58
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA CURSO DE PEDAGOGIA IVANILTON BRITO SANTOS EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: A questão do financiamento no município de Barra do Choça Vitória da Conquista 2008

EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA

CURSO DE PEDAGOGIA

IVANILTON BRITO SANTOS

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS:

A questão do financiamento no município de Barra do Choça

Vitória da Conquista

2008

Page 2: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

IVANILTON BRITO SANTOS

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS:

A questão do financiamento no município de Barra do Choça

Vitória da Conquista

2008

Trabalho monográfico apresentado à

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

para a conclusão do Curso de Pedagogia.

Área temática: Estado, Sociedade e

Educação.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Leila Pio Mororó

Page 3: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

Algum lugar além do arco-íris

Caminho acima

Tem uma terra, que eu ouvi uma voz

Numa canção de ninar

Algum lugar além do arco-íris

O céu é azul

E o sonhos que você se atreve a sonhar

Se tornaram realidade

Um dia eu pedi a uma estrela

Eu caminhei por onde as nuvens são distantes atrás de mim...

Onde problemas tem gosto de bala de limão

Acima das chaminés

É onde você irá me encontrar

Algum lugar além do arco-íris

Pássaros azuis voam

Pássaros voam além do arco-íris

Por que eu não posso?

Se todos aqueles pequenos pássaros azuis voam

Além do arco-íris

Por que eu não posso?

Composição: Indisponível

Música: Over The Rainbow

Page 4: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

Agradecimentos

Tantos a agradecer. Quatro anos podem até aparecer pouco tempo, mas na verdade é

uma quantidade enorme de vida que dividi nesse Curso de Pedagogia, ficando impossível não

lembrar de tantas pessoas que desfrutaram comigo desta experiência.

Aos professores que contribuiram grandemente para a construção do nosso

conhecimento acadêmico, lapidando dia após dia o nosso saber durante toda a jornada.

Aos meus colegas e amigos, que nos momentos mais difíceis me abriram caminhos,

sempre encentivando para que este momento se concretizasse. Especialmente à colega e

amiga Kátia Brito, um exemplo de mulher, uma eterna lutadora...

Aos meus familiares que direta ou indiretamente me ajudaram em todos os momentos

da minha vida acadêmica.

O apoio total e irrestrito da minha mãe Ozania Trindade, que sempre será referência na

minha vida. Aos meus irmãos Cláudio, Saturnino, Flávia, Luisa e Patrícia.

Um agradecimento especial ao meu querido filho Arthur Lohan, que pelo simples fato

de existir, colocou mais alegria e amor na minha existência.

Por fim gostaria de agradecer a algumas pessoas que estiveram perto, não somente

durante o curso de Pedagogia, mas que estão e estarão sempre perto da vida.

Tantos nomes me vêm a cabeça, quantas coisas poderiam aqui ser lembradas. Não é

preciso. Estas pessoas citadas ou não estarão sempre em mim. Deixaram na minha vida

emoções e sensações que não poderiam ser descritas e tampouco esquecidas.

Page 5: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

RESUMO

A importância da educação de jovens e adultos dentro das políticas educacionais vem

adquirindo cada vez mais legitimidade, apesar da história marcada pela segregação na qual a

modalidade estava condenada na conjuntura educacional brasileira. Pode-se ressaltar os

inúmeros estudos e pesquisas na área e, inegavelmente, o repaldo legal. Assim, o caráter de

atendimento vem sendo amplamente discutido, assim como os aspectos pedagógicos. O

financiamento da educação de jovens e adultos, apesar de timidamente, também vem sendo

foco de estudo e discussão.

Nesse sentido, este trabalho monográfico tem como tema central as políticas de

financiamento da educação de jovens e adultos desenvolvida pelos entes federados e

aplicados no município de Barra do Choça.

A pesquisa pretendeu entender os repasses financeiros aplicados na EJA nos últimos

anos no Brasil e em Barra do Choça, bem como esclarecer quais as mudanças ocorridas no

sistema de financiamento da modalidade após o cômputo de seus cálculos no Fundeb.

Essa investigação levou em conta as mudanças na legislação brasileira, especialmente

a nova configuração das relações entre os entes federados frente ao financiamento da

educação.

As análises desenvolvidas no município de Barra do Choça demonstraram que, nos

últimos anos, o volume de recursos destinados a EJA tem crescido significativamente. O

montante de recursos é apenas um elemento dentro do financiamento da EJA, já que outros

aspectos são fundamentais para a efetivação de uma política educacional sólida e coerente.

Dentro desta conjuntura contábil a educação de jovens e adultos vêm ganhando espaço dentro

das políticas de financiamento.

Page 6: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

ABSTRACT

The importance of education for young and adults in educational policy is increasingly

gaining legitimacy, despite the history marked by the manner in which segregation was

convicted in the Brazilian educational juncture. You can highlight the many studies and

researches in the area and, undeniably, the repaldo legal. Thus, the character of care is being

widely discussed, as well as the educational aspects. Funding for education of youths and

adults, though timidly, also has been focus of study and discussion.

In that sense, this work has monographic policies as a central theme of financing the

education of young and adults conducted by federal entities and implemented in the

municipality of Barra do Choça.

The survey sought to understand the financial repasses applied in the EJA in recent

years in Brazil and in Barra do Choça and clarify the changes in the system's financing

arrangement after the statement of its calculations in Fundeb.

The investigation took into account changes in Brazilian law, especially the new

configuration of relations between the entities front of the federal funding of education.

The analyses carried out in the city of Barra do Choça demonstrated that in recent

years, the volume of resources to EJA has grown significantly. The amount of resources is

only one element in the financing of the EJA, since other aspects are essential for effecting a

strong and coherent educational policy. Within this juncture accounting for the education of

young and adults are gaining space within the policies of funding.

Page 7: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO __________________________________________________________ 01

CAPÍTULO 1: História do Financiamento da Educação de Jovens e Adultos________ 05

CAPÍTULO 2: A proposta de um novo Fundo (Fundo de manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica) _______________________________________ 19

Distribuição dos recursos do FUNDEB________________________________________ 22

Acompanhamento e controle social do Fundeb__________________________________ 25

CAPÍTULO 3: Alguns marcos contextuais, teóricos e legais______________________ 27

A Política Educacional e a Educação de Jovens e Adultos________________________ 28

Breve compreensão: A Educação de Jovens e Adultos e o município de Barra do Choça___________________________________________________________________ 30

Contando um pouco sobre Barra do Choça ____________________________________30

Fundeb e a Educação de Jovens e Adultos _____________________________________32

Financiamento da EJA no município de Barra do Choça_________________________33

Brasil Alfabetizado __________________________________________________ 34

Financiamento do Programa de Educação de Jovens e Adultos (PEJA)_________36

Repasses do Fundeb para o Município de Barra do Choça___________________ 41

CONSIDERAÇÕES FINAIS _______________________________________________ 45

BIBLIOGRAFIA _________________________________________________________ 48

Page 8: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

LISTA DE SIGLAS

ABC - Cruzada de Ação Básica Cristã

CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

CNTE - Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação

CPCs - Centro de Cultura Popular

CRUB - Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras

EC - Emenda Constitucional

EJA – Educação de Jovens e Adultos

FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

FPE - Fundo de Participação dos Estados

FPM - Fundo de Participação dos Municípios

FUNDEB – Fundo de manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação

FUNDEF - Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério

ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços

ICMS - Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transportes Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação

INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

INEP - Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos

IPIexp – Imposto sobre exportação

IPVA - Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores

IPVA Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores

ITCMD - Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação

ITR - Imposto Sobre a Propriedade Territorial Rural

LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

LRF - Lei de Responsabilidade Fiscal

Page 9: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

MEB – Movimento de Educação de Base

MEC - Ministério da Educação

MOBRAL - Movimento Brasileiro de Alfabetização

MP - Medida Provisória

MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

PAS – Programa Alfabetização Solidária

PEJA - Programa de Educação de Jovens e Adultos

PENAC - Programa Nacional de Alfabetização e Cidadania

PNE - Plano Nacional de Educação

PRONERA - Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária

TCU - Tribunal de Contas da União

Todos Pela Educação – TOPA

UNE - União Nacional dos Estudantes

UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organisation (Organização das Nações Unidas para a Educação)

Page 10: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

INTRODUÇÃO

Decidi iniciar a monografia expondo a justificativa do estudo e a escolha dos

caminhos metodológicos para realizá-lo, pois entendo que ambos se fundem e se confundem

durante o estudo, a pesquisa e a escrita propriamente dita deste trabalho. Para tanto, preciso

falar um pouco de algumas e de alguns dos meus porquês.

Desde a primeira experiência na educação, ainda como aluno do magistério, no

Programa Alfabetização Solidária surgiram às primeiras inquietações e afinidades pela

educação de jovens e adultos.

Durante o Curso de Pedagogia pude levantar algumas questões com maior propriedade

teórica. Conseqüentemente, escolhi a modalidade de Educação de Jovens e Adultos como

objeto de estudo, mas que enfoque daria ao tema? Inicialmente o interesse de estudo seria a

evasão na Educação de Jovens e Adultos, mas ao analisar a literatura existente observamos

que os estudos presentes na mesma já contemplavam com propriedade a problemática, bem

como as excitações trazidas pelo tema.

Sendo assim, o Curso de Pedagogia representava mais um momento possível de

desenvolver um estudo mais profundo e especializado sobre um aspecto específico em meio a

tantas outras discussões que viriam a se tornar o cerne de meus objetivos: financiamento da

educação de jovens e adultos. Com a discussão do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento

da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – Fundeb surgiu à

inquietação em relação ao financiamento da EJA, já que a partir de então parte das matrículas

da modalidade seriam computadas no novo Fundo sob a medida provisória n.º 339/2006 para

2007. Assim, o interesse sobre o financiamento da educação de jovens e adultos conciliou

com o momento importante e decisivo para as políticas públicas para educação de jovens e

adultos no Brasil. Outro diferencial da temática diz respeito ao seu caráter inovador e

expressivo para a literatura nacional, já que existem poucos estudos do Fundeb com foco de

discussão o financiamento da EJA. Lembrando que o próprio tema em si pouco fora estudado

e pesquisado no Brasil, havendo ainda muitas lacunas sobre o tema.

As diversas denúncias de que a educação de jovens e adultos se configurava como

uma modalidade de ensino em que as demandas eram sempre relegadas a outro nível de

intenções que não se constituíam como iniciativas determinadas a mudar a realidade, mas sim

Page 11: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

como forte caráter emergencial e de cunho muitas vezes, ainda, assistencialista, também

contribuíram para as escolhas e decisões que foram tomadas nesse estudo.

A escolha do tema dessa investigação se deve muito às leituras e estudos promovidos

no Curso de Pedagogia, que deixaram em mim um agradável sentimento de provocação.

Provocação de estudar e compreender as formas de organização da educação de jovens e

adultos, levando em consideração a Constituição Federal de 1988, a Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Nacional de 1996, a Emenda Constitucional nº 14, de 1996, entre outras.

A legislação apontada acima, ao definir as áreas de atuação prioritárias dos entes

federados, ao distribuir competências, permitiu a criação do Fundo de Manutenção e

Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização dos Profissionais da Educação

(FUNDEF), mas que culminou com o veto presidencial que excluiu do cômputo do Fundef as

matrículas da educação de jovens e adultos contrariando, assim, a vontade da maioria dos

atores políticos do sistema educativo nacional.

Com a substituição do antigo fundo pelo Fundeb, criou-se uma nova discussão acerca

do financiamento da educação no Brasil. Durante a própria tramitação do projeto nas casas

legislativas, o Fundeb resgatou o entusiasmo dos educadores diante a proposta de adesão das

modalidades, antes segregadas pelo Fundef, aos cálculos no novo fundo.

Neste contexto, a validação dessas legislações acontece e é vivida cotidianamente nas

redes municipais de ensino. Nesse intuito, optei por estudar as políticas de financiamento da

EJA no município de Barra do Choça.

Os níveis de abrangência da pesquisa são: o ordenamento legal e normativo do

município em questão, focando especificamente aos gastos da União, Estado e do município

com a EJA nos últimos anos (2005/2006) e as mudanças com o advento do Fundeb, tendo

como base 2007 e 2008. A legislação no âmbito nacional estará em constante foco por

constituir diretivas da legislação municipal e por considerar os impactos desta nas políticas

municipais de educação um ponto de interesse da presente monografia.

O objetivo desse estudo é verificar os repasses financeiros da União e do Estado e dos

gastos do próprio município com a educação de jovens e adultos nos anos de 2005 e 2006,

anos que antecedem o Fundeb, e analisar as possíveis mudanças com o advento do novo

Fundo a partir de 2007. Tendo base tais dados será comparado os repasses antes e pós Fundeb

para o desenvolvimento da EJA. A investigação levará em conta também as implicações do

financiamento da educação brasileira impõem ao município.

Page 12: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

O financiamento é entendido nesta pesquisa como repasses de recursos entre os entes

federados para o órgão executor (também entendido como o município) de acordo o número

de matrícula na modalidade em questão e nos programas de escolarização de jovens e adultos,

a partir de regulamentações específicas e dos convênios consolidados entre os entes

federados. As normas pelas as quais rege essa organização, as determinações legais e os

entraves ou facilidades colocadas pela estruturação do financiamento da educação no nosso

país.

Vale lembrar que as políticas de financiamento da educação abarcam vários fatores de

ordem jurídico-institucional que na sua maioria não foram considerados nesta pesquisa.

É importante ressaltar que esse estudo não se propõe a avaliar o município e/ou a

forma como este organiza a educação de jovens e adultos. O propósito maior é entender o

financiamento da educação de jovens e adultos a partir de suas variadas fontes de recursos e

as modificações causadas com o surgimento do Fundeb.

Desta forma, a perspectiva de uma pesquisa quantitativa é a mais adequada, pois

estarei investigando os documentos oficiais, analisando os repasses financeiros e as prestações

de contas, ou seja, qualquer documento que elucida a questão do financiamento no município

de Barra do Choça.

Nesse estudo, em que me encontro numa posição de pesquisador aprendiz,

Toda documentação necessário se encontra no setor de finanças do município, área

responsável pela contabilidade da Prefeitura local, inclusive o financiamento da educação em

geral. Cabe ressaltar que o acesso a tais notas é restrito, ficando vetada a retirada dos

documentos, bem como sua cópia.

Assim, primeiramente será exposto o histórico do financiamento da EJA ao longo dos

anos no Brasil, com o objetivo de contextualizar as políticas educacionais d a EJA.

Este trabalho monográfico tem como objetivo analisar o financiamento da educação de

jovens e adultos no município de Barra do Choça - BA, organizando-se da seguinte forma:

O capítulo inicial apresenta um breve histórico das políticas educacionais de jovens e

adultos no Brasil desde o período colonial. Nesta linha do tempo são evidenciadas as

principais conquistas e dificuldades da EJA ao longo do tempo.

No segundo capítulo foi analisado a implantação e o funcionamento do Fundeb, sua

proposta contábil e o acompanhamento social dos recursos.

Page 13: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

No terceiro capítulo foram destacados alguns marcos contextuais, teóricos e legais da

educação de jovens e adultos no Brasil. Em seguida foi apresentado o município de Barra do

Choça, bem como sua relação com o tema estudado e por fim a apreciação dos dados obtidos

no município.

Page 14: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

Capítulo I

História do Financiamento da Educação de Jovens e Adultos

A Educação de Jovens e Adultos hoje é conseqüência de uma longa trajetória histórica

que se confunde muitas vezes com a própria história do Brasil. Essa trajetória é marcada

intensamente por diversos conflitos, avanços, lutas, desarrumações. Assim, a Educação de

Jovens e Adultos se configurou a partir de uma complexa rede de interesses políticos da

camada dominante, lutas e práticas formais e informais ao longo da história brasileira. Porém,

compreender a trajetória da EJA e tendo como foco as políticas educacionais voltadas para

essa clientela é de suma importância para traçarmos relações com a política da EJA atual.

No Brasil, como na América Latina, parece que a finalidade do discurso, da palavra

pública, da lei, tem sido a de esconder e não a de revelar a realidade. Ao longo da história da

educação brasileira os legisladores esmeram-se em elaborar leis tanto mais perfeitas quanto

mais distantes da realidade e esse fator marca profundamente todo o processo de

financiamento da educação de jovens e adultos ao longo da história do Brasil.

A política educativa voltada para jovens e adultos no Brasil não é nova. Sabe-se que já

no período colonial os religiosos exerciam sua função educativa missionária em grande parte

dos adultos. “Os padres jesuítas, em sua missão catequética, foram não só os iniciadores da

educação brasileira, mas, inclusive, os primeiros educadores de adultos no Brasil (...)”

(ROCCO, 1979, p. 42). Além de difundir o evangelho, tais educadores transmitiam normas de

comportamento e ensinavam os ofícios necessários ao funcionamento da economia colonial,

inicialmente aos indígenas e, posteriormente, aos escravos negros. Mais tarde, se

encarregaram das escolas de humanidades para os colonizadores e seus filhos. Assim,

podemos dizer que a primeira fonte financeira da Educação de Jovens e Adultos originava-se

da Igreja Católica em parceira com o Governo lusitano, que patrocinavam a campanha dos

jesuítas na colônia a fim de expandir o cristianismo e a cultura européia aos nativos da nova

terra. O sistema de ensino baseado no Plano de Estudos Ratio Studiorum dos jesuítas era

subsidiado pela coroa portuguesa por meio dos 10% dos impostos cobrados na colônia

brasileira, também chamada de Padrão de Redízima. (ARANHA, 1997, p. 115).

Page 15: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

No período imperial a educação de adultos no Brasil foi organizada pelas diferentes

províncias. Por outro lado, merece destaque também os Pareceres de Rui Barbosa, em 1882.

Nos pareceres, Rui Barbosa faz referência ao ensino de adultos como um dos elementos que

constituíram o “Grupo Modelo”, ao lado do Jardim das Crianças, Escola Primária e uma

classe de Desenho Industrial. O Grupo Modelo abrangeria diferentes idades, desde a infância

até a maturidade e trataria tanto da formação geral como da Especial. Segundo Rocco (1979),

a educação das crianças seria predominante, pois haveria somente uma aula noturna para

adultos. A autora reforça que, Rui Barbosa mostrou grande interesse pela educação de jovens

e adultos e pela formação profissional, o que na época constituiu uma grande inovação.

A primeira Constituição brasileira, de 1824, firmou, sob forte influência européia, a

garantia de uma “instrução primária e gratuita para todos os cidadãos”, portanto, também para

os adultos.

Na Primeira República a Constituição de 1981, primeiro marco legal da república

brasileira, consagrou uma concepção de federalismo em que a responsabilidade pública pelo

ensino básico foi descentralizada nas províncias e municípios. A União reservou-se o papel de

“animador” destas atividades, assumindo uma presença maior no ensino secundário e

superior. Mais uma vez garantiu-se a formação das elites em detrimento de uma educação

para as amplas camadas sociais marginalizados, quando novamente as decisões relativas à

oferta de ensino elementar ficaram dependentes da fragilidade financeira das províncias e dos

interesses das oligarquias regionais que as controlavam politicamente. (HADDAD & DI

PIERRO, 2000)

A nova Constituição republicana estabeleceu também a exclusão dos adultos

analfabetos da participação do voto, isto em um momento em que a maioria da população

adulta era analfabeta. Apesar do descaso da União em relação ao ensino elementar, o período

da primeira república se caracterizou pela grande quantidade de reformas educacionais que,

de alguma maneira, procuraram um princípio de normalização e preocuparam-se com o estado

precário de ensino básico.

A partir da década de 20, o movimento de educadores e da população em prol da

ampliação do número de escolas e da melhoria de sua qualidade começou a estabelecer

condições favoráveis à implantação de políticas públicas para a educação de jovens e adultos.

Page 16: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

Segundo HADDAD & DI PIERRO (2000) os renovadores da educação passaram a

exigir que o estado se responsabilizasse definitivamente pela oferta destes serviços. Além do

mais, os precários índices de escolarização que nosso país mantinha, quando comparado com

os de outros países da América Latina ou do resto do mundo, começavam a fazer da educação

escolar uma preocupação permanente da população e das autoridades brasileiras.

Como conseqüência destas reivindicações, a educação de adultos surge timidamente

na Reforma João Luís Alves, conhecida como Lei Rocha Vaz, em 1925, que previa o ensino

para adultos. Faz especial destaque aos professores desse tipo de ensino, para que eles

gozassem das mesmas regalias dos demais professores de outros cursos. O fato do ensino para

adultos merecer destaque, é prova que já estava sendo notado como necessário o que constitui

o primeiro passo para a sua efetivação.

Apesar destas primeiras conquistas, a educação básica de adultos começou a delimitar

seu lugar na história da educação no Brasil a partir da década de 30, quando finalmente

começou a se consolidar um sistema público de educação elementar no país. Neste período, a

sociedade brasileira passava por grandes transformações associadas ao processo de

industrialização e concentração populacional em centros urbanos. A oferta de ensino básico

gratuito estendia-se consideravelmente, acolhendo setores sociais cada vez mais diversos. A

ampliação da educação elementar foi impulsionada pelo governo federal que traçava diretrizes

educacionais para todo o país, determinando as responsabilidades dos estados e municípios.

As constituições brasileiras não trataram do problema da educação de adultos ou da

alfabetização de adultos especialmente, devido ao princípio federativo pelo qual cada Estado

deveria organizar o seu ensino fundamental. Como já destacado anteriormente, a União agiria

de maneira supletiva, na medida das deficiências locais. A constituição de 1934 foi uma

exceção, pois apresentou o ensino primário obrigatório tanto para crianças quanto para

adultos. Como foi substituída pela de 1937, não foram tomadas medidas mais positivas

quanto à educação de adultos no Brasil. A organização do ensino de adultos ficou a cargo de

cada Estado da Federação, cumprindo-se o princípio federativo, sempre que houvesse

necessidades e possibilidades para a realização de tal tipo de ensino. A Constituição de 1934

deu competência ao Conselho Nacional de Educação para elaborar o plano Nacional de

Educação, que todavia não chegou a ser discutido pelo Congresso em vista das

transformações políticas, oriundas da implantação do Estado Novo. Esse plano previa o

Page 17: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

Ensino Supletivo para adultos e adolescentes analfabetos e também já alfabetizados, que

desejassem uma instrução profissional. Criar-se-iam condições favoráveis como distribuição

de material, participação dos sindicatos no processo educacional, participação das empresas

com mais de 10 funcionários analfabetos, e declarar-se-iam de utilidades públicas os

estabelecimentos particulares que ministrassem Ensino Supletivo. (ROCCO, 1979, p. 43)

Com o fim da ditadura de Vargas em 1945, o país vivia a efervescência política da

redemocratização. Com a Segunda Guerra Mundial recém terminada, a ONU – Organização

das Nações Unidas alertava aos povos a importância da educação de adultos, fator

preponderante para que a educação de adultos ganhasse destaque dentro da preocupação geral

com a educação elementar comum. Era urgente a necessidade de aumentar as bases eleitorais

para a sustentação do governo central, integrar as massas populacionais de imigração recente

e também incrementar a população.

“... ao direito de educação que já se afirmava nas leis do Brasil, com as garantias do ensino primário gratuito para todos os cidadãos, virá agora associar-se, da mesma forma como acorrera em outros países, a nação de um dever do futuro cidadão para com a sociedade, um dever educacional de preparar-se para o exercício das responsabilidades da cidadania.”(BEISIEGEL, 1974).

Segundo Durant (1998), foi somente ao final da década de 40 que a educação de

adultos veio a se firmar como um problema de política nacional. O Plano Nacional de

Educação (PNE) de responsabilidade da União, previsto pela Constituição de 1934 deveria

incluir entre suas normas o ensino primário integral gratuito e de freqüência obrigatória. Este

ensino deveria ser extensivo aos adultos. Pela primeira vez a educação de jovens e adultos era

reconhecida e recebia um tratamento particular dentro das políticas educacionais.

Com a criação de 1938 do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP) e através

de seus estudos e pesquisas, institui-se em 1942 o Fundo Nacional de Ensino Primário.

Através dos seus recursos o Fundo deveria realizar um programa progressivo de ampliação da

educação primária que incluísse o ensino supletivo para adolescentes e adultos. Em 1945 o

Fundo foi regulamentando, estabelecendo que 25% dos recursos de cada auxílio deveriam ser

Page 18: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

aplicados num plano geral de ensino supletivo destinado a adolescentes e adultos analfabetos.

(HADDAD, 2000)

Ao mesmo tempo, fatos transcorridos no âmbito das relações internacionais ampliaram

as dimensões deste movimento em prol de uma educação de jovens e adultos. Criada em

novembro de 1945, a UNESCO denunciava ao mundo as profundas desigualdades entre os

países e reforçava a importância do papel que deveria desempenhar a educação, em especial a

educação de adultos, no processo de desenvolvimento das nações categorizadas como

“atrasadas”. Tal preocupação incluiu-se também esforços articulados nacionalmente de

extensão do ensino elementar aos adultos, especialmente nos anos 40.

Devido à grande importância desse momento histórico para a educação de jovens e

adultos, período este marcado por diversos fóruns de discussão e campanhas de escolarização

de adultos e adolescentes. Assim, vamos destacar alguns aspectos administrativos e

financeiras destas campanhas de educação de adultos implantados no Brasil a partir da

segunda metade da década de 40.

A Campanha de Educação de Adultos e Adolescentes foi à primeira campanha de

âmbito nacional para a erradicação do analfabetismo, criada em 1947, através da Portaria do

Ministério da Educação n.º 57, de 30/1/47, a qual criava no Departamento Nacional de

Educação, o Serviço de Educação de Adultos. Para que esse serviço pudesse organizar uma

grande campanha, foram necessárias outras providencias administrativas. Promulgou-se o

Decreto-lei n.º 4.958, em 14/11/1942, o qual instituiu o Fundo Nacional do Ensino Primário e

dispôs sobre o Convênio Nacional de Ensino Primário. Os recursos do Fundo seriam

destinados a ampliar e melhorar o sistema escolar primário. Em 1945, o Decreto n.º 19.513,

de 30/8/1945, também assinado por Getúlio Vargas, regulamentou o auxilio federal para o

Ensino Primário. Deste auxílio, 25% seriam destinados à educação de adolescentes e adultos.

Neste período, outros órgãos tomavam consciência da importância da alfabetização. Por outro

lado, a consolidação das Leis de Trabalho, Decreto-lei n.º 5.452/43, em seu artigo 417, exigia

que o menor, ao ser-lhe conferida a Carteira de Trabalho, fizesse prova de saber ler, escrever e

contar, ou, então, seria estabelecido um prazo para apresentação do certificado de matrícula e

freqüência à escola primária, dando assim oportunidades de aprimoramento intelectual.

Page 19: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

No II Congresso Nacional de Educação em 1958 no Rio de Janeiro, percebia-se uma

grande preocupação dos educadores em difundir as características especificas e um espaço

próprio para esta modalidade de ensino. Reconhecia-se que a atuação dos educadores de

adultos, reproduzia as mesmas ações e características da educação infantil. O adulto não

escolarizado era percebido como um ser imaturo e ignorante, que deveria ser atualizado com

os mesmos conteúdos formais da escola primária, percepção esta que reforçava o preconceito

contra o analfabeto. (PAIVA, 1983, p. 209) Esse congresso repercutia uma nova forma do

pensar pedagógico com adultos que com seus temas fez por prevalecer posteriormente outros

congressos para discutir a educação de jovens e adultos.

“... marcava o Congresso o início de um novo período na educação de adultos no Brasil, aquele que se caracterizou pela intensa busca de maior eficiência metodológica e por inovações importantes neste terreno, pela reintrodução da reflexão sobre o social no pensamento pedagógico brasileiro e pelos esforços realizados pelos mais diversos grupos em favor da educação da população adulta para a participação na vida política da Nação”. (PAIVA, 1974, p. 210)

Esse quadro de renovação pedagógica deve ser considerado dentro das condições

gerais de turbulência do processo político daquele momento histórico. A economia brasileira

crescia, internacionalizando-se. O processo de substituições das importações realizado no

fortalecimento da indústria da base. Agora, o modelo desenvolvimentista acelerado;

“cinqüenta anos em cinco”, acabou ocorrendo paralela à crescente perda do controle da

economia pela burguesia nacional. (HADDAD & DI PIERRO, 2000)

A imposição de uma política desenvolvimentista, baseada no capital internacional, de

racionalidade diferenciada daquela capaz de ser absorvida pela economia brasileira, acabou

por trazer desequilíbrios econômicos internos de difícil administração. O padrão de consumo

que havia sido forjado pelo desenvolvimentismo já não podia realizar-se em virtude da

crescente insegurança no emprego e da perda do poder aquisitivo dos salários. Ampliaram-se

o clima de insatisfação e as manifestações populares. As diversas propostas ideológicas,

principalmente a do nacional desenvolvimentismo, a do pensamento renovador cristão e a do

Page 20: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

Partido Comunista acabaram por ser pano de fundo de uma nova forma de pensar a educação

de adultos.

É dentro desse contexto que devemos considerar os vários acontecimentos, campanhas

e programas no campo da educação de adultos, no período que vai de 1959 até 1964. Dos

movimentos de apoio do EJA entre eles são: O Movimento de Educação de Base, da

Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, estabelecida em 1961, com o patrocínio do

governo federal; O Movimento de Cultura, órgãos culturais da UNE; a Campanha de Pé no

chão também se aprende a ler da Secretaria Municipal de Educação de Natal; e em 1964, o

Programa Nacional de Alfabetização do Ministério da Educação e Cultura, que contou com a

presença do Professor Paulo Freire. Grande parte desses programas estava funcionando no

âmbito do Estado ou sob o seu patrocínio. Apoiavam-se no movimento de democratização de

oportunidades de escolarização básica dos adultos, mas também representam a disputa

política dos grupos que disputavam o aparelho do Estado em suas várias instâncias por

legitimação de idéias via prática educacional. O golpe militar de 1964 produziu uma ruptura

política em função na qual os movimentos de educação e cultura populares foram reprimidos,

seus dirigentes perseguidos, seus ideais censurados. (HADDAD & DI PIERRO, 2000)

No final da década de 50, as críticas à campanha de Educação de Adultos dirigiam-se

tanto às suas deficiências administrativas e financeiras quanto à sua orientação pedagógica.

Denunciava-se o caráter superficial do aprendizado que se efetivava no curto período da

alfabetização, a inadequação do método para a população adulta e para as diferentes regiões

do país. Todas essas críticas convergiram para a consolidação de um novo paradigma

pedagógico para a educação de adultos, cuja referência principal foi o educador

pernambucano Paulo Freire. (FUCK, 2002)

O pensamento pedagógico de Paulo Freire, assim como a sua proposta para a

alfabetização de adultos, inspiravam os principais programas de alfabetização e educação

popular que se realizaram no país no início dos anos 60. Esses programas foram

empreendidos por intelectuais, estudantes e católicos engajados numa ação política junto aos

grupos populares. Desenvolvendo e aplicando essas novas diretrizes, atuaram os educadores

do MEB – Movimento de Educação de Base, ligado à CNBB – Conferência Nacional dos

Bispos do Brasil, dos CPCs - Centro de Cultura Popular, organizados pela UNE – União

Nacional dos Estudantes, dos Movimentos de Cultura Popular, que reuniam artistas e

Page 21: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

intelectuais e tinham o apoio de administrações municipais. Esses diversos grupos de

educadores foram se articulando e passaram a pressionar o governo federal para que os

apoiasse e estabelecesse uma coordenação nacional das iniciativas. (FUCK, 2002)

Em janeiro de 1964, foi aprovado o Plano Nacional de Alfabetização, que previa a

disseminação por todo Brasil de programas de alfabetização orientados pela proposta de Paulo

Freire. A preparação do plano, com forte engajamento de estudantes, sindicatos e diversos

grupos estimulados pela efervescência política da época, seria interrompida alguns meses

depois pelo golpe militar. (HADDAD & DI PIERRO, 2000)

O paradigma pedagógico que se construiu nessas práticas baseava-se num novo

entendimento da relação entre a problemática educacional e a problemática social. Antes

apontando como causa da pobreza e da marginalização, o analfabetismo passou a ser

interpretado como efeito da situação de pobreza gerada por uma estrutura social não

igualitária. Era preciso, portanto, que o processo educativo interferisse na estrutura social que

produzia o analfabetismo. A alfabetização e a educação de base de adultos deveriam partir

sempre de um exame critico da realidade existencial dos educandos, da identificação das

origens de seus problemas e das possibilidades de superá-los.

Com o golpe militar de 1964, os programas de alfabetização e educação popular que

se havia multiplicado no período entre 1961 a 1964 foram vistos como uma grave ameaça à

ordem e seus promotores duramente reprimidos. O governo só permitiu a realização de

programas de alfabetização de adultos assistencialistas e conservadores, até que, em 1967 ele

mesmo assumiu o controle desta atividade lançando o MOBRAL – Movimento Brasileiro de

Alfabetização. (HADDAD & DI PIERRO, 2000)

A repressão foi à resposta do Estado autoritário a atuação daqueles programas de

educação de adultos cujas ações de natureza política contrariavam os interesses impostos pelo

golpe militar. A ruptura política ocorrida com o movimento de 64 tentou acabar com as

práticas educativas que auxiliavam na explicitação dos interesses populares. O Estado a sua

função de coerção com fins de garantir “normalização” das relações sociais. Sob a

denominação de “educação popular”, entretanto, diversas práticas educativas de

reconstituição e reafirmação dos interesses populares inspiradas pelo mesmo ideário das

experiências anteriores persistiram sendo desenvolvidas de modo disperso e quase que

Page 22: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

clandestino no âmbito da sociedade civil. Algumas delas tiveram previsível vida curta; outras

subsistiram durante o período autoritário.

No plano oficial, enquanto as ações repressivas ocorriam, alguns programas de caráter

conservador foram consentidos ou mesmo incentivados, como a Cruzada de Ação Básica

Cristã (ABC). Nascida no Recife, o programa ganhou caráter nacional, tentando ocupar os

espaços deixados pelos movimentos de cultura popular. Dirigida por evangélicos norte-

americanos, a Cruzada serviu de maneira assistencialista aos interesses do regime militar,

tornando-se praticamente um programa semi-oficial. A partir de 1968, porém, uma série de

críticas à condução da Cruzada foi se acumulando e ela foi progressivamente extinguindo os

vários estados entre os anos de 1970 e 1971. (HADDAD & DI PIERRO, 2000)

Na verdade, este setor da educação – a escolarização básica de jovens e adultos – não

poderia ser abandonado por parte do aparelho do Estado, uma vez que tinha nele um dos

canais mais importantes de mediação com a sociedade. Perante as comunidades nacionais e

internacionais, seria difícil conciliar a manutenção dos baixos níveis de escolaridade da

população com a proposta de um grande país, como os militares propunham-se construir.

Havia ainda a necessidade de dar respostas a um direito de cidadania cada vez mais

identificado como legítimo, mediante estratégias que atendessem também aos interesses

hegemônicos no modelo sócio-econômico implementado pelo regime militar. As respostas

vieram com a fundação do MOBRAL, em 1967 e posteriormente com a implantação do

Ensino Supletivo, em 1971, quando da promulgação da Lei Federal 5692, que reformulou as

diretrizes de ensino de 1º e 2º graus.

O Movimento Brasileiro de Alfabetização foi criado pela Lei 5.379, de 15 de

dezembro de 1967, como Fundação MOBRAL, fruto do trabalho realizado por um Grupo

Interministerial, que buscou uma alternativa ao trabalho da Cruzada ABC, programa de maior

extensão apoiado pelo Estado, em função das críticas que vinha recebendo. Em 1969, o

MOBRAL começa a se distanciar da proposta inicial, voltada aos aspectos pedagógicos,

pressionados pelo endurecimento do regime militar. Passou-se a se configurar como um

programa que, por um lado, atendesse aos objetivos de dar uma resposta aos marginalizados

do sistema escolar e, por outro, atendesse aos objetivos militares. O MOBRAL constitui-se

como organização autônoma em relação ao Ministério da Educação, contando com um

volume significativo de recursos. Em 1969 lançou-se uma campanha de alfabetização. Foram

Page 23: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

instaladas como comissões municipais que se responsabilizavam pela execução das

atividades, mas a orientação e supervisão pedagógica bem como a produção de materiais

didáticos eram centralizadas.

As orientações metodológicas e os materiais didáticos do MOBRAL reproduziam

muitos procedimentos consagrados nas experiências de inícios dos anos 60, mas esvaziando-

os de todo sentido crítico e problematizador.

Uma parcela significativa do projeto educacional do regime militar foi consolidada

juridicamente na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de nº. 5692 de 11 de agosto

de 1971 foi no capítulo IV da LDB que o ensino supletivo foi regulamentado. Considerado no

parecer como “o maior desafio proposto aos educadores brasileiros na Lei 5.692”, o ensino

supletivo visou se constituir em “uma nova concepção de escola”, em uma “nova linha de

escolarização não-formação, pela primeira vez assim entendida no Brasil e sistematizada em

capítulo especial de uma lei de diretrizes nacionais”. (HADDAD & DI PIERRO, 2000)

O ensino supletivo se propunha a recuperar o atraso, reciclar o presente formando uma

mão de obra que contribuísse no esforço para o desenvolvimento nacional através de um

modelo de escola. Na visão dos legisladores, o Ensino Supletivo nasceu para reorganizar o

antigo exame que facilitava a certificação e propiciava uma pressão por vagas nos graus

seguintes, em especial universitário. Segundo o parecer de 699, era necessária também, a

ampliação da oferta de formação profissional para “uma clientela já engajada na força de

trabalho ou ela destinada a curto prazo”. Por fim, foram agregados cursos fundados na

concepção de educação permanente, buscando responder aos objetivos de uma “escolarização

menos formal e mais aberta”. O Ensino Supletivo se propunha priorizar soluções técnicas,

deslocando-se do enfrentamento do problema político da exclusão do sistema escolar de

grande parte da sociedade e propunha-se realizar uma oferta de escolarização neutra, que a

todos serviria. O Ensino Supletivo, por sua flexibilidade, seria a nova oportunidade dos que

perderam a possibilidade de escolarização em outras épocas, ao mesmo tempo em que seria a

chance de atualização para os que gostariam de acompanhar o movimento de modernização

da nova sociedade que se implantava dentro da lógica de “Brasil Grande” da era Médice.

(HADDAD & DI PIERRO, 2000)

Page 24: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

A ação da sociedade civil organizada direcionou as demandas educacionais que foram

capazes de legitimar publicamente as instituições políticas da democracia representativa, em

especial aos partidos, ao parlamento e às normas jurídico-legais. Esse processo resultou na

promulgação da Constituição Federal de 1988 e seus desdobramentos jurídicos nas quais

materializou-se o reconhecimento social dos direitos das pessoas jovens e adultas à educação

fundamental, com a conseqüente responsabilização do Estado por sua oferta pública, gratuita

e universal. A história da educação de jovens e adultos do período da redemocratização,

entretanto, e marcado pela contradição entre a afirmação no plano jurídico formal da

população jovem e adulta à educação básica, de um lado, e sua negação pelas políticas

publicas concretas, de outro. O primeiro governo civil pós 64 marcou simbolicamente a

ruptura da política de educação de jovens e adultos do período militar com a extinção do

MOBRAL, cuja imagem pública ficará profundamente identificada com a ideologia e as

práticas do regime autoritário. Estigmatizado com o modelo de educação domésticadora e de

baixa qualidade, o MOBRAL já não encontrava no contexto inaugural da Nova República

condições políticas de acionar com eficácia mecanismos de preservação institucional que

utilizará no período precedente, motivo pelo qual foi substituído ainda em 1985 pela

Fundação Nacional para Educação de Jovens e Adultos – Educar. A Educar assumiu a

responsabilidade de articular, em conjunto o subsistema de ensino supletivo, a política

nacional de educação de jovens e adultos, cabendo-lhe fomentar o atendimento nas séries

iniciais do ensino de 1º grau, promover a formação a aperfeiçoamento dos educadores,

produzir material didático, supervisionar e avaliar as atividades. A Educar manteve uma

estrutura nacional de pesquisa e produção de materiais didáticos, bem como coordenações

estaduais, responsáveis pela gestão dos convênios e assistência técnica aos parceiros, que

passaram a deter maior autonomia para definir seus projetos político-pedagógicos.

(HADDAD & DI PIERRO, 2000)

De fato, com o processo de redemocratização política do país, a reorganização

partidária, a promoção de eleições diretas nos níveis subnacionais de governo e a liberdade de

expressão e organização dos movimentos sociais urbanos e rurais alargaram o campo para a

experimentação e inovação pedagógica na educação de jovens e adultos.

Segundo Haddad (2000), em 1990, o presidente Fernando Collor de Mello, extinguiu a

Fundação Educar, impedindo que atividades de alfabetização de adultos pudessem ser

Page 25: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

deduzidas no imposto de renda, e com isso financiar o MOBRAL e a Fundação Educar. Essa

medida foi um marco no processo de descentralização da escolarização básica de jovens e

adultos, pois transferiu a responsabilidade da educação de jovens e adultos da União para os

Municípios. Após isso tiveram outras intenções de dar solução ao problema da alfabetização

de jovens e adultos como o PENAC (Programa Nacional de Alfabetização e Cidadania) e o

Plano Decenal, que acabou sendo extinto pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso, que

priorizou a implementação de uma reforma-político-institucional de educação pública,

juntamente com a promulgação da nova LDB 9394/96. A seção dedicada a Educação Básica

de Jovens e Adultos é composta por dois artigos que reafirmam o direito dos jovens e adultos

trabalhadores ao ensino básico adequado a suas condições, e o dever do Estado de oferece-lo

gratuitamente. A única novidade foi o rebaixamento da idade mínima estabelecida para os

exames supletivo que era de 15 anos para o Ensino Fundamental e 18 para o Ensino Médio.

De acordo Saviani (1998) a novidade maior na nova LDB, foi a integração da

educação de jovens e adultos ao ensino básico comum. Após isso a LDB e a Constituição

ditam que o Executivo Federal submeta ao Congresso Planos Plurianuais de Educação de

duração de 10 anos. Esse foi o motivo que levou o MEC criar o PNE (Projeto de Plano

Nacional de Educação). Paralelo a isso, as organizações estudantes, sindicais e científica

técnica de educadores criam o “PNE da sociedade brasileira”, cujas propostas convergiam

com o projeto do MEC.

Mas com relação à educação básica de jovens e adultos só discordavam com relação às

metas e montantes de financiamento. Paralelo a isso a aprovação de uma ementa

constitucional que tava na Constituição de 1988, o artigo que compromete o Estado e a

sociedade de erradicar o analfabetismo até 1988 e com isso destinar metade dos recursos

destinados a educação, o que aumentaria o gasto educacional, cria-se um Fundo de

Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério (FUNDEF), um

mecanismo que induziu a municipalização do Ensino Fundamental. Só que através do veto do

Presidente, a matrícula de jovens e adultos analfabetos não poderiam ser contabilizados pelo

Fundef limitando o investimento a crianças e adolescentes de 7 a 14 anos, o que desestimula o

setor público a expandir o ensino fundamental de jovens e adultos. (HADDAD & DI

PIERRO, 2000)

Ao estabelecer o padrão de distribuição dos recursos públicos estaduais e municipais

Page 26: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

em favor do ensino fundamental de crianças e adolescentes, o Fundef deixou parcialmente

descoberto o financiamento de três segmentos da educação básica, a educação infantil, o

ensino médio e a educação básica de jovens e adultos. Com a aprovação da Lei 9394/96, o

ensino de jovens e adultos passou a concorrer com a educação infantil no âmbito municipal e

com o ensino médio no âmbito estadual pelos recursos públicos não capturados pelo Fundef.

Como a cobertura escolar nesses dois níveis de ensino é deficitária e a demanda social

explicitada por eles muito maior, a expansão do financiamento da educação básica de jovens e

adultos (condição para a expansão da matrícula e melhoria de qualidade) experimentou

dificuldades ainda maiores que aquelas já observadas no passado.

Ao longo da segunda metade dos anos 90 foram concebidos e tiveram início alguns

programas federais de formação de jovens e adultos de baixa renda e escolaridade que

guardam entre si pelo menos dois traços comuns: nenhum deles é coordenado pelo Ministério

da Educação e todos são desenvolvidos em regime parceria, envolvendo diferentes instâncias

governamentais, organizações da sociedade civil e instituições de ensino e pesquisa.

O Programa de Alfabetização Solidária foi criado em 1996 e efetivou-se como um dos

cursos mais importantes para a educação de jovens e adultos no país. O PAS consiste num

programa de alfabetização implantado em municípios que apresentam índices elevados de

analfabetismo. O programa conta com o apoio técnico-financeiro do MEC, empresas,

universidade, prefeituras e a sociedade civil.

O Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA) foi outro

programa do governo federal, mas que possuia um diferencial, ou seja, era gestado fora da

arena governamental. Haddad (2000) afirma que o Pronera foi capaz de introduzir uma

proposta de política pública de educação de jovens e adultos no meio rural no âmbito das

ações governamentais da reforma agrária. O programa era coordenado pelo Instituto Nacional

de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), o Pronera foi delineado em 1997 e

operacionalizado a partir de 1998, envolvendo a parceria entre o governo federal (responsável

pelo financiamento), universidades (responsáveis pela formação dos educadores) e sindicatos

ou movimentos sociais do campo (responsáveis pela mobilização dos educandos e

educadores. A principal meta do Pronera é a alfabetização inicial de trabalhadores rurais

assentados analfabetos, aos quais oferece cursos com um ano letivo de duração. (HADDAD &

DI PIERRO, 2000)

Page 27: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

Observa-se que o ensino fundamental de jovens e adultos perde terreno como

atendimento educacional público de caráter universal, e passa a fazer parte de uma política

compensatória, superficial e sem uma articulação política que possa atender de modo

planejado o grande desafio de superar o analfabetismo e elevar a escolaridade da maioria da

população (HADDAD & DI PIERRO, 2000).

Page 28: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

Capítulo II

A proposta de um novo Fundo (Fundo de manutenção e Desenvolvimento da Educação

Básica)

O Fundeb – Fundo de manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de

Valorização dos Profissionais da Educação foi aprovada em 06 de dezembro de 2006. Criado

pela Emenda Constitucional (E.C.) n.º 53/06, tem como meta proporcionar a elevação e uma

nova distribuição dos investimentos em educação. Essa elevação e nova distribuição

ocorreram devido às mudanças relacionadas às fontes financeiras que o formam, ao

porcentual e ao montante de recursos que o compõem, e ao seu alcance. (BRASIL/MEC,

2007)

Assim, o Fundeb passou a vigorar a partir de 1º de janeiro de 2007, porém, nos meses

de janeiro e fevereiro de 2007, manteve-se a sistemática de repartição de recursos previstas na

Lei do Fundef (Lei n.º 9.424/96), mediante a utilização dos coeficientes de participação

definidos em 2006.

O Fundeb terá vigência de 14 anos, a partir do primeiro ano da sua implantação. Os

porcentuais de contribuição dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios para o Fundeb

sobre as receitas de impostos e transferências especificadas pela E.C. n.º 53/06, elevar-se-ão

gradualmente, de forma a atingir 20% em três anos, quando então o Fundeb estará plenamente

implantado. (BRASIL/MEC, 2007)

Segundo informações do Ministério da Educação, foi criado um Fundo (para efeito de

levantamento das matrículas presenciais e de distribuição dos recursos) no âmbito de cada

Estado e do Distrito Federal. Sendo assim, o Fundeb não é considerado Federal, Estadual,

nem Municipal, por se tratar de um Fundo de natureza contábil, formado com recursos

originadas das três esferas de governo.

A regulamentação do Fundeb deu-se através de medida provisória (M.P. n.º

339/2006), publicada no DOU em 29/12/06. A utilização deste instrumento para regulamentar

o Fundeb teve como objetivo apressar o repasse dos recursos, tendo em vista que a E.C. n.º

53/06 só foi publicada em 20/12/06; o envio de um projeto de lei poderia atrasar o repasse dos

recursos do Fundo no exercício de 2007 (Cartilha do Fundeb, editada pelo Tribunal de Contas

do Estado de Pernambuco, 2007).

Page 29: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

Dessa forma, os recursos poderão ser aplicados nos primeiros meses de vigência do

Fundeb, em quaisquer das etapas, modalidades e tipos de estabelecimento da Educação Básica

previstos na M.P. n.º 339/06, respeitando-se o âmbito de atuação prioritária de cada esfera:

Estados e Distrito Federal – Ensino Fundamental e Médio; Municípios: Ensino Fundamental,

Educação de Jovens e Adultos e Educação Infantil (Cartilha do FUNDEB, editada pelo

Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco, 2007).

Para atender a clientela da educação básica, o Fundeb terá uma receita

significativamente maior que a do antigo Fundo, conseqüentemente, novas fontes de recursos

foram somadas, bem como a maximização de impostos e alíquotas presentes no Fundef.

Tabela 01: Fonte de Recursos do Fundeb

IMPOSTO Artigo CF 2007 2008 2009

ITCMD - Imposto sobre Transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos (Estadual)

Art. 155, inciso I 6,66% 13,33% 20%

ICMS - Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transportes Interestadual e Intermunicipal e deComunicação (Estado)

Art. 155, inciso II 16,66% 18,33% 20%

IPVA - Imposto sobre a Propriedadede Veículos Automotores -(Estadual)

Art. 155, inciso III 6,66% 13,33% 20%

Competência residual (participação estadual) Art. 157, inciso II 6,66% 13,33% 20%

ITR - Imposto sobre a PropriedadeTerritorial Rural (participação municipal)

Art. 158, II 6,66% 13,33% 20%

IPVA (participação municipal) Art. 158, III 6,66% 13,33% 20%

Page 30: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

ICMS (participação municipal) Art. 158, IV 16,66% 18,33% 20%

FPE (Estado) Art. 159, I, línea“a”

16,66% 18,33% 20%

FPM (Município) Art. 159, I, línea“b”

16,66% 18,33% 20%

IPIexp (participação estadual) Art. 159, II 16,66% 18,33% 20%

IPIexp (participação municipal) Art. 159, II c/c L.C. n.º 61/89, art. 5.º

16,66% 18,33% 20%

ICMS Desoneração de Exportações (LC 87/96) 16,66% 18,33% 20%

Receitas da dívida ativa tributária relativa aos impostos elencados neste quadro, bem como juros e multas eventualmente incidentes.

Ganhos auferidos em decorrência das aplicações financeiras dos saldos da conta doFUNDEB.

Complementação da União:I - R$ 2.000.000.000,00 (dois bilhões de reais), em 2007;II - R$ 3.000.000.000,00 (três bilhões de reais), em 2008III - R$ 4.500.000.000,00 (quatro bilhões e quinhentos milhões de reais), em 2009;IV – 10% do montante resultante da contribuição dos Estados e Municípios, a partir de 2010.

Fonte: Ministério da Educação.

No caso das receitas do Fundef (ICMS, FPE, FPM, IPIexp), o porcentual passará de

16,66% para 20% em três anos, ou seja, haverá um incremento de 1,66 ponto porcentual a

cada ano (5 / 3 = 1,66). Em relação as demais receitas de impostos e transferências que não

integravam a base de contribuição para o Fundef como IPVA, ITR, ITCMD, o porcentual de

contribuição passará de 0% para 20% em três anos, com incremento anual de 6,66 pontos

porcentuais ao ano (20 / 3 = 6,66). (Cartilha do Fundeb, editada pelo Tribunal de Contas do

Estado de Pernambuco, 2007)

Pela Emenda Constitucional n.º 53/06 e na Medida Provisória n.º 339/06, a

complementação da União deixa de ser uma exceção. Vale lembrar que antes só ocorria

quando o valor por aluno (no âmbito estadual) não atingia o mínimo nacional instituído por

decreto residencial e passa a ser a partir de então progressiva dentro do novo fundo.

Page 31: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

Nenhum imposto arrecadado pelo município vai fazer parte do novo Fundo. Entretanto

não desobriga que cada município utilize no mínimo 25% destes tributos para manutenção e

desenvolvimento da educação previsto no artigo 212 da Constituição Federal Brasileira.

Distribuição dos recursos do Fundeb

Os recursos do novo fundo serão distribuídos entre os entes federados considerando-se

somente as matrículas presenciais efetivas nos respectivos âmbitos de atuação prioritária,

conforme os §§ 2.º e 3.° do art. 211 da Constituição:

Tabela 02: Atuação dos entes federados

ENTE DA FEDERAÇÃO ÂMBITO DE ATUAÇÃO

ESTADOS E DISTRITO FEDERAL Ensino Fundamental e Médio

MUNICÍPIOS Ensino Fundamental, EducaçãoInfantil e Educação de Jovens e Adultos

O Fundeb será implantado gradualmente, tanto no que se refere aos descontos sobre as

receitas que o comporão, como à contagem do número de matrículas, para efeito de repasse

dos recursos:

Para efeito de distribuição de recursos dos Fundos a que se refere o inciso I do caput deste artigo, levar-se-á em conta a totalidade das matrículas no ensino fundamental e considerar-se-á para a educação infantil, para o ensino médio e para a educação de jovens e adultos 1/3 (um terço) das matrículas no primeiro ano, 2/3 (dois terços) no segundo ano e sua totalidade a partir do terceiro ano.” (ADCT, Art. 60, § 4.º)

Assim, tanto a subvinculação dos impostos, quanto à complementação da União e a

inserção das matrículas obedecerão a uma gradação de três anos, conforme tabela abaixo:

Tabela 03: Distribuição dos impostos

ORIGEM DAS RECEITAS

2007 2008 2009 2010

Impostos que compunham o FUNDEF

16,66% 18,33% 20% 20%

Novos impostosvinculados ao

FUNDEB

6,66% 13,33% 20% 20%

Page 32: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

Complementação da União

2 bilhões 3 bilhões 4,5 bilhões 10%

MATRÍCULAS

EnsinoFundamental +1/3 demais

EnsinoFundamental +2/3 demais

TodaEducaçãoBásica

TodaEducaçãoBásica

FONTE: Ministério da Educação

Cabe ressaltar que matrículas estaduais de educação infantil e matrículas municipais

de ensino médio não serão contadas para efeito de distribuição dos recursos do novo fundo.

Para efeito de contribuição ao Fundo e recebimento dos recursos, todos os entes federados

obedecerão à transição descrita acima. Porém, isso não altera a maneira como os Municípios e

Estados utilizarão (aplicarão) os recursos recebidos, os quais devem ser utilizados

indistintamente entre as etapas e modalidades, dentro do respectivo âmbito de atuação

prioritária, estabelecido no artigo 211 da Constituição Federal.

Para efeito de distribuição de recursos para o Fundeb, para cada uma dessas etapas,

modalidades e tipos é atribuído anualmente um fator de ponderação, cujo objetivo é o de

refletir as diferenças de custo para a manutenção dos alunos, com padrão mínimo de

qualidade.

A especificação dos valores das ponderações fica a cargo da Junta de

Acompanhamento dos Fundos, composta por um representante do Ministério da Educação,

um do Conselho Nacional de Secretários de Estado da Educação – CONSED, e um da União

Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação – UNDIME (art. 12 da Medida Provisória

n.º 339/06).

Por meio da Resolução do Ministério da Educação n.º 01/06 de 15 de fevereiro de

2006 foram especificados os seguintes fatores de ponderação para o exercício de 2007:

Tabela 04: Fatores de Ponderação

Creche 0,80

Pré-escola 0,90

Séries iniciais do ensino fundamental urbano 1,00

Séries iniciais do ensino fundamental rural 1,05

Séries finais do ensino fundamental urbano 1,10

Séries finais do ensino fundamental rural 1,15

Ensino fundamental em tempo integral 1,25

Ensino médio urbano 1,20

Page 33: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

Ensino médio rural 1,25

Ensino médio em tempo integral 1,30

Ensino médio integrado à educação profissional 1,30

Educação especial 1,20

Educação indígena e quilombola 1,20

Educação de jovens e adultos com avaliação no processo 0,70

Educação de jovens e adultos integrada à educação profissional de nível médio,

com avaliação no processo

0,70

Fonte: Ministério da Educação

Os recursos poderão ser aplicados pelos Estados e Municípios indistintamente entre

etapas, modalidades e tipos de estabelecimento de ensino da educação básica nos seus

respectivos âmbitos de atuação prioritária, cabendo a ressalva de que, quando se tratar de

Educação de Jovens e Adultos, do valor distribuído pelo Fundo, no máximo 10% poderá ser

apropriado para esta modalidade de ensino (art. 21, § 1.º c/c o art. 11 da Medida Provisória n.º

339/06).

Para este fundo de natureza contábil destaca-se que: suas receitas e despesas deverão

estar previstas no orçamento e a execução contabilizada de forma específica.

O Fundeb não possui personalidade jurídica própria, fato que traz as seguintes

conseqüências:

O ordenador de despesas do Fundeb é o mesmo do órgão aplicador dos recursos –

Secretaria de Educação ou equivalente (Ex.: Secretário Municipal, Secretário de Estado,

Diretor); a Lei 9.394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB (art. 69, § 5.º)

estabelece que o órgão responsável pela educação seja o gestor (administrador) dos recursos

da educação.

Os recursos do Fundeb devem ser tratados de acordo com esse dispositivo legal.

Dessa forma, não há obrigatoriedade de formação de uma comissão e licitação própria para

celebrar os contratos com recursos do Fundeb.

As licitações podem ser processadas pela Comissão de Licitação Permanente ou

Especial do órgão aplicador.

A prestação de contas do fundo, já que ele não é órgão, deve integrar a prestação de

contas anual dos órgãos aplicadores dos recursos.

Page 34: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

Dada a natureza meramente contábil do Fundeb, sua operacionalização deve ser

realizada através de registros analíticos na contabilidade, de forma que possibilitem aos

órgãos fiscalizadores condições de avaliarem como estão sendo aplicados os recursos.

A fonte de recursos do Fundeb serão disponibilizados pelas unidades transferidoras

(União, os Estados e o Distrito Federal) ao Banco do Brasil S.A., que realizará a distribuição

dos valores devidos aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, em contas únicas e

específicas, instituídas e mantidas para este fim. (Cartilha do Fundeb, editada pelo Tribunal de

Contas do Estado de Pernambuco, 2007)

Pelo fato do Fundeb ter a mesma natureza do Fundef compartilha-se portanto da

mesmas orientações e determinações quanto ao arquivamento de documentação. (Resolução

T.C. n.º 03/2006, art. 6.º, inciso I e Resolução T.C. n.º 014/2001, art. 5.º). Está prevista a

atualização das resoluções do Tribunal de Contas do Estado que disciplinam a apresentação

das prestações de contas dos recursos da Educação e do Fundef, adaptando-as aos novos

preceitos legais. (Cartilha do Fundeb, editada pelo Tribunal de Contas do Estado de

Pernambuco, 2007)

Com o objetivo de esclarecer as responsabilidades de cada ente federado a Secretaria

do Tesouro Nacional publicou a portaria n.° 48, estabelecendo os procedimentos contábeis

para registro dos recursos destinados ao Fundeb, assim como aqueles originários do Fundo.

Tal medida visa padronizar os procedimentos financeiros entre a União, Estados e

Municípios, para garantir a consolidação das contas exigidas pela Lei de Responsabilidade

Fiscal (LRF).

Acompanhamento e controle social do Fundeb

Sobre o controle dos recursos dos Fundos, além da fiscalização exercida pelos

controles internos e Tribunais de Contas, a Medida Provisória (M.P.) n.º 339/06 criou os

conselhos instituídos o acompanhamento e controle social do Fundeb. Segundo a Cartilha do

Fundeb produzida pelo Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco as atribuições básicas

são:

a) Acompanhar e controlar a distribuição, transferência e aplicação dos recursos dos fundos;

b) Supervisionar o censo escolar e a elaboração da proposta orçamentária anual.

Page 35: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

Os Conselhos, conforme estabelecido no art. 24, § 1º da M.P., serão criados por legislação

específica no âmbito de cada esfera governamental. Nos Estados e Municípios sua

composição deve obedecer aos seguintes critérios:

a) Nos Estados, composto por no mínimo onze membros, sendo:

• Três representantes do Poder Executivo estadual;

• Um representante dos Poderes Executivos municipais;

• Um representante do Conselho Estadual de Educação;

• Um representante da seccional da União dos Dirigentes Municipais de Educação

(UNDIME);

• Um representante da seccional da Confederação Nacional dos Trabalhadores em

Educação (CNTE);

• Dois representantes dos pais de alunos da educação básica pública;

• Dois representantes dos estudantes da educação básica pública.

b) Nos Municípios, composto por, no mínimo oito membros, sendo:

• Um representante da Secretaria Municipal de Educação ou órgão equivalente;

• Um representante dos professores da educação básica pública;

• Um representante dos diretores das escolas públicas;

• Um representante dos servidores técnico-administrativos das escolas públicas;

• Dois representantes dos pais de alunos da educação básica pública;

• Dois representantes dos estudantes da educação básica pública.

Integrarão, ainda, os conselhos municipais dos Fundos, quando houver, um representante

do respectivo Conselho Municipal de Educação e um representante do Conselho Tutelar (art.

24, § 2.º da M.P. n.º 339/06)

Page 36: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

Capítulo III

Alguns marcos contextuais, teóricos e legais

Os direitos educativos dos brasileiros são assegurados pela Constituição Federal de

1988. O Artigo 208 da Constituição tornou direito público subjetivo do cidadão e obrigação

do Estado oferecer educação fundamental, independentemente de idade, direito este protegido

pelo instituto do mandado de injunção (previsto no Artigo 5), cujo descumprimento importa

responsabilidade da autoridade competente. Para atender a esse e outros objetivos, o Artigo

211 da Carta Magna distribuiu responsabilidades e estabeleceu o regime de colaboração entre

as três esferas de governo, o Artigo 212 vinculou recursos fiscais e o Artigo 214 previu a

elaboração de Planos Nacionais de Educação de duração plurianual.

A organização do sistema educativo foi detalhada na Lei 9394 de Diretrizes e Bases da

Educação (1996) e as metas plurianuais fixadas na Lei 10.172 do Plano Nacional de Educação

(2001). A legislação nacional determina que a oferta gratuita do ensino público seja

compartilhada entre as três esferas de governo, atribuindo aos municípios a responsabilidade

pela Educação Infantil e pelo Ensino Fundamental, e aos estados os encargos do Ensino

Fundamental e Médio. O governo federal tem a responsabilidade pelo Ensino Superior e por

algumas escolas técnicas de nível médio; participa muito pouco do Ensino Básico,

respondendo por menos de 1% das matrículas. Tem, no entanto, uma importante função

redistributiva dos recursos e exerce um papel fundamental na coordenação e indução das

políticas educacionais dos outros níveis de governo.

Nos dias atuais, a maior parte das vagas da primeira etapa do Ensino Fundamental é

oferecida pelo poder público municipal, resultado do acelerado processo de municipalização

ocorrido no País a partir de 1998, quando entrou em vigor o Fundo de Desenvolvimento do

Ensino Fundamental e Valorização do Magistério – o Fundef. Os governos estaduais

encarregam-se prioritariamente pela etapa final do Ensino Fundamental e pelo Ensino Médio.

Na Educação de Jovens e Adultos, parte das matrículas estão sob a responsabilidade dos

governos estaduais, enquanto os municípios respondem pela outra parcela dos alunos inscritos

nessa modalidade.

Page 37: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

Os direitos educativos dos jovens e adultos estão assegurados no Capítulo III, Seção I

– Da Educação da Constituição Federal, Artigo 208, inciso I, que garante a provisão pública

de “ensino fundamental obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta para todos os

que a ele não tiveram acesso na idade própria”.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) contempla a escolarização

básica desse grupo social na Seção V do Capítulo II da Educação Básica, que determina aos

sistemas de ensino assegurar cursos e exames que proporcionem oportunidades educacionais

apropriadas aos interesses, condições de vida e trabalho dos jovens e aos adultos. Estipula

ainda que o acesso e permanência dos trabalhadores na escola seja viabilizada e estimulada

por ações integradas dos poderes públicos. Em 2000 o Conselho Nacional de Educação

aprovou o Parecer 11 e a Resolução 1, que fixaram Diretrizes Curriculares Nacionais para a

Educação de Jovens e Adultos, regulamentando alguns aspectos da LDB. A Resolução

delimitou a idade mínima para ingresso na educação de jovens e adultos aos 14 anos para a

etapa Fundamental do ensino, e 17 para o Ensino Médio.

Sobre o tema, a Lei 10.172/2001 do Plano Nacional de Educação (PNE) definiu 26

metas prioritárias para o decênio 2001-2011, entre elas: alfabetizar em cinco anos dois terços

da população analfabeta, de forma a erradicar o analfabetismo em uma década; assegurar, em

cinco anos, a oferta do primeiro segmento do Ensino Fundamental para 50% da população

com mais de 15 anos que não tenha atingido este nível de escolaridade; atender no segundo

segmento do Ensino Fundamental toda a população com mais de 15 anos que tenha concluído

a etapa precedente; dobrar em cinco anos, e quadruplicar em dez anos, o atendimento de

jovens e adultos no Ensino Médio.

A Política Educacional e a Educação de Jovens e Adultos

A educação escolar de jovens e adultos no Brasil compreende ações de alfabetização,

cursos e exames supletivos nas etapas de ensino fundamental e médio, bem como processos

de educação à distância realizados via rádio, televisão ou materiais impressos. Embora a

Constituição assegure o ensino fundamental público e gratuito em qualquer idade, a oferta de

serviços de escolarização de jovens e adultos é reduzida, situando-se em patamares muito

inferiores à demanda potencial.

Page 38: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

Na segunda metade da década de 90 o governo federal implementou um conjunto de

medidas legislativas, normativas e de controle cuja amplitude e impacto permitem caracterizá-

las como uma reforma educacional. Segundo DI PIERRO (2003) os impactos dessa reforma

podem ser assim resumidas:

a) ampliação da cobertura e melhoria da qualidade do ensino sem elevação do gasto

público, mediante uma gestão orçamentária orientada por cálculos de custo-benefício;

b) focalização do gasto público no ensino fundamental de crianças e adolescentes de 7

aos 14 anos;

c) desregulamentação do sistema de ensino e sua nova regulamentação, visando dotá-

lo de maior flexibilidade;

d) desconcentração dos serviços e do financiamento da educação em direção aos

governos subnacionais, concomitante à centralização de diretrizes curriculares e mecanismos

de avaliação;

e) privatização de alguns segmentos do ensino não prioritários na política educacional

(como o ensino superior), operacionalizada por meio da contenção da oferta e de

investimentos na qualidade do serviço público, o que abriu novos mercados à iniciativa

privada;

f) efetivação de programas governamentais em parceria com organizações não

governamentais, fundações empresariais e movimentos sociais, atribuindo-se às instituições

da sociedade civil mais funções de assessoramento técnico e provisão de serviços que espaços

de participação nas definições e controle de políticas educativas.

Apesar da demanda crescente de jovens e adultos por oportunidades educacionais em

virtude das exigências de escolaridade para o acesso e a permanência no mercado de trabalho,

o Governo Federal optou por priorizar a oferta de Ensino Fundamental às crianças e

adolescentes. O expediente utilizado para focalizar os recursos públicos nesse grupo etário foi

a restrição ao financiamento da educação para jovens e adultos por meio do Fundef (criado

em 1996 e implementado nacionalmente a partir de 1998). Recorrendo a prerrogativa de veto

do Presidente da República, o Governo anulou um inciso da Lei 9424/96 aprovada pelo

Congresso regulamentando o Fundo, e que permitia computar as matrículas no Ensino

Page 39: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

Fundamental presencial de jovens e adultos nos cálculos do Fundef. O veto desestimulou

Estados e Municípios a investirem na educação de jovens e adultos.

Breve compreensão: A Educação de Jovens e Adultos e o Município de Barra do Choça

A proposta de estudar o município de Barra do Choça não diz respeito somente a

possibilidade de compreender os processos que o município vem se configurando e

reconfigurando frente às determinações legais e às reformas de toda ordem que acontecem no

nosso país, mas, sobretudo, a possibilidade de entender como a política de educação de jovens

e adultos se aplica nos pequenos municípios, cujas as receitas são infames e,

conseqüentemente, insuficientes para a manutenção complementar da EJA.

Ao longo da história da educação de jovens e adultos no município de Barra do Choça,

a modalidade sempre teve uma participação secundária dentro das preocupações educacionais

locais. Dessa forma, a EJA limitou-se aos programas federais e estaduais de alfabetização e de

turmas de aceleração nas séries iniciais do ensino fundamental.

Assim, durante os anos 70 a 90 o município obteve um acelerado crescimento

demográfico devido à intensa migração de famílias de diferentes regiões para o trabalho nas

lavouras cafeeiras da localidade. Tal fenômeno social e demográfico coincidiu com o fértil

período de reformas que acontecia no cenário nacional. Vale ressaltar que o município

apresentava altas taxas de analfabetismo no mesmo período. Todos estes fatores permitiram a

vinda dos programas de educação de jovens e adultos para o município e, iniciando-se uma

pequena historia local dentro da própria história da educação de jovens e adultos.

A seguir tratarei de algumas características gerais do município – que nos ajudam a

conhecê-la mais um pouco – passando em seguida para as questões que são, mais

especificamente, objeto desse estudo.

Contando um pouco sobre Barra do Choça

O nome do município tem origem ligada ao fato do Rio Choça fazer barra com o Rio

Catolé, onde o termo “Choça” é o nome de um capim nativo da região. A mudança de nome

marca uma passagem importante na historia do município: Barra da Choça deixou de ser vila

e passou a ser distrito. Mas ainda permaneceu como distrito de Vitória da Conquista até o dia

22 de junho de 1962, quando se emancipou passando, assim, a ter governo próprio e a tomar

Page 40: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

as suas próprias decisões com a participação do povo nas eleições. A partir de 1972, com a

implantação da lavoura cafeeira, o município contou com uma grande concentração

populacional na zona urbana, ocasionada em parte, pelo processo migratório, ou seja, pela

vinda de pessoas de outra região para cá, buscando empregos na lavoura do café.

Contudo, o crescimento municipal gerado pelo café trouxe também pontos negativos,

pois embora empregue farta mão-de-obra durante o período de colheita, não apresenta o

mesmo retorno econômico para as famílias dos trabalhadores. Assim, o grau de pobreza e de

dificuldades econômicas de parte da população local se agravava à medida que as crises da

cafeicultura se sucediam.

No início da década de 90, por exemplo, os indicadores sociais do município estavam

desfavoráveis. Quem nascesse em Barra do Choça naquele momento, possuía uma esperança

de vida em torno de 60 anos, enquanto a mortalidade infantil chegava ao número assustador

de quase 68 crianças mortas, entre mil nascidas vivas, antes de completar um ano. Além disso,

de cada cem crianças com idade entre 07 e 14 anos, apenas 36 freqüentavam a escola e

somente 25, entre 15 e 17 anos estudavam. Entre as crianças menores, a situação era ainda

pior, pois, para a faixa etária de 04 e 05 anos, praticamente não havia oferta de vagas nas

escolas públicas. Um outro dado que reforça os problemas sociais do município no início dos

anos 90 refere-se ao analfabetismo. Entre as crianças de 07 a 14 anos, mais de 64% eram

analfabetas e entre os 15 e os 17 anos, este índice chegava a mais de 45%.

Em 2004, o município possuía uma população total de 49.014 habitantes segundo

dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), porém, no censo de 2007 a

população do município obteve o número de 32.487 habitantes.

A economia do município é baseada principalmente na monocultura cafeeira somada a

outras culturas e pelo tímido crescimento do comércio local. Barra do Choça tem mais dez

mil alunos matriculados na rede municipal que atende desde a educação infantil, fundamental

a educação de jovens e adultos. Cabe ressaltar que esses dados não abarcam matrículas feitas

nos programas de alfabetização e ensino médio, esse último de responsabilidade do Estado da

Bahia.

Nos últimos anos a educação municipal reflete a política educacional no Brasil, com a

ampliação do número de vagas e a melhoria da qualidade no ensino fundamental o município

Page 41: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

alcança importantes resultados na área da educação. Contudo, o ensino fundamental é

priorizado em detrimento das demais etapas e modalidades de ensino, como educação infantil

e educação de jovens e adultos, devido principalmente a incapacidade do município gerar

recursos para a criação e manutenção destas turmas.

Fundeb e a Educação de Jovens e Adultos

Segundo o MEC, a modalidade da educação de jovens e adultos tem como finalidade

assegurar aos brasileiros de 15 e mais anos que não tiveram acesso à escola ou dela foram

excluídos precocemente, o ingresso, a permanência e a conclusão do ensino fundamental com

qualidade, direito este garantido pela Carta Magna.

Para a oferta da educação de jovens e adultos o Ministério da Educação articula-se

com os estados, municípios e com a sociedade civil, visando um atendimento de qualidade

àqueles que não tiveram oportunidade de se manter em idade apropriada na educação básica.

Com a atuação do Fundeb a partir de janeiro de 2007, que prevê entre outras mudanças

significativas de ordem financeira, também a entrada das modalidades antes excluídas pelo

antigo fundo contábil, como por exemplo, a da Educação de Jovens e Adultos. Essa

reformulação contábil da educação básica provocou mudanças nos repasses financeiros da

educação de jovens e adultos no Brasil.

Após a entrada da EJA nos cômputos do Fundeb, os subsídios dos programas federais

da Educação de Jovens e Adultos aplicados pelo Programa Fazendo Escola para os estados e

municípios que possuíam índice de Desenvolvimento Humano menor ou igual a 0,500,

limitaram-se ao apoio financeiro e técnico dos programas de alfabetização da clientela de

jovens e adultos entre outros campos da EJA não contemplados pelo Fundeb. Vale lembrar

que tais repasses se davam complementarmente às atribuições financeiras dos entes

competentes com a modalidade de jovens e adultos, já que a EJA era de competência dos

municípios.

Vale ressaltar que o Fundeb garante a igualdade de condições para o acesso e

permanência na escola e atendimento gratuito a todos os seus alunos. Contudo, as

modalidades de ensino possuem diferenciações dentro da distribuição dos recursos pelo valor

Page 42: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

aluno anual, conseqüentemente algumas são priorizadas e outras são relegadas ao segundo

plano pelos governos locais.

O MEC definiu os coeficientes para distribuição dos recursos do Fundo de

Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da

Educação (Fundeb). Esse cálculo tem como base as ponderações definidas para cada etapa e

modalidade de ensino. Assim, os balanços do valor aluno será resultado da multiplicação do

fator de referência que varia de 0,70 (setenta centésimos) e 1,30 (um inteiro e trinta

centésimos). Dentro desta distribuição a educação de jovens e adultos apresenta a menor

ponderação (ver Tabela 4 – Fatores de Ponderação), ou seja, o valor aluno anual é 30% menor

em relação ao valor de referência, fator 1 (um) para os anos iniciais do ensino fundamental

urbano, observado o disposto no § 1o do art. 32 da Lei do Fundeb.

Apesar da estabilidade financeira da EJA trazida pelo Fundeb, assim como a

possibilidade de uma maior atenção dentro das políticas educacionais, a entrada da

modalidade da EJA no novo fundo é apenas o primeiro passo para o seu reconhecimento

como condição sine qua non para a qualidade da educação brasileira.

Entretanto, apesar dos possíveis avanços, a EJA continua tendo um tratamento

diferenciado das demais etapas e modalidades de ensino, pois apesar de incluso no novo

fundo a educação de jovens e adultos possui entre todas as etapas e modalidades a menor

porcentagem na distribuição dos recursos do Fundeb. Conseqüentemente, existe uma

depreciação do valor pago por aluno por conta da própria segregação da modalidade nas

políticas educacionais ao longo dos anos.

Financiamento da EJA no município de Barra do Choça

Ao longo da história da EJA no municipio de Barra do Choça os programas federais e

estaduais sempre se fizeram presente. Estes programas educacionais para a clientela de jovens

e adultos se limitavam inicialmente aos cursos de alfabetização e de aceleração das séries

inciais do ensino fundamental, vale destacar o Movimento Brasileiro de Alfabetização –

MOBRAL presente nas décadas de 70 e 80 no município. A partir da década de 1990 a

presença de programas federais e estaduais permitiram a redução das altas taxas de

analfabetismo do município, como o Programa Alfabetização Solidária – PAS. Mais

Page 43: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

recentemente com o Programa Federal Brasil Alfabetizado do governo federal, Programa

Todos Pela Educação – TOPA e as turmas de aceleração do ensino fundamental, o município

continua desenvolvendo seu atendimento a clientela de jovens e adultos.

Levando em consideração a existência do Programa Brasil Alfabetizado em 2006 e

2007 no município, vamos analizar seus repasses financeiros e regulamentações.

Programa Brasil Alfabetizado

A partir do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), lançado em abril de 2007,

o programa Brasil Alfabetizado, de 2003, mudou seu conceito. Agora, a alfabetização de

jovens e adultos é feita prioritariamente por professores das redes públicas voluntários, no

contraturno de sua atividade.

Segundo informações do site da FNDE, o programa é para todo o Brasil, mas são

prioritários os 1.100 municípios com taxas de analfabetismo superiores a 35%. O Brasil

Alfabetizado passou, ainda, a ter dois focos: o Nordeste, região que concentra 90% dos

municípios com altos índices de analfabetismo entre os jovens e adultos de 15 a 29 anos. E

para que jovens e adultos permaneçam nos cursos de alfabetização, o governo federal criou

três incentivos: vai financiar o transporte, servir merenda e distribuir óculos para aqueles que

precisam.

O “redesenho” do Brasil Alfabetizado prevê a responsabilidade solidária da União

com estados e municípios. Cabe ao município mobilizar os analfabetos, selecionar e capacitar

os professores; a União se encarrega de pagar bolsas aos professores e destinar recursos para

material didático, merenda e transporte escolar dos alunos, para aquisição de óculos e

supervisão das aulas.

O valor do repasse da União por aluno/ano subiu de R$ 100,00 para R$ 200,00. O

programa tem, agora, quatro tipos de bolsas mensais: alfabetizador, R$ 200,00; alfabetizador

com alunos com deficiência, R$ 230,00; tradutor-intérprete de Libras, R$ 200,00; e supervisor

(que coordena um grupo de 15 alfabetizadores), R$ 300,00. O recurso global do programa

passa dos R$ 207 milhões aplicados em 2006 para R$ 315 milhões em 2007. Resultando em

um significativo aumento no financiamento do Programa. Assim os municípios passaram a

receber 80% dos recursos (em 2006, receberam 60%), mas têm de assumir mais

compromissos como: definir metas e diretrizes e elaborar planos plurianuais de alfabetização,

Page 44: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

que serão revistos anualmente, e garantir que pelo menos 75% dos professores da sua rede

assumam a alfabetização. Os critérios para a transferência de recursos para estados, Distrito

Federal e municípios também estão nas Resoluções 12 e 13. (FNDE)

O governo federal criou também dois selos: Cidade Livre do Analfabetismo, a ser

concedido a toda cidade que alcançar 97% de alfabetização; e Cidade Alfabetizadora, para o

município que em 2010 tiver reduzido a taxa de analfabetismo em 50%, em comparação com

os dados de 2001.

A prestação de contas dos recursos recebidos deve ser enviada ao FNDE até o dia 31

de março do exercício seguinte ao do repasse. Caso sejam detectadas falhas formais ou

regulamentares, o FNDE notificará a entidade para, no prazo de 30 dias a partir da data de

recebimento da notificação, apresentar as devidas correções, sob pena de bloqueio de novos

repasses financeiros. Se não houver a regularização da prestação de contas dentro desse prazo,

o FNDE dará 15 dias para a devolução dos valores impugnados, sob pena de instauração de

Tomada de Contas Especial em desfavor do gestor responsável pela irregularidade.

A fiscalização será feita pela Secad, ao FNDE e ao sistema de controle interno do governo

federal a fiscalização do programa, por meio de auditorias, inspeções e análise dos processos

que originarem as prestações de contas.

Os recursos do Programa são repassados diretamente para os municípios e são

destinados para a formação dos professores e Alfabetização de Jovens e Adultos.

Essa transferência é repassada de acordo o número de alunos, turmas e conseqüentemente de

professores. Nos pagamentos das bolsas dos professores o depósito é realizado diretamente na

conta do alfabetizador. Os recursos para a compra de material didático é contabilizado

baseado no número de alunos e de turmas. Dessa forma, o Governo mantém uma política de

financiamento reguladora e centralizada.

Assim, o município tem dificuldades na manutenção das turmas, já que os gastos não

se limitam ao material estipulado pelo programa e a contrapartida do município acontece de

forma tímida no financiamento da alfabetização de jovens e adultos. Segundo a Coordenadora

do Programa no município, a compensação do poder público se dá por meio de material

didático (extra), ajuda na execução de projetos escolares entre outras necessidades requeridas

durante o processo de alfabetização de jovens e adultos.

Page 45: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

No ano de 2006 participaram do Programa aproximadamente 312 alunos em turmas

distribuídas na Sede e Zona rural, como podemos acompanhar no quadro abaixo:

Programa Brasil Alfabetizado

Tabela 05: Dados do Programa Brasil Alfabetizado

Ano Número de alunos Número de Professores

2006 312 20

2007 738 47

REPASSE SEGUNDO DADOS ACIMA

Ano: 2006 VALOR: R$ 82.704,00

ESTIMATIVA DE REPASSE

Ano: 2007 VALOR: R$ 302.140,00

FONTE: Prefeitura Municipal de Barra do Choça

Esses valores são meramente ilustrativos já que não contemplam todos os gastos com

o Programa nos respectivos anos, foram baseados nos valores definidos no valor-aluno

mensal (R$ 100,00 – 2006 / R$ 200,00 – 2007), bolsa paga aos professores (R$ 200,00), valor

para manutenção das turmas (R$ 120,00) somado a multiplicação de R$ 7,00 por aluno. Não

foram somados os gastos com formação de professores no qual a resolução de 2007 prevê o

gasto de R$ 120,00 para cada docente, repassado para o município na primeira parcela dos

recursos do ano, e o valor de R$ 10,00 mensais para serem gastos na formação continuada de

cada professor. Cabe ressaltar que verificado a evasão superior a quatro alunos, é descontado

o valor correspondente a R$ 7,00 por aluno da bolsa do alfabetizador.

Financiamento do Programa de Educação de Jovens e Adultos (PEJA)

Em 2001, quando teve início o Programa Recomeço operou-se uma elevação

significativa dos gastos do governo Federal na ordem de 578%. Apesar de não ser o

suficiente, trata-se de uma mudança importante no padrão do gasto federal com essa

modalidade de ensino. O Recomeço repassou o apoio financeiro do governo federal a 14

Page 46: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

Estados do Norte e Nordeste do país e a quase 400 municípios que registram baixos índices de

desenvolvimento humano. Após assinatura de convênio com o governo federal e abertura de

conta corrente específica para esse fim, o Estado ou os municípios beneficiários do Recomeço

receberam as transferências federais em parcelas mensais, por um mecanismo automático

assemelhado ao Fundef. As transferências foram realizadas com base em um cálculo que

multiplica um valor fixo (determinado em Decreto pelo Ministro da Educação) pelo número

de alunos registrados no ensino fundamental de jovens e adultos na respectiva rede de ensino

no Censo Escolar do ano anterior.

Em 2003 o Programa Recomeço é substituído pelo Programa Fazendo Escola. Na

prática o programa mantém a mesma política de controle e financiamento da educação de

jovens e adultos, mas com significativo aumento de municípios atendidos.

Podemos destacar na tabela abaixo o progressivo aumento das matrículas registradas

no PEJA de 2003 para 2004 seguido pela ampliação de recursos para a manutenção das

turmas da modalidade. Contudo, de 2004 para 2005 o número de matrículas continuou em

ascensão enquanto os recursos não acompanharam tal procura. Em 2006 observamos a

proliferação do programa nos municípios brasileiros e uma leve queda no número de

matrículas em comparação ao ano anterior.

Tabela 06: Repasses do Programa Fazendo Escola

Ano N.º de Alunos Matriculados

N.º de Municípios

Atendidos

Despesas com EJA

2003

2004

1.226.626 alunos

1.920.988 alunos

1.772 municípios

2.292 municípios

R$ 306.656.500,00

R$420.000.000,00

2005 3.342.531 alunos 3.361 municípios R$ 60.000.000,00

2006 3.327.307 alunos 4.305 municípios R$ 12.200.000,00

FONTE: Ministério da Educação

Assim como seu antecessor o Programa Recomeço, o programa Fazendo Escola é

desenvolvido pelo Ministério da Educação em conjunto com os governos estaduais e

municipais, por meio da transferência, em caráter suplementar, de recursos administrados pelo

FNDE. A Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad/MEC) é

responsável pela formulação das políticas para a melhoria da qualidade da educação de jovens

Page 47: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

e adultos, o estímulo e o acompanhamento da implantação da educação de jovens e adultos

(EJA) nos sistemas estaduais e municipais de ensino e o subsídio às decisões dos executores

quanto à utilização dos recursos. (MEC/FNDE, 2007)

A educação de jovens e adultos serve exclusivamente para assistência financeira para

aquisição de livro didático destinado aos alunos adultos em busca de completar o ensino

fundamental (1ª a 8ª série); contratação temporária de professores quando necessária a

ampliação do quadro; formação continuada de docentes; e aquisição de gêneros alimentícios.

Dentro desta política educacional são órgãos executores o estado, representado pela

secretaria estadual de Educação, e o município, representado pelas prefeituras. O estado é

responsável pelo atendimento às escolas do sistema estadual e o município, às do sistema

municipal.

Os repasses de recursos são mensais e efetivados com crédito automático em uma

conta aberta pelo FNDE e mantida pelo órgão executor. Os recursos são proporcionais ao

número de alunos matriculados nos cursos presenciais com avaliação no processo, conforme

informado no censo escolar do ano anterior ao dos repasses. O valor aplicado anualmente é

de, no máximo, R$ 250,00 por aluno. Conforme estabelecido pela Lei 10.880/2004, apenas

em 2004, segundo informações do MEC/FNDE o montante anual foi transferido em dez

parcelas, de abril até dezembro. Em 2005, a transferência voltou a ser em 12 parcelas,

sistemática mantida em 2006. (MEC/FNDE, 2007)

Em relação à prestação de contas, o Programa mantém uma política de controle

exigente. A prestação de contas deve ser apresentada pelo Município e Estados ao Conselho

de Acompanhamento e Controle Social do Fundef/ Fundeb até 10 de fevereiro do exercício

posterior ao da transferência. O Conselho do Fundef/Fundeb recebe a prestação de contas e,

após parecer conclusivo, encaminha ao FNDE, até o dia 31 de março do mesmo ano. Segundo

a própria Coordenadora da EJA a prestação de contas para o Programa Fazendo Escola é bem

mais exigente que a realizada pelo antigo Fundef.

Na falta de documentos ou incorreção no preenchimento da documentação, o FNDE

envia correspondência para os órgãos e instituições envolvidos no Programa, para que o

problema seja solucionado. As transferências dos recursos financeiros serão suspensas até a

comprovação da correção das irregularidades relativas a:

Page 48: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

Não apresentação ao FNDE do demonstrativo sintético anual da execução físico-

financeira, acompanhado de perecer conclusivo do Conselho de Acompanhamento e

Controle Social do Fundef e do extrato bancário, conforme previsto no artigo 10º da

Resolução nº 23/2006.

Aplicação dos recursos do programa em desacordo com o estipulado pelo art. 5º da

Resolução CD/FNDE nº 23/2006, conforme constatado por análise documental ou

auditoria.

Quando os recursos forem aplicados em desacordo com as especificações do

Programa, o órgão executor deverá restituí-los ao FNDE por meio de depósito, em contas

bancárias especificadas pela resolução vigente. A fiscalização da aplicação dos recursos

financeiros é de competência do FNDE, do Tribunal de Contas da União (TCU) e do

Conselho do Fundef (nos anos anteriores a 2007), mediante a realização de auditorias,

inspeções e análises dos processos que originarem as prestações de contas.

No município de Barra do Choça o Programa de Educação de Jovens e Adultos foi

executado em parceria com a Prefeitura no qual despenderam recursos para a manutenção das

turmas na localidade. Entre os gastos com a modalidade de EJA destacamos o pagamento de

professores, compra de gêneros alimentícios, aquisição do material escolar e transporte

escolar para os alunos. Segundo a funcionária

Esses gastos representaram quase a totalidade das despesas com a Educação de jovens

e Adultos no município. No geral, podemos observar no quadro abaixo os valores do

financiamento do Programa de Educação de Jovens e Adultos em Barra do Choça em 2006.

Tabela 07: Transações financeiras no ano de 2008 com a EJA

RECURSOS DISPONÍVEIS DE 2006

Saldo do Exercício

anterior (2005)

Valor em

Exercício

Contrapartida

do Município

Outras

retenções

Valor Total

R$ 80.555,84 R$ 244.827,51 R$ 13.450,29 R$ 12.203,03 R$ 351.036,67

Page 49: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

DESPESA REALIZADA - 2006

R$ 350.967,47

SALDO REPROGRAMADO = R$ 69,20 (Sessenta e nove reais e vinte centavos)

FONTE: Prefeitura Municipal de Barra Do Choça

Dentro dos gastos realizados na Educação de Jovens e Adultos no município,

observamos que o Governo por meio do PEJA contribuiu com quase 90 % dos gastos, dados

calculados sem o valor do exercício anterior (350.967,47 – 80.555,84 = 270.411,63), já o

município colaborou com aproximadamente 4% das despesas. A atuação do município na

Educação de Jovens e Adultos se resume mais a parte administrativa e pedagógica, no que se

refere ao financiamento a sua participação aparece de forma complementar. Contudo, em

casos de atrasos na transferência de parcelas dos recursos para o município o poder local se

compromete com a efetivação das matrículas e sua manutenção com recursos próprios até ser

ressarcido.

Tabela 08: Valores repassados ao Município pelo Programa -2006

VALOR DATA BANCO

R$ 46.950,69 02/01/2006 B. BRASIL

R$ 26.458,33 04/01/2006 B. BRASIL

R$ 12.668,51 04/05/2006 B. BRASIL

R$ 26.458,33 04/05/2006 B. BRASIL

R$ 26.458,33 05/05/2006 B. BRASIL

R$ 26.458.33 06/07/2006 B. BRASIL

R$ 26.458,33 02/08/2006 B. BRASIL

R$ 26.458,33 05/12/2006 B. BRASIL

R$ 26.458,33 11/12/2006 B. BRASIL

TOTAL 244.822,89

FONTE: Prefeitura Municipal de Barra do Choça

O processo de compras da EJA correspondente a manutenção das turmas e

pagamentos de professores é efetivado pelo Órgão executor de acordo o artigo 5º da resolução

Page 50: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

23/2006. Durante a atuação do programa o município obtém liberdade no que diz respeito às

movimentações dos recursos, porém se na prestação de contas for detectado alguma falha

contábil o município pode ter seus recursos suspensos para o ano posterior até a resolução do

impasse.

Na análise dos arquivos do Setor Contábil do município foram encontrados processos

licitatórios para compra de gêneros alimentícios e aquisição do livro didático, ambos

solicitados por meio de ofícios pela Secretaria Municipal de Educação. Consta, nos arquivos

no setor de finanças da Prefeitura vários demonstrativos de pagamentos com material de

consumo, folha de pagamento dos professores, serviços entre outras retenções.

A maior fração dos gastos com a EJA foi destinada a folha de pagamento dos

professores, soma de R$ 144.562,25, seguido pelo transporte escolar obedeceu a valores

próximos de R$ 58.057,70; para a compra do livro didático foram necessários R$ 69.386,10.

Cabe ressaltar que o Programa (Fazendo Escola/2006) de acordo a resolução nº 23, de 24 de

abril de 2006, não prevê gastos com transporte escolar para alunos jovens e adultos. A

Coordenadora destacou que o transporte é imprescindível para a EJA e por isso, foi um gasto

necessário para a inclusão dos jovens e adultos nas escolas.

O artigo 5º da resolução nº 23 que determina a utilização dos recursos pelo Órgão

Executor reafirma que o OEx poderá gastar somente com o que está previsto na resolução,

caso esteja em desacordo, o Artigo 10º § 5º diz que caso não seja provido o recurso, a

prestação de contas do OEx não será aprovada pelo FNDE, que, se for o caso, assinará o

prazo de 15 (quinze) dias para a devolução dos valores impugnados, na forma do inciso XVI

do art. 4º desta Resolução.

De acordo a responsável pela prestação de contas no município, até o momento não foi

dado o parecer conclusivo do FNDE quanto às prestações de contas de 2005 e 2006. Mas,

acredita que os gastos realizados no transporte escolar vão ter que ser repassados pela

Prefeitura Municipal à conta do FNDE, de acordo as especificações do Artigo n.º 10.

Repasses do Fundeb para o Município de Barra do Choça

O censo escolar de 2006 para a receita do Fundeb 2007 contabilbizou 852 matrículas na

EJA para o cálculo dos repasses financeiros para o município, já que os recursos do ano

vigente são repassados tendo como base o censo escolar do ano anterior.

Page 51: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

Apesar da entrada da EJA no novo fundo, o município continuou apresentando

redução no número de matriculados na Educação de Jovens e Adultos. Os recursos para 2007

têm como referência os valores apresentado na tabela abaixo:

Tabela 09: Dados do Censo 2006

Modalidade Zona Alunos Coeficientes

Creche 479 0,8

Pré escola 531 0,9

Especial 83 1,2

EJA 852 0,7

1ª a 4ª Urbana 5802 1

1ª a 4ª Rural 1,05

5ª a 8ª Urbana 3574 1,1

5ª a 8ª Rural 1,15

FONTE: Prefeitura Municipal de Barra do Choça

Vale destacar que as matrículas realizadas na EJA são contabilizados gradualmente no

Fundeb, ou seja, no primeiro ano de vigência do fundo são computadas 1/3 do número total de

alunos da Educação de Jovens e Adultos. Assim do total de 852 alunos registrados pelo censo

escolar 2006, apenas 280,3 foram considerados nos calculos do Fundeb.

Tabela 10: Recursos repassados para o Município (por nível e modalidade de ensino)

Modalidade Zona Alunos Coeficientes Valor Percapta

Total Mensal Total Anual

Creche 159,7 0,8 757,03 R$ 10.074,81 R$ 120.897,69Pré escola 177 0,9 851,66 R$ 12.561,99 R$ 150.743,82Especial 86,7 1,2 1135,55 R$ 8.204,35 R$ 98.452,19EJA 280,3 0,7 662,4 R$ 15.472,56 R$ 185.670,721ª a 4ª Urbana 2596 1 946,29 R$ 204.714,07 R$ 2.456.568,841ª a 4ª Rural 3101 1,05 993,61 R$ 256.765,38 R$ 3.081.184,615ª a 8ª Urbana 2348 1,1 1040,93 R$ 203.675,30 R$ 2.444.103,645ª a 8ª Rural 1219 1,15 1088,24 R$ 110.547,05 R$ 1.326.564,56integral 29 1182,86 R$ 2.858,58 R$ 34.302,94TOTAL 9996,7 R$ 824.874,08 R$ 9.898.489,01FONTE: Prefeitura Municipal de Barra do Choça

A EJA possui a ponderação de 0,70 no qual é subtraído no valor padrão, (ponderação

1,0 que se refere o valor-aluno do ensino fundamental urbano) que na tabela acima apresenta

o valor de R$: 946,29 (novessentos e quarenta e seis reais e vinte e nove centavos) para o ano

Page 52: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

de 2007, assim podemos dizer que o valor do aluno da EJA é 30% menor, atingindo o valor

de referência de 662,40 (seiscentos e sessenta e dois reais e quarenta centavos) por aluno.

Multiplicando o valor do aluno-ano da EJA pelo número total considerado no Fundeb

o município recebeu a quantia mensal de R$ 15.472,56 (quinze mil quatrocentos e setenta e

dois reais e cinquenta e seis centavos) para a modalidade de Educação de Jovens e Adultos

somando-se o valor anual de R$ 185.670,72 (cento e oitenta e cinco mil seiscentos e setenta

reais e setenta e dois centavos) no ano de 2007.

É importante destacar que estes recursos não podem ser utilizados para aquisição de

gêneros alimentícios para EJA, caso os municípios queira desenvolver esta ação tem que ser

com recursos próprios.

Para a receita de 2008 o número total de alunos foi de 10.775 alunos em todo o

município, dentro desse universo a Educação de Jovens e Adultos teve o número de 704

alunos, desses somente 2/3 foram contemplados nos cálculos do Fundeb 2008, ou seja, 469,3

alunos. Como o valor aluno de ponderação 1 foi reajustado para R$: 1.132,32 (hum mil cento

e trinta e sete reais e trinta centavos), o valor do aluno da EJA que possui a ponderação 0,70

atingiu a cifra de R$: 792,62 (setessentos e noventa e dois reais e sescenta e dois centavos).

Confira a tabela a seguir:

Tabela 11: Receita de 2008

FONTE: Prefeitura Municipal de Barra do Choça

Ensino Fundamental

Séries Iniciais Séries Finais Educação

Urbana Rural Urbana Rural Especial EJA

Nº de Alunos 2440 2836 2078 1308 100,3 469,3

Fator Ponderação

1 1,05 1,1 1,15 1,2 0,7

Valor do aluno

1.132,32 1.188,94 1.245,552 1.302,17 1.358,784 792,624

Total 2.762.860,8 3.371.822,5 2.588.257,06 170.323,6 136.286,04 371.978,44

TOTAL GERAL: R$ 11.830.332,16

Page 53: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

Com o Fundeb 2008 a Educação de Jovens e Adultos já recebeu um coeficiente maior

que a do comparado ao valor total de 2006, apesar do número menor contemplado pelo

Fundeb em 2008. Vale destacar que em 2009 todas as matrículas da EJA já serão computadas

no fundo, levando a um significativo aumento dos repasses para o município. O Fundeb prevê

que o gasto com as etapas e modalidades de ensino leva-se em consideração somente os

respectivos âmbitos de atuação prioritária (art. 211 da Constituição Federal), que delimita a

atuação dos Estados e Municípios em relação à educação básica. Contudo, o orgão executor

não poderá gastar mais que 10% dos recursos do fundo com a Educação de Jovens e Adultos.

Esta limitação dificilmente será um transtorno para o órgão executor, pois dificilmente os

gastos com a educação de jovens e adultos atingem valores tão altos.

Page 54: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste momento, em que preciso concluir esse trabalho de pesquisa, acredito que caiba

aqui a retomada de algumas reflexões de algumas questões que considero capazes de propiciar

a formulação de um entedimento que permita enriquecer um pouco mais as discussões na área

da educação de jovens e adultos. Também levanto questionamentos que encaro indispensáveis

na realização de pesquisa na área de financiamento da educação, como esta que apresento

agora e de outras tantas que aindo pretendo realizar.

A questão do financiamento abordada neste trabalho monográfico, bem como tantas

outras que compõem o universo escolar da EJA, fazem parte do cotidiano de muitos outros

municípios brasileiros. Posso enumerar algumas: falta de recursos financeiros e, quando não,

o disperdício destes; falta de manutenção das instalações escolares; falta de políticas públicas;

falta de recursos materiais e falta de políticas de valorização do profissional da educação

pública municipal.

Cito estas questões também para dizer que as mesmas, quando não são evidenciadas

ou profundamente analisadas, estão em constante movimento dentro das escolas, salas de aula

e secretárias de educação. Tais questões são a vida nas escolas, independente das relações que

se dão entre os entes federados, entre as dependências administrativas.

E tornam-se relacionalmente importantes na medida em que as relações que se dão

entre os órgãos normatizadores, a construção e implementação de políticas, planos e leis de

âmbito nacional que sua vez derivam planos, leis e normas estaduais e municipais, interferem

e modificam o cotidiano dessas escolas, crianças e professores.

Estas questões estão intimamente ligadas às determinações legais e financeiras a que

são impelidos estados e municípios. Todas as propostas e projetos educacionais que os

municípios pretendem desenvolver dependem de recursos financeiros para sua efetivação e

manutenção. Não há como pensar em uma considerável melhoria na qualidade do ensino

público brasileiro sem pensar em um aporte maior e mais coerente de recursos.

Aponto aqui a situação da educação de jovens e adultos, que considero preocupante e

ao mesmo tempo favorável dentro desta pesquisa por conta das discussões relativas ao

Fundeb, já tratado no segundo capítulo. A inquietação de alguns segmentos e entidades

Page 55: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

interessadas em garantir uma educação de qualidade à modalidade da EJA, bem como sua

inclusão no novo fundo e uma maior atenção dentro dos próprios cálculos do Fundeb.

Em documento apresentado pelo Ministério da Educação, o Fundeb é tido como uma

“revolução de qualidade da educação básica”, o Fundeb, em sua construção e implementação,

precisa ser acompanhado pelos segmentos interessados para que não estejamos, como no

Fundef, garantindo alguns avanços e eternizando outros tantos recuos na organização da

educação brasileira. Por isso é mais que fundamental a participação de todos quanto ao

acompanhamento do Fundeb nos seus anos de vigência.

Acredito que para que possamos pensar em novas políticas que visem o fortalecimento

e o aumento da qualidade da qualidade do atendimento oferecido na educação de jovens e

adultos, devemos entre outras coisas, promover uma discussão aprofundada sobre a

possibilidade de ampliação dos recursos para a educação. Lenvando-se em consideração a

importância da EJA dentro das políticas educacionais, para que esta modalidade tão segregada

ao longo da história brasileira seja encarada com igualdade dentro dos interesses políticos e

educacionais no Brasil.

O presente trabalho constitui-se num esforço sobre algumas questões. Não seria

possível dar conta de todos os processos administrativos e financeiros presente na política de

jovens e adultos e nem seria meu objetivo apriori, empreender um projeto que levasse ao fim

das questões. A área de políticas educacionais ligadas a educação de jovens e adultos,

configura-se num complexo e amplo processo de consolidação de educação para os jovens e

adultos do Brasil. Assim, o intuito é propiciar o debate, a instrumentalização, a provocação

entre vários setores, ou seja, esclarecer as questões de financiamento da EJA num momento

histórico propício para tal debate e compreensão. Professores, pais, alunos e comunidade em

geral podem, e precisam, conhecer as questões financeiras e legais para que possam

reivindicar, compreender e interpretar as políticas públicas aplicadas na educação do

município. Dessa forma, as questões financeiras da EJA não sejam frases rebuscadas e

repletas de sentidos esvaziados e ilegíveis para a comunidade local.

A política de educação de jovens e adultos no município de Barra do Choça pode ser

descrita a partir alguns movimentos mais amplos como a inclusão da modalidade nos

Page 56: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

cômputos do Fundeb, que visa a expansão deste nível de ensino, bem como seu

recolhecimento dentro do sistema contábil da educação básica brasileira.

Apesar dos avanços recentes na história da educação de jovens e adultos, bem como o

momento de valorização e recolhecimento deste nível de ensino, não podemos entender como

sendo o fim da luta, mas sim como momento marcado por novos horizontes, novas

possibilidades e conquistas, por uma educação de qualidade, por investimentos capazes de

atender aos anseios da comunidade escolar, e que tais recursos sejam injetados coerentemente

pelos órgãos responsáveis.

A educação de jovens e adultos está se consolidando dentro da conjuntura

educacionais brasileira, buscando estabilidade quanto à origem de seus recursos, quanto a

regularidade de seus projetos e planos traçados pela comunidade escolar em todo o país, e que

de um jeito ou de outro está inter-ligado com a política de jovens e adultos implantado em

Barra do Choça e com as diversas realidades que vivenciam tais questões no seu dia-a-dia.

Page 57: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

BIBLIOGRAFIA

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação. São Paulo: Moderna, 1996.

BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil – 1988

_________, Emenda Constitucional 014/1996

_________, Lei eDiretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei 9394/96

_________, Lei 9.424/96 Cria o FUNDEF

_________, Medida Provisória 2.100-30 de 23/03/00

_________, Resolução /CD/FNDE 009,de 20 de março de 2001

_________, Resolução 002, de 10 de janeiro de 2002.

_______ , Lei 9.394/96 de 20 de Dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e Bases da

Educação Nacional. Brasília: Diário Oficial da União, 20-12-1996.

________ , Lei 9.494 de 24 de dezembro de 1996. Dispõe sobre o Fundo de Manutenção e

Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério. Brasília: Diário

Oficial da União, 24-12-96.

Cartilha do FUNDEF, editada pelo Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco. Disponível

em http://www.mp.rs.gov.br/areas/infancia/arquivos/cartilhafundeb.pdf. Acesso em 10 de

Novembro de 2007.

FUCK, Irene Terezinha. Alfabetização de Adultos. Relato de uma experiência construtivista.

2. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.

GADOTTI, Moacir. Estado e Educação Popular: políticas de educação de Jovens e Adultos

IN: SILVA, Luiz H. et al. (org.). Paixão de aprender, Rio de Janeiro. Vozes, 1995. Volume II.

_________, Moacir; ROMÃO, José E. Educação de jovens e adultos: Teoria, prática e

proposta. 2. ed. – São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2000.

Page 58: EJA: a questão do financiamento no município de B. do Choça

_________, Moacir e ROMÃO, José Eustáquio. Autonomia da Escola, princípios e propostas.

Ed. Cortez. São Paulo 2000.

PINTO, José Marcelino de Rezende . Financiamento da Educação no Brasil: um balanço do

governo de FHC. Ver Educação e Sociedade Campinas. Volume 23,nº80, pág 109 – 136.

2002.

________, Um Fundinho Chamado Fundão, IN DOURADO, Fernandes Luiz. Financiamento

da Educação Básica. Campinas. Autores Associados ; Campinas. 1999.

HADDAD, Sérgio; PIERRO, Maria Di. Escolarização de jovens e adultos. Revista Brasileira

de Educação, mai-ago, número 014. São Paulo, 2000.

LOPES, Selva Paraguassu; SOUSA, Luzia Silva. EJA: um a educação possível ou mera

utopia? Disponível em http://www.scielo.com.br. Acesso em 17 de Maio de 2006.

MASAGÃO, Vera Maria. Educação de jovens e adultos: proposta curricular para o 1º

segmento do ensino fundamental. São Paulo: Ação educativa; Brasília: MEC, 1997.

MOLEVADE, João. Educação Pública no Brasil: Contos &Descontos. Idea Editora, 1997.

Brasília – DF.

OLIVEIRA, Romualdo Portela de e ADRIÃO Thereza (orgs) Gestão Financiamento e

Direito à Educação. Análise da LDB e da Constituição Federal

PAIVA, Vanilda Pereira. Educação popular e educação de adultos. São Paulo: Edições

Loyola, 1974.

PIERRO, Maria Clara Di; ORLANDO, Joia; MASAGÃO, Vera Maria. Visões da Educação

de Jovens e Adultos no Brasil. Disponível em http://www.scielo.com.br. Acesso em 17 de

Maio de 2006.

ROCCO, Gaetana Maria Jovina di. Educação de adultos: uma contribuição para seu estudo no

Brasil. São Paulo: Edições Loyola, 1979.

VÁRIOS ORGANIZADORES. Educação de Jovens e Adultos: subsídios para elaboração de

políticas municipais. Fórum de Políticas Municipais de Educação de Jovens e Adultos. São

Paulo – SP. Série: documentos, 1990.