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lona.redeteia.com Opinião Colunistas Página 5 Agentes penitenciários não descartam greve No terceiro dia de acam- pamento, os agentes peni- tenciários exigem reunião com o governador. Uma as- sembleia está marcada para a próxima segunda-feira, quando será decidido o que será feito de acordo com o progresso: paralisação, greve ou dispersão do acam- pamento. Página 3 Para isso, vamos falar sobre a perfor- mance como arte. Ao ouvir esse termo, intuitivamente me veem a mente algo inovador, quase de outro mundo”, Lar- issa Mayra. Seja “Uma Tempo- rada no Inferno”, pela tradução de Paulo Hecker Filho, ou “Uma Estadia no In- ferno”, pela aclamada tradução de Ivo Bar- roso”, João Dusi. Teatro Literatura Livros e hábitos de leitura Reconhecer a importância da literatura infantil e incentivar a formação do hábito de leitura na idade em que todos os hábitos se formam, isto é, na infância, é o que este artigo vem propor. Neste sentido, a literatura infantil é um caminho que leva a criança a desenvolver a imaginação, emoções e sentimentos de forma prazerosa e significativa. Página 4 WikiCommons “Nestas últimas semanas, o STF recusou boa parte dos recursos apre- sentados pelas pessoas condena- das no famoso jul- gamento do Men- salão.” Estudantes de uma escola mu- nicipal no Rio Grande do Sul atearam fogo à própria escola há algumas sema- nas”, Juliana Ar- cangelo. O que fazem os estudantes de jornalismo depois de formados? Saiba por onde anda o ex-aluna Priscila Paganotto. Editorial Revolta Por onde anda? Notícia Antiga Morre Madre Tereza de Calcutá, religiosa conhe- cida por ganhar o Prêmio Nobel da Paz de 1979. Edição 822 Curitiba, 05 de setembro de 2013 Louise Lemser

Lona 822 - 05/06/2013

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JORNAL-LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO.

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Page 1: Lona 822 - 05/06/2013

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Opinião

Colunistas

Página 5

Agentes penitenciários não descartam greve

No terceiro dia de acam-pamento, os agentes peni-tenciários exigem reunião com o governador. Uma as-sembleia está marcada para a próxima segunda-feira, quando será decidido o que será feito de acordo com o progresso: paralisação, greve ou dispersão do acam-pamento.

Página 3

“Para isso, vamos falar sobre a perfor-mance como arte. Ao ouvir esse termo, intuitivamente me veem a mente algo inovador, quase de outro mundo”, Lar-issa Mayra.

“Seja “Uma Tempo-rada no Inferno”, pela tradução de Paulo Hecker Filho, ou “Uma Estadia no In-ferno”, pela aclamada tradução de Ivo Bar-roso”, João Dusi.

Teatro Literatura

Livros e hábitos de leitura

Reconhecer a importância da literatura infantil e incentivar a formação do hábito de leitura na idade em que todos os hábitos se formam, isto é, na infância, é o que este artigo vem propor. Neste sentido, a literatura infantil é um caminho que leva a criança a desenvolver a imaginação, emoções e sentimentos de forma prazerosa e significativa.

Página 4

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“Nestas últimas semanas, o STF recusou boa parte dos recursos apre-sentados pelas pessoas condena-das no famoso jul-gamento do Men-salão.”

“Estudantes de uma escola mu-nicipal no Rio Grande do Sul atearam fogo à própria escola há algumas sema-nas”, Juliana Ar-cangelo.

O que fazem os estudantes de jornalismo depois de formados? Saiba por onde anda o ex-aluna Priscila Paganotto.

Editorial Revolta Por onde anda?

Notícia AntigaMorre Madre Tereza de Calcutá, religiosa conhe-cida por ganhar o Prêmio Nobel da Paz de 1979.

Edição 822 Curitiba, 05 de setembro de 2013

Louise Lemser

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Expediente

Toda esta rapidez foi bem menos des-gastante tanto para o STF, quanto para a rotatividade das pau-tas jornalísticas, afi-nal, o Julgamento do Mensalão foi man-chete principal em todos os grandes jor-nais (de qualquer veí-culo) do começo ao seu fim. Em alguns ficará o sentimento de que a corrupção finalmente estará ex-tinta do país após a sentença da justiça, que finalmente de-ixou de ser leniente. As pessoas esclareci-

das sabem que, infe-lizmente, não é assim (nem será).Dentre todos os min-istros do STF, Joa-quim Barbosa, pri-meiro negro a chegar nesta instância e ser presidente dela; e Ricardo Lewando-vski foram os mag-istrados que mais fi-caram evidenciados no caso todo, desde o julgamento origi-nal. Barbosa ganhou uma boa fama gigan-tesca dentre diversos setores da sociedade, devido a sua atuação em prol da condena-

ção dos mensaleiros e seus discursos im-ponentes, enquanto Lewandovski foi sev-eramente criticado por supostamente “defender os interess-es” dos reús, quando na verdade, apon-tava algumas falhas no processo. Bar-bosa chegou a tal pa-tamar que seu nome começou a ser ven-tilado como possível candidato a presi-dente da república, e o próprio ministro chegou a falar que poderia se afiliar a um partido político.

Aqui, de volta, quem é mais esclarecido sabe que Joaquim Barbosa não é o min-istro mais perfeito do Judiciário, e não se-ria um nome assim taõ confiável para a presidência, apesar de toda a sua inspi-radora história para chegar no posto onde está.Por outro lado, a re-cusa do STF em revo-gar as condenações dos mensaleiros, mostra que há sim firmeza num dos três poderes que regem o país. O escândalo do

Ecos de um julgamento

Priscila PaganottoDepois de es-tagiar na Rádio Teia, como edi-tora-chefe junto com outra co-lega, fui indica-da pelo profes-sor Luiz Witiuk para outra vaga de estágio, onde estou até hoje, agora como jor-nalista, na Agên-cia de Notícias

do Paraná. A ex-periência de es-tágio abriu esta oportunidade e hoje, além de escrever textos, faço locução de rádio, cobertura de pautas por todo o Estado, e assessoria de imprensa com atendimento a rádios. Eu me

formei em 2011 e durante esses dois anos e meio, fiz alguns cursos de especialização e ganhei o Inter-com Regional com o meu TCC. Continuo com o mesmo entusi-asmo e paixão pelo jornalismo, de quando entrei na faculdade.

O preço de uma revolta adolescente Juliana ArcangeloEstudantes de uma escola municipal no Rio Grande do Sul atearam fogo à própria escola há algumas sema-nas. Mesmo que fosse a pior escola do mundo, não ter dinheiro para es-tudar em uma es-cola particular e poder estudar gra-tuitamente sendo bancado pelo gov-erno é uma opor-tunidade que deve ser valorizada. Ao atear fogo a essa escola, esses alu-nos não prejudi-caram apenas aos

outros, mas sim a eles próprios, pois destruíram a única coisa que garantia a eles um futuro profissional descente e conse-quentemente uma vida mais digna.

O que fazer na madrugada de uma segunda-fei-ra? Para muitos adolescentes, a madrugada pode ser a parte mais divertida e produ-tiva do dia. Den-tre tantas opções, pode-se assistir a um filme, ouvir

música, ir a algum lugar, estar com os amigos...e colocar fogo na própria escola! Segundo a polícia, os estu-dantes foram até a escola durante a madrugada com a intenção de cau-sar apenas alguns danos, mas, ao verem uma garra-fa de álcool ‘’dan-do sopa’’, os planos mudaram. Madru-gada produtiva.

A polícia vai pe-dir a internação dos quatro sus-peitos que foram

apreendidos. E é ai que começa a ver-dadeira reflexão. Pode-se deduzir que os motivos para os adolescen-tes terem cometi-do tal ato eram ligados ao desin-teresse dos mes-mos pela escola, pelo fato de ter que estudar, e para expressar a sua re-volta por ter essa obrigação. Todos os motivos são vistos como pens-amentos e revoltas comuns no mun-do dos adolescen-tes. O engraçado é

perceber que esses estudantes com tais pensamentos e revoltas comuns deixaram de ser ‘’normais’’ a partir do momento em que transforma-ram seus pensa-mentos em atos concretos e ina-ceitáveis. Como consequência, de-ixaram de ser co-muns, para serem tratados como “loucos”.

O fogo destruiu pelo menos seis salas de aula, a sala dos professores, a

parte administra-tiva, uma área de convívio e instru-mentos musicais de uma banda. Ao queimar todos es-ses ambientes, o fogo, junto com os adolescentes, destruiu também o aprendizado, a cultura, as rela-ções, o conheci-mento, a moral e a integridade que cabia a cada um dos quatro estu-dantes.

Por Onde Anda?

Reitor: José Pio Martins Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração: Arno Gnoatto Pró-Reitora Acadêmica Marcia SebastianiCoordenadora do Curso de Jornalismo: Maria Zaclis Veiga Ferreira

Professora-orientadora: Ana Paula MiraEditores: Júlio Rocha, Lucas de Lavor e Marina GeronazzoEditorial: Da Redação

Nestas últimas sema-nas, o STF recusou boa parte dos re-cursos apresentados pelas pessoas con-denadas no famoso julgamento do Men-salão. Em um trâmite muito mais rápido e menos desgastante que o julgamento original, os ministros do nosso Supremo rechaçaram qualquer pedido de reversão de sentença dos con-denados. O máximo que ocorreu foram algumas reduções de pena e mudanças de regime.

Mensalão deveria ser punido, como de fato aconteceu. Ou seja, a pizza que sempre fica pronta para ir para o forno no Brasil, acabou sendo des-montada. Um claro avanço para o país da impunidade. O que resta agora é torcer para que outros di-versos escândalos de corrupção que acon-teceram, acontecem ou ainda vão acon-tecer sejam punidos com a mesma rígidez.

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Terceiro dia de acampamento dos agentes penitenciáriosMembros da categoria exigem reunião com o governador Beto Richa e reivindicam melhores condições de tra-balho

Cerca de 50 agen-tes penitenciários estão acampados em frente ao Pa-lácio Iguaçu, no Centro Cívico, desde segunda-feira (02). O moti-vo são as faltas de condições de trab-alho como falta de efetivo, desvio de função e a super-lotação dos pre-sídios. Durante a manhã de ontem os agentes saíram em passeata com cerca de 200 man-ifestantes fazendo o trajeto da Praça Santos Andrade, Boca Maldita e Praça Ruy Bar-

Lucas de Lavor

bosa, distribuindo folhetins informa-tivos que contex-tualizam a atual situação dos agen-tes penitenciários. A passeata durou das 11h às 13h, segundo o vice-presidente do Sin-dicato dos Agen-tes Penitenciários do Paraná Antony Johnson (Sind-arspen).

Os manifestantes exigem 23,37% na gratificação de ris-co, falta de efetivo, desvio de função, superlotação e de estrutura. Além disso, está como

pautas a realiza-ção de concurso público para que sejam contrato os profissionais ad-equados, evitando assim o desvio de função, e o porte de arma: “Os ban-didos estão arma-dos, e os agente penitenciár ios? ” diz um cartaz fixado na lateral de uma barraca. Na terça-feira (03) houve uma re-união entre o dep-utado e secretário da casa civil Re-inhold Stephanes (PSD), o presiden-te do Sindarspen e mais 200 servi-

dores, ficando de-fino apenas mais uma reunião em 15 dias.

Antony Johnson diz que há a pos-sibilidade de ter paralisação até mesmo greve: ”Não está des-cartado paralisa-ção e até mesmo greve” declarou. Johnson afirmou que a mobiliza-ção continuará “até conversarmos com o governa-dor”. Na próxi-ma segunda (09), quando ocorrer uma assembleia entre os profis-

sionais da área, será feita a decisão de se haverá ou não a greve. “Vai depender da re-união com o gov-ernador” explica Johnson. Procu-rado pela reporta-gem, não houve resposta por parte da assessoria do governador.

Violência

Foram quatro reg-istros de violência contra os agen-tes penitenciári-os esse ano: dois foram mortos, um no bairro Cidade Industrial de Cu-

ritiba no dia 13 de março e outro no mesmo mês, no dia 18 de março, outro agente peni-tenciário foi as-sassinado no Boa Vista. Nos outros casos, em fever-eiro um homem levou um tiro e se recuperou. Em março uma agente também foi atin-gida e passa bem.

Há 15 anos, a edu-cadora Luciene de Oliveira Vianna de-cidiu trabalhar com pessoas diferentes. No mês de julho de 1998, fundou o Cen-tro Conviver, um espaço que realiza atendimento clínico e educacional para pessoas com Trans-torno Espectro Au-tista. Em uma época em que os autistas eram reconhecidos como “loucos”, a edu-cadora Luciene bus-cou conhecimento na Faculdade de Me-dicina da Carolina do Norte (EUA) e trouxe para Curitiba o apre-ndizado adquirido. Um caso de autismo pode ser claramente diag-nosticado com dois anos e meio de idade. Uma criança pode começar o tratamen-to educacional assim que recebe o diag-nóstico. Atualmente, o Centro Conviver

atende 118 casos de autismo com dife-rentes faixas etárias e graus de comprome-timento. Para tornar o tratamento efetivo, o sistema educacio-nal de ensino foi to-talmente abandona-do e substituído pelo método TEACCH (Tratamento e Edu-cação para Crianças Autistas e com Dis-túrbios Correlatos da Comunicação). O método TEACCH foi con-struído para atender as necessidades das pessoas com autis-mo. Nos anos 60, no Departamento de Psiquiatria da Fac-uldade de Medicina da Carolina do Norte (EUA), uma pesquisa criteriosa verificou o desenvolvimento de autistas em diferentes espaços. Nesse estu-do, os cientistas veri-ficaram que existe no perfil comportamen-tal e cognitivo do

autista uma série de alterações que torna-vam o sistema tradi-cional de educação ineficaz. Uma das prin-cipais descobertas foi a de que o au-tista aprende mais vendo do que ouvin-do. Com o resultado da pesquisa, crio-se o método de ensi-no TEACCH, onde prevalecem informa-ções visuais: o canal de entrada para as pessoas com autismo. Dicas e pistas visuais facilitam o processo de aprendizado. As imagens dizem como as crianças devem agir de uma forma independente. Dessa forma, é inserida a informação verbal depois do domínio visual, ao contrário dos sistemas tradi-cionais. A rotina é outro aspecto im-portante para o pro-cesso educacional.

Os autistas gostam de rotinas previ-síveis, sem situações inesperadas ou novi-dades que possam sair do controle. Por isso, é necessário ter uma rotina de apre-ndizado detalhada. “Os alunos chegam à escola e já sabem o que vai acontecer até o momento de irem embora. Isso é muito importante para o autismo: diminui a ansiedade, eles ficam mais abertos para receber estímulos diferentes”, explica Luciene. Os tempos livres, tradicionais recreios, são evitados por causa da dificul-dade que o autista tem em esperar e organizar o tempo. As atividades mais abertas devem ser estruturadas, tendo começo, meio e fim. “De uma ma-neira geral, o mé-todo atende todos

os níveis de autismo nos mais diferentes graus de comprome-timento. Se a criança vai pra escola, é ne-cessário adaptar o conteúdo ao grau de compreensão dela. Dessa forma, o edu-cador pode trabalhar com o perfil de cada criança”, considera Luciene sobre o mé-todo TEACCH.

Da escola para casa

Nesse pro-cesso de estímulos visuais, o papel da família é muito im-portante. Para Luc-iene, os pais devem trabalhar como co-terapeutas, dando continuidade na vida cotidiana o trabalho terapêutico realizada na escola. “Temos como método de trabalho prepará-los para a sociedade, para a vida lá fora, in-dependente do meio que essa pessoa vive.

A família tem que es-tar em sintonia total com o terapeuta”, ex-plica Luciene.

Professores prepara-dos

O autismo é um transtorno com muitas alterações comportamentais, o que dificulta a bus-ca por educadores especializados. “Se você levar pelo mé-todo tradicional ou pela compreensão tradicional, tentando interpretar da sua maneira o que está acontecendo, as coi-sas tendem a com-plicar. É necessário ter a noção de que cada alteração com-portamental tem um significado. Dessa forma, você consegue trabalhar com mais efetividade”, con-sidera Luciene.

Sistema educacional diferenciado ajuda no desenvolvimento de pessoas com autismoO autismo é um distúrbio que atinge milhares de brasileiros, porém são poucas as instituições que oferecem um tratamento educacional diferenciado. Estímulos visuais são mais efetivos do que os estímulos verbaisLarissa Mayra de Lima

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A importância da leitura no desenvolvimento infantil

“É sempre um e n t u s i a s m o muito grande quando vai al-gum contador de histórias ao infantário” g a r a n t e - n o s Carla Azevedo, funcionária da Biblioteca UFP e mentora da Hora do Con-to, uma inicia-tiva que surgiu como natural c o n s e q u ê n c i a “da criação de uma Biblioteca Infantil”, um c o m p r o m i s s o da Biblioteca em “ter uma presença ativa no desenvolvi-mento das cri-anças”, explica-nos.O contato com o livro e com a leitura é funda-mental, desde a primeira in-fância, não só para apresentar as crianças aos e n c a n t a m e n -tos das letras, mas também para alargar as suas perceções e impressões do Mundo. Na U n i v e r s i d a d e Fernando Pes-soa, a ‘Hora do Conto’ incenti-va a essa prox-imidade que tem como prin-cipal objetivo, “ d e s e n v o l v e r uma capacid-ade criativa e muito crítica” face à realidade que os rodeia, explica Carla Azevedo, men-tora da inicia-tiva. Na reali-dade, tanto os clássicos da lit-

Marta Pereira

eratura infantil, quanto os liv-ros meramente i lustrados, pro-porcionam o d e s e n v o l v i m -ento do imag-inário das cri-anças, bem como o aspeto cognitivo, de-s e n v o l v e n d o sua aprendiza-gem em diver-sas áreas da vida.Esta é uma ini-ciativa que ten-ta criar uma ligação entre as crianças e os livros, isto porque “os liv-ros têm uma ação educativa na moral que se apresenta. As histórias que levamos até às nossas crianças não são histórias d e s c onte x tu a l -izadas”, garan-te-nos Carla Azevedo, con-firmando, ai-nda, o cuidado na mensagem de cada história contada: “há sempre uma p r e o c u p a ç ã o em querer levar uma lição, mes-mo que ainda sejam pequenos para aprender a sua totalidade”, explica.Ana Cristi-na Gonçalves, educadora do Espaço Pes-soainhas, o infantário da U n i v e r s i d a d e Fernando Pes-soa, confere-nos, também, a importância da leitura des-de a mais tenra

idade: “com a leitura, as cri-anças acabam por falar mais c o r r e t a m e n t e , d e s e nvolve n d o mais facilmente a dicção”. Mas os benefí-cios não aca-bam por aqui:

“pelas imagens, eles vão desco-brindo o mun-do que os ro-deia. Começam a descodificar tudo o que está à volta deles”, confirma a edu-cadora.

É neste contato com a realidade através da leitu-ra que o mundo alarga horizon-tes transfor-mando-se o

livro infantil na ferramenta que esclarece e integra temas mais sensíveis e de dif íci l com-preensão por parte dos mais novos como, por exemplo,

o bullying, os maus tratos, o divórcio, a sex-ualidade, entre outros.

Por seu lado, Ana Costa, docente da UFP e es-pecialista em

Psicologia Edu-cacional, Mo-tivacional e Aprendizagem, refere que, ai-nda assim, há riscos pois, es-tes assuntos, devem ser trat-ados “de forma

muito adequada à idade da cri-ança e com uma linguagem que seja acessível.” Acima de tudo, “não explicar muito mais do que a criança vai perguntan-do e do que ela

tem perceção para entender”, é a chave para esta questão, de acordo com esta docente da UFP.

Projeto Além MarW

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5Colunistas

Falo de teatro

Performance Art

Larissa Mayra

Performance: uma pa-lavra que está em alta nos últimos meses. O caso que levantou o assunto foi um vídeo viral do documentário “Marina Abramovic: The Artist Is Present”, em que a artista se en-contra com um amor antigo. A apresenta-ção de Miley Cyrus no Video Music Awards 2013 (VMA) também fez a palavra retornar e foram várias as ma-térias e comentários sobre a “performance” dela. Porém, o que difere os dois exemplos? Para isso, vamos falar sobre a performance como arte. Ao ouvir esse termo, intuitivamente me veem a mente algo inovador, quase de outro mundo. Porém,

essa sensação de atual-idade não condiz com os dados históricos ligados à performance.No final século XIX, na Europa, um movi-mento cultural reto-mou as questões da corporeidade. Essa tendência se estabel-eceu e se expandiu durante o século XX. Com essa pesquisa, o corpo humano assume o centro das atenções, transformando-se em obra de arte. No mes-mo período, repre-sentantes de diferentes artes iniciam um re-estudo dos objetivos da arte. A união dess-es caminhos resultou nos trabalhos ligados à Body-Art, aos Hap-penings e também à performance. Nas fases ini-

ciais dos estudos per-formáticos, o artista se dedicou à investi-gação do corpo, tendo como foco o processo de trabalho, realizado através de improvisa-ções, movimento do corpo. Com isso, mé-todos de investigação do corpo integram-se à criação artística. O surgimen-to das performances é considerado uma reação contrária ao mundo desenvolvido predominantemente pela palavra escrita. Somente a partir de 1990 a palavra é no-vamente integrada às performances. Para Erika FischerLich-te, pensadora alemã, esse novo tipo de arte representou “uma in-versão das posições

dentro da hierarquia: do mito para o ritual, do texto literário para a apresentação teatral”. Com essas mu-danças, o público é re-tirado da sua posição de espectador e tor-nar-se parte da obra. Nesse ponto, podemos ver a diferença da per-formance de Marina Abramovic, em que cada pessoa tem a pos-sibilidade de sentir a sensação de um olhar para a performance de Miley Cyrus, em que o discurso já foi defini-do e o público só tem o direito de ver. Outra característica da performance art é a utilização de espaço e disposições cênicas não usuais, revelando uma nova perspectiva estética. Isso se torna

bastante significativo quando você está an-dando na rua e percebe algo diferente. O cére-bro quase trava, pois o olhar não está acos-tumado com aquela imagem ou corpo “es-tranho”.Compreender uma performance é algo quase impossível. Isso acontece porque esse tipo de arte se preo-cupa com o vivenciar, participar, constru-ir conjuntamente o evento. A arte pode se unir à vida das pessoas e cada experiência se torna algo único. # Dica: Na Bienal de Curitiba, que teve inicio no dia 31 de agosto e vai até 1º de dezembro, diversas performances estão programadas. Se você

nunca participou de uma performance, essa pode ser a sua chance! Acesse a pro-gramação aqui (http://www.bienaldecuritiba.com.br/programacao).

Não assistiu o vídeo da Marina Abramovic? Clique aqui.(https://www.youtube.com/watch?v=_CMo-HGondU8)Não assistiu a apresen-tação da Miley Cyrus no VMA? Clique aqui.(http://www.mtv.com/videos/misc/942064/we-cant-stop-blurred-lines-give-it-2-u-med-ley.jhtml)

Referência da referência

Une saison en enfer

João Dusi

Seja “Uma Tempo-rada no Inferno”, pela tradução de Paulo Hecker Filho, ou “Uma Estadia no Inferno”, pela aclamada tradução de Ivo Barroso, Arthur Rimbaud se eleva em qualquer aspecto. Optei por Une saison en enfer, o original, talvez para soar mais sofisticado. Deu certo?Nem adianta eu tentar enganar a ti, leitor, mui-to menos a mim mes-mo: serei absolutamente secundário nesse artigo. Veja, não há como se de-stacar quando o tópico é Rimbaud, que com seus 12 anos de idade enviou poemas em latim para a primeira comunhão do Príncipe Imperial. Jean-Nicolas-Ar thur Rimbaud é seu nome completo. Nasceu em Charleville, França, em 1854. Se com 12 tinha a atenção do Príncipe,

com 13 anos já tivera po-emas publicados em lat-im e francês. Seu ímpeto e genialidade foram tão marcantes que o sufo-caram: renegou os ver-sos – quiçá a si mesmo – com apenas 21 anos, após concluir os poemas que compõem a obra nomeada Iluminações. Pode-se dizer que seu rompimento com a poé-tica não foi das mais sutis. Foi ríspido. Reza a

lenda que numa reunião de intelectuais da época, o poeta maldito subiu e mijou sobre a mesa, na frente de todos, prague-jando contra os intelec-tualóides daquela ge-ração. Estava feito. É muito arriscado dizer que foi uma despedida em grande estilo? De qualquer modo, digamos que não existe somente ódio na vida desse infante promis-

sor. Paul Verlaine era um poeta renomado da época e tivera acesso ao conteúdo produzido pelo jovem promissor. Não hesitou em acolhê-lo junto aos grandes. Verlaine fora seu confi-dente e amante por tem-po considerável, tendo abandonado a casa que habitava com a esposa, filho e com os sogros para se render à lascívia do gênio púbere. Mas como se tudo aconte-cesse com uma rapidez incrível para Rimbaud, como se sua medida de tempo não fosse a mes-ma de um mero mortal, tão cedo resolveu romp-er com Verlaine, em Bruxelas. Furioso, Paul disparou dois tiros con-tra seu agora inimigo. Um deles esfolou o pul-so esquerdo do alvejado. Foi julgado e condenado a dois anos de prisão. Rimbaud estava livre

em todos os sentidos, e aproveitou seu momen-to de rompimento para relatar sua temporada no inferno. Para fechar com chave de ouro: reza a lenda que tempos de-pois eles voltaram a se encontrar, no que Ar-thur arrebentou sem piedade seu antigo par-ceiro, deixando-o esten-dido no chão gelado. Sem culpa, abandonou seu passado e seguiu er-rante. O barco bêbado. Candidata-se a servir o exército Holandês, per-egrina pela Alemanha, Suíça, Itália, Bélgica. Rompe com a Europa e vai de corpo e alma à África, estabelecendo-se na Etiópia. Trabalha com peles e cafés e trafi-cando armas. Sua busca, agora, era pelo ouro. A poética não mais o in-teressava e o contato que mantinha com a Europa era por meio de

cartas enviadas à mãe. Em uma delas, inus-itadamente diz que os habitantes da abissínia soam mais confiáveis e civilizados que os euro-peus, e sugere que já não consegue se enxergar como um francês. Infe-lizmente, porém, seria logo obrigado a retornar para a terra que parecia querer tanto amar que repugnava. Voltou ao seu país de origem devido a um car-cinoma (tumor malig-no) no joelho. Ficou sob os cuidados de sua irmã, Isabelle, e precisou ter a perna amputada. Não obteve sucesso na re-cuperação. Tornou-se, enfim, o inválido que sempre pareceu ser já em vida. Deixou-nos em novembro de 1891, aos 37 anos de idade, em Marselha.

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NOTÍCIANTIGAMadre Tereza de Calcutá foi uma religiosa de etnia albanesa, nascida no Im-pério Otomano, e naturalizada indiana. Foi be-atificada pela Igreja Católica em 2003, com a ocorrência de um milagre que teria cura-do uma indiana

que sofria de um tumor no estô-mago. Em 1979 ganhou o Prê-mio Nobel da Paz além de ter sido responsáv-el pela fundação da congregação “Missionárias da Caridade”. Morreu em 1997 aos 87 anos, de ataque cardíaco.

O que fazer em Curitiba?

Exposição “Consiente do Inconsciente” no MA-SAC

De 8 de agosto a 3 de novembro, no Masac – Museu de Arte Sacra da Arquidiocese de Curitiba (Largo da Ordem - Setor Histórico), tem a exposição São Fran-cisco de Assis – O Homem Atemporal, com escul-turas da artista plástica Nilva Rossi.

Museu de Arte Contemporânea

Até dia 23 de setembro no Museu de Arte Contem-porânea (Rua Desembargador Westphalen, 16) ficam as exposições “Cor, Cordis”, com obras do acervo do Museu de Arte Contemporânea do Paraná; e ax-posição “Lugar inComum”, das artistas Erica Kamin-ishi, Julia Ishida e Sandra Hiromoto. Informações: (41) 3323-5328 e 3323-5337.

Teatro Novelas Curitibanas

De 23 de agosto a 29 de setembro, no Teatro Nove-las Curitibanas (Rua Carlos Cavalcanti,1222 – São Francisco), tem apresentação do Espetáculo teatral Cronópios da Cosmopista – Um antimusical psico-délico, do Coletivo Portátil do Theatro de Alumínio. Informações: (41) 3222-0355.