(E) contém comparativo entre o montante de concessão de garantias e os
limites determinados pela LRF.
85. (CESPE/PROCURADOR/TCE-PE/2004) A dívida mobiliária pública é
composta de títulos públicos e de empréstimos tomados pelo poder
público.
86. (CESPE/PROCURADOR/TCE-PE/2004) Para efeitos legais, se um estado
celebra uma operação de arrendamento mercantil, estará fazendo uma
operação de crédito.
87. (CESPE/PROCURADOR/PGE-PE/2009) Para fins de apuração da dívida
flutuante, são excluídos os restos a pagar.
88. (FCC/PROCURADOR/TCE-AL/2008) Compete privativamente ao Congresso
Nacional autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse
dos entes da federação.
89. (FGV/ECONOMISTA/MIN. CULTURA/2006) Assinale a assertiva correta a
respeito da composição da Dívida Pública Consolidada ou Fundada,
segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal.
(A) As operações de crédito com prazo superior a doze meses não estão
inclusas.
(B) Somente estão inclusas na dívida consolidada as obrigações
financeiras do ente que tenham sido assumidas por lei.
(C) A obrigações assumidas por tratados não devem ser inclusas na dívida
fundada.
(D) As operações de crédito nunca poderão compor a dívida consolidada,
já que são despesas de capital.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 99
(E) A dívida fundada inclui as operações de crédito com prazo superior a
doze meses.
90. (FGV/ANALISTA/SEFAZ-RJ/2011) As operações de crédito por antecipação
da receita, mais conhecidas como ARO, além de sujeitarem-se às normas
da Resolução 78/1988, do Senado da República, sujeitam-se à da Lei de
Responsabilidade Fiscal. Assinale a alternativa PROIBIDA na mencionada
lei, com relação à ARO.
(A) Somente poderão ser realizadas a partir do décimo dia do início do
exercício.
(B) Serão permitidas suas contratações mesmo que seja o último ano de
mandato do Presidente, do Governador ou Prefeito Municipal.
(C) Não serão autorizadas se forem cobrados outros encargos incidentes
que não a taxa de juros da operação, obrigatoriamente prefixada ou
indexada a taxa básica financeira, ou a que a vier substituir.
(D) Deverão ser liquidadas (pagas), com juros e outros encargos
incidentes, até o dia 10 de dezembro de cada ano.
(E) Estarão proibidas enquanto existir operação anterior da mesma
natureza não integralmente resgatada.
AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS DO SENADO PROF. GRACIANO ROCHA
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br 100
GABARITO
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
C C C C A E C C C E
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
C E C E E E C E C C
21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
C C E E E E C B E C
31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
C E C C B E C C C E
41 42 43 44 45 46 47 48 49 50
E E E B C A A D E C
51 52 53 54 55 56 57 58 59 60
E E E E C B C E E C
61 62 63 64 65 66 67 68 69 70
A A A E C E C E C C
71 72 73 74 75 76 77 78 79 80
E B E C B C C E B E
81 82 83 84 85 86 87 88 89 90
C E E E E C E E E B