2
Lula da Silva, 74 anos, foi preso em Abril do ano pas- sado, no âmbito da Operação Lava Jato, por causa de um apartamento tríplex em seu nome, numa praia do Estado de São Paulo. Era candidato às eleições para a presidência da República, pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e as sondagens mostravam-se- lhe favoráveisi. Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal votou favoravelmente (seis votos a favor e cinco contra) uma alteração à pena de pri- são no Brasil, que passa a ser aplicada só depois dos pro- cessos transitarem para jul- gamento e não apenas na sequência de uma conde- nação em segunda instância. A excepção são os casos de flagrante delito ou de cri- minosos considerados peri- gosos para a sociedade. Esta decisão beneficiou cerca de cinco mil prisioneiros, entre eles, 12 condenados do pro- cesso Lava Jato. Assim que deixou o esta- belecimento prisional, Lula discursou perante milhares de apoiantes, que gritavam: “Lula, eu te amo”. “O lado podre da política federal, da Receita Federal, do Ministério Público Fede- ral tentaram criminalizar a esquerda brasileira. Eles não prenderem um homem, eles tentaram prender uma ideia, mas uma ideia não se prende”, acusou. “Essa quadrilha e outros se os colocarem todos no liquidificador não dá 10 por cento da honestidade que eu represento”, acrescentou. A seguir, Lula apresen- tou os mais próximos, usando provocações ao Presidente Jair Bolsonaro: “Quero apresentar o nosso quase Presidente, se não fosse roubado, Fernando Haddad” e “este amigo aqui que é capitão, não é um tenente que ao se aposentar virou capitão”. Lula já deixou promes- sas: “vou lutar para melho- rar a vida do brasileiro, que está uma desgraça, e não vou permitir que esta gente entregue o nosso país”. Para Lula, “o país vai melhorar quando tiver um presidente que não minta tanto como o Bolsonaro mente pelo twitter”. O antigo Presidente, que seguiu para São Bernardo do Campo, sede do Sindicato dos Metalúrgicos, que pre- sidiu, e de onde, em Abril de 2018, partiu para a prisão, quer agora aproveitar para viajar pelo Brasil e assu- mir-se como uma espécie de líder da oposição ao Governo de Bolsonaro, ape- sar de a sua actual situação jurídica não o permitir can- didatar-se a cargos públicos, por enquanto. “Estou com o sangue nos olhos”, disse o antigo Presidente, citado pela revista “Veja”, ao longo da tarde, numa demonstração de que pretende fazer polí- tica agressiva. Dissonâncias No Partido dos Trabalha- dores, no entanto, há cor- rentes dissonantes, que preferiam ver Lula resguar- dar-se neste momento. A colunista Denise Rothen- burg, do jornal “Correio Braziliense”, escreve que “enquanto alguns defen- dem um acto no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, onde Lula foi preso, em 7 de Abril do ano passado, e que ele comece a percorrer o país na semana que vem”, outros têm “receio de que esse périplo acirre a divisão no país e sirva de justificativa para que os aliados do Presidente Jair Bolsonaro tentem classificar qualquer acto como “baderna” ou coisa que o valha, a fim de vir com medidas de restrição de liberdade”. Decisão O Supremo Tribunal Federal (STF) votou (seis contra cinco), a favor da prisão ape- nas após os processos tran- sitarem em julgado e não logo depois da condenação em segunda instância, deci- são que, além de Lula, bene- ficiou 11 condenados na Lava Jato, entre eles José Dirceu, e cerca de cinco mil presos. As excepções, sublinha- das pelo tribunal, são em caso de prisão em flagrante delito ou de criminosos con- siderados perigosos para a sociedade. Mas o tribunal deixou no ar, como destacou Moro, a possibilidade de o Congresso, se assim o entender, alterar a carta constitucional e voltar ao ponto de partida. Votaram a favor do enten- dimento que beneficiava Lula, dois juízes nomeados pelo próprio ex-metalúrgico, uma por Dilma Rousseff, um por José Sarney, um por Collor de Mello e um por Fernando Henrique Cardoso. E contra, uma nomeada por Lula, três por Dilma e um por Michel Temer. Lula fora condenado por Moro em primeira instância, no caso chamado de “tríplex do Guarujá”, pela posse ilícita de um apartamento na praia paulista. Viu, posteriormente, o tribunal de segunda ins- tância aumentar-lhe a pena, razão pela qual foi para a pri- são. O Supremo Tribunal de Justiça, terceira instância, diminuiu essa pena. Com o novo entendimento, até ao STF julgar o processo e só após esgotados todos os recursos cabíveis, o antigo Presidente volta para a prisão. O político, porém, tem mais sete processos à perna. Num deles, conhecido como “Sítio de Atibaia”, já foi condenado em primeira instância. Por outro lado, os seus advogados têm um trunfo na manga: solicitaram recurso ao STF, pedindo a suspeição de Moro por parcialidade, com base nas gravações reve- ladas nas reportagens do The Intercept - a Vaza Jato. Uma vez aceite esse recurso, a condenação seria anulada e Lula poderia até candida- tar-se a cargos públicos - para já não pode ao abrigo da Lei da Ficha limpa que impede condenados em segunda ins- tância de o fazerem. “Uma ideia não se prende” Alberto Fernández, Presi- dente eleito da Argentina, fez saber que convidará Lula para a sua posse, marcada para dia 10 de Dezembro, caso o ex-sindicalista seja autorizado a sair do país. Bolsonaro, aliado do derrotado Maurício Macri, declinou participar e far-se-á representar por Osmar Terra, ministro da cidadania. Cientistas políticos, aliás, assinalam que será o centro do espectro partidário bra- sileiro o mais prejudicado com a libertação de Lula e não Bolsonaro. “Vai funcionar na base do “ele não”. Para um lado ou para o outro, “ele não” “ele de jeito nenhum”. Os extremos saem fortaleci- dos, um sabe imediatamente com quem antagonizar”, disse Sérgio Fausto, da Fundação Fernando Henrique Cardoso à BBC Brasil. “Nem há ainda um movi- mento de centro bem cons- tituído, e faltam três anos para a eleição presidencial, quando esse movimento pode aparecer. Mas, nessa lógica de dois pólos que se reforçam e se ampliam, o espaço do centro se reduz. Especialmente , por- que ainda não tem lideranças claras”, continuou. Para Bruno Speck, politó- logo da Universidade de São Paulo, “a mobilização dos dois lados, a mesma que foi forte nos últimos dois anos, vai se intensificar. Não será exacta- mente em torno da figura de Lula, mas as massas já estão mobilizadas, com um espectro bem definido. Esse “ritual” está pronto para recomeçar”. “De um lado, as pessoas que protestaram nos primei- ros meses do ano contra cor- tes na educação, por exemplo. Essa ponta será galvanizada, caso haja a presença de Lula. Do outro lado, está a massa de “indignados”, os que pro- testam contra a corrupção, vestindo verde e amarelo. Esses serão estimulados pela base de Bolsonaro, que tratará uma libertação de Lula como exemplo de “impunidade” e usará o sen- timento de indignação para chamar protestos”. O mercado financeiro, por sua vez, reagiu mal à eventua- lidade da libertação de Lula - “risco Lula” chamaram-lhe analistas - com o dólar a subir face ao real e a bolsa a cair. Mais reacções Além de ter sido noticiado em centenas de jornais pelo mundo afora, o tema “Lula” tornou-se minutos após a lei- tura do voto do último juiz do STF o mais partilhado na rede social twitter. Entre os milhões de comen- tários, um, de Rosângela Silva, namorada e futura mulher do antigo Presidente, destacava- se: “Amanhã, vou te buscar”. Fernando Haddad, candidato nas últimas eleições no lugar de Lula, publicou um vídeo onde tocava os acordes da canção “Lula Livre”. Artistas como José de Abreu, Débora Nascimento, Leandra Leal, Maria Ribeiro, Enrique Diaz ou Gregório Duvivier também se congratularam. A Presidente nacional do PT, em comunicado, dada a euforia generalizada no par- tido, alertava os militantes contra “provocações que podem vir do clima de ódio e do extremismo da direita” e apelava para manterem “a tranquilidade, a mesma tranquilidade que o Presi- dente mostra”. Os mais eufóricos, eram os membros da vigília Lula Livre, que ao longo dos últimos 589 dias, acampou em frente à prisão, dando bons dias, boas tardes e boas noites ao Pre- sidente, diariamente. LULA DA SILVA LIVRE HÁ 72 HORAS DR 4 DESTAQUE Segunda-feira 11 de Novembro de 2019 “Eles não prenderam um homem, eles tentaram prender uma ideia, mas uma ideia não se prende”, acusou o ex-Presidente do Brasil. A reportagem é do “Diário de Notícias” Convite do Presidente Argentino Alberto Fernández Presidente da Argentina DR

LULA DA SILVA LIVRE HÁ 72 HORAS “Uma ideia não se prende”imgs.sapo.pt/jornaldeangola/img/1259867728_destaque.pdf · decisão beneficiou cerca de cinco mil prisioneiros, entre

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: LULA DA SILVA LIVRE HÁ 72 HORAS “Uma ideia não se prende”imgs.sapo.pt/jornaldeangola/img/1259867728_destaque.pdf · decisão beneficiou cerca de cinco mil prisioneiros, entre

Lula da Silva, 74 anos, foipreso em Abril do ano pas-sado, no âmbito da OperaçãoLava Jato, por causa de umapartamento tríplex em seunome, numa praia do Estadode São Paulo. Era candidatoàs eleições para a presidênciada República, pelo Partidodos Trabalhadores (PT) e assondagens mostravam-se-lhe favoráveisi.Na semana passada, o

Supremo Tribunal Federalvotou favoravelmente (seisvotos a favor e cinco contra)uma alteração à pena de pri-são no Brasil, que passa a seraplicada só depois dos pro-cessos transitarem para jul-gamento e não apenas nasequência de uma conde-nação em segunda instância.A excepção são os casos deflagrante delito ou de cri-minosos considerados peri-gosos para a sociedade. Estadecisão beneficiou cerca decinco mil prisioneiros, entreeles, 12 condenados do pro-cesso Lava Jato.Assim que deixou o esta-

belecimento prisional, Luladiscursou perante milharesde apoiantes, que gritavam:“Lula, eu te amo”.“O lado podre da política

federal, da Receita Federal,do Ministério Público Fede-ral tentaram criminalizar aesquerda brasileira. Elesnão prenderem um homem,eles tentaram prender umaideia, mas uma ideia nãose prende”, acusou.“Essa quadrilha e outros

se os colocarem todos noliquidificador não dá 10 porcento da honestidade que eurepresento”, acrescentou.A seguir, Lula apresen-

tou os mais próximos ,usando provocações aoPresidente Jair Bolsonaro:“Quero apresentar o nossoquase Presidente, se nãofosse roubado, FernandoHaddad” e “este amigo aquique é capitão, não é umtenente que ao se aposentarvirou capitão”.Lula já deixou promes-

sas: “vou lutar para melho-rar a vida do brasileiro,que está uma desgraça, enão vou permitir que estagente entregue o nossopaís”. Para Lula, “o país vaimelhorar quando tiver umpresidente que não mintatanto como o Bolsonaromente pelo twitter”.O antigo Presidente, que

seguiu para São Bernardodo Campo, sede do Sindicatodos Metalúrgicos, que pre-sidiu, e de onde, em Abrilde 2018, partiu para a prisão,quer agora aproveitar paraviajar pelo Brasil e assu-mir-se como uma espéciede líder da oposição aoGoverno de Bolsonaro, ape-sar de a sua actual situaçãojurídica não o permitir can-didatar-se a cargos públicos,por enquanto.“Estou com o sangue

nos olhos”, disse o antigoPresidente, citado pelarevista “Veja”, ao longo datarde, numa demonstraçãode que pretende fazer polí-tica agressiva.

DissonânciasNo Partido dos Trabalha-dores, no entanto, há cor-rentes dissonantes, quepreferiam ver Lula resguar-dar-se neste momento. A

colunista Denise Rothen-burg, do jornal “CorreioBraziliense”, escreve que“enquanto alguns defen-dem um acto no Sindicatodos Metalúrgicos do ABC,onde Lula foi preso, em 7de Abril do ano passado, eque ele comece a percorrero pa í s n a s emana quevem”, outros têm “receiode que esse périplo acirrea divisão no país e sirvade justificativa para queos aliados do PresidenteJa i r Bo l sonaro tentemclassificar qualquer actocomo “baderna” ou coisaque o valha, a fim de vir

com medidas de restriçãode liberdade”.

DecisãoO Supremo Tribunal Federal(STF) votou (seis contracinco), a favor da prisão ape-nas após os processos tran-sitarem em julgado e nãologo depois da condenaçãoem segunda instância, deci-são que, além de Lula, bene-ficiou 11 condenados na LavaJato, entre eles José Dirceu,e cerca de cinco mil presos.As excepções, sublinha-

das pelo tribunal, são emcaso de prisão em flagrantedelito ou de criminosos con-

siderados perigosos para asociedade. Mas o tribunaldeixou no ar, como destacouMoro, a possibilidade de oCongresso , s e a s s im oentender, alterar a cartaconstitucional e voltar aoponto de partida.Votaram a favor do enten-

dimento que beneficiavaLula, dois juízes nomeadospelo próprio ex-metalúrgico,uma por Dilma Rousseff,um por José Sarney, um porCollor de Mello e um porFernando Henrique Cardoso.E contra, uma nomeada porLula, três por Dilma e umpor Michel Temer.

Lula fora condenado porMoro em primeira instância,no caso chamado de “tríplexdo Guarujá”, pela posse ilícitade um apartamento na praiapaulista. Viu, posteriormente,o tribunal de segunda ins-tância aumentar-lhe a pena,razão pela qual foi para a pri-são. O Supremo Tribunal deJustiça, terceira instância,diminuiu essa pena. Com onovo entendimento, até aoSTF julgar o processo e sóapós esgotados todos osrecursos cabíveis, o antigoPresidente volta para a prisão.O político, porém, tem maissete processos à perna. Num

deles, conhecido como “Sítiode Atibaia”, já foi condenadoem primeira instância. Por outro lado, os seus

advogados têm um trunfo namanga: solicitaram recursoao STF, pedindo a suspeiçãode Moro por parcialidade,com base nas gravações reve-ladas nas reportagens do TheIntercept - a Vaza Jato.Uma vez aceite esse recurso,

a condenação seria anuladae Lula poderia até candida-tar-se a cargos públicos - parajá não pode ao abrigo da Leida Ficha limpa que impedecondenados em segunda ins-tância de o fazerem.

“Uma ideia não se prende”

Alberto Fernández, Presi-dente eleito da Argentina, fezsaber que convidará Lula paraa sua posse, marcada paradia 10 de Dezembro, caso oex-sindicalista seja autorizadoa sair do país. Bolsonaro,aliado do derrotado MaurícioMacri, declinou participar efar-se-á representar por OsmarTerra, ministro da cidadania.Cientistas políticos, aliás,

assinalam que será o centrodo espectro partidário bra-sileiro o mais prejudicadocom a libertação de Lula enão Bolsonaro. “Vai funcionarna base do “ele não”. Paraum lado ou para o outro, “elenão” “ele de jeito nenhum”.Os extremos saem fortaleci-dos, um sabe imediatamentecom quem antagonizar”, disseSérgio Fausto, da FundaçãoFernando Henrique Cardosoà BBC Brasil.“Nem há ainda um movi-

mento de centro bem cons-tituído, e faltam três anospara a eleição presidencial,quando esse movimento podeaparecer. Mas, nessa lógica dedois pólos que se reforçam ese ampliam, o espaço do centrose reduz. Especialmente , por-

que ainda não tem liderançasclaras”, continuou.Para Bruno Speck, politó-

logo da Universidade de SãoPaulo, “a mobilização dos doislados, a mesma que foi forte

nos últimos dois anos, vai seintensificar. Não será exacta-mente em torno da figura deLula, mas as massas já estãomobilizadas, com um espectrobem definido. Esse “ritual”

está pronto para recomeçar”.“De um lado, as pessoas

que protestaram nos primei-ros meses do ano contra cor-tes na educação, por exemplo.Essa ponta será galvanizada,caso haja a presença de Lula.Do outro lado, está a massade “indignados”, os que pro-testam contra a corrupção,vestindo verde e amarelo.Esses serão estimuladospela base de Bolsonaro, quetratará uma libertação deLu l a como e xemp lo d e“impunidade” e usará o sen-timento de indignação parachamar protestos”.O mercado financeiro, por

sua vez, reagiu mal à eventua-lidade da libertação de Lula -“risco Lula” chamaram-lheanalistas - com o dólar a subirface ao real e a bolsa a cair.

Mais reacçõesAlém de ter sido noticiado emcentenas de jornais pelomundo afora, o tema “Lula”tornou-se minutos após a lei-tura do voto do último juiz do

STF o mais partilhado na redesocial twitter.Entre os milhões de comen-

tários, um, de Rosângela Silva,namorada e futura mulher doantigo Presidente, destacava-se: “Amanhã, vou te buscar”.Fernando Haddad, candidatonas últimas eleições no lugarde Lula, publicou um vídeoonde tocava os acordes dacanção “Lula Livre”. Artistascomo José de Abreu, DéboraNascimento, Leandra Leal,Maria Ribeiro, Enrique Diazou Gregório Duvivier tambémse congratularam.A Presidente nacional do

PT, em comunicado, dada aeuforia generalizada no par-tido, alertava os militantescontra “provocações quepodem vir do clima de ódioe do extremismo da direita”e apelava para manterem“a tranquilidade, a mesmatranquilidade que o Presi-dente mostra”.Os mais eufóricos, eram os

membros da vigília Lula Livre,que ao longo dos últimos 589dias, acampou em frente àprisão, dando bons dias, boastardes e boas noites ao Pre-sidente, diariamente.

LULA DA SILVA LIVRE HÁ 72 HORAS

DR

4 DESTAQUE Segunda-feira11 de Novembro de 2019

“Eles não prenderam um homem, eles tentaramprender uma ideia, mas uma ideia não se

prende”, acusou o ex-Presidente do Brasil. A reportagem é do “Diário de Notícias”

Convite do Presidente Argentino

Alberto Fernández Presidente da Argentina

DR

Page 2: LULA DA SILVA LIVRE HÁ 72 HORAS “Uma ideia não se prende”imgs.sapo.pt/jornaldeangola/img/1259867728_destaque.pdf · decisão beneficiou cerca de cinco mil prisioneiros, entre

O Partido ComunistaPortuguês (PCP) saudoua libertação do ex-Pre-sidente do Brasil Lula daSilva, como “uma vitóriacontra a injustiça”, num“processo eminente-mente político”.

Num comun icadoenviado às redacções, opartido manifesta “satis-fação pela libertação”de Lula da Silva, “injus-tamente preso desdeAbril de 2018”.

Para o PCP, o líder his-tórico do Partido dos Tra-balhadores (PT) foi alvode “um processo emi-nentemente político,parte integrante do golpede Estado institucionalque conduziu à destitui-ção da legítima Presi-dente Dilma Rousseff eao impedimento de Lulada Silva de concorrer às

eleições presidenciais”.“O PCP saúda Lula da

Silva e todas as forçasdemocráticas brasileiras,que, tendo alcançadoagora uma importantevitória, prosseguem aluta pela reposição dajustiça e em defesa daliberdade e da democra-cia, com a exigência dofim da perseguição polí-tica ao ex-Presidente doBrasil”, lê-se no texto.

O PCP afirma tambémque a libertação de Lulaé “um sério revés na estra-tégia golpista e no planoantidemocrático, anti-social e antipatriótico dasforças reaccionárias bra-sileiras e do imperialismo”,ao mesmo tempo queconstitui “um estímulo àluta das forças progres-sistas, democráticas epatrióticas do Brasil”.

Família Bolsonaronão escondedesilusão

“Não dê munição ao cana-lha”, pede o Presidente doBrasil. Jair Bolsonaro aoreferir-se à libertação doantigo Presidente do BrasilLula da Silva, acrescenta,“que, momentaneamente,está livre, mas carregadode culpa”.

“Amantes da liberdade edo bom, somos a maioria.Não podemos cometer erros.Sem um norte e um comando,mesmo a melhor tropa setorna num bando que atirapara todos os lados, inclusivenos amigos. Não dê muniçãoao canalha que, momenta-neamente, está livre, mas car-regado de culpa”, reagiu,sábado, Bolsonaro, na suaconta no Twitter.

Para o Chefe de Estado,que quebrou o s i lênc iosobre a libertação de Lula,o Brasil iniciou, “há poucosmeses, a nova fase de recu-peração” e este “não é umprocesso rápido”. Bolsonaroelogiou ainda o ministroda Justiça, Sérgio Moro, oprincipal responsável pelaprisão de Lula.

“Em parte, o que acontecena política no Brasil, devemosa Sergio Moro”, disse.

Bolsonaro encontrava-senuma cerimónia de entregade autocarros escolares,quando Lula saiu em liber-dade, segundo a “Folha deSão Paulo”. Diz o jornal queum assessor mostrou ao Pre-s i den te a s imagens domomento da libertação, maseste não fez qualquer comen-tário. Ao contrário dos seusfilhos. “Chega de impunidade,o Brasil não aguenta mais”,foi a reacção do deputado

federal Eduardo Bolsonaro.Já o vereador Carlos Bol-

sonaro reiterou que o paísnão pode aceitar “mais o showdos bandidos do PT, PCdoB,Piçóu etc!”. “Sei que o jogovirará rapidamente”.

Durante o primeiro dis-curso em liberdade, no Estadode Goiás, o ex-Presidente nãopoupou nas críticas ao actualChefe de Estado:

“O Brasil vai melhorarquando tiver um Presidenteque não minta tanto comoBolsonaro mente pelo twitter”.Lula da Silva deixou ainda apromessa de “lutar pela vidados brasileiros, que está umadesgraça”, colocando-se jácomo contraponto político esocial ao Governo.

DR

Segunda-feira11 de Novembro de 2019 5DESTAQUE

PCP: Lula, livre, é “vitóriacontra a injustiça”

O candidato nas primáriasdoPartido Democrata norte-ame-ricano Bernie Sanders elogiouhoje a libertação do antigo Pre-sidente brasileiro Lula da Silva,recordando o seu trabalho parareduzir a pobreza no Brasil.

Numa publicação no Twitter,pouco depois da saída da prisãoda sede da Polícia Federal deCuritiba, Estado do Paraná, suldo Brasil, Bernie Sanders recor-dou o trabalho político de Lula,um ícone da esquerda e do sin-

dicalismo na América Latina.“Como Presidente, Lula

fez mais do que ninguémpara reduzir a pobreza noBrasil e defender os traba-lhadores”, escreveu Sanders,que se apresenta como o can-didato mais à esquerda nasprimárias democratas.

“Estou muito feliz que eletenha sido libertado da pri-são, algo que nunca deveriater acontecido em primeirolugar”, escreveu.

Bloco de Esquerda (Portugal)considerou que a libertaçãodo antigo Presidente do Bra-sil Lula da Silva é um actode “justiça e democracia”,referindo que a prisão foimotivada por uma “perse-guição política”.

“A libertação de Lula daSilva, decidida hoje (sexta-feira) pelo Supremo TribunalFederal do Brasil, é um actode justiça e democracia quedeve ser saudado interna-cionalmente por todos osdemocratas”, refere o BEem comunicado.

O Bloco salienta que Lulada Silva estava preso há maisde 500 dias, sendo “vítimade uma condenação arbi-trária, à revelia dos direitosbásicos de qualquer Estadode direito”.

“Confirmando que o prin-cípio da presunção da ino-cência foi sistematicamenteviolado no processo que levou

à sua detenção, a decisão doSupremo Tribunal Federalvem confirmar que a prisãode Lula da Silva foi motivadapor uma perseguição política”,acrescenta.

O partido explica que al ibertação permite - lheenfrentar, em liberdade, oprocesso que decorre contraele, de modo a “derrotar osautores da acusação, semprova, de que foi alvo”.

“O Bloco de Esquerdaempenhou-se, desde início,em todas mobilizações inter-nacionais de denúncia e rei-vindicação pela liberdadede Lula da Silva. Na expec-tativa de que o Brasil garantao estrito cumprimento doEstado de direito, saudamoso ex-Presidente do Brasil, oseu partido, bem como todasas forças que se uniram contraa prisão de Lula e todo o povobrasileiro por este acto dejustiça”, conclui.

BE: acto de “justiça e democracia”

Durante o seu primeiro discurso em liberdade, no Estado de Goiás,

o antigo Presidente não poupou nas críticas ao actual Chefe de estado

Sanders elogia libertação de Lula e recorda o combate à pobreza

Jerónimo Carvalho Secretário-Geral do PCP

CatarinaSoaresMartins

deputada do Bloco

de Esquerda

DR

DR

DR