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[email protected] @jornallona Ano XIII - Edição especial Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo Curitiba, quarta-feira, 22 de agosto de 2012 O único jornal-laboratório DIÁRIO do Brasil lona.redeteia.com Pág. 2 Exposição de fotos sobre Nelson e Dalton PALESTRAS Pág. 3 Mesa debate lei de acesso à informação BIOGRAFIA Pág. 4 Autor de Anjo Pornográfico conversa com alunos Autor de Anjo Pornográfico conta histórias de Nelson Rodrigues na Semana de Comunicação FOTOGRAFIA Danilo Georgete

LONA ESPECIAL SEMANA DA COMUNICAÇÂO 22.08.12

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JORNAL-LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO

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Curitiba, quarta-feira, 22 de agosto de 2012

[email protected] @jornallona

Ano XIII - Edição especialJornal-Laboratório do Curso de

Jornalismo da Universidade PositivoCuritiba, quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O único jornal-laboratório

DIÁRIOdo Brasil

lona.redeteia.com

Pág. 2

Exposição de fotos sobre

Nelson e Dalton

PALESTRASPág. 3

Mesa debate lei de acesso à

informação

BIOGRAFIAPág. 4

Autor de Anjo Pornográfico

conversa com alunos

Autor de Anjo Pornográfico conta histórias de NelsonRodrigues na Semana de Comunicação

FOTOGRAFIA

Danilo Georgete

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Curitiba, quarta-feira, 22 de agosto de 20122

ExpedienteReitor: José Pio Martins | Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração: Arno Gnoatto | Pró-Reitora Acadêmica: Marcia Sebastiani | Coordenadora do Cur-so de Jornalismo: Maria Zaclis Veiga Ferreira | Professores-orientadores: Emerson Castro e Marcelo Lima | Editores-chefes: Gustavo Panacioni, Vitória Peluso, Renata Silva Pinto| Editorial: Redação Lona.

O LONA é o jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo. Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 - Conectora 5. Campo Com-prido. Curitiba - PR. CEP: 81280-30 - Fone: (41) 3317-3044.

Anjo e Vampiro juntos em exposição fotográfica

Fotografia

Visão de fotógrafos sobre obras de Nelson Rodrigues e Dalton Trevisan é exibida durante a Semana de Comunicação

Enquanto a Semana de Comunicação acontece, os parti-cipantes podem conferir no cor-redor do Bloco Azul a exposição O Anjo e o Vampiro na Visão dos Ladrões de Almas, organi-zada pelo fotógrafo Fábio Muniz especialmente para a Semana. Onze fotógrafos contribuíram com a visão sobre as obras de Nelson Rodrigues e Dalton Tre-visan. A intenção de Muniz foi convidar fotógrafos de fora da Universidade para buscar visões diferentes sobre as característi-cas dos dois autores. “Existem muitas peculiaridades entre Nel-son e Dalton. O que o ser huma-no pensa, o que se passa pelas nossas cabeças”, afirma o orga-nizador. O título da exposição ga-nha destaque por Muniz. “Existe a questão pictórica da fotografia de que o fotógrafo rouba a alma das pessoas, por isso adotamos o termo ‘Ladrões de Almas’ se-guindo a mesma linha de ‘Anjo Pornográfico’ e ‘O Vampiro de Curitiba’”, explica o fotógrafo. A partir de hoje a ex-posição passa a ser no térreo do Bloco Vermelho onde fica por uma semana.

Gustavo Panacioni

Anuschka Lemos

Zaclis Veiga

Fábio Muniz

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Curitiba, quarta-feira, 22 de agosto de 2012 3

Lei de acesso à informação no exercício do jornalismoEspecialistas nas áreas de comunicação social e direito administrativo debateram a questão da transparência e seu reflexo no trabalho jornalístico

Vitória Peluso

Palestras

Apresentar novas perspec-tivas para a apuração jornalís-tica por meio da Lei de acesso à informação foi o assunto dis-cutido por especialistas da área do direito e jornalismo e o tema das palestras para os alunos de jornalismo no segundo dia da Semana de Comunicação. O ad-vogado e especialista em direi-to administrativo Tarso Cabral Violon explicou quais os obje-tivos e como funciona a lei de acesso. Os jornalistas Marcelo Soares e João Augusto Moliani falaram sobre as dificuldades enfrentadas pelo jornalismo, as vantagens e falhas na aplicação da lei.

A lei de acesso à informa-ção entrou em vigor em maio de 2012, porém, segundo o advoga-do ela já tinha sido aprovada em abril de 2011. De acordo com Violin, a lei deve ser aplicada em todos os poderes, o Legisla-tivo, o Judiciário e o Executivo, além das entidades do terceiro setor, como por exemplo, as or-ganizações não governamentais (ONGs) que recebam alguma ajuda financeira de órgãos pú-blicos. Para isso, acabe ao Mi-nistério Público fiscalizar o uso desse dinheiro. “Instituições que sobrevivem cem por cento com dinheiro público deve ser cem por cento transparentes”, afirma.

De acordo com o advogado, as concessionárias de serviço público que também recebem

verba do governo ainda não es-tão previstas na lei. Violin expli-ca que essas concessionárias são empresas privadas que prestam algum tipo de serviço como as de transporte coletivo. “No meu entendimento elas deveriam ser incluídas na lei de acesso à in-formação”, defende. Segundo ele, o sigilo deves ser respeitado apenas quando for necessário para segurança. “Publicidade é regra, sigilo é exceção”, diz as diretrizes da lei.

O advogado conta que a tec-nologia da informação serve e deve ser usada para facilitar o pedido de dados e informações, entretanto, não são todos os ór-gãos que estão disponibilizando essas informações para a popu-lação e, principalmente, para os jornalistas e advogados. “Há uma dificuldade dos servidores públicos de intenderem a neces-sidade da transparência”, alega. Ele contatou isso após ter feito a experiência de solicitar infor-mações para algumas institui-ções públicas.

Em seu teste, Violin desco-briu que algumas instituições paranaenses não estão cumprin-do as determinações da lei. De acordo com ele, o Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) não divulga de forma individualiza-da os salários de seus servido-res. Em Curitiba, Violin conta que ainda não há decreto, pois a câmara não aprovou a lei. Para o advogado, esse cenário deve mudar quando a popula-ção exercer a chamada demo-cracia participativa e acredita que os jornalistas tem um papel essencial para a realização des-

sa conquista. “Vocês que estão fazendo curso de comunicação social não podem se acomodar”, finaliza.

Jornalismo Investigativo

“Entreviste números como se fosse gente”, defende o repórter da Folha de São Paulo Marcelo Soares que participou da pales-tra via vídeo conferência. O jor-nalista conta que o seu modo de pensar e fazer jornalismo mu-dou depois que ele começou a fazer reportagens questionando as fontes com base nas infor-mações que elas mesmas detêm. “É preciso fazer perguntas para os dados, apurar e editar assim como é feito em uma entrevis-

ta com um especialista”, conta. Soares afirma que isso deve ser feito de modo a apresentar a informação do melhor jeito ao leitor.

Segundo ele, o interesse do leitor é saber como aquela in-formação afeta a sua vida, po-rém os veículos tradicionais de comunicação não possibilitam que isso seja feito por comple-to devido à falta de espaço no jornal impresso e do tempo na televisão e no rádio. “Isso pa-rece exótico para fazer com o gravador, mas na internet não”, alega. O jornalista João Augus-to Moliani defende que a infor-mação é um direito que deve ser buscado. “O Derosso caiu não porque a câmara não infor-

mava, mas porque não havia interesse no assunto”, exempli-fica.

Para Moliani, não basta um jornalista ter dados para escre-ver uma matéria ele precisa saber o que fazer com eles. O publicitário e estudante de jor-nalismo Gustavo Palacioni fala sobre um projeto que busca in-vestigar a exploração sexual no Paraná.

De acordo com ele, o traba-lho de investigação está sendo feito por meio de um mapea-mento e hotéis para descobrir se esses aceitam hospedar me-nores de idade. “Infelizmente, dos 40 hotéis visitas apenas quatro não aceitaram a hospe-dagem de menor”, relata.

Palestra lei de acesso à informação: novas perspectivas para a apuração jornalítica

Lucas Guimarães

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Curitiba, quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Ruy Castro conta curiosidades sobreNelson RodriguesAutor de biografia de Nelson Rodrigues contou um pouco sobre a vida do escritor e explicou o processo de produção da pesquisa

Biografia

Jéssica Carvalho

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Para seu biógrafo, Nelson Rodrigues foi, antes de tudo, comunicador. Sus-tentando as faces de um sujei-to que mergulhava fundo no jornalismo e por vezes se via meio publicitário, ao contrá-rio do que dizem as descrições mais objetivas sobre sua vida, Ruy Castro construiu um dis-curso na noite de segunda-fei-ra, durante a palestra magna que ministrou para a abertura da II Semana de Comunicação da Universidade Positivo que homenageia Nelson Rodri-gues. Para contar essa his-tória, falou sobre a paixão de Nelson pela redação, lugar do qual não abria mão. Era nesse cenário que o escritor redi-gia suas crônicas em espaço mínimo, com apenas dois de-dos, na maquina de escrever. “E quem lê nem imagina que foi feito no meio do caos, no calor do momento, porque era perfeito”, afirma Ruy, reite-rando em seguida que, quando chegou ao auge, Nelson já não precisava mais ir ao jornal. Bastava que enviasse os tex-tos de casa, sem maiores incô-modos, como faziam os mais respeitados. Mesmo assim, optava pela redação e “só dei-xou de frequenta-la por casos de doença e em seus últimos 20 ou 30 dias de vida”. Sua ligação com esse

espaço ainda ia além. Em sua juventude, lá por dezembro de 1929, foi no jornal de sua família, o “Crítica”, que pre-senciou a morte de seu irmão em um assassinato gratuito, sem raiva, recebendo a bala que era destinada ao pai. De acordo com Ruy, esse fato o inconformou, mudou sua vida e formou o Nelson escritor. Outra de suas maiores tragédias aconteceu no ano seguinte, no mesmo local, durante o governo de Getúlio Vergas. Na época mandaram fechar o “Crítica”, que foi queimado junto com as econo-mias da família. Assim pode-se dizer também que os Ro-drigues conheceram a fome, ao contrário do que afirmam aqueles que criticam a frase “a liberdade é mais importan-te que o pão”, argumentando que o escritor não tinha pro-priedade para falar sobre a pobreza. Ruy diz que encon-tra muitas pessoas com esse discurso hoje em dia, sobretu-do na internet, e as classifica como “covardes anônimas”. Algumas de suas me-lhores peças também foram ambientadas em redações, com jornalistas sempre como personagens ativos. Isso aconteceu em “O Beijo no Asfalto”, peça em que se dis-cute a ética da figura do jor-nalista através da história de uma noticia que foi distorcida pela mídia e reproduzida pe-los leitores, que já não aceita-vam mais a história verídica. Talvez daí tenha vindo outra de suas frases mais famosas,

“toda unanimidade é burra”, afinal, como comprovam os personagens da peça, “quan-do você pensa com a humani-dade, não precisa pensar, ela pensa por você”, afirma Ruy. Suas crônicas também eram coloridas por sua rotina, muitas vezes até em forma de provocação, como fez ao cha-mar as moças com as quais trabalhava de “estagiárias de calcanhar sujo”, “até que por castigo se casou com uma delas”, conforme conta Ruy, esbanjando sua ironia caracte-rística.Já o Nelson publicitário é aquele que, como Ruy Castro diz acreditar, escrevia críticas (boas e ruins) anônimas sobre

sua própria obra. Falando mal do que fazia, de seu jeito ir-reverente, ele conquistava a atenção da mídia e do público.

O Ruy biógrafo

Em entrevista coletiva antes da palestra, Ruy Castro falou sobre o processo de produção de suas biografias. Disse que leva cerca de quatro meses para escrever um livro do por-te de “O Anjo Pornográfico”, biografia de Nelson Rodri-gues, mas costuma entrevistar muita gente antes disso, guar-dando sempre as entrevistas “no papel, no hd e principal-mente na cabeça”. Também afirmou ape-

nas escrever na ordem cro-nológica porque o leitor não é obrigado a ter conhecimen-to da história como ele tem. “Essa história de ficar mistu-rando cronologia é coisa de quem não sabe escrever”, pro-vocou. Outra coisa que refor-çou levar em consideração é a relação que estabelece com o seu personagem. Para ele, “o biógrafo é um doente, um ob-sessivo, precisa ter um envol-vimento muito grande com a história”. E é por isso que diz não estar disposto a escrever uma nova biografia tão cedo. Não pensou em ninguém com quem queira “ficar casado pe-los próximos cinco anos”.

Danilo Georgete