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SERVIÇOS GESTÃO Entender o mundo dos "Call Centers" Luanda concentra as prestadoras de serviços de empresas do segmento das telecomunicações e não só. São os chamados "Call Centers", para onde caem as reclamações feitas pelos clientes. p. 9-11 Andebol busca rigor Simão Filho, presidente da Associação de Andebol de Luanda, aborda o estado da modalidade na capital: os males de que está enferma e os projectos em vista. 2 de Outubro de 2017 Ano 0 • Número 8 O Dia da Saúde Mental assinala- se a 10 próximo. Em Luanda, o Hospital Psiquiátrico regista, diariamente, entre 70 e 90 casos. As causas são, sobretudo, sociais e vão do consumo de drogas ao abandono familiar. O quotidiano dos dementes é desolador. Tem- lhes valido a sensibilidade das enfermeiras, a quem ainda resta o amor ao próximo. p. 3-6 IRREGULARES FARMÁCIAS CRESCEM NA PERIFÉRIA O número de farmácias na zona periférica aumenta substancialmente. Algumas eram estabelecimentos comerciais de venda de produtos alimentares e bebidas, pertencentes a angolanos. Estes acabaram por cedê-los a estrangeiros, que os transformaram em espaços para venda de medicamentos. A legalidade destas farmácias é questionável. MERCADO BAIXAM LUCROS NA SAPÚ II No mercado 11 de Novembro, situado no bairro da Sapu II, no município de Talatona, os lucros estão, cada dia, mais baixos. A culpa é passada a vendedoras que se colocam junto aos acessos, impedindo que clientes se aproximem da praça. “SOLDADO DESCONHECIDO” ROMARIA À ESTÁTUA Muitas são as razões que levam visitantes à estátua do "Soldado Desconhecido", inaugurado há poucos dias: a simples curiosidade ou a necessidade de conhecer mais um pedaço da história de Angola. p. 20 p. 19 p. 12 SAÚDE MENTAL MENDES DE CARVALHO Amor em tempo de loucura PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO Governador inicia funções O novo Governador da Província de Luanda, Adriano Mendes de Carvalho, apresenta-se hoje aos funcionários da instituição para a qual foi nomeado na passada quinta- feira, pelo Presidente da República, João Lourenço. Mendes de Carvalho assume, pela primeira vez, a direcção da capital do país, depois de já ter desempenhado o cargo de vice-governador. PERIGO Venda de fármacos é feita em espaços sem quaisquer condições MIQUÉIAS MACHANGONGO | EDIÇÕES NOVEMBRO p. 30-31

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SERVIÇOSGESTÃO

Entender o mundodos "Call Centers"Luanda concentra as prestadoras deserviços de empresas do segmentodas telecomunicações e não só. Sãoos chamados "Call Centers", paraonde caem as reclamações feitaspelos clientes. p. 9-11

Andebolbusca rigorSimão Filho, presidente da

Associação de Andebol de Luanda,aborda o estado da modalidade na

capital: os males de que estáenferma e os projectos em vista.

2 de Outubro de 2017 • Ano 0 • Número 8

O Dia da Saúde Mental assinala-se a 10 próximo. Em Luanda, oHospital Psiquiátrico regista,

diariamente, entre 70 e 90 casos.As causas são, sobretudo, sociaise vão do consumo de drogas aoabandono familiar. O quotidianodos dementes é desolador. Tem-lhes valido a sensibilidade das

enfermeiras, a quem ainda resta oamor ao próximo. p. 3-6

IRREGULARES

FARMÁCIASCRESCEM NA PERIFÉRIAO número de farmácias na zonaperiférica aumenta substancialmente.Algumas eram estabelecimentoscomerciais de venda de produtosalimentares e bebidas, pertencentes aangolanos. Estes acabaram por cedê-losa estrangeiros, que os transformaramem espaços para venda demedicamentos. A legalidade destasfarmácias é questionável.

MERCADO

BAIXAM LUCROSNA SAPÚ IINo mercado 11 de Novembro, situadono bairro da Sapu II, no município deTalatona, os lucros estão, cada dia, maisbaixos. A culpa é passada avendedoras que se colocam junto aosacessos, impedindo que clientes seaproximem da praça.

“SOLDADO DESCONHECIDO”

ROMARIAÀ ESTÁTUAMuitas são as razões que levamvisitantes à estátua do "SoldadoDesconhecido", inaugurado há poucosdias: a simples curiosidade ou anecessidade de conhecer mais umpedaço da história de Angola.

p. 20

p. 19

p. 12

SAÚDE MENTAL

MENDES DE CARVALHO

Amorem tempode loucura

PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO

Governador inicia funçõesO novo Governador da Província de Luanda, Adriano

Mendes de Carvalho, apresenta-se hoje aos funcionáriosda instituição para a qual foi nomeado na passada quinta-

feira, pelo Presidente da República, João Lourenço.Mendes de Carvalho assume, pela primeira vez, a

direcção da capital do país, depois de já terdesempenhado o cargo de vice-governador.

PERIGO Venda de fármacos é feita emespaços sem quaisquer condições

MIQUÉIAS MACHANGONGO | EDIÇÕES NOVEMBRO

p. 30-31

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Luandando

CAETANO JÚNIORDirector Executivo

A ATENÇÃOQUE MERECE ASAÚDE MENTAL

A10 de Outubro próximo,assinala-se o Dia da SaúdeMental. Em Luanda, os re-

gistos diários de entradas no Hos-pital Psiquiátrico são assustado-res. Além dos números, tambémchama a atenção as causas paratantas ocorrências. Agora, as per-turbações mentais são conse-quências, sobretudo, de factoressociais. Portanto, as razões congé-nitas e degenerativas ficaram pa-ra trás; perderam terreno.

O excessivo consumo de álcool,o uso de drogas ilegais e o aban-dono familiar estão entre as prin-cipais causas sociais para que oHospital Psiquiátrico abra as por-tas a cada vez mais pacientes.

Neste contexto, chamar "gra-ve" à situação seria um eufemis-mo que em nada contribuiria pa-ra que se encarasse o assunto coma seriedade que exige. O quadro é,na verdade, catastrófico e uma con-sequência directa de males de quea sociedade está enferma, como éexemplo a decadência de valorescomo o amor ... ao próximo.

Nós, os externos, prestaríamosmais atenção aos valores morais eéticos se, de vez em quando, fôsse-mos a lugares como o Hospital Psi-quiátrico e vivenciássemos o quoti-diano dos internosou víssemos, sim-plesmente, em que seres humanosmuitos deles estão transformados.

Assim, é preciso apelar ao hu-manista que há em cada um de nós.Pois só com o emergir desse sen-timento é possível cuidar do se-melhante, para que não acabe, de-pois, por se juntar às estatísticasdos hospitais do foro psíquico.

Violência domésticaEstou preocupado com a violência do-méstica na cidade de Luanda. Por ciú-mes, um marido bateu na mulher, queconseguiu escapar até à casa da vi-zinha. Não satisfeito, ele ateou fogo àresidência onde se encontrava a mu-lher. Morreram oito pessoas, incluídocrianças. Num outro caso, um jovemespancou a ex-mulher. Sãos situa-ções que me levam a questionar seo Estado não devia aplicar penas maispesadas a esses criminosos.

Manuel José Viana

O nosso vizinhoDesde há algum tempo, tenho ob-servado que um vizinho tem por há-

bito bater na esposa, mesmo depoisde aconselhado várias vezes. Até queum dia partiu o braço à senhora. A vi-zinhança ficou a saber pelo filho. Osvizinhos fizeram uma queixa à Polí-cia e o criminoso encontra-se detido.Aqui fica um exemplo que se deve se-guir. Afinal, casos desta natureza acon-tecem e podem acabar em morte.

Albino JúlioGolfe

MotoqueirosNo bairro do Chinguari, nos últimostempos, aumentou o número de as-saltos feitos por motoqueiros, vulgokupapatas, no período da noite. Umasituação que é de lamentar. Depoisde transportar o passageiro, na horado pagamento, ele anuncia o assal-to, uma prática que aumenta a cadadia. Os moradores da zona já apre-sentaram queixa à esquadra da Polí-cia e aguardam por medidas. Os mo-radores não têm alternativa.

Manuel GasparBenfica

Postal da CidadeEscreva-nos por e-mail para: [email protected]

NOTA DO DIA

Directores Executivos: Caetano Júnior e Cristina da Silva

Director de Arte: Albino Camana

Sub-Editora: Rosalina Mateta

Jornalistas: Arcângela Rodrigues, Domiana N’Jila, Fula Martins, Helma Reis, João Pedro, Mazarino daCunha, Manuela Mateus, Nilsa Massango, Neusa de Menezes e Solange da Silva

Fotógrafos: Francisco Bernardo, Rogério Tuti, Contreiras Pipa, Domingos Cadência, João Gomes, M. Machangongo e Kindala Manuel

Designer: Irineu Caldeira

Morada: Rua Rainha Jinga 12/26 . Caixa Postal: 13 12

Telefone: 222 02 01 74/222 33 33 44 Fax: 222 33 60 73

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Publicidade: (+244) 926 40 69 29/923 40 27 00 MAIL: [email protected]

Presidente do Conselho deAdministração: António José Ribeiro

Administradores Executivos: VictorManuel Branco Silva Carvalho, EduardoJoão Francisco Minvu, Mateus Franciscodos Santos Júnior, Catarina Vieira Dias daCunha, António Ferreira Gonçalves, CarlosAlberto da Costa Faro Molares D’Abril

Administradores não Executivos:Olímpio de Sousa e Silva, Engrácia ManuelaFrancisco Bernardo

2 OPINIÃO Segunda-feira, 2 de Outubro de 2017

Regras de trânsitoMOTOQUEIROS VIOLADORESÉ frequente observar, em toda cida-de de Luanda, alguns condutores demotorizadas, vulgo motoqueiros, a vio-lar a Lei de Trânsito; andam em sen-tido contrário e, em outras situações,atravessam passadeiras. Estas pos-turas, aos olhos dos mesmos, pare-cem normais, mas não o são à luz dasnormas que regulam a condução.Se os motoqueiros as praticam porpura preguiça ou se fazem ouvidosde mercador ao elevado índice demortes nas estradas, desconhece-mos. Mas os seus actos impruden-tes estão à vista de todos.Na semana passada, jovens que ven-dem água em "bidons" de 20 litros eos transportam em motorizadas fi-

zeram uma destas “ fintas” às regrasde trânsito e quase atropelaram umacidadã, ali no Benfica, nas imediaçõesdo antigo controlo.Este tipo de comportamento de-monstra total desrespeito à vida dopróximo e falta de cidadania, porquanto se despreza o esforço de to-dos os angolanos. Na nossa Luanda,não queremos conviver com pessoasque não valorizam as nossas con-quistas e que colocam a vida de pa-catos luandenses em risco. As famílias acarretam muitas res-ponsabilidades e têm problemas porresolver. Ninguém quer receber umtelefonema inesperado a dar contada morte de um ente querido, tudopor culpa de um indivíduo negligente.

EDIÇÕES NOVEMBRO

Sub-Editora

Agora, as perturbaçõesmentais são conse-

quências, sobretudo, de factores sociais

A palavra ao leitor

PERFUMES, AROMAS ENORMAS NA UTILIZAÇÃO

A etiqueta recomenda que escolhamos o perfume ausar, tal qual escolhemos, diariamente, a roupa e ossapatos. Mas, mais do que a roupa e outros acessórios,o perfume, sem que fale, diz muito de nós.Nos últimos tempos, venho sentindo o cheiro demuitos aromas no ar. Cada um mais forte do que ooutro. Se, por um lado, é bom saber que as pessoascontinuam a primar por um bom cheirinho, apesarda crise económica que nos afectou a todos, poroutro, não é nada agradável "levar" sempre comcheiro fortíssimos de diferentes fragrâncias, por ondequer que se vá. O olfacto pode, facilmente, apurar esta realidade nosbancos, nas clínicas e em determinadas instituiçõespúblicas e privadas. As mulheres têm sido as maistentadas a usar perfumes do género “Cheguei”. Oshomens, regra geral, são mais discretos, emboraexistam uns e outros a querer chamar a atenção: sãoos “Madós”. A usar e a abusar do perfume estão osjovens dos 20 anos em diante. Mas há excepções. Os últimos, portanto, os jovens, pertencem,precisamente, à franja que tem acesso e domínio daInternet, logo, das redes sociais. Estas mesmas a partirdas quais eventualmente, compram as fragrâncias eonde postam frascos para exibir as marcas que estãoa usar. No "sítio global", há também uma diversidadede informação “saudável” para explorar. No que serefere à etiqueta, há “sites” que fornecem todas asregras que "normatizam" o uso do perfume e etc.Hoje, sinto congestionadas as minhas narinas. Porisso, peço aos exagerados que busquem, na Net,informação que os ajude a regular a forma de usarperfumes. Não tenham dúvidas: fazer a utilizaçãocorrecta ou incorrecta deste tentador produtodepende do conhecimento de cada um. Consta queo uso exagerado de perfume pode levar a que sefaça mau juízo de quem assim procede. E maisgrave: pode fazer que se perca uma oportunidadede emprego, logo na entrevista, e até afastarpotencias pretendentes ou admiradores. A recomendação é sempre para a moderação,baseada no bom senso e na discrição. É que,independentemente da marca do perfume, o usomoderado é agradável, fresco, doce, floral e nadainvasivo. Por esta razão, os entendidos na matériadefiniram já tipos de perfumes para cada ocasião,hora do dia e estação do ano.O mais sensato é, pois, usar perfume comcomedimento, para que, independentemente daocasião, não se fique mal na fotografia. Em rigor,perfumar-se exageradamente é o mesmo quedisseminar mau odor!

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AVALIAÇÃOSALA DE OBSERVAÇÃO

POR 72 HORASNa Sala de Observação, uma masculina,outra feminina, os doentes ficam, nomáximo, 72 horas, a seguir às quais

recebem alta ou são internados, num dospavilhões, onde permanecem

até receber alta.

VÍTIMASSÓ PENSA NOS FILHOS"Doutor, estou a pensar nas minhascrianças", fala a mulher. Diz ter 39 anose se queixa da agressão que os filhossofrem, quando tentam visitá-la. “Sãoquatro crianças que muitas vezes sãoperseguidos por gente que lhes querarrancar os alhos”, diz ela.

SAÚDE 3Segunda-feira, 2 de Outubro de 2017

Apaciente, sentada na zonalateral da secretária, à di-reita do médico, ouvia asrecomendações deste. Em

frente do doctor, os familiares/acom-panhantes, um casal, seguiam aten-tos. À doente foi prescrita uma medi-cação para três meses. Mas ela podiaregressar, volvidos trinta dias, paraavaliação dos efeitos do tratamento.Embora atingida por uma enfermi-dade, a senhora podia dar-se, de al-gum modo, por privilegiada. Afinal,voltaria para casa.

À saída da sala do médico, há umextenso corredor, onde se acumulamdoentes à espera de serem consulta-dos e respectivos acompanhantes. En-tre os aspirantes a consulta, destaca-se uma jovem, cuja sorte é diferenteda figura do início do texto. Ela re-clama da atitude dos familiares, que,

como os acusa, aos gritos, a queremdeixar no hospital.

"Vê o tipo de pessoa que está ai ...Numa sala dessa, não fico, tio João.O que é que eu vos fiz, para me fa-zerem isso? Não estou maluca! Vocêssão ingratos", vociferava a jovem, an-te a iminência do internamento. O "tioJoão" limitava-se a dizer "calma, cal-ma ...". Embora a confirmação do es-tado da saúde mental da jovem ain-da dependesse da avaliação médica,o episódio lembra o que relatam obrassobre o assunto.

"Os problemas de saúde mental po-dem incluir alterações do pensamen-to, do humor, da energia e/ou do com-portamento, traduzindo-se em sinaise sintomas. Quando adquirem inten-sidade elevada ou persistem no tem-po, aliadas ao sofrimento e/ou dis-função, podem ser diagnosticadas co-mo uma perturbação mental. Nestasincluem-se as perturbações de ansie-dade, do humor (depressão, pertur-bação bipolar), perturbação obsessi-

vo-compulsiva, as psicoses, a esqui-zofrenia, entre outras", lê-se no siteSaúde Mental.

Dentro de um vestido de nyloncor-de-rosa, uma senhora, deitadanuma das nove camas da Sala de Ob-servação Feminina, dava, com a mãodireita, pancadinhas sobre a pernado mesmo lado. Simultaneamente,balbuciava palavras ininteligíveis.Ela não quis falar, inicialmente. Co-meçou a fazê-lo apenas quando ojornalista se preparava para abor-dar outra paciente.

"Doutor, estou a pensar nas minhascrianças", fala a mulher. Diz ter 39 anose se queixa da agressão que os filhossofrem, quando tentam visitá-la. "Sãoquatro crianças que muitas vezes sãoperseguidas por gente que lhes querarrancar os olhos", diz ela. E garanteque está lúcida.

"Já estive boa; estive em casa. O meupai diz que não estou. Mas eu sei queestou. Só a cabeça é que me dói às ve-zes. Estou a fazer a medicação. Entrei

COMPORTAMENTO

Quem, aqui dentro,tem distúrbios ?

MOMO MOOMO

No Hospital Pediátrico de Luanda, muitos pacientes diagnosticados com perturbações mentais negam-nas. “Eu estou bem!

Não sou louco”, dizem, quase sempre. Mas, afinal, quem é louco?

Caetano Jú[email protected]

no dia 2 de Março, há oitomeses. Não sei o dia. Des-culpa. Vai ter que me des-culpar", declarou a mulher,que se queixou da falta deágua e de comida. O dis-curso prosseguiu, orna-mentado de incoerência.

"Os meus filhos sãodoentes das vistas. Têm vis-tas boas e estão a bater-lhes.Lhes arrancaram as vistas.Tinham curado no Asa Bran-ca, Hojy ya Henda. A me-nina, no Avó Kumbi. Só es-pero a alta. Não me deixamsair. Tiram as vistas, os ca-belos. Estão a trocar a mi-nha vida. Estão a fazer ma-landrice; estão a mexer omeu corpo no sono", dissea mulher. A seguir, virou ofoco da conversa para a fa-mília, de quem reclama,por não a visitar. Nesta al-tura, a paciente já não para

de falar e ainda faz umapergunta: "enfermeiro, nãopode começar a me con-trolar no espírito?".

A Sala de Observação Fe-minina tinha uma cama porocupar. No espaço, os doen-tes ficam, no máximo, 72horas, a seguir às quais re-cebem alta ou são interna-dos, num dos pavilhões. Dooutro lado do corredor, re-cinto semelhante é ocupa-do pelos homens. O lugar,nesse dia, tinha seis pes-soas, uma de nacionalida-de chinesa, levada na vés-pera pelos Bombeiros.

Portanto, a Sala de Ob-servação é um espaço ocu-pado pelo"tipo de pessoa ..."a que se referiu a jovem, queestava na iminência de ficarno hospital em avaliação, aquem o "tio João" aconse-lhava "calma".

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NANI“CONSIGO CANTAR

COM METÁFORA”"Eles não aceitavam a Nani. Sou formada em

Engenharia Química na metrópole, desde 1975.Estou a exercer Química agora", começou pordizer. Em relação à carreira musical, disse queconsegue cantar "com metáfora. Tenho música

de fazer milhões ...”.

DIVERSÃOFOTO DE FAMÍLIA ANTES

DO “COOL” DE DESPEDIDANo pavilhão masculino, a moda é dar um "cool",

cumprimento no qual as pessoas batem no punhoumas das outras. Mais tarde, os pacientes

juntaram-se, num estranho amontoado, para afoto de família, a ser legada à posteridade. Os

"cools" ficaram para depois, para as despedidas.

YETA DÁ AS BOAS-VINDAS AOS VISITANTES

"Eu sou a Yeta, eu sou a Yeta, papá. Vieste mebuscar?" A pergunta saiu de rompante, mal foiaberta a porta que dá acesso ao Pavilhão C,lugar reservado às pacientes internadas. É umespaço enorme, equivalente a meio campo defutebol. Ao centro, um jango acolhe activida-des ocupacionais. Nas laterais, estão edifica-dos dormitórios, balneários, refeitório e a áreaadministrativa. As mulheres estavam sentadas,espalhadas pelo vasto quintal, e se precipita-vam para a saída, sempre que a porta fosseaberta e os "pais da Yeta" entrassem.A Yeta, como se apresentou, pode encarnar

o exemplo mais evidente de um ser humanoque perdeu o juízo. Mais elementos compro-vativos seriam supérfluos. No mesmo quintal,vive, entretanto, a Jovelita, que pode ser o ros-to visível de um grupo de mulheres que, em-bora assolado por problemas do foro psíquico,tem momentos de lucidez ou aparente discer-nimento. É vê-las, as mulheres, ora embrenha-das nos próprios pensamentos, ora de sorrisorasgado e de boca livre para fazer ouvir os maisabsurdos discursos. Também há quem, entre elas,prefira o isolamento ou use da violência."Eu sou violenta", respondeu uma pacien-

te, à pergunta feita à enfermeira de apoio Ma-falda André. Não demorou muito para que maisalguém a seguisse. "Ela, se insistir, vou lhe es-murrar", disse outra mulher."Há as agressivas. Não reconhecem o

meio. Também é uma forma de defesa", es-clareceu Mafalda André. Sobre o papel de quem,no filme da vida, lhe cabe cuidar desses sereshumanos, ela tem a explicação: "é preciso amorao próximo. E este trabalho reforça este sen-timento. Os cuidados são maiores. Elas são des-favorecidas e nos colocamos no lugar delas.É mesmo muito difícil"."É Mesmo muito difícil", intrometeu-se, de

novo, a paciente que se havia proclamado "vio-lenta". Enquanto Mafalda André aprofundavaexplicações sobre o funcionamento do Pavi-lhão C, de espaço a espaço, a "Violenta" intro-duzia-se na conversa, com declarações des-contextualizadas, sempre inspiradas na figu-

ra do jornalista. Lá foi dizendo...- "Camisola interior ou exterior ..."- "As cores são alegres ..."- "Isso é caneta ou lapiseira ...?" - "É tinta de China ou aguarela...?"- "Quantos graus perdeste?..."- "Es-fe-ro-gra-fi-ca...".-"Dibala... Wala ni dibala...", (do quimbundu,

"careca, tem careca").- "Sola seca... Só quero a sola...". - "Ténis de praia é para educação física; não

para sair...". - "Weza ni social...", (do quimbundo, "veio; ves-

tiu-se à social...").- "Grão de bombó serve para giz...".A "Violenta" acabaria, entretanto, por dis-

pensar o almoço, por não "estar em condi-ções". Também negou a refeição que rece-beu de casa, sob a justificação de que a car-ne estava "estrangulada".Cada uma das 76 pacientes do Pavilhão C

tem uma história diferente, como distintos sãoos lugares de onde saíram e a actividade quedesenvolviam. Há uma mulher que mexeconstantemente os lábios, num trejeito que lhedeixa a face estranha. Ela diz que era "moam-beira" (vendedora de produtos comprados, pe-la própria, no exterior) e que foi burlada em300 mil dólares. "É o meu trauma", disse, como rosto triste. A seguir, pediu: "liga só na minhamãe, para me dar artim ( NR: um medicamento)"."A morte da minha mãe é que me deixou

assim. Também tive insónias e bebi muita cer-veja. Tenho um filho de dois anos e usava odinheiro da mesada para beber", disse outrasenhora. Ela é paciente desde 2014, mas só háduas semana foi internada. O filho ficou à guar-da de uma irmã.

ENTRE OS HOMENS, A MODA É O "COOL"Se, à entrada do sector feminino, é a Yeta quemdá as boas-vindas, no masculino, a moda é darum "cool", cumprimento no qual as pessoasbatem no punho umas das outras. Os pacientesparecem mais calmos ou menos agitados do

que as mulheres, embora alguns não deixemde ser assanhados ou até agressivos."Há momentos agressivos e calmos. A si-

tuação pode decorrer da ausência da família.Pode dar-se o caso de o colega ter alta e o ou-tro acaba por ficar isolado. Outra situação é aexpectativa de sair, mas a família não apare-cer para levá-lo", explicou a enfermeira Florin-da Domingos, 36 anos. A funcionária contou,inclusive, episódios de agressão a trabalhadores.O principal disseminador de "cools" é um jo-

vem muito espevitado. Ele diz que só fala polí-tica, ao mesmo tempo que cita figuras públicasligadas à matéria. Conta que morava na zonado N'zamba 2. A casa que tinha, de madeira, quei-mou e, no incêndio, morreram 400 pessoas."Foi uma tragédia sem solução. Estive na

CCL (NR: Comarca Central de Luanda), cum-pri cadeia de 18 meses e paguei uma indem-nização de quatro milhões de Kwanzas. Tra-balho no ... que já foi à falência. A minha tia go-vernante não sabe que estou aqui. Tenho oterminal da minha irmã", disse o jovem."Este kota tem que me tirar uma foto", afir-

mou, por seu lado, outro paciente, enquantodecorria a conversa acima. Mas há quem nãotenha tanta paixão pela fotografia: "não gostomuito, porque não sou maluco; sou político",demarcou-se outro doente. Mas pode, este lugar, afectar o equilíbrio

de quem lá trabalha? Florinda Domingos acre-dita que não, embora existam mentes que pen-sam o contrário. "Qualquer gesto de brutalidadeda nossa parte, em casa, faz com que os pa-rentes nos lembrem onde estamos a trabalhar",lamentou a funcionária, que tem no hospitalo primeiro e único emprego que conhece. Florinda Domingos parece calma e senhora

de si, num lugar onde pouca gente se atrevesequer a entrar. No alto da sua confiança, vêos pacientes juntarem-se, num estranho amon-toado, para a foto de família, a ser legada à pos-teridade. Foi a sugestão de quem disse que o"kota tem que me tirar uma foto". Os "cools" fi-caram, por instantes, para depois, para a horadas despedidas.

O ACONCHEGO DA NANI

MIQUÉIAS MACHANGONGO | EDIÇÕES NOVEMBRO

Quando a enfermeira Mafalda An-dré chamou pela Nani, esta sequerrespondeu. Porém, mal lhe disse queestavam ali jornalistas, que a queriamver, uma voz fez-se ouvir do peque-no quarto. "Onde estão, onde estão?",perguntou, ansiosa. A cantora, ago-ra fora dos palcos, abriu a porta e pe-diu aos "convidados" que entrassem.Também permitiu a passagem às en-fermeiras. A seguir, fechou-a e refor-çou a segurança, encostando nelauma das duas camas.O quarto é diminuto, porém lim-

po e aconchegante. As paredes es-tão cobertas de desenhos, feitos pe-la própria. Um mundo de cores, à fren-te do qual ela posou, pedindo ao fo-tógrafo que começasse a trabalhar.Foram mais de dez poses, nas quaisNani deu a ver a voluptuosidade queainda lhe resta, dez anos depois deter entrado, pela primeira vez, na uni-dade hospitalar."Eles não aceitavam a Nani. Sou

formada em Engenharia Químicana metrópole, desde 1975. Estou aexercer Química agora", começoupor dizer. Em relação à carreira mu-sical, disse que consegue cantar"com metáfora"."Tenho música de fazer milhões,

que os americanos cantavam. 'LaVida Buena'. Ressuscitei, porquemeu filho loiro tiraram-lhe os olhos.Tive de dar os meus. Fiquei cega eressuscitei".Nani afirma que tem 54 anos e

que está bem conservada. A refe-rência à conservação é real. Mas, derepente, já só tem 35 anos. E depoisnão mais quer falar. Grita e pede às"visitas" que se ponham a andar. Masnão sem antes fazer mais uma ses-são de fotografias.

NANI “Estou bem conservada”

4 SAÚDE Segunda-feira, 2 de Outubro de 2017

SATISFAÇÃO No vasto quintal do pavilhão, as mulheres chegam a divertir-se com a entrada e a saída de funcionários e visitantes

MIQUÉIAS MACHANGONGO | EDIÇÕES NOVEMBRO

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SAÚDE 5Segunda-feira, 2 de Outubro de 2017

DEMÊNCIAAS CAUSAS

SÃO INÚMERASO homem nasce e, dentro de si, hámuitos problemas, ditos congénitos,

e outros, que vai adquirindo aolongo da vida. Portanto, alguns têmcarácter de herança e ficam para os

descendentes.

DIA-A-DIADAS URGÊNCIASÀ OBSERVAÇÃO

Os pacientes que dão entrada nobanco de urgência do Hospital

Psiquiátrico de Luanda são levados auma da salas de observação, ondepermanecem até 72 horas, nomáximo, para avaliação clínica.

Obanco de urgência do HospitalPsiquiátrico de Luanda registauma média diária de 70 a 90 ca-

sos de demência. A idade dos pacien-tes varia entre os zero e os 60 anos. Lan-du Mieze Geraldo, director clínico daunidade, disse que a situação decorrede causas sociais, que vão do consu-mo de drogas ilícitas a problemas afec-tivos. O hospital tem 150 camas, para196 doentes internados.

O que pode o paciente esperar do Hos-pital Psiquiátrico de Luanda?O Hospital Psiquiátrico é uma uni-dade sanitária do Estado, por sinal aúnica de especialidade e cá chegamdoentes de todo o país e, em particu-lar, da província de Luanda. Por ou-tro lado, do ponto de vista das con-dições organizativas-clínicas, o hos-pital oferece vários serviços, entre eles,o de Urgência, que funciona 24/24ho-ras, de Consulta Externa e o de Inter-namento. Dos serviços das ConsultasExternas, temos, além da Psiquiatria,outras especialidades, como Pedop-siquiatria, Psicologia Clínica, Defec-tologia e Psiquiatria Forense, casosque, de vez em quando, os tribunaisenviam até nós. São os casos dosque têm problemas com a Lei e sãoaqui encaminhados para avaliaçãoe pronunciamento. Além da Assis-tência Social, obviamente. Os as-sistentes sociais são figuras "pivot".É por intermédio destes profissio-nais que conseguimos fazer, alémda reabilitação, cá dentro, a reinte-gração socio-familiar.

Há impressão de que aumentam casosde demência ou do foro psiquiátrico?É uma verdade. No passado, este hos-pital não registava tantos casos. Desdeque houve tranquilidade, desde que apaz instalou-se, é como se se abrisse ocaminho. E hoje, o número continuacrescente. As causas são inúmeras. O

homem nasce e, dentro de si, há inú-meros problemas, ditos congénitos, eoutros, que vai adquirindo ao longo davida. Portanto, alguns têm carácter deherança e vão ficando para os descen-dentes. Os adquiridos podem ser ostraumatismos, sobretudo o alcoolismo.Temos que enfatizar que o alcoolismoestá a trazer a juventude para cá. Poroutro lado, temos o uso de substânciascomo a liamba e outras drogas, flage-los que estão a fazer os jovens visitar-nos. Também os problemas afectivos,relacionamentos amorosos, que re-sultam em depressão e quadros psi-cóticos. Não vamos deixar de parte osproblemas que muitas vezes ignora-mos. Na vida, é preciso ter em contatodo o passo que o ser humano dá. Hásempre repercussões.

Parece que factores sociais sobrepõem-se, agora, aos outros, os congénitos edegenerativos?As causas são, sobretudo, sociais. Às jádescritas, como o consumo de drogasilícitas, de álcool exagerado, juntam-sedepressão pós-parto, ansiedade, faltade emprego, entre outras motivaçõessociais. Os factores congénitos e dege-nerativos hoje deixaram de ser as prin-cipais causas das doenças mentais. Fo-ram substituídas pelas causas sociais. Que caminhos para a prevenção ?Prevenir é possível, desde que conhe-çamos as causas. O alcoolismo e o usode substâncias como drogas podem serprevenidos. Se a causa cessar, acabamtambém os efeitos. A prevenção passa,fundamentalmente, pela identificaçãodas causas e depois encontrar uma es-tratégia para a prevenção.

À luz do quadro descrito, o que lhe pa-rece a situação?Estamos numa situação alarmante, nun-ca antes vista ao longo da existência doHospital Psiquiátrico de Luanda. Mes-mo durante as três décadas de guerracivil, o hospital nunca registou esses nú-meros. Isso demonstra que o actual con-texto social que Angola vive não é sa-lutar para a sua população, principal-

mente a juventude. O corpo clínico e os demaistécnicos de apoio do hospital estão preocupa-dos com o quadro actual.

Que papel desempenha a família neste processo?A presença da família, para nós, é um factor demuita satisfação, uma vez que o sucesso do tra-tamento que prestamos só se torna eficaz se afamília e a sociedade, em geral, estiverem pre-sentes. Já tivemos um passado muito triste, on-de assistíamos familiares a abandonar os seusmais próximos, mesmo que registassem me-lhorias significativas.Graças a Deus, com as palestras que o hospitaltem realizado e o apelo que as igrejas e a co-municação social fazem, o cenário está a mu-dar, positivamente. Hoje, a família já é presen-te e preocupa-se com a situação dos seus. Por-

tanto, temos de trabalhar muito no sentido de di-minuir o actual gráfico sombrio.

A unidade está bem servida em recursos humanos?O Hospital Psiquiátrico de Luanda tem disponíveis12 médicos psiquiátricos, 10 psicólogos, mais de 100enfermeiros e um número considerável de assistentessociais, fundamentais para o nosso trabalho.

E quanto à assistência medicamentosa?Em relação aos fármacos, o Ministério da Saúde temcumprido com a sua tarefa, através da Central deCompras de Medicamentos (CECOMA) e da Di-recção Nacional de Medicamentos e Equipamentos.Portanto, temos assistido os pacientes. Ainda nessasenda, o hospital tem tido o apoio da Clínica Multi-ferfil, em termos de fármacos e de troca de expe-riência entre os médicos psiquiátricos.

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SAÚDE MENTAL

Casos diários de demência

chegam a noventa

MIQUÉIAS MACHANGONGO | EDIÇÕES NOVEMBRO

No Hospital Pediátrico de Luanda aumentam os casos de pacientes quechegam com perturbações mentais. A situação preocupa o corpo clínico.

A 10 próximo, assinala-se o Dia da Saúde Mental.

Mazarino da [email protected]

Números relativos ao registo de pacientes no ban-co de urgência do Hospital Psiquiátrico de Luan-da, nos anos de 2016 e 2017.

CASOS REFERENTES A 2016

Sexo feminino Dos zero aos quatro anos: 21 casos. Dos 4 aos no-ve anos: 101 casos. Dos 10 aos 14 anos: 206 ca-sos. Dos 15 aos 24 anos: 433 casos. Dos 25 aos49 anos 452 casos. Dos 50 em diante: 206 ca-sos. Total: 1.091 pacientes.

Sexo masculinoDos zero aos quatro anos: 27 casos. Dos quatro aos nove anos: 94 casos. Dos 10 aos 14 anos: 202 casos. Dos 15 aos 24 anos: 469 caos. Dos 25 aos 49 anos:486 casos. Dos 50 em diante: 208 casos. Total 1.486 pacientes.

CASOS REFERENTES A 2017 Sexo femininoDos zero aos quatro anos: 10 casos. Dos quatroaos nove anos: 50 casos. Dos 10 aos 14 anos: 150casos. Dos 15 aos 24 anos: 351 casos. Dos 25 aos

49 anos: 359 casos. Dos 50 em diante: 366 ca-sos. Total: 1.286 pacientes.

Sexo masculinoDos zero aos quatro anos: 13 casos. Dos quatroaos nove anos: 61 casos. Dos 10 aos 14 anos: 179casos. Dos 15 aos 24 anos: 179 casos. Dos 25 aos49 anos: 366 casos. Dos 50 em diante: 305 ca-sos. Total: 1.172 pacientes.

NÚMEROS NAS URGÊNCIAS

AVALIAÇÃO Apôs consulta, jovem regressou a casa

MIQUÉIAS MACHANGONGO | EDIÇÕES NOVEMBRO

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6 SAÚDE

ENFERMEIRASGESTOS HUMANISTAS

Apesar de os pacientes sofrerem de distúrbiosmentais e dos possíveis riscos consequentes dasituação, enquanto enfermeiras em serviço, a

trabalhar e a estar com eles, para asprofissionais, o que fazem é uma verdadeirarealização e um gesto humanista. É este facto

que as torna dedicadas.

PERSISTÊNCIAA PRÁTICA LEVA

AO AMOR E À VOCAÇÃO“O amor e a vocação crescem com a prática,

a cada dia da nossa vida”, disse FlorindaDomingos, em serviço no Pavilhão

Masculino, onde estão 49 internados, umdeles de 14 anos de idade. Ela trabalha no

Hospital Psiquiátrico de Luanda há 36 anos.

Segunda-feira, 2 de Outubro de 2017

PROVAS DE AMOR EM AMBIENTE ADVERSO NA PSIQUIATRIATrês enfermeiras serviram de guia à equipade jornalistas. Qualquer delas mostrou se-riedade e alto sentido de profissionalismo, alémda sensibilidade para com a realidade vividapelos pacientes. Num espaço onde muitosnão se atreveriam entrar e ainda menosaceitariam trabalhar, Mafalda André, FlorindaDomingos e Maria Helena movimentam-selivres e desinibidas. É um exemplo da gran-deza que existe por detrás de algumas apa-rências. Mas, afinal, o que é ser enfermeira nu-ma unidade hospitalar desta natureza?

“Ser enfermeira é uma profissão sensível;é uma missão de entrega, na qual o amor aopaciente deve estar presente diariamente”, ex-primiu-se assim Mafalda André, para referir-se à natureza do trabalho que faz.

A enfermeira de apoio do Pavilhão C, on-de estão 76 mulheres, realçou que trabalharnuma psiquiatria obriga a um esforço maior.“É preciso redobrar o amor e a dedicação”.Ela diz sentir-se realizada, profissionalmente,depois de tantos anos no Hospital Psiquiátricode Luanda, por estar a tratar, cuidar e acom-panhar jovens em situação psíquica e socialmuito delicada. “É uma missão que só Deusvê todos os dias”, sublinhou.

Apesar de os pacientes sofrerem de dis-túrbios mentais e dos possíveis riscos con-sequentes da situação, enquanto enfermei-ras em serviço, a trabalhar e a estar com eles,para a profissional, o que fazem é uma ver-dadeira realização e um gesto humanista.

“O amor e a vocação crescem com a prá-tica a cada dia da nossa vida”, disse, por seulado, Florinda Domingos, em serviço no Pa-

vilhão Masculino, onde estão 49 internados,um deles de 14 anos de idade. Ela trabalhano Hospital Psiquiátrico de Luanda há 36 anos.Entrou como activista social e é hoje enfer-meira de apoio.

Florinda Domingos resumiu o ambientenos recintos, dizendo que os pacientes sãocalmos, mais do que as mulheres. Todavia,esclareceu que as senhoras são mais solidáriase divertidas, quando recebem visitas.

E a razão que a levou a abraçar a profis-são: "como mãe e enfermeira, lamento imen-

so ver os nossos filhos, ainda muitos jovens,terem problemas psíquicos. Esta foi a gran-de razão que me transformou em enfermei-ra no Hospital Psiquiatria de Luanda".

SALAS DE OBSERVAÇÃOOs pacientes que dão entrada no banco deurgência do Hospital Psiquiátrico de Luandasão levados a uma da salas de observação,onde permanecem até 72 horas, no máximo,para avaliação clínica. Findo o prazo, ou re-gressam a casa ou permanecem na unida-

de, num do pavilhões para internamento, mas-culino ou feminino.

Na Sala de Observação Feminina, entreos vários pacientes da terça-feira, 12 de Se-tembro, estava uma senhora de 37 anos. Elafoi levada à Psiquiatria por agentes da Polí-cia Nacional. Natural de Catabola, provínciado Bié, começou a sofrer de perturbaçõesmentais em Novembro último, após o partode gémeos, por cesariana. Um dos bebés aca-bou por falecer, dias depois. A mulher con-tou que não se lembra do dia em que entrouno hospital. De acordo com a enfermeira Ma-ria Helena, que fazia de cicerone à equipa dejornalistas, a paciente estava naquela situa-ção, porque "sofreu uma depressão pós-par-to. Além disso, também passa por enormesdificuldades sociais”.

Na mesma sala, havia outra mulher, de36 anos, que foi lá parar depois de ter rece-bido um telefonema do irmão, em retornoa outro que ela tinha feito. A senhora que-ria saber do paradeiro da filha, que não viahá sete dias.

“A minha tensão subiu, quando eu falavaao telemóvel com o meu irmão. Eu queria sa-ber informações sobre a minha filha. Mas, donada, vim cá parar. Não sei como”, explicou.

O PACIENTE CHINÊSJá na Sala de Observação Masculina, estavamseis pacientes, entre eles, um de nacionalidadechinesa, de 37 anos. Durante a conversa, ojovem contou que foi surpreendido em ca-sa, por bandidos. Acrescentou que lhe foi in-jectada alguma substância, que o deixou emsono profundo.

Para o paciente chinês, o bjectivo foi rou-bo de dinheiro e outros bens que tinha emcasa. O jovem chegou ao hospital pelasmãos de agentes dos Serviços de ProtecçãoCivil e Bombeiros. Em Angola há 10 anos, eledisse viver no Kikuxi, Viana, com a mulher, denacionalidade vietnamita.

De acordo com a enfermeira em servi-ço, o paciente chinês estava livre de umalesão psíquica e que, a qualquer momen-to, teria alta. MCRESGATE Cidadão de nacionalidade chinesa foi encontrado na rua pelos Serviços de Protecção Civil e Bombeiros

EDIÇÕES NOVEMBRO

MIQUÉIAS MACHANGONGO | EDIÇÕES NOVEMBRO MIQUÉIAS MACHANGONGO | EDIÇÕES NOVEMBRO MIQUÉIAS MACHANGONGO | EDIÇÕES NOVEMBRO

DEDICAÇÃO Mafalda André, Florinda Domingos e Maria Helena já dedicaram décadas ao trabalho de cuidar doentes mentais

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PUBLICIDADE 7Segunda-feira, 2 de Outubro de 2017

(JML-024)

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8 PUBLICIDADE Segunda-feira, 2 de Outubro de 2017

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SEGUNDA TCHIGANGUOPERADOR HÁ UM ANOSegunda Tchigangu atende, há um ano,

chamadas de reclamações de clientes deuma empresa de telefonia. Para ele, “ é

essencial conhecer o produto daoperadora para a qual trabalhamos.

Depois, poderemos satisfazer o cliente”,explicou.

FOCOSEMPRE AO TELEFONE Focados no atendimento, os operadores não largam os computadores, nem param de falar. Sentados ou, às vezes, em pé, estão treinados para satisfazer o cliente, mesmo os mais coléricos ou exigentes.

REPORTAGEM 9Segunda-feira, 2 de Outubro de 2017

Ocaro leitor faz ideia de comouma reclamação sua, feita porvia do telefone, chega à em-presa que lhe presta serviço de

telefonia, televisão, bancário ou outro aque aderiu? Por certo, nunca parou pa-ra pensar nisso. Se o fez, recorreu a umalógica que resulta da sua imaginação.Saiba, pois, que algumas das gran-

des empresas dos ramos acima enu-merados, embora sejam os “rostos ” dapublicidade que anuncia os serviços aprestar, não participam, directamente,na construção da vasta rede que suportaas chamadas telefónicas dos clientes.Quem o faz são operadores de empre-sas que terciarizam serviços no seg-mento das telecomunicações. Elas tam-bém zelam pelas operações de diferen-tes companhias.

Tome nota, também, que a princi-pal ferramenta desses operadores ter-ciarizados é o computador de mesa.Neste ficam armazenadas todas as in-formações de cada cliente e o guião quelhes serve de orientação para respon-

derem às preocupações apresentadaspelos clientes.Ao procurar entender este mundo,

dos “ Call Centers”, entrámos para umaampla sala. Deparámo-nos com homense mulheres, jovens, bastante compene-trados. Eram os colaboradores da em-presa terciarizada, no caso concreto daQuality Center. Falavam ao mesmo tem-po, de tal modo que pareciam integraruma “orquestra”, na qual todos canta-vam no mesmo tom e em simultâneo.Ficámos com a impressão de que as vo-zes de uns atrapalhavam os outros. Es-távamos enganados. Nós é que aca-bámos por desviar-lhes a atenção. Osouvidos dos operadores estavam res-guardados dos sons e ruídos externos,pelos microfones auriculares, que ser-vem de barreiras isoladoras.

Focados no atendimento, os ope-radores desta central de chamadas nãolargam os computadores, nem paramde falar. Sentados ou, às vezes, em pé,estão treinados para satisfazer o clien-te, mesmo os mais coléricos ou exigen-tes. Estes trabalhadores devem tambémpropor-se a dar qualquer tipo de res-posta, até ao limite das suas compe-tências. As reclamações mais comple-

xas são transferidas para as áreas téc-nicas das empresas que beneficiam dasua prestação.

Os operadores contratados têm amissão de dar rápidas e satisfatórias res-postas aos clientes. A formação dadapela própria empresa tempera-os parao trabalhar sob grande pressão. Fazem-no durante seis ou sete horas, depen-dendo do turno de cada um. Eles be-neficiam de curtos intervalos, que po-dem ser aproveitados para um lanche,uma refeição ou simples descanso.

A prestadora de serviços, de mo-mento, responsabiliza-se pelas opera-ções de seis empresas, sendo três delasbastante conhecidas no nosso mercado,pelos produtos que oferecem: telefonia,teledifusão e banca. Tem, igualmente,a responsabilidade de assegurar o mes-mo serviço a outras três empresas, de-nominadas de pequenas operações, da-do o reduzido número de operadoresque empregam. Mas, entre estas, háuma cuja marca é mundialmente co-nhecida. Independentemente da visi-bilidade ou grandeza das empresas as-sistidas, o aspecto comum a todas é arapidez e a eficácia na solução das preo-cupações dos clientes.

“CALL CENTERS”

Alô, sabe quem atendeàs suas reclamações?

A empresa de telecomuni-cações que, com elevadaqualidade, detém um centrode contactos oferece, aos in-divíduos que selecciona, for-mação técnica e compor-tamental. Assim, prepara-ospara lidar com a pressão diá-ria e garantir-lhes a sereni-dade e a delicadeza no tomde voz que a natureza do tra-balho exige.

Lubanzadia Mato, con-tratada há cinco meses,pertence a um grupo de 101operadores que atende àsreclamações dos clientesde uma conhecida em-presa no seguimento da te-ledifusão. Nos primeirosdias, teve dificuldades de li-dar com a pressão das cha-madas telefónicas.

Hoje, a operadora ga-rante que percebeu que osegredo era manter-se cal-

ma. “Temos de ter cons-ciência de que este é ape-nas o nosso trabalho. Não de-vemos levar para o ladopessoal determinadas atitu-des, apesar da indelicadezade alguns clientes”, aconse-lhou. Actualmente, Luban-zadia trabalha num turno deseis horas e atende, em mé-dia, 70 chamadas, diaria-mente. “Nos dias de muitofluxo, posso atender mais de100 chamadas”, detalhou.

Segunda Tchigangu,outro operador, atende, háum ano, chamadas de re-clamações de clientes deuma empresa de telefonia.Diz-se familiarizado com acomplexidade e a pressãodo trabalho. Para ele, antesde qualquer coisa, “ é es-sencial conhecer o produ-to da operadora para aqual trabalhamos.

NERVOS DE AÇO

PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO

Em Luanda, estão concentradas as prestadoras de serviços de empresas do segmento das telecomunica-ções e não só. São os chamados "Call Centers", para onde caem as reclamações dos clientes.

Rosalina [email protected]

ATENDIMENTO Lubanzadia Mato, contratada há cinco meses, pertence a um grupo de 101 operadores que atende às reclamações dos clientes de uma empresa do seguimento da teledifusão

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10 REPORTAGEM

SOBRE O CLIENTETER O TOTAL DOMÍNIO

DA SITUAÇÃOMuitos funcionários já experimentaram

situações complicadas. Tecnicamente, quandonão conseguem dar tratamento a uma questão,encaminham-na para os superiores. No âmbitodo atendimento aos clientes, eles procuram ter

total domínio da situação.

MISSÃODAR ASSISTÊNCIA

E ACALMAR OS EXALTADOS A missão destes técnicos é dar assistêncianecessária e tentar acalmar os clientes

enfurecidos e alterados. Nestas situações, osoperadores têm de parecer criaturas feitas comnervos de aço. Afinal, não podem colocar a

avaliação mensal e contínua em risco.

Segunda-feira, 2 de Outubro de 2017

Todo o operador da QualityContact Center (QCC), em-presa que presta serviço deatendimento ao cliente, pas-

sa por uma formação. Antes, é defini-do o seu perfil de candidato, em fun-ção da sua disponibilidade de horário,capacidade de argumentação e dicção,elementos fundamentais para a natu-reza do trabalho. Mais de 300 colabo-radores, distribuídos pelos dois turnos,fazem o atendimento.

O trabalho tem uma carga máximade sete horas, nos períodos da manhãe tarde. 90 por cento dos operadores sãojovens e estudantes universitários. Porisso, os horários são ajustados de acor-do com a disponibilidade de cada um.Num turno de sete horas, por exemplo,um operador pode atender, em média,70 chamadas. Mas pode chegar a 100.

Nesta empresa especializada, a for-mação é por módulos e compreendeduas etapas: a comportamental e a téc-nica. Não é exigida qualquer experiên-

cia profissional aos candidatos. A QCCaposta na formação inicial, para capa-citar os aspirantes a operadores a exe-cutar as tarefas com perfeição.

Na formação técnica, os candidatosganham conhecimentos sobre os pro-dutos, aplicações e desenvolvem habi-lidades. São, no máximo, três a quatrosemanas de formação. O resto aprende-se na prática. “ Todo o contacto é feitoatravés de uma linha de apoio. As cha-

madas vão parar à nossa central, queassegura as reclamações dos clientesde telefonia móvel, por exemplo, co-mo carregamento de planos, configu-ração de Internet e outras. Entre nóse as empresas beneficiárias dos servi-ços existe um fluxo interno, que ga-rante a acessibilidade de informaçãoe a solução das várias situações quesurgem, detalhou Ana Pires, uma dassubdirectoras da QCC.

PROFISSIONALISMO Nos centros de apoio, funcionários não poupam esforços para satisfazer clientes

Cada operador pode receberaté cem chamadas por dia

A Quality Contact Center, para lá dos ser-viços já citados, conta com um softwa-re de gestão inteligente, que permiteatender chamadas automaticamente.Presta trabalho de consultoria a váriasempresas, dá formação interna ao pes-soal que recruta e cuida de todos os ser-viços de um determinado Banco de di-reito angolano.

No seu leque de clientes, está tam-bém uma conceituada multinacionalque actua no ramo da teledifusão. Porisso, a QCC criou uma equipa que seencarrega de comunicar as ocorrên-cias mais complicadas à base centralda empresa, que está fora de Angola.

Edivaldo Fernandes, angolano, é ojovem responsável por cuidar dos in-teresses da empresa contratante. Em no-me da QCC, é em inglês que Edivaldose comunica com a equipa técnica quefica além fronteiras. “Não temos contactoem língua inglesa com os clientes queligam para o apoio técnico. Mas sempretemos a necessidade de comunicar

com a sede regional da empresa, quan-do surge um problema técnico quenão conseguimos resolver aqui”, expli-cou Edivaldo.

OUTROS SERVIÇOS INCLUEM O INGLÊSPAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO

O perfil de candidato é definido em função da sua disponibilidade de horário, capacidade de argumentaçãoe dedicação, que são elementos fundamentais para a natureza do trabalho.

Nilza Massango [email protected]

TÉCNICO Edivaldo Fernandes

PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO

A responsável acrescen-tou que as questões maiscomplexas, que ultrapassama capacidade dos operado-res, são encaminhadas às pró-prias empresas/clientes, pa-ra dar resolução. Na QCC, osoperadores podem resolver,na hora, no caso de telefoniamóvel, questões como acti-vação de planos e bloqueiospor extravio ou roubo.

Apesar de os operadoresreceberem formação especí-fica, eles orientam-se por umguião de atendimento. Exis-tem duas aplicações ou pla-taformas, uma de gestão docliente e outra de suporte deatendimento, que permitemidentificar a sua situação, des-de carregamentos ou consu-mo de saldo, activação deplanos e outros.

“Os colaboradores ouoperadores são jovens, for-mados e especializados noatendimento, e não enge-nheiros ou pessoas com ca-

pacidade para resolver to-das as situações”, advertiuAna Pires.

Cada serviço tem a suaespecificidade. O sistema deatendimento aos clientes detelefonia móvel difere, emgrande parte, dos serviços detelevisão, por exemplo. Tam-bém há serviços e produtosque os operadores devempromover. Para isso, eles li-gam aos clientes a anunciarcampanhas promocionais.

Os números de apoio aosclientes, geralmente, perten-cem às empresas que requi-sitam o serviço de “Call Cen-ter”. Caso o cliente não tenhaum terminal telefónico, aQCC cria um contacto ou li-nha de atendimento. “As cha-madas efectuadas pelos clien-tes caem automaticamenteno sistema de atendimento.Não tem como o operadorsimplesmente ignorá-las. Éobrigado a atendê-las”, ex-plicou Ana Pires.

OPERAÇÕES Ana Pires, subdirectora da Quality Contact Center

PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO

DEMANDA

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FUTUROPOSSIBILIDADE

DE NOVO PROJECTO“Estamos a avaliar a possibilidade decriarmos o nosso próprio projecto ou

integrar projectos já existentes.Queremos um projecto que

proporcione aos beneficiadosoportunidades e sustentabilidade”.

SEGURANÇAESTE TRABALHO

“NÃO É DE RISCO” Este trabalho não é considerado de

desgaste rápido ou de alto risco. “Mas,sendo obrigatório, estabelecemos

contactos com o Centro deSegurança e Saúde no Trabalho, de

modo a acautelar esta questão”.

REPORTAGEM 11Segunda-feira, 2 de Outubro de 2017

ENTREVISTA

Empresa geremais de 55 milcantactos/dia

DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO

Quatrocentos funcionários, maioritariamente, estudantesuniversitários, trabalham nesta instituição que presta

serviços terceirizado de atendimento ao cliente.Director-geral Carlos Pinho, alto responsável da Quality Contact Center ,empresa instalada em Luanda

Director da Quality ContactCenter (QCC), Carlos Pinho,respondeu a um questioná-rio que lhe submeteu o

Luanda, Jornal Metropolitano. O res-ponsável abordou outros aspectos li-gados à empresa de prestação de ser-viços. A QCC gere cerca de 55.000 con-tactos/dia, via telefone, e-mail e SMS.

Qual é a natureza ou a especificida-de do vosso trabalho?A Quality Contact Centers é uma em-presa que presta serviço terceirizado deatendimento ao cliente, através dos ca-nais de voz, e-mail, SMS e redes sociais.

Como fazem a selecção dos recursoshumanos? Que critérios estabelecem?No caso dos operadores, são definidosperfis, de acordo com a complexidadedo serviço a prestar. O primeiro critériode selecção é o 12º ano concluído e da-mos preferência aos candidatos que fre-quentem as universidades localizadasperto das instalações da QCC. Após es-ta filtragem, os operadores são sujeitosa três fases de selecção: preenchimentodo formulário de candidatura electró-nico, entrevista e formação técnica. Oscandidatos que superem estas fases comdistinção são integrados nas operações,conforme forem surgindo as necessi-dades de preenchimento de vagas.

A contratação é periódica ou acon-tece quando se impõe, por exemplo,face a desistências?As necessidades de recrutamento sãopermanentes, mas oscilam ao longodo ano e de acordo com as necessi-dades dos nossos clientes. Por norma,as operações crescem no final do anoe é também nessa altura que aumentaa taxa de rotatividade, pelo que é tam-bém nessa altura que mais recrutamos.

Quantos trabalhadores têm?Actualmente, a Quality tem perto de400 trabalhadores, sendo a sua grandemaioria estudantes universitários, afec-tos às operações de Contact Center.

Que margem de crescimento, na em-presa, têm os funcionários? De quedepende a ascensão?Sempre que existe uma vaga, nós da-mos prioridade ao recrutamento in-terno. Assim, a margem de crescimentodentro e fora da empresa é bastantegrande, tanto vertical como transver-salmente. A progressão vertical verifi-ca-se na promoção para os cargos desupervisão e chefes de secção na di-recção de operações. A progressãotransversal verifica-se na passagem pa-ra os outros departamentos. A maioriados técnicos dos departamentos de Re-cursos Humanos, Finanças e Informá-tica começaram como operadores de“Contact Center”. Esta progressão é fei-ta com base na antiguidade, avaliaçãode desempenho e área de estudo ouformação dos candidatos. Mas a mar-gem de progressão dos operadores nãose esgota dentro da Quality. Arranjaro primeiro emprego costuma ser umadas etapas mais difíceis da carreira dequalquer profissional. Após a expe-riencia que adquirem na Quality, atra-vés dos serviços que prestamos aos vá-rios sectores, onde operam os nossosclientes (Banca, Seguros, Telecomuni-cações, Entretenimento, etc), assim co-mo a capacitação que é feita por in-termédio do investimento que fazemosna formação, os nossos colaboradorespassam a ter acesso privilegiado às va-gas publicadas pelos nossos clientes ea estar mais capacitados a ser bem su-cedidos às vagas disponíveis no mer-cado de emprego.Têm registado desistência de funcio-nários. Por que razão isso acontece,na vossa perspectiva?A nossa taxa de rotatividade é bastantebaixa, quer para o sector (em Angola e

no mundo) quer para o nosso mercado.Existem vários motivos para as saídas,que podem acontecer por iniciativa dofuncionário ou da empresa. Por inicia-tiva dos funcionários, a principal razãoé por terem encontrado melhores opor-

tunidades de emprego. Por iniciativa daempresa acontece quando um funcio-nário não consegue atingir os objectivosdefinidos para o seu desempenho oupor extinção do posto de trabalho.

A Quality Contact Center atende a vá-rios sectores, das Telecomunicaçõesao de Serviços? Como é feita a for-mação dos profissionais?Actualmente, prestamos serviços aos se-guintes sectores: distribuição de TV porsatélite, telecomunicações, banca, se-guros e bebidas. Mas podemos prestara muitos mais. A implementação de ope-rações de Contact Center são a formamais rápida, eficaz e eficiente de geriro relacionamento entre instituições e osseus clientes, podendo gerir processosde primeira e segunda linha para os de-partamentos comerciais e de marketingde qualquer empresa com milhares oumilhões de clientes, em qualquer partedo território nacional e internacional.Existem já vários casos de sucesso nomercado Angolano. A formação é di-

Rosalina Mateta*[email protected]

vidida em comportamental,técnica, produtos e serviços.Na formação comporta-mental, são ensinadas as vá-rias fases do atendimento eas técnicas a utilizar em ca-da uma dessas fases. Na for-mação técnica, ensinamos autilizar as ferramentas infor-máticas ao dispor do opera-dor. Na formação de produ-tos e serviços, transmitimosos conteúdos relacionadoscom a operação aonde o ope-rador será integrado. Mas aformação não termina quan-do o operador começa a tra-balhar. Periodicamente, sãoministradas acções de for-mação, para corrigir algunsaspectos menos positivos,detectados pelas avaliaçõesde desempenho ou paratransmitir novos conceitosou conteúdos.

Como são divididos os tur-nos? De que depende estavariação?Actualmente, operamos 24X 7 X 365. Temos vários tur-nos, com duração de 5, 6 ou7 horas e que são definidosde acordo com as necessi-dades dos nossos clientes ecom o fluxo de contactos.

Devido à natureza do traba-lho, os operadores são sub-metidos a exames médicosperiódicos?A natureza do trabalho deContact Center não é consi-derada uma actividade dedesgaste rápido ou de altorisco, mas sendo obrigató-rio, estabelecemos contac-tos com o Centro de Segu-rança e Saúde no Trabalho,de modo a acautelar esta

questão. Não recebemos ain-da resposta à nossa solici-tação, por ser um processomoroso. Mas acreditamosver o assunto ser resolvidobrevemente.

Têm acautelados eventuaisproblemas de saúde, so-bretudo, os de audição oua nível neurológico?Todos os nossos colabora-dores beneficiam do segurode acidentes de trabalho etemos equipas que prestamassistência imediata e enca-minhamento para a clínicaou hospital mais próximo,conforme obriga a lei.

O que é que o contrato entrea Quality Contact Center asempresas para as quais pres-ta serviço inclui?Os contratos são bastantecomplexos, pois englobam vá-rios aspectos fixos e variáveis.Por norma, o contrato baseengloba objectivos operacio-nais, como tempos médios deatendimento, taxas de eficá-cia, eficiência e tempos médiosde espera. É também defini-do, contratualmente, o nú-mero de colaboradores ne-cessários para atingir os ob-jectivos acima descritos, bemcomo o volume de chamadasque estes devem atender.

Quem custeia o tempo queduram as chamadas? Ocliente, a Quality ou as em-presas às quais esta prestaserviços?Temos operações em quequem liga é quem suporta ocusto e outras em que é a em-presa que contrata o serviço.

* COM NILSA MASSANGO

“Todos os nossoscolaboradores

beneficiam do segurode acidentes de

trabalho e temosequipas que prestam

assistência imediata eencaminhamento paraa clínica ou hospital

mais próximo”.

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12 HOMENAGEM Segunda-feira, 2 de Outubro de 2017

OMonumento ao Soldado Des-conhecido, acolhe, cada vezmais, milhentos visitantes.Após a sua inauguração, a 23

de Setembro deste ano, observa-seconstantes visitas de pessoas anóni-mas, que, diariamente, acorrem ao lu-gar para prestigiarem a obra que visahomenagear todos os soldados quemorreram em defesa da Pátria.

O Monumento é mais visitado noperíodo da noite. Muitos dos curiosos,à entrada do Monumento, aproveitampara fazer fotos com os seus telemóveis.Os fotógrafos de rua não perderam aoportunidade para fazer negócio.

Rafael Kanguya, estudante uni-versitário do curso de Ciência Política,estava diante da imponente obra pelaprimeira vez. “ Louvo a iniciativa doExecutivo, pela construção da bela in-fra-estrutura. Esta obra devia ter sidofeita há muito tempo, porque várias fa-mílias perderam ente queridos durante

a guerra… Sinto-me feliz por ter aoportunidade de conhecer o Monu-mento”, expressou.

Quanto ao local onde foi erguidoo monumento, Rafael opinou que foimuito bem escolhido. “A marginal deLuanda é um ponto turístico e, destemodo, vai atrair muito mais visitan-tes”, manifestou Rafael Kanguya.

Acrescentou que gostou do que viu edesejaria receber mais explicações so-bre as gravuras desenhadas nas pare-des da base que suporta a estrutura.

Eugénia Mota, estudante do ensi-no médio, mostrou-se satisfeita como que viu. “O Largo Fernando Coelhoda Cruz está muito bonito. Não reco-nheço o local”, disse, observando as

TRIBUTO Dezenas de pessoas têm, ao longo do dia, visitado o Memorial, quer para conhecer mais um pouco da História de Angola, quer para prestar homenagem aos heróis tombados

Salve, Soldado Desconhecido

A construção do Memorial ao SoldadoDesconhecido teve duração de quatromeses e foi erguido numa área de18.100 m2. Foram plantadas 50 árvoresà volta e na calçada.Concebido em mármore, o Mo-

numento tem dois murais. No lado es-querdo, estão gravadas as informa-ções sobre o mesmo e, no direita, estáescrito o Hino Nacional.Revestido de pedra branca, o Me-

morial é feito em formato de rampa. Es-ta leva ao caminho da honra, que re-presenta a passagem do soldado à mor-

te. No centro, está uma estrela doura-da, considerada a mais alta condeco-ração de um soldado. A chama que imor-taliza o soldado fica permanentemen-te acesa no centro da estrela.A escultura possui 23 metros de altu-

ra, 120 toneladas de ferro e uma estiliza-ção que representa 18 soldados. Cada pe-ça pesa em média 8,7 toneladas. o Mo-numento é tridimensional e no extremonorte foi colocada a bandeira de Angola.Ao longo do Monumento, existem gravurasem pedra, pintadas a mão. O pavimentotambém contém informações. AR

CARACTERÍSTICAS DO MONUMENTO

FRANCISCO BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO

O Monumento é, sobretudo, visitado no período da noite e muito curiosos aproveitam para tirar fotos.

Arcângela [email protected]

melhorias feitas: novos pas-seios, tapetes asfáltico e o jar-dim. Por estes e outros as-pectos, Eugénia notou que“a Baixa está com outro vi-sual”. Quando questionadasobre o simbolismo do Mo-numento ao Soldado Des-conhecido, ela argumentouque “significa a coragem demuitos angolanos, que sa-crificaram a vida em defe-sa da Pátria. É também umincentivo às gerações vin-douras”, concluiu. A requa-lificação do perímetro esten-deu-se à antiga livraria Lelo.Antes da requalificação, o Lar-go Coelho da Cruz albergavao restaurante Rialto, umquiosque e um balneário pú-blico. As duas últimas infra-estruturas acabaram ocupa-das por moradores de rua.

INAUGURAÇÃOO Monumento ao SoldadoDesconhecido, erguido no

Largo Fernando Coelho daCruz, na Baixa de Luanda, foiinaugurado no dia 23 de Se-tembro, por José Eduardo dosSantos, na altura, Presidenteda República de Angola.

A Cerimónia registou vá-rios momentos: apresenta-ção do projecto; assinaturade um memorando entre orepresentante do Ministérioda Defesa, Silvestre Fran-cisco, e do Ministério daConstrução, Filomeno Sa-raiva, director Nacional deEdifícios Públicos e Monu-mentos, que culminou coma entrega do monumento aoministério da Defesa.

Foi, igualmente, teste-munhada a entrega da ma-quete a José Eduardo dosSantos, que, tendo como somde fundo as 21 salvas de ca-nhão, descerrou a placa,acendeu a chama que imor-taliza o soldado e depositouuma coroa de flores.

MEMORIAL

CAMINHADAÀ HONRA E À MORTE

Revestido de pedra branca, o Memorialinclui uma rampa. Esta leva ao caminho da

honra, à passagem do soldado à morte.No centro, está uma estrela dourada, amais alta condecoração do soldado. Achama que o imortaliza fica acesa, nocentro da estrela, permanentemente.

ESCULTURAALTURA DE 23 METROSA escultura possui 23 metros de altura,120 toneladas de ferro e umaestilização que representa 18soldados. Cada peça pesa em média8,7 toneladas. o Monumento étridimensional e no extremo norte foicolocada a bandeira de Angola.

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DISCO DE OURO NA GALERIA

Prado Paim tem um discode Ouro na sua galeria. Em1974, vendeu mais de 34 milcópias que lhe valeram otroféu. “Depois de ter ganhoo Disco de Ouro, conseguicomprar a minha casa noSambizanga, onde vivo atéhoje”, congratula-se.

Prado Paím nasceu a 14de Janeiro de 1942, no mu-nicípio do Dande, provínciado Bengo. Começou a can-tar em 1945, com apenastrês anos de idade. Em 1965,foi lançado ao palco do Ku-tonoka, por Dionísio Rochae Luís Montez.

ÍCONE DA MÚSICAPOPULAR ANGOLANACantando, essencialmente,nos géneros Semba e Rum-ba, Prado Paim tornou-seum ícone da música popu-lar angolana, nas décadasde 70 e 80. O músico acre-dita que o sucesso obtidoao longo da sua carreira foi-lhe de grande valia.

Embora nenhum dosfilhos lhe tenha seguido aspisadas, Prado Paim con-tou que veio de uma fa-mília de artistas. Ele dedi-cou-se à música desdemuito cedo. Ouvir suastias a cantar, no quintal decasa, ao som do batuquee da marimba, era algoque o fascinava.

“Então, sempre que po-dia, ia fazendo as minhascanções. Com o passar dotempo, aperfeiçoei as letrase melhorei as melodias",lembrou.

HOMENAGEMAo longo da carreira artísti-ca, Prado Paim foi home-nageado várias vezes, porinstituições e projectos cul-turais, como Muzongué daTradição, a Associação Nji-la ya Mwenho, o Clube deAmigos do Bengo e a Co-missão Administrativa daCidade de Luanda, do dis-trito do Sambizanga. MM

CARREIRACANTOR DESDE CEDOEmbora nenhum dos filhos lhe tenhaseguido as pisadas, Prado Paimcontou que veio de uma família deartistas. Ele dedicou-se à músicadesde muito cedo. Ouvia suas tias acantar, no quintal de casa, ao som dobatuque e da marimba.

RECONHECIMENTOLONGA HOMENAGEMAo longo da carreira, Prado Paim foihomenageado várias vezes, porinstituições e projectos culturais,como Muzongué da Tradição, aAssociação Njila ya Mwenho, o Clubede Amigos do Bengo e a ComissãoAdministrativa da Cidade de Luanda.

CULTURA 13Segunda-feira, 2 de Outubro de 2017

Que futuro se pode esperar doSemba e da Kilapanga? Estaé uma das principais interro-gações do músico Prado Paim,

para quem a maior parte da nova ge-ração de artistas tem ajudado a desva-lorizar estes estilos e, consequentemente,a enfraquecer a identidade nacional.

Prado Paim observou que, nos diasde hoje, são poucos os jovens da novageração de músicos interessados em in-terpretar temas antigos, em especialaqueles feitos à base do Semba ou Ki-lapanga. Ritmos que noutro tempo fo-ram usados na divulgação da músicaangolana de raiz.

“Estão a matar a Kilapanga, o Sem-ba e a Rumba. A juventude agora só querexperimentar novos estilos, esquecendo-se dos géneros antigos”, criticou.

O antigo compositor reconheceuque, apesar do indiferença da maio-ria, há alguns músicos da nova gera-ção interessados em interpretar temasclássicos angolanos, respeitando omesmo ritmo. A utilização das línguasnacionais é outro aspecto que o mú-sico considerou importante. Aos 75anos, Prado Paím não perdeu, por ou-tro lado, a oportunidade de fazer umreparo crítico às mensagens negativase desrespeitosas que chegam ao pú-

blico, via melodias de alguns artistas. “O cuidado a se ter com o teor das

composições é de extrema importân-cia, porque ela é dirigida a um públi-co diversificado. Os jovens não são osúnicos ouvintes, mas também há ve-lhos e crianças. Há mensagens ofensi-vas e os termos usados nos fazem doeros ouvidos”, disse, inquieto.

O músico pede que se reverta estatendência, que se está a enraizar na mú-sica angolana. E que se faça o mais ra-pidamente possível, não importandoo género. Diz também que o cantor éum formador de opinião e o facto deestar associado a um determinado ti-po de linguagem apenas denigre a suaprópria imagem.

VALOR DA MÚSICA DA VELHA GERAÇÃOAtento às mudanças que ocorrem nassociedades, Prado Paim exprime que,apesar do contexto ser outro e as épo-cas muito diferentes, há bastante a seraproveitado das composições dosanos 70 e 80.

“Já fui várias vezes procurado porcantores da nova geração, interessadosem interpretar as minhas músicas. Deportas abertas, acolhi-os. Mas, quandofazem sucesso, nem sequer voltam pa-ra agradecer. O que peço é o respeitopelo autor da canção original. Que fa-çam menção ao mesmo, quando foremreceber os prémios”.

Fazendo uma análise ao seu percur-so artístico, Prado Paim recordou que assuas letras sempre tiveram uma men-sagem “educativa e apaixonante”. Prin-cipalmente, as composições feitas emRumba, género que usa para melhor des-crever “a beleza da mulher, o carinho eatenção que estas merecem”, esclareceu.

O autor do sucesso musical “Barto-lomeu” recordou que já viveu bons mo-mentos como músico e entristece-lhe arealidade que hoje testemunha.

“Os cantores mais velhos são colo-cados de lado, em detrimento dos maisnovos. Isso é algo comum, pois a ju-ventude se identifica mais com novosritmos. Porém, é preciso lembrar quea sociedade é feita por vários extrac-tos e mesmo entre os jovens há algunsque gostam dos estilos da música dosanos 50, 60 e 70. Todavia, é lamentávelver os empresários a banalizarem es-ses estilos”, criticou.

O músico, não obstante à sua idade,garantiu que ainda tem bastante ener-gia para gravar mais um CD e voltaraos palcos. Queixou-se, por isso, dospotenciais patrocinadores e das enti-dades culturais, que não o apoiam.

“Apesar da idade, a voz não mudou;continua a mesma. Neste momento, te-nho mais de oito músicas feitas. Se al-gum empresário estiver com vontadede apostar em mim, vou ao estúdio, por-que estou em condições de gravar umCD com 12 faixas musicais”, disse.

Semba, Kilapanga e Rumba caem

no esquecimentoO músico Prado Paím lamenta que hoje sejampoucos os jovens da nova geração de músicosinteressados em interpretar temas antigos.

Manuela [email protected]

MÚSICA KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO

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14 PUBLICIDADE Segunda-feira, 2 de Outubro de 2017

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PUBLICIDADE 15Segunda-feira, 2 de Outubro de 2017

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(JML-024A)

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16 MUNICÍPIO

ORGANIZAÇÃONOVO EVENTO MARCADO

PARA DEZEMBROIrina Vasconcelos fez um balanço positivo doevento. “ Recebemos várias ofertas, desdepão, sumos, água e outros bens”, destacou acantora. Revelou que tem realizado projectosculturais. Para Dezembro, está previsto maisum evento, no âmbito da solidariedade.

OBJECTIVOCOMBATE E PREVENÇÃO

DE CASOS DE MALÁRIA O evento surge das necessidades correntesno distrito e do combate e prevenção decasos de malária e febre tifóide, com aaproximação da época chuvosa, disse a

administradora do Distrito Urbano do NevesBendinha, Náulila André.

Omomento foi de diversão, emmar e em terra firme. Ummundo de crianças de rua en-volveu-se na brincadeira, co-

mo já não o fazia há muito tempo.Aquele pedaço de água e areia per-tenceu-lhe por pelo menos dois diasseguidos: um sábado e um domingoinesquecíveis, como o é a iniciativa dequem os proporcionou.

O gesto foi de solidariedade, do gru-po “Solidário Unplugged”, que ofere-ceu momentos de muita alegria às crian-ças desfavorecidas do distrito urbanoda Ingombota, município de Luanda.Os pequenos viveram vários momen-tos: actividades desportivas, música,dança e oferta de bens alimentares. Ofestival aconteceu nos dias 23 e 24 deSetembro e decorreu à beira-mar, emfrente à Base Naval, na Ilha de Luanda.

José Maria, 12 anos, morador de rua,foi um dos escolhidos para participarno programa. O feliz contemplado nãoescondeu a sua alegria e disse à repor-tagem do Luanda, Jornal Metropolita-no, que nunca teve a sorte de participarnum evento como aquele. Ele deseja acontinuidade do projecto.

“As pessoas não sabem o que é vi-ver na rua e ficar sem comida”, desa-bafou o pequeno. Confessou que gos-

tou muito de receber uma camisola, dedançar e brincar. “O pão, o sumo e ou-tras comidas que recebi vou dar tam-bém aos meus amigos, que não estive-ram aqui…precisamos de mais apoios;queremos aprender a ler e escrever”,apelou José Maria. Lamentou, entre-tanto, o facto de ele e outros meninosnão terem oportunidade de ir à escola.“Não sei ler, nem escrever”, disse o pe-queno, que tem vontade de aprender."Sonho ser médico", disse.

A entrada para o recinto da activi-dade dependia da doação de produtosalimentares. Manuel Madura, 34 anos,

é taxista e faz a rota Ilha de Luanda/Mutamba e vice-versa. Teve conheci-mento da realização do evento, atravésde uma rádio da capital. Dispensou otrabalho e estava no local com o seu do-nativo, pronto para fazer caridade. Eledirigiu elogios aos jovens que abraça-ram esta causa solidária e os incentivou-os a continuar.

O jovem taxista defendeu a realiza-ção de mais acções de beneficência, vin-das de pessoas singulares. “Estes peque-nos gestos são tão importantes que de-volvem a alegria a pessoas que às vezesnão têm nem o que comer”, salientou.

Projecto solidário levaconforto a crianças de rua

Jogos de futebol no bairrodão lugar à Feira da Saúde

Os pequenos viveram vários momentos: actividades desportivas, música, dançae oferta de bens alimentares, em dois dias inesquecíveis.

Arcângela [email protected]

ILHA DE LUANDA NEVES BENDINHA

ALÍVIO Dezenas de meninos vêm supridas algumas necessidades básicas e têm encontrado amizade e compreensão

JOÃO GOMES | EDIÇÕES NOVEMBRO

“Solidário Unplugged”, ou seja”, Solitá-rio Desconectado” é a denominaçãode uma acção de beneficência que vi-sa apoiar crianças desfavorecidas. A or-ganização está a cargo da cantora Iri-na Vasconcelos.As entradas foram gratuitas, porém, ca-da interessado em tomar parte dela fez-se acompanhar de, pelo menos, umbem alimentar. Segundo Irina Vas-concelos, além da doação, a activida-de serviu para que os participantes ali-viassem o stress, com exercícios físi-cos, e passassem bons momentos aolado dos familiares e amigos. Muitasconhecidas marcas de vários seg-

mentos do mercado patrocinaram oevento. Lá estiveram, os artistas GariSinedima, Kizua Gourgel, Jack Nkan-ga e outros, que animaram a festa.Irina Vasconcelos fez um balanço po-sitivo do evento. “ Recebemos váriasofertas, desde pão, sumos, água e ou-tros bens”, destacou a cantora. Re-velou que tem realizado projectos cul-turais. Em Dezembro deste ano, vaiorganizar mais um evento, no âmbitoda solidariedade.Esta foi a primeira edição do projecto“Solidário Unplugged. “As crianças pre-cisam de ajuda e devemos dedicar-lheso nosso tempo”, concluiu. AR

ORGANIZAÇÃO DO EVENTO

Aos fins-de-semana, oCampo do Mané, no NevesBendinha, tem servido de es-paço onde moradores se jun-tam para disputar ou ver jo-gos de futebol. Há cerca deuma semana, a habitual par-tida foi, entretanto, substituí-da por uma Feira de Saúde,realizada para ajudar a dimi-nuir a carência destes servi-ços em áreas do distrito. E as-sim será a cada final do mês.

Dezenas de pessoas, en-tre elas idosos, jovens e mãescom os respectivos filhos, che-gavam ao local para uma con-sulta gratuita de pediatria, clí-nica geral ou ortopedia. Tam-bém estiveram disponíveisserviços de análises clínicas,testes de VIH/Sida, rastreioda hipertensão e do diabetes,assim como se fez o comple-mento do calendário de va-cinação para crianças.

O evento surge das ne-cessidades correntes no dis-trito e do combate e preven-ção de casos de malária e fe-bre tifóide, com a a proximaçãoda época chuvosa, disse a ad-ministradora do Distrito Ur-bano do Neves Bendinha,Náulila André.

“É uma forma de levar-mos junto da comunidade osserviços básicos de saúde eprevenção”, garantiu. A ad-ministradora realçou que aFeira de Saúde será realiza-

da no final de cada mês, como apoio de especialistas doHospital Neves Bendinha,Centro Ortopédico do NevesBendinha e do Hospital Ge-ral de Luanda.

Os técnicos de saúde tam-bém distribuíam lixívia pa-ra o tratamento da água pa-ra o consumo, fizeram sen-sibilização sobre medidas deprevenção de higiene e fala-ram das consequências douso de água imprópria, asdoenças que dela resultam ea quantidade de lixívia quedevem levar a água.

Maria Madalena, mora-dora do bairro Popular, dis-se que a Feira é uma inicia-tiva que deve continuar, nosentido de ajudar a popula-ção. “Aqui, o atendimento érápido. Em menos de duashoras, fui logo despachada”,disse a idosa, que tinha umareceita na mão e se encami-nhava para uma farmácia.

Para a jovem Paula Gar-cia, que há já alguns dias sen-tia fortes dores de cabeça,disse que ouviu falar da rea-lização da Feira de Saúde echegou cedo, para ser dasprimeiras a ser atendida.Acrescentou que gostou doatendimento. “Agora, todosos meses vou aproveitar es-tas feiras, para fazer a pre-venção do meu estado desaúde”, garantiu. JP

CONSULTAS Moradores ficaram a par do estado de saúde

EDIÇÕES NOVEMBRO

Segunda-feira, 2 de Outubro de 2017

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MELHORIASINFRA-ESTRUTURAS

DIVERSASO distrito tem hoje várias infra-estruturas, com destaque para aEstrada da Brigada, que foi,

durante muito tempo, intransitável.Há também o Centro de FormaçãoTecnológico, Cinfotec-Rangel.

INVESTIMENTOMAIS OBRAS

ESTÃO EM CURSOEm curso, estão as obras de

reabilitação da rua Soba Mandume, aconstrução da sede da Administração

do Marçal e da Escola do II Ciclo,no bairro do CTT, garantiu

o administrador Francisco Naval.

MUNICÍPIO 17Segunda-feira, 2 de Outubro de 2017

VENDA AMBULANTEOutro problema preocupaas autoridades locais: a ven-da ambulante. Segundo oadministrador, o distrito ur-bano do Rangel dispõe dedois centros comerciais,nomeadamente, Congole-ses e Gajajeira. Por outro la-do, citou os mercados dosCongoleses, da Chapada edo Tunga Ngó, também àdisposição, mas que se en-contram vazios, "porque aspessoas pensam que ven-der na rua é melhor". O res-ponsável recordou que avenda na via pública cons-tituiu crime de transgressãoadministrativa.

Dois quintais foram dis-ponibilizados, na área dasPedrinhas, para acomodaras vendedoras que co-mercializavam os produ-tos na rua, segundo o ad-ministrador. Mas ninguémos ocupou, o que lamentou,pois "há a insistência de sefazer o negócio na rua".

O Rangel está a serassolado por roturas deágua, "por causa do au-mento na distribuição". Osbairros mais afectados sãoa Vila Alice e a Terra Nova.Por exemplo, as ruas doGoa e Macau, junto à fá-brica FTU, encontram-setotalmente inundadas.Francisco Naval garantiuque os técnicos afectos àEpal estão no terreno pa-ra contornar a situação.

As obras de requalifi-cação que decorriam naTerra Nova fizeram que al-

gumas sarjetas não fun-cionassem. “Estas roturastêm a ver com as canali-zações, que são bastanteantigas e que precisam desubstituição”, explicou.

SEGURANÇA PÚBLICAA situação de segurançano Rangel é normal. O ad-ministrador do distrito des-creveu o quadro como "cal-mo", o que se deve "à es-tratégia utilizada pela Políciae que está a baixar, consi-deravelmente, os índices decriminalidade no distrito".

Os crimes mais rele-vantes na circunscrição têma ver com rixas entre osgangs no interior do bairro.“São grupos juvenis que seconfrontam com garrafas.Mas a Polícia está atenta àsituação”, esclareceu.

Francisco Naval expli-cou que, recentemente, umgrupo de 40 indivíduos foidetido e conduzido à cadeia,por prática de actos crimi-nosos. Acrescentou que al-guns desse delinquentessão menores de idade e, apedido da Procuradora dodistrito, os encarregados fo-ram responsabilizados e in-timados a comparecer, pe-riodicamente, para infor-mar às autoridades sobre ocomportamento dos filhos.

O distrito urbano doRangel é composto pelosbairros do Marçal, Zangado,CTT, Precol, Tunga Ngó, Ter-ra Nova, Nelito Soares eRangel (sede). FM

AEstrada da Brigada podemuito bem representar oexemplo das melhorias re-gistadas nas infra-estrutu-

ras rodoviárias do distrito urbano doRangel. A circulação de viaturas faz-se sem constrangimentos. Há algunsmeses, o cenário era diferente, comoo foi ao longo de muitos anos. É ver-dade que existe ainda muito a fazer,neste e em outros sectores, como oadmite o administrador FranciscoNaval. Porém, o caminho a trilhar éde esperança, num distrito que cele-bra o 10 aniversário.

O Rangel está muito longe da ma-turidade, a julgar pelos seus 10 anos. Adata do aniversário foi concertada, de-pois de várias consultas, realizadas jun-to da sociedade civil, e a seguir a pes-quisas em arquivos históricos. É, pois,dentro deste espírito que o distrito semove: o de união entre as autoridadese os moradores.

A denominação "Rangel" surge donome de um patriarca da família Mo-

reira Rangel, que foi dos primeiros ha-bitantes da área, na altura "MussequeSete", de acordo com a explicação doadministrador. Deste passado para omomento actual, a circunscrição mu-dou muito. Por isso mesmo, as cele-brações, além do cariz de diversão, pre-tenderam uma reflexão sobre a impor-tância das raízes culturais, dos rituaise da convivência.

Francisco Naval disse que o distri-to tem hoje várias infra-estruturas, comdestaque para a Estrada da Brigada, quefoi, durante muito tempo, intransitável.Há também o Centro de Formação Tec-nológico, Cinfotec-Rangel, localizadono bairro do CTT.

“Um centro com múltiplas funçõesde formação e que vai permitir aos jo-vens do distrito ganhar competênciaspara ingressar no mercado de empre-go”, detalhou. Em curso, estão as obrasde reabilitação da rua Soba Mandume,a construção da sede da Administraçãodo Marçal e da Escola do II Ciclo, nobairro do CTT. "As ruas de Olivença,Dona Amália, Perna Mbuco e Ambacaentram em obras a qualquer altura",acrescentou Francisco Naval.

O saneamento básico é um proble-

ma quase comum a todos os municí-pios de Luanda. No Rangel, a situa-ção não é diferente. O administradordisse que a circunscrição conta coma colaboração da operadora QueirósGalvão. Reconheceu que, no princí-pio da operação, as coisas não cor-riam bem, mas que, agora, é visívela colocação de contentores em toda aextensão do distrito.

Com o trabalho de terraplanagemem curso no interior do Rangel, o ad-ministrador espera que a operadora pos-sa efectuar a recolha do lixo nos doisperíodos do dia, para que os morado-res deixem de ir até às principais vias,como a Deolinda Rodrigues, Hoji yaHenda e Ngola Kiluanje, para deitar osdetritos. Realçou que as zonas da Ter-ra Nova, Ngongo e Dona Amália apre-sentam insalubridade, devido às águasque emergem do subsolo.

O distrito do Rangel, no dizer doadministrador, está contemplado noProjecto de Requalificação do Cazengae Sambizanga. “Os bairros das B e C be-neficiaram da requalificação. O bairroda Terra Nova esteve, igualmente, con-templado. Mas, devido à crise, as obrasnão foram concluídas”, esclareceu.

Rangel emerge para a vidaDistrito completa 10 anos e aposta na melhoria das infra-estruturas

e na qualidade da formação

Fula Martins [email protected]

RADIOGRAFIA

RECUPERAÇÃO Estrada da Brigada está agora aberta à circulação, depois de muitos anos sem condições

DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO

EDIÇÕES NOVEMBRO

ADMINISTRADOR Francisco Naval fala em melhorias

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18 QUOTIDIANO

CONSELHOSCUIDADOS ESPECÍFICOS“Os professores aconselham a fazer umaalimentação equilibrada, sem esquecer as

verduras e frutas. Não podemos comer muito,próximo das horas do treino. Isso pode

dificultar a nossa movimentação. Antes deentrarmos para água, são obrigatório exercícios

de alongamentos e aquecimento”.

REVENDAPRODUTOS CHEGAM

DE DIFERENTES LUGARESOs principais espaços onde quem vende roupausada a adquire estão espalhados por Luanda.

Entre estes, destaca-se uma das maioressuperfícies comerciais do país, localizada em

Viana. É a conhecida "Cidade da China", para onde,mensalmente, acorrem milhares de pessoas.

Segunda-feira, 2 de Outubro de 2017

Se, nos anos 60 e 70, os armazénsda Gajageira vestiam grande par-te dos luandenses, a preços ao

alcance de todos os bolsos, hoje, a rea-lidade é outra. Há muito boa gente avestir-se dos chamados fardos ou “far-dex”. Na verdade, em Luanda, a ven-da de roupa usada sempre foi um bomnegócio e nunca teve falta de clientes.

Nos últimos tempos, notamos quea roupa usada vende muito, não só pe-la preferência de uns, mas, sobretudo,pela necessidade da maioria. A criseeconómica obrigou os luandenses a so-correm-se das “ boutiques” que ven-dem este tipo de roupa, por ofereceremmelhores preços.

Este negócio do fardo, por sua vez,lançou dezenas de mulheres ao merca-do. As vendedoras que fazem das ruassuas lojas conseguem dar resposta àsnecessidades dos clientes. As “roupasde fardo” povoam o mercado “Arreiou-Arreiou”, como se diz popularmente.Há muita gente desejosa em comprar eninguém se queixa dos preços, o queindica que eles estão sempre arriados.

É comum ver-se, em vários pontosda cidade de Luanda, roupas usadaspenduradas em paredes, onde são ex-

postas como nas montras de boutiques.Também podemos encontrar essas rou-pas nas bancas de mercados, em pa-ragens de táxis, em contentores e nosarmazéns. A táctica de usar as pare-des, tanto nos mercados formais e in-formais, funciona como chamariz aoúltimo grito da moda.

BOUTIQUES EM PAREDES E A CÉU ABERTOAna Maria, 45 anos, vende roupa usa-da há mais de dez anos, no mercadodos Congoleses. Ela disse à reportagemdo Luanda, Jornal Metropolitano, quecoloca as roupas na parede para “cha-mar os clientes. Muitas pessoas não têmpaciência de escolher as peças que co-locamos no chão, aos montes. Mas,quando olham para as penduradas naparede, interessam-se e o nosso traba-lho fica facilitado”.

Ana Maria compra a mercadoria abaixo preço, em alguns armazéns daVia-Expresso e do Cazenga. “Estas rou-pas usadas têm mais qualidade do quecertas peças novas, de origem duvi-dosa, e que são vendidas a preços al-tos”, gaba-se a vendedora, que, comuma das mãos, segura uma toalha pa-ra sacudir a poeira das roupas e, coma outra, imobilizar o guarda-sol quelhe cobre o corpo robusto.

Teresa Ngunga, do mercado do SãoPaulo, também vende fardos há mais

de 20 anos. “Sempre foi um negócio dealtos e baixos. Mas, ultimamente, estáa dar muitos lucros”. A experiência en-sinou-lhe que, neste negócio, não se co-lhem apenas bons frutos.

“Vender roupas usadas é um negó-cio arriscado. Podemos ter o azar deabrir um balão de fardo que tenha rou-pas sem qualidade… Acabamos porperder dinheiro”, advertiu.

Ela já vendeu roupa usada nos mer-cados Roque Santeiro, Katinton e AsaBranca. Agora no “Arreio-Arreiou”,ainda teme os agentes da fiscalização,que, a qualquer hora, podem apreen-der as suas mercadorias penduradasnas paredes.

A vendedora reconhece que exporas roupas na rua e nas paredes é ilegal.“Por isso, os agentes da fiscalizaçãoapreendem as nossas mercadorias. Mastemos mesmo de usar esta técnica pa-ra atrair clientes”, argumentou. Paraela, as paredes, transformadas em mon-tras, ajudam a vender ainda mais.

Vender roupa, seja onde for, é en-carada pelas vendedoras como umasaída para fugir ao desemprego. O fac-to de, já há alguns anos, o número depessoas nesta actividade ter aumenta-do, significativamente, pode ser indi-cativo da escassez de emprego. Sãomuitas as jovens mulheres que ganhamo sustento das famílias com na vendade roupa usada.

Roupa usadaveste luandenses

O fardo, como é conhecido, é vendido em qualquer esquina, pendurado em paredes ou preso em cabide debaixo de tendas.

FARDOSDOMINGOS CADÊNCIA

A nadadora de ouroStephanie Jurado é a menina dos recordes na natação ango-lana. Apaixonada pela modalidade, para a qual entrou in-fluenciada pelos progenitores, que, por sinal, foram exímiospraticantes, começou a dar as primeira braçadas aos nove me-ses, no Colégio Conceito. Depois de algum tempo de para-gem, retomou há um ano, já no Clube Desportivo 1º de Agos-to. Muito simpática, na sua curta trajectória, tem um númeroconsiderável de feitos. Ela surpreendeu pelo à vontade e lo-go mostrou ser uma das alunas mais carismáticas, entre os co-legas, na turma do professor Octávio Aguiar.

EU SOU O FUTURO

CONQUISTAS Stephanie Jurado junta recordes nacionais

Nome: Stephanie Jurado

Idade: 9 anos

O que faz: Estudo epratico natação

Sonho: RepresentarAngola nos JogosOlímpicos

Como pensa concretizareste sonho: Continuar aestudar e a praticar anatação, ao mesmotempo.

Fonte de inspiração: Aminha colega da natação,Sebastiana

Incentivo: Os meus pais (Delfin e Nair), são eles osresponsáveis da minhapaixão pela natação.

O que representa anatação para sí?: É amelhor coisa que meaconteceu. Gosto deestar aqui no 1º deAgosto; tenho muitosamigos e amigas, osprofessores são muitosimpáticos e espero queoutras meninas tambémpossam praticar estamodalidade bonita.

Conquistas: Campeã

nacional individual, emtodos os estilos edistancias; tenho oitomedalhas de ouro e jábati 15 recordes. Isso memotiva a continuar,porque gosto muito danatação e espero um diachegar aos mundiais eJogos Olímpicos.

Como encara ascompetições: Sempreque entro para umacompetição é com oobjectivo de me divertir,assim como faço nostreinos, e depois mesurpreendo com o meupróprio resultado. Osprofessores e os paisficam felizes com a minhaperformance e isso meincentiva afazer melhortodos os dias.

Tempos livres: Gosto debrincar e praticar natação.Por norma, as escolas denatação fecham na épocade Cacimbo, mas esteano foi diferente. O meupai levou-nos a um hotelcom piscina onde eunadei com os meusirmãos. Divertimo-nosmuito.Que conselhos aoscolegas e amigos: Quecontinuem na natação.

QUEM EU SOU...

Solange da Silva [email protected]

À ESCOLHA DO CLIENTE Penduradas em cabides ou espalhdas no chão, roupas diversas estão à disposição

MIQUÉIAS MACHANGONGO | EDIÇÕES NOVEMBRO

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FLORINDA KALANDULAJÁ SE VENDEU MAIS Florinda Kalandula, que vendeprodutos do campo a grosso, tambémé de opinião que os negócios já forammais rentáveis no local. Actualmente,ela limita-se a vender o que pode. Umsaco de cenoura de 10kg, a 1,500 Kz;um saco de batatas rena, a 3.500Kz.

EM CONSTRUÇÃONOVO MERCADO PARA

CINCO MIL VENDEDORASEm curso, está a construção de ummercado de raiz, nas imediações dobairro da Sapu II. O espaço vai acolhercinco mil vendedoras, de acordo com oadministrador do “11 de Novembro”,

Manuel Fernando Fala.

QUOTIDIANO 19Segunda-feira, 2 de Outubro de 2017

No mercado 11 de Novem-bro, situado no bairro daSapu II, no município deTalatona, é comercializado

uma vasta gama de produtos, a gros-so e a retalho. Muitos destes bens sãodespachados a vendedoras de outraspraça municipais.

O administrador do mercado, Ma-nuel Fernando Fala, revelou que a pra-ça é privada. “ O mercado 11 de No-vembro, “Braços e Filhos”, como tam-bém é conhecido, nasceu há cerca decinco anos e alberga, maioritariamen-te, mulheres que vendiam produtos di-versos na rua onde estamos e nos ar-redores”, esclareceu o responsável.

A funcionar com carácter provisó-rio, o mercado 11 de Novembro temcapacidade para mil e quinhentas qui-

tandeiras e conserva ainda muitos lu-gares vagos, à espera das senhoras queteimosamente vendem na rua.

Apesar deste constrangimento, oadministrador do espaço anunciouque está em curso a construção de ummercado de raiz, nas imediações dobairro da Sapu II, que vai acolher cin-co mil vendedoras. “Haverá lugar su-ficiente para acolher todas as qui-tandeiras que ficam nas ruas. Pena éque a maioria não recebe bem a ideiade vir para aqui”, lamentou ManuelFernando Fala.

ALTOS E BAIXOS NOS NEGÓCIOSNo mercado 11 de Novembro, a co-mercialização de produtos é feita poráreas. Podemos encontrar de tudo umpouco: hortaliças, frutas, perecíveis,roupas usadas, materiais de constru-ção, alimentação e armazéns.

Luzulau António, comerciante ecoordenador da área de venda de car-

vão e barrotes para construção civil,contou ao Luanda, Jornal Metropoli-tano, que, antes da crise económica, asvendas eram mais lucrativas.

Não tendo outro modo de garantiro sustento da família, ele e colegas domercado permanecem fiéis ao negócio,na esperança de que maiores lucros vi-rão com o tempo. Alguns barrotes demadeira são provenientes das provín-cias do Bengo e Cuanza-Norte, ad-quiridos ao preço de 400 Kwanzas ca-da e revendidos a 700 ou 600 Kz. Parajustificar esta quebra nas vendas, o co-merciante buscou vários motivos. “Muitas pessoas pararam as obras deconstrução civil, outros não têm di-nheiro para adquirir materiais.

Luzulau António recordou que, emanos anteriores, num dia, lucravam en-tre 50 a 100 mil Kz. Mas, agora, as ven-das diminuíram consideravelmente."Há dias em que não vendo absoluta-mente nada”, confessou.

OFERTA

PRODUTOS A praça funciona a título provisório e tem capacidade para acolher mil e quinhentas quitandeiras, que, entretanto, queixam-se de dificuldades na venda

Lucros baixam no mercado 11 de Novembro

Luzulau António, vendedorde barrotes, diz que os fra-cos lucros devem-se à cri-se económica e financeira.que o país atravessa. De-sabafou, dizendo que dóimuito passar o dia no mer-cado e não vender qual-quer mercadoria. “Já volteia casa sem dinheiro no bol-so”, queixou-se.

Antónia Lofa é vende-dora de carvão, há doisanos, no mercado 11 de No-vembro. Também não es-tá satisfeita com os lucros.“Um saco de carvão ago-ra subiu a 3.500 kwanzas.As pessoas não estão a

comprar. O custo de vidaaumentou e os preçostambém tiveram de su-bir”, justificou.

Desmotivada com a si-tuação, a vendedora pedeuma tomada de medidadas autoridades. “Tirem asvendedoras da rua. As nos-sas colegas que ficam à en-trada do Calemba II são ascausadoras da fraca vendano mercado 11 de Novem-bro. Quando os clientes es-tão a vir para cá, encontram-nas e compram os seus pro-dutos. Deixam de entrar nomercado”, contou AntóniaLofa, contrariada. MM

DIAS SEM VENDA

MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO

O mercado “Braços e Filhos”, como também é conhecido, “nasceu” há cerca de cinco anos, no bairro Sapu II.

Manuela Mateusjornal.luanda@ediçõesnovembro.co.ao

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20 QUOTIDIANO Segunda-feira, 2 de Outubro de 2017

PAULO SEBASTIÃOLUGARES SEGUROS

Paulo Domingos Sebastião disse que as farmáciassão os únicos locais seguros para a compra defármacos. Por isso ,“devem ter profissionais

altamente formados, para orientar os doentes aseguir a medicação. Devem esclarecer o que omédico prescreveu, contrariando aqueles que

perseguem os lucros, quando, em vez de antibiótico,passam analgésico”.

ADÃO AUGUSTONÍVEL DE FORMAÇÃO

É LAMENTÁVELAdão António Augusto, que se encontrava acomprar medicamento numa farmácia, emViana, lamentou o nível de formação destesfarmacêuticos, pois "deixa muito a desejar".

Há casos em que o paciente solicita umdeterminado fármaco, eles dão outro.

Amaioria das farmácias queexerce actividade de comer-cialização de medicamentos,na periferia de Luanda, não

observa as normas exigidas pelas au-toridades sanitárias do país. A situaçãoé grave e alastra-se, colocando em ris-co a vida de milhares de pessoas.

A actividade de venda de medica-mentos é exercida, maioritariamente,por cidadãos estrangeiros, oriundos depaíses da África do Oeste, com desta-que para os malianos, senegaleses e con-goleses, como constatou a reportagemdo Luanda, Jornal Metropolitano. Muitodesses comerciantes vieram com o pro-pósito de exercer actividades num ra-mo diferente, mas enveredaram para avenda de medicamento, negócio parao qual têm o auxílio de angolanos de-tentores de alvarás.

Algumas farmácias eram estabele-cimentos comerciais de venda de pro-dutos alimentares e bebidas, perten-centes a cidadãos nacionais, que, semsucesso na actividade, acabaram obri-gados a alugar os alvarás a cidadãos es-trangeiros, com quem, inicialmente, fa-ziam sociedade. O testemunho é de AnaFernanda, que mora ao lado de umadestas lojas, na Petrangol, município deLuanda. À medida que os lucros cres-ciam, já com a loja a comercializar tam-bém outros produtos, os imigrantes ne-gavam-se a manter a parceria, exigin-do o aluguer das licenças comerciais,para poderem ser os donos do negócio,explicou a senhora, que disse já ter si-do, por diversas vezes, tentada a ar-rendar a sua habitação.

Em pouco tempo, começou a assis-tir-se ao domínio dos estrangeiros nonegócio das farmácias, em zonas peri-féricas de Luanda. Muitos cidadãos na-cionais não resistiram às propostas e fo-ram arrendando parte das suas resi-

dências. Os estrangeiros começaram,depois, a convidar amigos e parentesnos seus países para virem fazer o mes-mo trabalho. Em pouco tempo, chegou-se à situação que se conhece hoje: pro-liferação de farmácias ilegais; funcio-nários sem qualificação, nem formaçãoe alvarás fora do prazo de validade, emestabelecimentos que, ao mesmo tem-po, vendem cigarros ou baralhos de car-tas. Existem, inclusive, espaços dessesque não passam factura.

Além de funcionarem à margem dalei, muitos destes estabelecimentos nãoestão estruturados segundo as normasdefinidas para o exercício da activida-de no país. Também comercializam me-dicamentos fora do prazo de validade,mal conservados, falsificados e muitosde origem duvidosa.

"É um risco comprar nestas far-mácias. Algumas conseguem os me-dicamentos no mercado dos Kwan-zas", disse, por seu lado, uma enfer-meira. Ela referiu-se, inclusive, apacientes que usaram fármacos des-ses lugares e viram deteriorado o seuquadro clínico.

Adão António Augusto, que se en-contrava a comprar medicamento nu-ma Farmácia, em Viana, lamentou o ní-vel de formação destes farmacêuticos,pois "deixa muito a desejar". Segundoele, "há casos em que o paciente solici-ta um determinado fármaco, eles dãooutro, que nada tem a ver com o recei-tado pelo médico".

Por seu lado, Paulo Domingos Se-bastião disse que as farmácias são osúnicos locais seguros para a comprade fármacos e devem ter profissionaishabilitados para orientar os pacientes,em como seguir a medicação.

“Devem ter profissionais altamenteformados, para orientar os doentes a se-guir a medicação. Devem esclarecer oque médico prescreveu, contrariandoaqueles que perseguem os lucros, quan-do, em vez de antibiótico, passam anal-gésico”, criticou.

DISSEMINAÇÃO Estabelecimentos ilegais de venda de fármacos proliferam em Luanda

Farmácias“anestesiam”

periferia

EDIÇÕES NOVEMBRO

Algumas eram estabelecimentos comerciais devenda de produtos alimentares e bebidas, pertencen-

tes a angolanos. Estes, como que anestesiados,acabaram por cedê-las a estrangeiros.

Fula Martinsjornal.luanda@ediçõesnovembro.co.ao

Nos últimos tempos, a venda demedicamentos também é feitade forma desregrada, na viapública. Embora os vendedores,na sua maioria, se recusem aabordar o assunto, João Luza-diako não teve problemas. Ven-dedor ambulante do produto,ele justifica-se com uma per-gunta recorrente: “se não tenhoemprego, vou viver de que?Acrescenta que já esteve preso,por vender medicamentos narua. “Mas não deixo, por não teroutra forma de ganhar o pão pa-ra sustentar a família".

Para a farmacêutica JosefaGabriel Fernando, "as conse-quências resultantes da compraem farmácias improvisadas ou narua podem ir até à morte, por in-toxicação, ou reacções a medi-camentos que perdem elemen-tos químicos, por causa do sol".

A especialista alerta quemuitos medicamentos que cir-culam em algumas farmácias eruas já foram proibidas pela Or-ganização Mundial da Saúde."Na praça é mais barato, mas ésempre bom pagar um poucomais e ter a saúde em dia, doque poupar e pôr a vida em ris-co”, aconselhou.

EPICENTROS Cazenga, Viana e Kilamba Kiaxipodem ser considerados os mu-nicípios com o maior número defarmácias geridas por cidadãosestrangeiros. No Cazenga, mui-tas farmácias são tidas como ile-gais e como estando a comer-cializarem medicamentos expi-rados. Os proprietários, entre-tanto, alegam que têm os do-cumentos em dia que cumpremcom as normas estabelecidas pe-lo Ministério da Saúde.

"Tratamos todos os docu-mentos que a Lei angolana exi-ge. Mesmo assim, somos cons-tantemente apoquentados pe-la fiscalização e por outros ór-gãos", disse um farmacêutico,que não se quis identificar.

Na Mabor, um dos bairroscom o maior número de far-mácias geridos por cidadão es-trangeiros, alguns estabeleci-mentos encontravam-se en-cerrados, por estarem ilegais. NaVila do Gamek, na farmácia deum cidadão maliano, ocorreuma situação não tão caricataassim: uma mulher desejavacomprar creme depilador. Ofarmacêutico desconhecia deque se tratava.

No distrito urbano do Ran-gel, várias farmácias estão fe-chadas. Os proprietários, cida-dãos malianos, foram intimadospela Polícia Económica, por ven-da de fármacos fora do prazo.

ALERTASO Governo da Província deLuanda, ao abrigo do regula-mento sanitário do país, proibiu,em Maio de 2009, a comercia-lização de medicamentos eequipamentos hospitalar emlocais impróprios e inadequados.

Os fármacos vendidos emlocais como mercados, ruas,cantinas e farmácias, sem con-dições, ao invés de curar asdoenças podem matar, tendoem conta a má conservação ea exposição à luz solar. O aler-ta é do Instituto Nacional da De-fesa do Consumidor (INADEC).

O INADEC lembra que oconsumidor pensa que estácomprar mais barato nestes lo-cais do que na farmácia. A ins-tituição aconselhou a populaçãoa ter muita atenção com os pra-zos de validade e o estado deconservação na compra de me-dicamentos, de forma a se evi-tarem males maiores. FM

VENDA NA RUA

IRREGULARIDADES

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PUBLICIDADE 21Segunda-feira, 2 de Outubro de 2017

(JML-024B)

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EMERGÊNCIA

ORDEM Efectivos da Polícia Nacional prontas para acudir situações que colocam em risco a segurança

Mais de cinco milchamadas diárias

no 113

DOMINGOS CADÊNCIA | EDIÇÕES NOVEMBRO

SEGURANÇA PÚBLICAÍNDICE DE CRIMINALIDADE EM LUANDA É BAIXO

A situação de segurança pública no país é estável e Luanda, que constitui a maiorpreocupação das autoridades, regista diariamente entre 20 a 30 crimes. Os números foram avançados pelo secretário de Estado do Interior para OsServiços Penitenciários, José Bamóquina Zau. O governante falava, recentemente,na cerimónia de entrega de meios a órgãos do Ministério do Interior.Por outro lado, o índice de esclarecimento criminal está acima dos 60 porcento. José Bamóquina Zau pediu à população para continuar adenunciar todos os actos que colocam em causa a segurança etranquilidade dos cidadãos.

ENTREGA DE VIATURAS

MEIOS VÃO FACILITAR TRABALHO DA POLÍCIA

Moradores dos diferentes bairros de Luanda queixam-se, com frequência,da ausência da polícia, quando accionada para intervir numa determinadasituação delituosa. Em outros casos, as autoridades acorrem, porém, jádemasiado tarde. Para qualquer dos momentos, a justificação está quasesempre ligada à falta de meios.As situações atrás relatadas vão ficar substancialmente reduzidas, com osmeios que órgãos da Polícia Nacional em Luanda receberam. De acordocom o segundo comandante-geral da Polícia Nacional comissário-chefeSalvador Rodrigues “Dodo”, os bens vão cobrir algumas esquadras que seencontram desprovidas de transporte. Cem viaturas foram entregues, pelo secretário de Estado do Interior para osServiços Penitenciários, José Bamóquina Zau, à Polícia Nacional, Serviço deMigração e Estrangeiros, Serviço Penitenciário e Serviço de InvestigaçãoCriminal. No total, são 300 veículos, que vão reforçar o trabalho dacorporação. Os restantes serão entregues "depois de ultrapassadasquestões técnicas", de acordo com o governante.O secretário de Estado afirmou que as viaturas vão reforçar as actividadesoperativas dos órgãos do Ministério do Interior e estão inseridas no âmbitodo Plano de Potenciação do sector. É assim que a Polícia Nacional recebeu,numa primeira fase, 50 viaturas e o Serviço Penitenciário, 14. Os Serviços deInvestigação Criminal, Protecção Civil e Bombeiro e Migração e Estrangeiroreceberam oito cada. O segundo comandante-geral da polícia nacional justifica a quantidade deviaturas que Luanda recebeu com o facto de registar "uma preocupaçãoacrescida com a segurança pública, aliado ao de ser a província com maiordensidade populacional, requerendo, por isso, uma atenção muito especialpor parte do Comando Geral da Polícia Nacional”. DOMIANA N'JILA

PRIORIDADEDAR SUPORTEA ESQUADRAS

De acordo com o segundo comandante-geral comissário-chefe

Salvador Rodrigues, os bens vão cobriralgumas esquadras que se encontram

desprovidas de transporte. Foram entregues200, de um total de 300 veículos.

À CAPITALATENÇÃO ESPECIALLuanda beneficiou de uma maiorquantidade de viaturas pelo facto deregistar uma preocupação acrescidacom a segurança pública, aliado ao deser a província com maior densidadepopulacional, requerendo, por isso, umaatenção muito especial.

Oterminal telefónico 113 é o nú-mero de emergência do Co-mando Provincial de Luanda

da Polícia Nacional. É usado por mi-lhares de cidadãos para comunicara ocorrência de crimes, quer na viapública, quer em residência. É umsistema de atendimento personali-zado, que permite à Polícia atenderremotamente todas as solicitaçõesdos cidadãos.

A quem, por exemplo, faltar tempoou condições para chegar a uma es-quadra próxima poderá, através destenúmero (113), contactar as forças da or-dem de forma grátis. O porta-voz daDelegação Provincial de Luanda do Mi-nistério do Interior, intendente MateusRodrigues, frisou que o número é ain-da usado para comunicação com a Po-lícia, em casos de acidentes de viaçãoem todo o país. O terminal telefónicotem 30 linhas de atendimento.

Sempre que recebem solicitações decidadãos aflitos, os funcionários, efec-tivos da Polícia Nacional, estabelecemimediatamente contacto com a esqua-dra de Polícia mais próxima à área on-de o crime está a ocorrer, no sentido dese deter os presumíveis meliantes.

Uma vez detidos, é instruído umprocesso- crime, que é apresentado aoMinistério Público para legalização da

prisão e posterior julga-mento, pelos tribunais.Além do 113, existem ou-tros números que servemcomo auxiliares da activi-dade policial, permitindoque os cidadãos estejammais próximos da Polícia.

Mateus Rodrigues dis-se que, diariamente, aque-le serviço atende até cin-co mil chamadas, duranteas 24 horas de funciona-mento. Deste número, amaior parte das chama-das não tem interesse po-licial, ou seja, é brinca-deira de cidadãos.

O 113 funciona 24 ho-ras por dia e atende em si-multâneo 30 pessoas. Asdemais chamadas ficamem espera, até que uma das30s desligue para dar lugara uma outra, como relataMateus Rodrigues.

Mateus Rodrigues exem-plificou que, se, por acaso,receberem mil chamadas,somente entre 10 a 30 sãode interesse policial. Aschamadas de brincadeirassão protagonizadas por ci-dadãos incutidos de má-fé, que chegam ao pontode comunicar uma ocor-rência e postos no local do

sinistro dão conta que é in-formação falsa. Mateus Ro-drigues disse que questões téc-nicas fazem com que muitoscidadãos não consigam entrarem contacto com a Polícia atra-vés do 113. Considerou um "fe-nómeno mundial" os serviçosde emergência receberem maischamadas de brincadeira doque de interesse policial.

O atendimento do 113 fun-ciona mediante um sistema de-nominado Black List, ou seja,"Lista Negra". Os números que,de forma recorrente, ligarempara fazerem brincadeira sãobloqueadas e deixam de teracesso a este terminal.

Factos

Breves

PLANTÃO 23Segunda-feira, 2 de Outubro de 2017

André da Costa [email protected]

AUTORIDADE M. Rodrigues

CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO

ACTO Entrega dos meios decorreu no Instituto Superior de Ciências Policiais

CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO

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24 PUBLICIDADE Segunda-feira, 2 de Outubro de 2017

(JML-024)

(JML-043B)

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PUBLICIDADE 25Segunda-feira, 2 de Outubro de 2017

(JML-024)

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? Cinema

T E S T E

26 LAZER Segunda-feira, 2 de Outubro de 2017

Horizontais1- Anna (...), cantora da foto. 6- Que tem fama. 12-Grande massa de água salgada. 14- Elemento deformação de palavras que exprime a ideia devinho. 15- Avenida (abreviatura). 16- Despender.17- Compact Disc. 19- Elas. 20- Raiar a manhã.24- Eles. 26- Contorno da cratera de um vulcão,margem. 27- Aprovação. 30- Possuir. 32- Que sefrigiu. 33- Fragrância. 35- Sensação de calor in-tenso. 36- Sigla de very important person. 37-Linha. 38- Antes do meio-dia. 39- Fêmea dopombo. 43- Parlamento Europeu. 44- A terceiraletra do alfabeto grego. 46- Linda. 48- Plural (abre-viatura).49- Esforçar-se. 51- Óculos. 54- Terceiranota musical. 56- Peça de vestuário. 57- Indivíduo idêntico a outro, produzido por mani-pulação genética. 58- Cheira. 59- Equilibrar-se no ar.

Verticais1- Participa num jogo. 2- O pôr do sol, poente. 3-Sim (inglês). 4- Procura parasitas em. 5- Apaixo-nado. 7- Antónimo de abre. 8- Dê passos. 9- Molib-dénio (símbolo químico). 10- Redução das formaslinguísticas “de” e “a” numa só. 11- Ovário dos pei-xes. 13- Rezar. 18- O que é de direito ou dever. 21-Sufixo Internet (Holanda). 22- Barra de ferro sobre aqual giram as rodas de diversos veículos. 23- Pe-queno mamífero roedor. 25- Lugar de paragem (pa-lavra inglesa). 28- Título honorífico em Inglaterra.29- Acto ou efeito de lavar. 31- Preposição que in-dica lugar. 32- Federação Angolana de Futebol. 34-Concordância dos sons finais de dois ou mais ver-sos. 39- Interrupção temporária. 40- Ultrapassagemna estrada. 41- Que parece bom, mas não o é. 42-Alumínio (símbolo químico). 43- Lisa. 45- Mililitro(abreviatura). 47- Grande caixa com tampa plana.48- Antónimo de melhor. 50- Um certo. 52- Naquelelugar. 53- Ente. 55- O número dois em numeraçãoromana.

1 - O Rio Kwanza é o maior de Angola.Nasce em Mumbué, município do Chi-tembo, Bié. A sua bacia hidrográfica éde 152.570 km². Qual é o seu curso?

2 - O lago Tanganica é o segundomaior de África e é partilhado pelaTanzânia, República Democráticado Congo, Burundi e...

3- O Taj Mahal é um mausoléu si-tuado em Agra, na Índia, sendo omais conhecido dos monumentosdo país. O imperador da épocaconstruiu-o em memória de...

4- As bananeiras são plantas dogénero Musa, uma família que in-clui as plantas herbáceas vivazes.Há cerca de 50 espécies de Musae são originárias do sudeste daÁsia. A que família pertence?

Desafio:1 - C - 960 km.2 -D - Zâmbia.3 -C - Sua amada.4 -C - Musaceae.

Palavras CruzadasHorizontais1- JJOYCE. 6- AFAMADO. 12- OCEANO. 14- ENO. 15- AV. 16- GASTAR. 17- CD. 19- AS. 20- AMANHECER. 24- OS. 26- ORLA. 27- AVAL.30- TER. 32- FRITO. 33- AROMA. 35- ARDOR. 36- VIP. 37- FIO. 38- AM. 39- POMBA. 43- PE. 44- GAMA. 46- BELA. 48- PL. 49- LUTAR. 51- RAIAS. 54- MI. 56- SAIA. 57- CLONE. 58- INALA. 59- PAIRAR.

Verticais1- JOGA. 2- OCASO. 3- YES. 4- CATA. 5- ENAMO-RADO. 7- FECHA. 8- ANDE. 9- MO. 10- DA. 11- OVA. 13- ORAR. 18- DEVIDO. 21- NL. 22- CARRIL. 23- RATO. 25- STOP. 28- LORDE. 29- LAVAGEM. 31- EM. 32- FAF. 34- RIMA. 39- PAUSA. 40- MBAIA. 41- BERA. 42- AL. 43- PLANA. 45- ML. 47- ARCA. 48- PIOR. 50- TAL.52- ALI. 53- SER. 55- II

Desafio

A sorte e o seu conceito

Curiosidades

Palavras Cruzadas

A palavra sorte tem origem lati-na. Acredita-se que ela venha desors, uma referência dos antigosromanos para as surpresas, boasou não, que o destino reservapara o homem.

Segundo a mitologia, a pala-vra sorte também refere-se auma divindade, a chamada filhade Saturno. Muitos entendem oconceito de sorte como sinôni-mo de destino, fatalidade, pro-gramação ou desígnio impostopor forças superiores.

O conceito de sorte espalhou-se por diversas culturas como al-go que pode ser obtido por magiaou pela acção de forças do além.

A sorte está associada à fé efaz parte do imaginário popu-lar. O conceito em torno da sorteé um quase sinónimo de desti-no, exibindo como principal di-ferença a divisão entre “boa sor-te” e “má sorte” (quando se falaem destino, essa divisão é inad-missível), remetendo, fatalmen-te, a um maniqueísmo munda-no, provavelmente, controladopor forças sobrenaturais.

No entanto, imaginar queexiste sorte é supor que existea possibilidade de alteraçãodo destino, conforme determi-nadas condições que geram oseventos, já que destino é que é

o sinónimo de fatalidade, pro-gramação ou desígnio impos-to por forças maiores, afecta-dos pela nossa actuação, di-recta ou indirecta.

A concepção de sorte é enrai-zada no imaginário popular, in-terferindo na conduta dos quenela acreditam, de acordo com aforma em questão. Em muitasculturas, imagina-se que a sortepossa ser obtida através de su-perstições, como ferraduras decavalo, trevos de quatro folhas,amuletos, etc., confundindo-se,muitas vezes, com questões rela-tivas à influência de forças doalém da vida.

Cartoon Armando Pululo

A - 999 km

B - 1000 km C - 960 km

D - 500 km

A - Angola B - Zimbabwe C - Chade D - Zâmbia

RESPOSTAS

ZAP CinemasSemana: 29 de Setembro

a 05 de Outubro• Título: Kingsman:

O Círculo Dourado (IMAX)• Género: Acção.• Sessões:12h20/ 15h20/ 18h15/

21h10/ 00h05(apenas sexta,sábado e feriado)

• Título: Linha Mortal• Género: Acção.

12h40/ 15h30/18h00/ 21h20/ 23h50

(Apenas, sexta sábado e feriado)

• Título: Era uma vez em Los Angeles

• Género:Comédia, Thriller e Acção• Sessões:13h00/15h15/17h30

19h45/ 22h00/ 00h15

• Título: Lego Ninjago: O Filme• Género: Animação.

10h40 (sáb,dom e fer) /13h05/ 15h25/17h45

CINEMAX /KilambaSemana: 29 de Setembro

a 05 de Outubro• Título: Linha Mortal *• Género: Acção. (sala Vip)• Sessões:13h50/ 16h10/

18h30/ 20h50/ 23h10

• Título: Lego Ninjago 3D• Género: Animação. (sala 1)• Sessões:14h/16h/18h50/ 21h10• Título: IT• Género: Terror. (sala 1)• Sessões: 23h/30

• Título: Um Voo em Grande VP• Género: Aventura. (sala 2)• Sessões:13h00/ 15h00/ 17h00

(Excepto 03 de Outubro)

• Título: O Guarda-Costas e o Assassino*

• Género: Acção.19h00/ 21h30/ 23h55(Excepto 03 de Outubro)

• Título: A Torre Negra*• Género: Acção. (sala 3)

13h20/ 15h30/ 17h50/ 20h00/ 22h10

• Título: Assassino Americano*• Género: Acção. (sala 4)

13H10/ 15H40/ 18H10/ 20H40/ 23H10

• Título: Kingsman: O Círculo Dourado

• Género: Acção. (sala 5)13h00/ 15h50/ 18h40/ 21h30

* Apenas dias 29 e 30 de Setembro.

A - Seu primogénito B - Sua mãe C - Sua amada D - Sua vitória

A - Moraceae B - Arecaceae C - Musaceae D - Anacardiaceae

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FESTIVAL DE FADOARY E AYA CONVIDADASA cantora Ary é uma das convidadas doFestival Caixa Luanda, a 26 de Outubro, noCine Atlântico, em Luanda. Ana Bela Aya éoutra artista para o evento, denominado "OMaior do Fado em Angola". Vão actuar,igualmente, o fadista português MarcoRodrigues e vários outros intérpretes.

COM PAULO GONZOMATIAS DAMÁSIO

NO LOOKAL OCEAN CLUBO cantor angolano Matias Damásio é o convidado

especial do músico português Paulo Gonzo, que actua em Luanda, na sexta e sábado

próximos, no Lookal Ocean Club, à Ilha de Luanda. O concerto é antecedido de um jantar, às 20h00.

O espectáculo tem duração de duas horas.

Luís Fernando e as memórias

da política angolana

C4 PEDRO NO COMBATE A SIDA

O músico, compositor e interprete C4 Pedro vaidoar parte das receitas arrecadados nos doisúltimos concertos, realizados na Casa 70. Osvalores arrecadados nos eventos, ocorridos nosdias 28 e 29 de Outubro, vão ser entregues aONUSIDA Angola, para apoiar vários projectosligados à educação e sensibilização para aprevenção e o combate à doença, que assola todasas nações. Há quatro anos, C4 Pedro foi nomeadoum dos embaixadores nacionais da Boa Vontade.

NOVELASEVENTOS

MÚSICO Embaixador da Boa Vontade da ONUSIDA

ESCULTOR MPAMBUKIDIEXIBE "FOGO" NO CAZENGA

Cerca de 40 peças de bronze do escultorMpambukidi Nlufindi ficam patente até 15 docorrente, na Fábrica de Sabão, no município doCazenga. A amostra, denominada "Ntuya", expressãoKikongo, que, em Português, significa "Fogo", é a 43ªexposição individual de Mpambukidi.

Culto e muito simpático. Assim se pode definir Luís Fer-nando, o homem que se divide entre a literatura e o jor-nalismo. Duas área inseparáveis da sua vida e que muitotêm dado, "graças" ao dono do "Antes do Quarto".O jornalista e escritor apresentaram, em simultâneo, doislivros “Angola: Memórias da Transição Política de JoséEduardo dos Santos a João Lourenço”, volumes I e II. Em ambas as obras, Luís Fernando arruma as suas me-mórias do contexto político nacional, de Março de 2016 aMarço de 2017 (volume I) e de Abril a Setembro de 2017(volume II).Já disponíveis nas livrarias, os livros estão ao preço de trêsmil kwanzas.Nascido em 1961, na aldeia de Tomessa, no Uíje,LuísFernando conta com 11 livros publicados, nomeada-mente, "Noventa Palavras", o primeiro, lançado em 1999.Seguiram-se-lhe "A Saúde do Morto", "Antes do Quar-to", "João Kyomba em Nova Iorque", "Clandestinos no

Paraíso", "A Cidade e as Duas Órfãs Malditas", "Um Anode Vida", "Dois Anos de Vida", "Três Anos de Vida" e"Letras na Brasa".Luís Fernando participou ainda na colectânea de contos“Estórias Além do Tempo”, com 14 outros autores.Em co-autoria, ao lado do escritor português EduardoÁguaboa, escreveu o livro “Taras de Luanda”, recente-mente lançado.Em 2009, Luís Fernando foi admitido como membro daUnião de Escritores Angolanos (UEA), dez anos depoisde estar a publicar com regularidade.Jornalista desde os 17 anos de idade, foi chefe de redac-ção e director de informação da Rádio Nacional de Ango-la. Foi, igualmente, director-geral do Jornal de Angola e dosemanário O País. Os livros “Angola: Memórias da transi-ção política de José Eduardo dos Santos a João Lourenço”,I e II, foram produzidos pela Mayamba Editora e têm 160 e222 páginas cada.

ALBÚM Autor de “Abre a porta” com novo trabalho

LITERATURA

SOCIAL 27Segunda-feira, 2 de Outubro de 2017

TOTÓ PREPARA NOVO CD

Serpião Tomás ou, simplesmente, Totó prepara o seupróximo trabalho discográfico, depois de longosilêncio. O álbum do autor de "Abre a Porta" vai contarcom 12 músicas. Totó conta com três discos nomercado: "Vida das Coisas", de 2006, "Batata Quente",2009, e "Filho da Luz", 2014. Canta os estilos jazz, soulmusic, R&B e ritmos africanos.

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28 PUBLICIDADE Segunda-feira, 2 de Outubro de 2017

(JML-024)

(JML-040A)

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PUBLICIDADE 29Segunda-feira, 2 de Outubro de 2017

(JML-041A)

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30 DESPORTO

LEMACOERÊNCIA E CARÁCTER“No nosso programa de candidatura,

deixámos bem claro que primamos pelacoerência, carácter e responsabilidade. Nemtodos estão alinhados com esta forma detrabalhar e, eventualmente, estão a passarpor um processo de adaptação, até se

compenetrarem de que estamos apenas aorganizar, para bem da modalidade”.

TRABALHOHÁ LIMITAÇÕES“Estamos preocupados com algumaslimitações de natureza organizativae com a carência de infra-estruturasna cidade. Apelamos, sobretudo, àsinstituições do Estado, mas também aeventuais parceiros privados, paramaior apoio ao nível das infra-estruturas”.

Segunda-feira, 2 de Outubro de 2017

Presidir a Associação Provincial deAndebol de Luanda (APAL) é a pri-meira experiência de Simão da Sil-va Cassule Filho, no dirigismo des-

portivo. No entanto, a tarimba de pratican-te da modalidade, por muitos anos, compassagens assinaláveis pelo Inter de Ango-la (1988 a 1992), 1º de Agosto (1992 a 1995)Progresso Sambizanga (1996) e Sporting deLuanda (1997 a 2006) levou-o a assumir o de-safio, mesmo sabendo da imensidão de di-ficuldades, pois, como disse “em Luanda, osconstrangimentos são sempre a dobrar, por-que se trata do maior expoente da modali-dade no país”. Simão Filho dirige a APALdesde 17 de Dezembro último. Portanto, hácerca de dez meses.

Como está a ser esta sua primeira expe-riência, ao nível do dirigismo desportivo,depois de vários anos no andebol, comoatleta?Esta experiência vale a pena, para nós, queamamos a modalidade, mas não é nada fá-cil, porque estamos a gerir uma associaçãodesportiva muito importante para o Ande-bol em Angola e não só. Os grandes fazedo-res deste desporto estão radicados aqui, emLuanda. As maiores realizações desportivasdo andebol acontecem cá, na capital, e osprincipais jogadores que representam as nos-sas selecções fazem parte dos clubes filiadosna Associação Provincial de Andebol de Luan-da. Por aí pode ver quais são as exigências,as responsabilidades e o nível de profissio-nalismo necessário, tanto da parte dos diri-gentes, como dos clubes filiados e atletas, pa-ra levar a cabo a nossa tarefa. Estamos im-buídos de muita vontade, pelo nosso amorà modalidade, e, na medida do possível, te-mos estado a fazer uma gestão aceitável, donosso ponto de vista. Também temos conta-do com o apoio de muitos ex-praticantes, ex-dirigentes e outros “mais velhos”, que, me-lhor do que nós, sabem que procedimentosdevemos adoptar.

Está há quase um ano à frente da Associa-ção. O trabalho tem sido difícil, como já re-feriu. Mas quais foram as melhores coisasque fizeram e o que ficou por fazer, neste es-paço de tempo?Nesta altura, o que melhor fizemos foi, semdúvida, a organização do último Campeo-nato Nacional de seniores masculinos e fe-mininos. Perante uma maré de dificuldades,conseguimos fazer uma das melhores com-petições, de todos os tempos, ao nível de se-niores. Frustrações, como tal, até não diria.Mas gerir o andebol em Luanda acarreta sem-pre muitos constrangimentos, sobretudo, por-que as associações não são subvencionadaspelo Estado. Muitas vezes, é a Federação quedá a sua quota cedida pelo Estado, entregadeterminada parcela às associações. Na vi-gência do nosso mandato à frente da APAL,não recebemos ainda qualquer dotação e, poresse motivo, gerimos o quotidiano, na basede parcerias. Com sorte, algumas vezes con-seguimos um patrocinador que suporta al-

"Algunsassociadospretendem

andar à margemdo rigor"

Simão Filho, presidente da Associação de Andebol de Luanda, aborda o estado da modalidade na capital:

os males de que está enferma e os projectos em vista.

Vivaldo [email protected]

ANDEBOL

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DESPORTO 31Segunda-feira, 2 de Outubro de 2017

PROVAS NACIONAISBOA ORGANIZAÇÃO

“Nesta altura, o que melhor fizemos foi, semdúvida, a organização do último

Campeonato Nacional de senioresmasculinos e femininos. Perante uma maréde dificuldades, conseguimos fazer uma dasmelhores competições, de todos os tempos,

ao nível de seniores”.

MODALIDADEUMA GESTÃO DIFÍCIL

“Gerir o andebol em Luanda acarretasempre muitos constrangimentos,sobretudo, porque as associações nãosão subvencionadas pelo Estado. Muitasvezes, é a Federação que dá a sua quotacedida pelo Estado, entregadeterminada parcela às associações”.

gumas despesas. Fora disso, a associação temfeito a sua gestão de forma que não trilhe en-tre muitas dificuldades na organização deeventos. Essa organização de provas depen-de de fundos próprios, ou seja, das taxas queos clubes pagam, eventualmente os valoresobtidos por via das multas e contribuiçõesfinanceiras individuais dos membros da pró-pria associação.

Perante todas estas dificuldades, não estáarrependido de ter assumido este com-promisso?Não podemos, em momento algum, nos ar-repender, pelo simples motivo de que esta-mos comprometidos com o andebol e faze-mos este trabalho por amor a esse desporto.Quando assim acontece, estamos disponí-veis a consentir alguns sacrifícios e em mo-mento algum poderemos pensar em recuar.Se fosse para isso, nem teríamos encetado acaminhada, logo no início. As eleições paraa APAL foram das mais concorridas. Tive-mos um bom oponente e, portanto, se fossepara desistir a meio deixaríamos o caminhoaberto ao concorrente. Apenas estamos preo-cupados com algumas limitações de nature-za organizativa e também com a carência deinfra-estruturas na cidade. Apelamos, so-bretudo, às instituições do estado, mas tam-bém a eventuais parceiros privados, paramaior apoio ao nível das infra-estruturas des-portivas. Realizamos jogos em todos esca-lões. Organizamos competições de alto nívele muitas vezes os recintos não estão ade-quados à qualidade técnica patenteada pe-los jogadores. Solicitamos, pois, aos órgãosdo Estado que invistam um pouco mais emrecintos desportivos, para Luanda, particu-larmente, em pavilhões desportivos para aprática do andebol. Praticamente, os únicospavilhões aptos para a prática da modalida-de são o principal da Cidadela e a Arena do

Kilamba. Outros recintos são dos clubes egrande parte deles está aquém daquilo queprecisamos para elevar o nível competitivodos nossos jogadores.

Mas os clubes também se queixam de difi-culdades?Conhecemos a realidade financeira dos clu-bes e sabemos dos esforços das suas direc-ções. Mas temos que assumir que muitoscampos apresentados pelos clubes, cá emLuanda, já colocam em risco a integridadefísica dos jogadores. Estamos a ponderar quemedidas adoptar. Se impedíssemos a utili-zação de algumas dessas quadras, estaría-mos a criar grandes constrangimentos.

Há avaliações positivas do vosso desem-penho, por parte de alguns associados. Ou-tros, no entanto, dizem que a associaçãoparece uma unidade policial. Que comen-tário faz a respeito?Por vezes olham para o Simão Filho, Presi-dente da Associação de Andebol, de formadiferente. Como funcionário do Ministériodo Interior, trabalho mais vezes fardado. Nas

minhas funções, cá na APAL, normalmente,apresento-me a civil. É necessário separar otrigo do joio: o polícia é disciplinado por na-tureza. É a pessoa da verdade. Somos cum-pridores e pontuais, por defeito de profissão,se posso assim dizer. Estas características sãotransportadas para personalidade do Presi-dente da Associação. Alguns associados pre-

tendem andar à margem deste rigor que en-tendemos ser necessário manter. No nossoprograma de candidatura, deixámos bem cla-ro que primamos pela coerência, carácter eresponsabilidade. Nem todos estão alinha-dos com esta forma de trabalhar e, even-tualmente, estão a passar por um processode adaptação, até se compenetrarem de queestamos apenas a organizar, para bem da mo-dalidade. Por vezes, tentam disfarçar as pró-prias insuficiências, dizendo que parecemosuma unidade policial. Na realidade, a asso-ciação apenas aplica os princípios da disci-plina e organização. Antes, todos vinham pa-ra aqui, diziam o que lhes apetecia, manda-vam como bem entendiam e, de concreto,ninguém dizia nada. Onde há desordem, se-guramente, a organização não impera e nãose pode fazer bom trabalho. Esta é uma dasrazões pelas quais temos estado a ouvir co-mentários desfavoráveis. Aproveito a opor-tunidade de falar ao Jornal Metropolitano,para esclarecer que não é verdade que este-jamos a gerir a APAL como se de uma uni-dade policial se tratasse. Está, sim, uma as-sociação ao nível do que os clubes precisam,

porque aqui é o palco das maiores e melho-res competições do andebol nacional, com osmelhores clubes e com os melhores atletas.

A APAL está preparada para as alteraçõesque a Federação pretende implementarnas competições dos escalões jovens? Co-mo irão organizar provas de várias cate-

gorias, desde os Bambis, Infantis, Inicia-dos, juvenis etc, quando até agora só sedisputavam provas de três categorias, nosescalões de formação?A Associação de Luanda está preparada pa-ra tudo o que é inovação. Principalmente,quando estas trazem consigo valor acres-centado. Angola participa em CampeonatosAfricanos, Mundiais, Jogos Olímpicos etc.Por isso, tendo os clubes como nossos prin-cipais aliados, vamos adaptar-nos a essa rea-lidade. Temos a nossa assembleia ordináriaagendada para o próximo mês e, nesse fó-rum, vamos reflectir sobre a operacionali-dade do que está perspectivado. Do pontode vista organizativo, a APAL está pronta.Precisamos de saber se os nossos filiados tam-bém estão. Teremos campos suficientes paramaterializar essa ideia? Os clubes têm umaorganização suficientemente dinâmica parasubdividir os jogadores por estes escalões?Vamos levar estas inquietações a debate, pa-ra fornecermos subsídios à Federação Ango-lana de Andebol, para ponderamos bem omomento real em que se podem aplicar taismudanças. Poderemos fazê-lo por fases, per-mitindo que os clubes se organizem melhor.

Que estratégias tem em carteira para ven-der melhor o produto andebol?Entre os vários exemplos vivos que temossobre a possibilidade de vender bem o nos-so produto, o primeiro é a final do Cam-peonato Africano, onde Angola recuperouo título feminino, em Novembro e De-zembro de 2016. Houve milhares de pes-soas que não conseguiram entrar na Are-na do Kilamba. Esse pavilhão registou aía maior enchente da sua história. Nos can-didatamos à organização dos campeona-tos de seniores masculinos e femininos, emJulho de 2017. Conseguimos perceber que,com uma boa organização, poderíamos ven-der bem o nosso produto. Doravante, pa-ra os jogos sob nossa tutela, iremos co-mercializar os ingressos, pois temos a cer-teza de que o público de Luanda gosta dejogos de Andebol de qualidade. Teremosque programar estes jogos para camposcom qualidade suficiente para os execu-tantes explanaram o seu talento e assim es-peramos levar o grande público a colocartambém nos seus planos financeiros os jo-gos de andebol, tal como o faz para o Bas-quetebol e o Futebol.

Que mais pode o andebol fazer por Luanda,usando da popularidade que hoje possui?Neste particular, tenho aproveitado a minhaprópria formação académica para colher osfrutos que a modalidade nos pode oferecer.Sou licenciado em Sociologia e, como todossabemos, este é um ramo das ciências quepode exercer muita influência sobre as co-munidades. A inclusão social é um dos nos-sos lemas. Acolhemos também pessoas quetêm iniciativas várias, neste âmbito, ofere-cendo o respaldo da APAL para as diversascampanhas que temos levado a cabo. Em no-ve meses de mandato, já conseguimos fazercrescer a adesão dos cidadãos aos jogos e àsactividades em redor dos mesmos. No tem-po que nos resta, estamos seguros de poderfazer muito mais.

Temos que assumir que muitos campos apresentadospelos clubes, cá em Luanda, já colocam em risco a

integridade física dos jogadores. Estamos a ponderarque medidas adoptar.

PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO

Organização Andebol mantém competitividade nas provas internas e deixa boa imagem além-fronteiras

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Os eventuais problemas ligados àenergia eléctrica vão ficar reduzidosna Chicala e na Ilha do Cabo, no dis-trito urbano da Ingombota. Nestes bair-ros, decorrem, há algum tempo, tra-balhos de colocação de cabos eléctri-cos, que vão alimentar as unidadeshoteleiras da zona. O processo incidena Avenida Murtala Mohammed e de-corre em ritmo acelerado.

O responsável pela empreitada,António dos Santos, adiantou que es-tão a ser colocados seis cabos eléctri-cos, desde a subestação eléctrica daChicala até uma unidade hoteleira, nailha de Luanda. A instalação vai au-mentar a capacidade de distribuiçãode energia eléctrica. “Queremos dar

TRABALHOS Escavações decorrem para a instalação de cabos de energia

CIRCULAÇÃOAlgumas vias domunicípio estão apenas terraplanadas

outro aspecto à Ilha do Cabo”, disse.António dos Santos informou ain-

da que este trabalho já está a ser reali-zados há algum tempo, tendo inicia-do com a escavação de uma vala paraa colocação dos cabos, o que vai trazeralguns transtornos aos transeuntes.

“As escavações realizadas vão dei-xar os passeios intransitáveis, duran-te um determinado período. Desta for-ma, queremos tranquilizar os mora-dores que, dentro de aproximadamenteduas semanas, vamos concluir a obra”,prometeu o responsável.

A obra, da Empresa Nacional deDistribuição de Electricidade (ENDE),está a cargo da Proef Energias de An-gola e tem a duração de 26 meses.

Não contamos com qualquer apoio.Gostaríamos que cada pescador, nos

tempos das cheias, tivesse o seumaterial de pesca, como rede, barco,

anzol, entre outros. JOÃO JOSÉ NASCIMENTO

COORDENADOR-ADJUNTO DA ALDEIA DE KAXICANE

TAÇA DE ANGOLADUELOS LUANDENSESO jogo Interclube - 1º de Agosto é o

destaque dos quartos-de-final da Taçade Angola em futebol, a disputar-senos dias 7 e 18 próximos, de acordocom um comunicado da Federação.Progresso-Kabuscorp é outro embateque opõe formações luandenses.

Segunda-feira, 2 de Outubro de 2017Número 8 • Ano 0

Resenha da SemanaPor fim...

MUNICÍPIO DO CAZENGA

INCÊNDIO VITIMA FAMÍLIAO número de mortos de membros da mesma família,em consequência da deflagração de um incêndio,numa habitação, no distrito 11 de Novembro, municípiodo Cazenga, subiu para quatro, na última quinta-feira. O incêndio ocorreu por volta as 7h00 da manhã, naúltima terça-feira, 26, numa residência quecomercializava ilegalmente combustível. Além dasquatro pessoas mortas, incluindo o casal, o único filhosobrevivente encontra-se a receber tratamento noHospital Neves Bendinha.

PROTECÇÃO CIVIL E BOMBEIROS

RESGATADOS CADÁVERESO Serviço Nacional de Protecção Civil e Bombeiros(SNPCB) resgatou três cadáveres, nos municípios deTalatona e Viana e no distrito urbano da Ingombota,em Luanda.O porta-voz dos bombeiros, Faustino Minguês, disseque foram resgatados os cadáveres de um homem,com identidade desconhecida, no interior de uma valade drenagem, e de um recém-nascido, num tanque deágua, utilizado como depósito de lixo. O terceirocadáver foi de um cidadão de 19 anos, retirado numadas praias da Ilha do Cabo.Na quarta-feira, a corporação deu conta de umatentativa de suicídio, na Centralidade do Kilamba. Oacto seria de uma mulher de 25 anos, que tentava atira-se do 4º andar de um dos edifício.

FALTAM MEIOS

ASSOCIAÇÕES PREOCUPADASQuestões ligadas à legalização e à falta de meios detrabalho foram apresentadas à Direcção do ConselhoProvincial da Juventude (CPJ) de Luanda, como princi-pais preocupações de 52 associações juvenis, sedea-das no distrito urbano do Golf (Kilamba Kiaxi).De acordo com o secretário executivo do CPJ, IsaíasDomingos Kalunga, que orientou o I Encontro de Líde-res Juvenis do Distrito Urbano do Golfe, o secretárioexecutivo e os presidentes das associações juvenisapresentaram várias preocupações, desde a legaliza-ção destas até às condições para o trabalho com ascomunidades. O CPJ está a proceder ao levantamentodas associações juvenis existentes em cada bairro deLuanda, de modo a incentivar o associativismo juvenil.a a Rua 25 de Abril.

MUNICÍPIO DE VIANA

REASSENTAMENTO FAMILIARSessenta e duas famílias provenientes de diversaszonas de risco, da província de Luanda, começaram aser reassentadas no bairro Casa Blanca, distrito Urbanodo Baía, município de Viana.O acto de reassentamento teve inicio há alguns dias,na presença dos administradores de Viana e do Ca-zenga, Jeremias Dumbo Tchilelevika e Victor NatanielNarciso, respectivamente.As famílias que beneficiaram de lotes de terreno paraautoconstrução dirigida são provenientes das zonasdo Tunga Ngó ( Cazenga), arredores da Vila Pacifica,bairro Boa Fé (Viana) e antigos combatentes, com mo-bilidade e visão reduzidas.

Directora Executiva

OS NOVOS MÉDICOSE A HUMANIZAÇÃO O recrutamento de médicos recém-formados, para o reforço do sistema desaúde nos hospitais de Luanda, mostra apronta preocupação do Executivo namelhoria da assistência à população.São, no total, 97 novos médicos, na suamaioria jovens e no primeiro emprego. Detodos muito se espera. Principalmente ahumanização no atendimento, aspectoque, actualmente, muito se discute econtinua a ser um "calcanhar de Aquiles"nas unidades hospitalares de Luanda, quersejam públicas ou privadas.Na realidade, o dia-a-dia de um profissionalde saúde vai muito além do atendimento,no caso do paciente. Em muitas unidades,infelizmente, falta de tudo um pouco, desdeequipamentos a medicamentos.Recentemente, disponibilizei-me paraajudar uma família que tinha a filha emapuros. Quando solicitada, não sabia ao certoo que acontecia. Mas, pelo desespero damãe, logo percebi tratar-se de um caso sério.A menina estava a convulsionar. "Minha filhaestá a morrer", dizia a mãe da menina. Fomosde imediato ao Centro de Referência doKilamba. Diante da aflição, pareceu serdistante para todos, mesmo estando dentroda centralidade. No local, fomos atendidospor uma equipa de três profissionais. Paranossa sorte, eram todos médicos emserviço. Destes, saltou a vista que uma erarecém-formada. Com o outro profissional, osmédicos conseguiram detectar que amenina de três anos estava a ter convulsõesfruto de febre alta e uma diarreia que,provavelmente, vinha de alguns dias.Dado o estado da criança, havia anecessidade de transferi-la de imediato paraoutra unidade mais próxima. Antes de sertransferida, os técnicos precisavam deprestar os primeiros socorros. Esta tentativaquase foi frustrada pelo facto de a unidadenão ter sequer um analgésico anti-pirético,como Dipirona injectável, e outroscomponentes que ajudariam naintervenção. A família precisou comprar osmedicamentos e que, a seguir, a equipamédica prestasse o socorro.Diante do disposto, pergunto, como avaliaro desempenho (bom ou mau) de umtécnico, se ele depende de meios paraexecutar o seu trabalho? Como podemaplicar o que aprenderam, se muitas dasunidades para onde foram colocados nãopossuem sequer agulhas?

Mais energia eléctrica à Chicala e Ilha do Cabo

A rua Zero da comuna do Palanca, noKilamba Kiaxi, começa a receber as-falto em breve. De acordo com a ad-ministradora, Albina Guilhermina Luí-sa, que não indicou a data para o iní-cio da empreitada, a administração vaicontinuar os serviços para a manu-tenção da via, aberta, recentemente, aotrânsito automóvel, depois de traba-lhos de terraplanagem.

A rua Zero começa no Centro deEmprego e termina na FTU. Esteve ino-perante cerca de oito anos, devido adegradação. A estrada é alternativa àsruas Pedro de Castro Van-Dúnem Loye Deolinda Rodrigues.

Trabalhos de terraplanagem foramainda feitos no Golfe, Sapú e Nova Vida.

Rua Zero vai receber aslfalto

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JOSÉ SOARES | EDIÇÕES NOVEMBRO

ELECTRIFICAÇÃO

COMUNA DO PALANCA