Módulo II - o Mercosul

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    O Mercosul

    MDULO II - O MERCOSULSite: Instituto Legislativo Brasileiro - ILB

    Curso: Fundamentos da Integrao Regional: O Mercosul - Turma 01 A

    Livro: O Mercosul

    Impresso por: Marcio Felten Flores

    Data: domingo, 3 Jul 2016, 13:45

    SumrioMdulo II - O Mercosul

    Temas do Mdulo II

    Unidade 1 - Antecedentes; Cronologia da integrao no Cone Sul; A ALALC e a ALADI.

    Pg. 2

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    http://saberes.senado.leg.br/
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    Unidade 2 - Anlise dos marcos jurdicos constitutivos do Mercosul.

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    Unidade 3 - Estrutura institucional do Mercosul; Soluo de Controvrsias

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    Exerccios de Fixao do Mdulo II

    Mdulo II - O Mercosul

    Ao trmino do mdulo voc estar apto a:

    Identificar os antecedentes histricos e os tratados fundadores do Mercado Comum do

    Sul

    Analisar o processo de integrao do Mercosul.

    Temas do Mdulo II

    Neste mdulo, estudaremos o Mercosul (Mercado Comum do Sul) detendo-nos em seus antecedentes histricos e

    tratados fundadores. Em seguida, analisaremos a estrutura institucional adotada pelos negociadores do bloco paraimpulsionar o processo de integrao. Tambm ser objeto de nosso estudo o sistema de soluo de controvrsias

    adotado pelo Mercosul.

    Unidade 1 - Antecedentes; Cronologia da integrao no Cone Sul; AALALC e a ALADI.

    Unidade 1 - Antecedentes

    A Operao Pan-Americana (OPA), a Aliana para o Progresso, a ALALC e a ALADI

    As razes do pan-americanismo podem ser identificadas na pr-histria poltica do continente, commais preciso no Tratado de Madri de 1750, firmado entre Portugal e Espanha, por fora da comum

    origem ibrica dos colonizadores de quase todo o seu territrio. A concretizao dos vagos ideais,

    apenas esboados nos trs primeiros sculos de vassalagem s potncias europeias, comea com as

    guerras da independncia que o sacudiram de um extremo a outro, durante cerca de vinte anos, a

    http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=430&eid=464&displayformat=dictionary
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    partir de 1810.

    Assim, no primeiro quartel do sculo XIX a Amrica Latina se tornou independente das metrpoles europeias. Toussaint L`Ouverture

    no Haiti, Francisco de Miranda na Venezuela, Joaquim Jos da Silva Xavier (o Tiradentes) no Brasil, foram os iniciadores do

    movimento de emancipao, logo seguidos por Bolvar, Sucre, O'Higgins, Rivadavia, San Martn, Artigas, Delgado, Francia, Hidalgo,

    Morelos, e vrios outros lderes.

    Sem dvida foi Simn Bolvar o mais representativo deles, no s pela ao guerreira como pelas suas singulares virtudes de

    estadista, expressando, admiravelmente, sentimentos existentes de longa data e que eram patrimnio comum de grande nmero deamericanos, como Thomas Jefferson, representante da Amrica do Norte.

    Pg. 2Com o decorrer do tempo, a doutrina defendida por Bolvar, que contou entre seus auxiliares diretos com o general brasileiro, JosIgncio de Abreu e Lima, filho do revolucionrio Padre Roma, ficou consagrada sob a designao de "ideais bolivarianos".

    Vale destacar que Simn Bolvar a grande figura do pan-americanismo. No foi apenas um fundador de naes, um Libertador,pois defendeu o ideal de formar, reunindo os pases sul-americanos, uma s nao, um Novo Mundo.

    A primeira reunio pan-americanista, convocada por Bolvar, foi realizada em dezembro de 1826, no Congresso de Panam, quereuniu apenas representantes do Mxico, Amrica Central, Colmbia e Peru.

    Da em diante, apesar de tantos esforos e inmeras retomadas, o projeto do pan-americanismo ficou apenas no plano dos ideais de

    alguns lderes, sem nunca avanar para uma consolidao, chegando-se, assim, IX Conferncia Pan-americana, em Bogot,Colmbia, em 1948.

    A X Conferncia Pan-Americana aconteceu em 1954, em Caracas, na Venezuela, e alm desta, outras conferncias econmicas sesucederam sem alcanar resultados concretos.

    .

    Pg. 3

    At o instante em que a roda da histria no espao geogrfico sul-americano aproximou dois acontecimentos que permitiram o

    surgimento de iniciativa poltica destinada a acelerar o projeto pan-

    americanista pela via do desenvolvimento econmico: o primeiro deles, a

    eleio do presidente brasileiro Juscelino Kubitschek de Oliveira, que tomou

    posse em 1956 o outro, a visita do vice-presidente norte-americano Richard

    Nixon, em maio de 1958, a pases sul-americanos, aps 21 dias de visitas no

    Continente Africano.

    O presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira envia carta, em 28 de maio

    de 1958, ao presidente Dwight D. Einsenhower, expressando solidariedade

    ao vice-presidente Richard Nixon, mas aproveitando para vincular as referidas manifestaes a prejuzos causados perante

    a opinio pblica mundial, ideia da unidade pan-americana, que, segundo sua interpretao, somente podia ser

    resgatada se algo de relevncia fosse feito para recompor a face da unidade continental.

    Em Lima, no Peru, e em Caracas, na Venezuela, o vice-presidente norte-americano foi agredido, e, contra sua pessoa, os

    manifestantes repudiaram a omisso do governo dos EUA em relao a investimentos para o desenvolvimento no territrio sul-

    americano, ao mesmo tempo em que aquele pas declarava prioridade para a frica, aps implantar o Plano Marshall de

    recuperao da Europa devastada pela Segunda Grande Guerra.

    Pg. 4

    Nessa carta, o presidente Juscelino Kubitschek revelou no ter "plano detalhado para esse objetivo" de recomposio da unidade

    continental, de criao de "algo mais profundo e duradouro em prol de nosso destino comum".

    O presidente Einsenhower respondeu ao presidente brasileiro, em 6 de julho de 1958, entendendo ser de fundamental importncia a

    "adoo imediata de medidas que determinem, atravs de todo o continente, uma reafirmao do devotamento ao Pan-

    Americanismo e um melhor planejamento na promoo dos interesses comuns e do bem-estar de nossos diferentes pases".

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    Memorial Juscelino Kubitscheck (Braslia)

    O presidente brasileiro aproveitou ento a oportunidade da declarao norte-americana para, em missivas a chefes de Estado,

    conferncias, discursos e declarao imprensa, a partir da carta de 28 de maio de 1958, provocar um movimento continental

    denominado, por ele mesmo, de "Operao Pan-Americana" (OPA), que, rapidamente, alcanou ressonncia mundial porque "seus

    objetivos correspondem s aspiraes e s necessidades de todos os povos" (Embaixador Negro de Lima, perante a Assemblia dasNaes Unidas, em 18/09/1958).

    Os resultados da DoutrinaKubitschek comearam a surgir quando, em 1959, o Banco Mundial e o Fundo Monetrio Internacional,

    com a aprovao do governo de Einsenhower, criaram em 1 de novembro do ano em referncia a Associao Internacional de

    Desenvolvimento (AIF), com o endosso de 63 Pases Membros daquelas entidades, com um capital de US$ 1 bilho, com a finalidade

    de auxiliar as naes subdesenvolvidas no mundo inteiro.

    Pg. 5

    Em grande parte a reboque do movimento iniciado pelo presidente brasileiro, mais resultados se apresentaram, tais como a

    oficializao do Banco Interamericano de Desenvolvimento e a criao da Associao Latino-Americana de Livre Comrcio, a ALALC,

    surgida graas ao Tratado de Montevidu, de 18 de fevereiro de 1960, seguindo a orientao da Comisso Econmica para a Amrica

    Latina (CEPAL), que, desde 1955, elaborou trabalhos tcnicos e manteve reunies com os governos dos principais pases da regio,

    com o objetivo de adotar mecanismos de planejamento para vencer o processo de subdesenvolvimento que caracterizava o espao

    geogrfico latino-americano.

    Para a CEPAL, os projetos de integrao regional deviam enfatizar duas questes relevantes que, segundo ela, qualquer iniciativa

    desenvolvimentista na regio seria obrigada a observar:

    - a industrializao, como condio indispensvel para o desenvolvimento dos pases latino-americanos, teria que dispor de

    mercados mais amplos que os nacionais, uma exigncia bsica para uma maior eficincia do processo de industrializao, desde que

    se lograsse, inicialmente, incrementar o comrcio intrazona mediante acordos preferenciais e

    - soluo para a situao geral de intransferibilidade das moedas destes pases, por causa das dificuldades para efetivar os

    pagamentos intrarregionais que incidiam negativamente sobre as iniciativas de comrcio recproco.

    .

    Pg. 6

    No entanto, a Operao Pan-Americana no se consolidou, e, em seu lugar, surgiu um programa de cooperao multilateral, cria

    em agosto de 1961 pelos signatrios da Carta de Punta del Este, com o objetivo de incrementar o desenvolvimento econmico-soci

    da Amrica Latina. A ideia da Aliana para o Progresso foi lanada pelo sucessor de Einsenhover, o presidente John Kennedy, em

    maro de 1961, j como uma resposta aos acontecimentos revolucionrios em Cuba, com a tomada do poder pelo grupo liderado p

    Fidel Castro, e tambm pelas presses de setores polticos e governamentais latino-americanos preocupados com a situao

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    Cartagena(Venezuela)

    A nova organizao, a ALADI, aproveitou os ensinamentos da anterior, a ALALC, e props uma

    econmica e social da regio.

    Como veremos, pode-se afirmar que o Mercosul o resultado de pelo menos trs dcadas

    de tentativas de integrao regional sob a forma de associaes de livre comrcio

    congregando todos os pases da Amrica do Sul, tais como a ALALC (Associao Latino-

    Americana de Livre Comrcio) e a ALADI (Associao Latino-Americana de Integrao),

    tendo a segunda destas organizaes surgido da transformao ou refundao da primeira

    delas. Alis, o Mercosul tem vnculos com a ALADI na forma de um Acordo de

    Complementao Econmica (ACE n 18) entre Brasil, Argentina, Paraguai e Ur uguai, datado de 29 de novembro de 1991.

    Pg. 7

    Em 18 de fevereiro de 1960, na cidade de Montevidu, foifirmado o ato constitutivo de criao da Associao Latino-Americana de Livre Comrcio, a ALALC, uma organizao para acooperao econmica inspirada nas sugestes oriundas daComisso Econmica para a Amrica Latina (CEPAL), que tinha aliderana do grande economista argentino Raul Prebisch,assessorado diretamente por outro reconhecido economista sul-americano, o brasileiro Celso Furtado.

    A ALALC perseguia um objetivo muito claro, pelo menos na sua definio: diminuir as tarifas alfandegrias entre os parceiros e criar

    uma rea de livre comrcio.Contudo, dois fatores obstaculizaram o progresso da ALALC, uma associao que durou de 1960 a 1980:

    1. A rigidez dos mecanismos estabelecidos para a liberalizao comercial e

    2. a instabilidade poltica vivida pela regio sul-americana, sempre alimentada pelos ventos da Guerra Fria entre os blocos

    polticos liderados pelos Estados Unidos e pela ex-Unio das Repblicas Socialistas Soviticas, a URSS.

    Pg. 8

    Em resumo, para alm da questo da instabilidade poltica alimentada pela bipolaridade ideolgica e militar EUA versus URSS, noperodo de vigncia da ALALC os Pases Membros s estavam dispostos a engajar-se na proposta de abertura comercial at um certoponto: todos os associados queriam abrir o mercado dos demais pases para os seus produtos, mas nenhum queria abrir o seuprprio mercado.

    Assim, impossibilitados de cumprir com o acordado em 1960, os Pases Membros decidiram, vinte anos depois, extinguir aorganizao e substitu-la pela Associao Latino-Americana de Integrao, a ALADI.

    Nesse contexto, cumpre lembrar que, antes da deciso de substituio da ALALC pela ALADI, frente s dificuldades encontradas pela

    ALALC para consolidar seus objetivos fundamentais, no final da dcada de 60 alguns Pases Membros se convenceram danecessidade de constituir blocos sub-regionais de integrao. Assim, em 20 de maio de 1969 cinco pases andinos firmaram o Acordode Cartagena, que ficou conhecido como "Pacto Andino", com o objetivo de "promover o desenvolvimento equilibrado e harmnicodos Pases Membros, acelerar seu crescimento mediante a integrao econmica, facilitar sua participao no processo deintegrao previsto no Tratado de Montevidu, e estabelecer condies favorveis para converso da ALALC em um mercadocomum" (art. 10 do Acordo de Cartagena).

    .

    Pg. 9Os pases signatrios do ato constitutivo do Acordo de Cartagena, ou Pacto Andino, so, Bolvia, Chile, Colmbia, Equador e

    Peru. Em 1973,

    a Venezuela aderiu ao acordo, retirando-se em 2006 para ingressar no Mercosul. O Chile, em 1976, retirou-se do grupo.

    Pg. 10

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    pauta modesta, porm objetiva e pragmtica.

    A ALADI tinha a inteno de ser to somente uma associao entreEstados soberanos, e de transformar-se em zona de livre comrcio,

    j que os signatrios tinham "como objetivo de longo prazo oestabelecimento, em forma gradual e progressiva, de um mercadocomum latino-americano" (art. 10 do ato de criao da ALADI).

    A ALADI, inaugurada em 12 de agosto de 1980, tinha por objetivo atotal liberalizao do comrcio entre os onze Pases Membros. Para tanto, adotou um mecanismogeral flexvel: os acordos sub-regionais, isto , acordos de liberalizao comercial firmados

    apenas entre um grupo de Pases Membros, e no entre os onze, embora respeitando-se princpiose conceitos comuns.

    Alm da flexibilidadeproporcionada pelo mecanismodos acordos sub-regionais, quegerou, por exemplo, oProtocolo de Expanso doComrcio (PEC) entre o Brasil eo Uruguai, e o ConvnioArgentino-Uruguaio deComplementao Econmica(CAUCE), dois fatores novoscontriburam, na dcada dos

    anos 80, para criar umambiente mais propcio apropostas de integraoregional:

    1. O processo de redemocratizao, que arrebatou o continente num curto espao de tempo e

    2. a crescente diversificao da produo industrial daqueles pases que, na regio, souberam aproveitar o modelo da substituiode importaes, com destaque para Brasil, Argentina e Mxico.

    Assim, a redemocratizao regional, ao gerar ambiente propcio para a estabilidade com legitimidade, levou os governos locais busca de melhor relacionamento, como vizinhos, e no mais como peas secundrias no tabuleiro internacional do xadrez geopolticoengendrado pelo confronto EUA versus URSS. As naes sul-americanas passaram a enxergar que tm problemas e objetivos dedesenvolvimento que se assemelham.

    A diversificao industrial, por sua vez, significava que era possvel, sim, propor-se uma maior complementaridade das economiasentre os pases sul-americanos, visando o desenvolvimento regional integrado, e, para tanto, a ideia da reduo de barreirastarifrias poderia produzir aumento efetivo de comrcio, como ensinavam os resultados dos acordos sub-regionais propostos nombito da ALADI.

    .

    Pg. 11

    Brasil e Argentina iniciaram, nessa dcada de 80, a negociao de preferncias

    comerciais, ou seja, de redues tarifrias recprocas. Deve-se destacar que, em

    1986, os governos Ral Alfonsn e Jos Sarney decidiram que a aproximao das

    economias brasileira e argentina devia constituir um dos pilares de suas polticas

    externas e firmaram o Tratado de Cooperao Econmica, que se mostrou muito

    eficiente no incremento e diversificao do comrcio bilateral entre os dois pases,

    em especial nos setores-chave de bens de capital, trigo e automveis.

    O xito alcanado por esse acordo sub-regional, sob oamparo do sistema jurdico

    da ALADI, proporcionou os fundamentos para a ampliao do Tratado de Integrao brasileiro-argentino, projetando-se,

    assim, a formao de um Mercado Comum entre os dois pases, o Mercosul, sobre o qual nos deteremos mais adiante.

    Pg. 12

    Por fim, para concluir o elenco de informaes sobre a ALALC e a ALADI, listaremos os instrumentos construdos para liberalizar o

    comrcio na regio sob o amparo dos tratados constitutivos das referidas associaes

    Segundo o Tratado de Montevidu de 1960 (ALALC):

    Listas nacionais de produtos, com alcancemultilateral, o que significava estabelecer um sistema de preferncia regional;

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    Lista comum,formada com produtos comuns resultantes das listas nacionais;

    Listas de vantagens no extensivas, que deveriam beneficiar os chamados pases de menor desenvolvimento relativo (PMDR),

    incluindo a Bolvia, o Equador, o Paraguai e o Uruguai;

    Acordos de complementao, que podiam ser firmados por pares de pases, cujas preferncias se agregavam s listas nacionais dos

    Pases Membros participantes, buscando-se assim a multilateralizao.

    .

    Pg. 13

    Conforme o Tratado de Montevidu de 1980 (ALADI):

    Acordos de Preferncia Aduaneira Regional, assim denominados por estabelecerem as preferncias outorgadas reciprocamente

    por todos os Pases Membros, ainda que em porcentagens diferentes, para atender a trs categorias classificatrias de graus de

    desenvolvimento: Pases de Menor Desenvolvimento Relativo (PMDR), o que inclua Bolvia, Equador e Paraguai Pases de

    Desenvolvimento Mdio (PDM5), que englobava Colmbia, Chile, Peru, Uruguai e Venezuela e Pases em Desenvolvimento (PDs),

    categoria formada por Argentina, Brasil e Mxico

    Acordos de Alcance Regional, que, de acordo com o Tratado, so aqueles em que participam todos os Estados Membros,

    como no acordo de alcance parcial, e podem ser comerciais, de complementao econmica, agropecurios, de promoo docomrcio, de cooperao cientfica e tecnolgica, de promoo do turismo e de preservao do meio ambiente, entre outros.

    Acordos de Alcance Parcial, que deram inicio obrigao de se prever meios para agilizar a multilateralizao destes

    acordos e buscar sua convergncia para alcanar a finalidade de integrar as economias de todos os participantes da ALADI.Assim, os Acordos de Alcance Parcial podem ser: de renegociaco do patrimnio histrico, que abarcam os preferncias joutorgadas na ALALC e que so renegociados na ALADI comerciais, cujo nico objetivo aumentar o comrcio e o mbito deaplicao de cada acordo, se limita a um setor produtivo, a respeito de cujos produtos se concedem as preferncias decomplementaco econmica, para aumentar o comrcio, mas tambm promover a complementao das economias depreferncias para pases no membros, previstos no art. 25 do Tratado de Montevidu de 1980, para conceder tratamentopreferencial a pases latino-americanos agropecurios, para regular o comrcio desse setor, mas sem incluir preferncias,podendo referir-se a produtos especficos ou a setores agropecurios de promoo do comrcio, voltados para temas no

    alfandegrios, podem compreender cooperao aduaneira, facilitao do transporte de mercadorias, conduta comercial,normas sanitrias e fitosanitrias, e outras sobre outras matrias, previstos no art. 14 do TM 1980, podem referir-se acooperao cientfica e tecnolgica, promoo do turismo, preservao do meio ambiente e demais assuntos no abrangidospelos acordos citados anteriormente.

    Pg. 14

    Deve ser ressaltado que os Acordos de Complementao Econmica se transformaram no instrumentomais utilizado na ALADI, e a partir da dcada de 90 produziu-se uma mudana substantiva, com oincio da assinatura de convnios que tm por objetivo a constituio de zonas de livre comrcio

    (ZLCS). Exemplo desses "acordos de nova gerao" o ACE 18 (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai,que conformaram o Mercosul em seu incio)

    A ALADI congrega os Pases Membros da antiga ALALC, ou seja, Argentina, Bolvia,

    Brasil, Colmbia, Chile, Equador, Mxico, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.

    Pg. 15

    A integrao bilateral Brasil-Argentina

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    Superada em 1979 a questo Itaipu-Corpus, que mantivera em campos opostos o Brasil e aArgentina, desenhou-se gradualmente a parceria entre esses dois pases, com base emcrescente convergncia das suas polticas interna e externa.

    No campo interno, tratava-se de restaurar plenamente a vigncia da democracia e dosdireitos humanos fundamentais.

    No plano externo, buscava-se superar as desconfianas geradas pela orientao autrquicaimprimida aos dois pases pelos governos militares, recuperar credibilidade nos forosmultilaterais e agilizar a interlocuo com os pases industrializados.

    Para colocar em prtica esse novo modelo de insero internacional, privilegiou-se uma parceria brasileiro-argentina construda,inicialmente, mediante propostas e aes no plano da segurana, notadamente na rea da energia nuclear, "fomentando um climade confiana mtua crescente e que ensejou, em seguida, o desmantelamento das hipteses de conflito entre os dois pases". Nessesentido, houve ntido esforo da parte dos governos de Jos Sarney (1985-1990) e Ral Alfonsn (1983-1989) no sentido de conferirprioridade Amrica Latina em sua atuao poltico-diplomtica.

    Impulsionada primeiramente pela Ata de Iguau, firmada em 30 de novembro de 1985, a integrao bilateral traduziu-se,primeiramente, em protocolos bilaterais de natureza setorial (trigo, bens de capital, segurana alimentar e outros), desembocandoposteriormente, em 1988, no Tratado de Integrao, Cooperao e Desenvolvimento. Refletindo o objetivo da promoo dodesenvolvimento conjunto, esse instrumento internacional lanava as bases de uma integrao a ser construda por meio do enlacedos setores produtivos dos dois pases e de iniciativas conjuntas - por exemplo, no plano da energia, do transporte e das

    telecomunicaes. O grande desafio com que se confrontavam Brasil e Argentina poca era representado pela alta inflao e peloendividamento externo.

    Link

    Leia mais sobre a questo Itaipu-Corpus

    Pg. 16

    Com a chegada ao poder de Carlos Menem na Argentina (1989) e de Fernando Collor de Mello (1990) no Brasil, introduziram-se n

    paradigmas no processo de integrao, obedecendo orientao neoliberal dos novos mandatrios. Assim, privilegiou-se a orient

    adotada pelo chamado "Consenso de Washington", no sentido da abertura comercial, desregulamentao econmica e privatizao.

    O objetivo de estabelecer um mercado comum entre o Brasil e a Argentina surge na Ata de Buenos Aires, firmada em 6 de julho de1990, por ocasio da visita do Presidente Fernando Collor capital da Argentina. Nessa ocasio, a abertura econmica e a

    desregulamentao dos mercados j balizavam a nova orientao imprimida integrao.

    Um ano mais tarde, os instrumentos consagrados pelo Tratado de Assuno, que criou o Mercosul, j com a

    participao do Uruguai e do Paraguai, refletiriam esse redirecionamento do processo de integrao.

    Deve-se, ainda, ressaltar que esse bloco ergue-se sobre trs bases:

    a base jurdica est vinculada ALADI, sob a forma de um Acordo de Complementao Econmica entre Brasil, Argentina,

    Paraguai e Uruguai, obedecendo a todos os princpios e normas daquela Associao

    a base poltica sustenta-se na clusula democrtica, acordada pelos seus altos mandatrios desde o Tratado de Assuno e

    consolidada pelo Protocolo de Ushuaia, de 24 de julho de 1998, sobre compromisso democrtico no Mercosul - com a qual

    http://saberes.senado.leg.br/pluginfile.php/470317/mod_book/chapter/69031/asaguasdasdiscordia.pdf
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    tambm concordaram Bolvia e Chile, pases que detm a condio de associados ao bloco, e no compromisso de criar e

    estimular um processo de integrao regional sul-americana

    a base econmica configura-se na crescente diversidade e capacidade produtiva das quatro economias e no grande

    incremento das trocas comerciais entre seus Pases Membros nos quatorze anos de sua vigncia.

    .

    Pg. 17

    Cronologia da integrao no Cone Sul

    Em trs anos e nove meses de existncia, ou seja, de 26 de maro de 1991 a 31 de dezembro de 1994, o Mercosul saiu da

    projeo em papel - o Tratado de Assuno - para se transformar, na prtica do cotidiano das relaes entre os Estados

    Partes, em um complexo e dinmico processo de integrao regional.

    Assim, do final do governo Jos Sarney (1985-1989), passando pelo de Fernando Collor

    de Mello (1990-1992), atravessando os dois perodos do governo Fernando HenriqueCardoso (1994-2002) e de Luis Incio Lula da Silva (2003-2010), o Mercosul pode ser

    visualizado em seis fases distintas, cujas principais caractersticas detalham-se a seguir.

    Pg. 18.

    Primeira fase (do Tratado de Assuno ao Cronograma de Las Leas - maro de 1991 a julho de 1992)

    Na sua primeira fase de vigncia, o Tratado de Assuno exps uma demanda histrica das sociedades que compem o conjunto dosEstados Partes do Mercosul: a imperiosa necessidade de integrao regional dos pases sul-americanos, ideia lanada pelos paisfundadores das Repblicas no continente sul-americano.

    Na galeria seguinte, voc pode visualizar esses pioneiros, cuja biografia e importncia no processo de integrao voc poderconhecer clicando sobre o respectivo nome.

    GALERIA DOS PRECURSORES DA INTEGRAO SUL-AMERICANA (clique nos nomes para saber mais)

    Simn Bolvar

    (Venezuela)

    San Martin (Argentina)

    Jos Marti (Cuba)

    Jos Gervasio Artigas

    (Uruguai)

    http://saberes.senado.leg.br/pluginfile.php/470317/mod_book/chapter/69030/Jose%20Gervasio%20Artigas.pdfhttp://saberes.senado.leg.br/pluginfile.php/470317/mod_book/chapter/69030/Jose%20Marti.pdfhttp://saberes.senado.leg.br/pluginfile.php/470317/mod_book/chapter/69030/San%20Martin.pdfhttp://www17/trilhas/index.php/file/file/download/file/dXBsb2FkL2NvbXBvc2VyL19hNzQ1OTE3MjFiMTYxZDNlYWNlZGEwNDBmY2IwYzA2Zi5kb2M=http://saberes.senado.leg.br/pluginfile.php/470317/mod_book/chapter/69030/Simon%20Bolivar.pdfhttp://www17/trilhas/index.php/file/file/download/file/dXBsb2FkL2NvbXBvc2VyL18wZGE0NGU4ZWM0MzkwZTc5MTAxZGY0MjYwYTY3ZmU2ZS5kb2M=
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    Francisco Miranda

    (Venezuela)

    Bernardo O'Higgins (Chile)

    Jos Igncio de Abreu e

    Lima

    (Brasil)

    Hiplito Jos da Costa

    (Brasil)

    Pg.19

    Assim, a partir de julho de 1992, o programa automtico de liberalizao comercial ou desgravao tarifria progressiva, isto , asredues de tarifas sobre produtos negociados entre as economias dos pases do bloco, ocorria inapelavelmente sem que fossenecessrio qualquer tipo de renegociao entre os Estados Partes, respeitando-se apenas as excees listadas deprodutos/mercadorias inscritos pelos pases. Vale ressaltar que, mesmo com a vigncia desse Programa de Liberalizao Comercial,Anexo I do Tratado de Assuno (maro de 1991), pelo ACE n18, de 29 de novembro de 1991, os pases fundadores do Mercosulobedeceriam a um programa de desgravao progressivo, linear e automtico, que se estenderia de 30 de junho de 1991 a 31 dedezembro de 1994, e que seria iniciado com uma reduo mnima de 47%, sobre as tarifas j existentes, por mercadoria, at

    alcanar o limite mximo de 100%, ou seja, tarifa zero.

    Foram excludos do cronograma de desgravao os produtos compreendidos nas chamadas Listas de Excees apresentadasindividualmente pelos pases signatrios, segundo suas apreciaes nacionais de bens ou produtos que necessitam de um tratamentodiferenciado. De acordo com a NALADI (Nomenclatura ALADI, lista de produtos que cobre todo o universo de bens que podem sercomercializados e torna possvel a cobrana de direitos de importao), os pases apresentaram os seguintes quantitativos em suasListas de Excees:

    Repblica Argentina, 394 itens

    Repblica Federativa do Brasil, 324 itens

    Repblica do Paraguai, 439 itens e

    Repblica Oriental do Uruguai, 960 itens.

    Os produtos que forem sendo retirados das Listas de Excees se beneficiam automaticamente das preferncias que resultam doPrograma de Desgravao com, pelo menos, o percentual de desgravao mnimo previsto para a data em que se operar suaretirada das mencionadas listas.

    A partir da adoo da Tarifa Externa Comum (TEC), a lista de excees rea de livre comrcio passou a chamar-se "lista deadequao".

    .

    Pg. 20

    Segunda fase (do Cronograma de Las Leas Reunio de Colnia - julho de 1992 a janeiro de 1994)

    Las Leas

    Na segunda fase do processo de construo do Mercosul comearam a surgir as primeiras dificuldades para o avano da integraopois os setores produtivos que se sentiam ameaados no curto prazo puseram-se a pressionar seus governos por uma desacnegociaes e do programa de desgravao tarifria ou liberalizao comercial, meta fundamental do projeto de integrao regional

    http://saberes.senado.leg.br/pluginfile.php/470317/mod_book/chapter/69030/Hip%C3%B3lito%20Jos%C3%A9.pdfhttp://saberes.senado.leg.br/pluginfile.php/470317/mod_book/chapter/69030/Jose%20Ignacio.pdfhttp://saberes.senado.leg.br/pluginfile.php/470317/mod_book/chapter/69030/Bernardo.pdfhttp://saberes.senado.leg.br/pluginfile.php/470317/mod_book/chapter/69030/Francisco%20Miranda.pdf
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    Assim, tanto o setor industrial brasileiro quanto o argentino ofereceram resistncias ao processo de integrao: os

    argentinos por se sentirem ameaados pela concorrncia da indstria brasileira, porque vinham sofrendo um

    processo de desindustrializao desde a gesto de Martnez de Hoz durante o perodo militar os brasileiros, no por

    se sentirem ameaados pela concorrncia dos outros trs parceiros, mas porque lhes preocupava o limite que seria

    negociado como nvel mximo para a Tarifa Externa Comum, a TEC, que viria a substituir as tarifas nacionais

    cobradas sobre as importaes provenientes de pases no-membros.

    Pg. 21

    Ressalte-se que o setor agrcola brasileiro apresentou resistncia ao ver-se exposto concorrncia de produtos agropecurios maiscompetitivos, sobretudo de produtos argentinos, porm o Mercosul foi um estmulo para a reconverso desse setor.

    A tendncia de cada pas membro do Mercosul nas negociaes para a fixao do nvel mximo da Tarifa Externa Comum era,naturalmente, a de defender uma TEC o mais prxima possvel de sua tarifa nacional, pois quanto menores as diferenas entreambas, menores seriam os custos do ajuste quando da entrada em vigor dessa tarifa comum.

    As negociaes para a fixao de uma Tarifa Externa Comum levaram compreenso de que a TEC deveria ser pensada paraatender a uma nova estrutura tarifria, ou seja, uma estrutura de proteo dotada de coerncia interna e adaptada s condies daeconomia dos quatro pases considerados como um todo.

    Desse modo, substitui-se a lgica individual, defensora dos interesses tarifrios de cada parceiro, em favor de uma lgica coletivada construo fundada no princpio da racionalidade econmica.

    Enfim, quando os Pases Membros fundadores do Mercosul entenderam ser possvel criar uma TEC com racionalidade econmica, emfins de 1993, tornou-se possvel defini-la para a maioria dos produtos que conformavam as matrizes econmicas de cada parceiro,ainda que os estudos para fix-la s se completassem no final de 1994.

    .

    Pg. 22

    Nas negociaes para criar uma TEC, o Governo brasileiro sempre sustentou que a adoo desse tipo de tarifa era imprescindvel enecessria continuidade do projeto do Mercosul, pois seus representantes tcnicos argumentavam que somente uma TECgarantiria:

    a) a equidade de condies de concorrncia no espao geogrfico do Mercosul

    b) a existncia de uma margem de preferncia regional

    c) o impulso poltico necessrio para a preservao das conquistas alcanadas e para a continuao do processo de integrao

    d) unidade dos Pases Membros em suas relaes comerciais com outros pases e grupos de pases.

    Assim, apesar da grande complexidade do processo de criao da Tarifa Externa Comum, as negociaes nessa segunda fase doperodo de transio para a construo do Mercosul permitiram, entre julho de 1992 e janeiro de 1994, que se mantivesse oprograma de liberalizao comercial, que superasse o problema de desequilbrios da balana comercial e o das discrepnciasmacroeconmicas, e que lanasse, por fim, as bases de uma TEC, obedecendo a uma lgica de integrao e superando a lgica deconfrontao, preservando-se, desta forma, os objetivos centrais do Tratado de Assuno.

    .

    Pg. 23

    Terceira fase (da Reunio de Colnia entrada em vigor da Unio Aduaneira - janeiro de 1994 a janeiro de 1995)

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    Colnia de Sacramento(Uruguai)

    Na terceira fase, os negociadores buscaram detalhar os temas centrais que deveriam ser solucionados at dezembro de 2004, o quepermitiria fazer funcionar o Mercosul j como Unio Aduaneira e dentro dos prazos previstos.

    Assim, resolvidas as questes de base pertinentes eliminao de barreiras tarifrias e no-tarifrias e adoo de uma TarifaExterna Comum, passou-se, nessa nova etapa, concentrao das discusses especficas sobre o nvel tarifrio dos bens de capital,sobre o nmero de excees permitido na Tarifa Externa Comum, sobre a questo das Zonas Francas e seus impactos sobre omercado ampliado, e, finalmente, sobre quais critrios balizariam o Regime de Origem, alm de se definir e aprovar a nova

    estrutura institucional do Mercosul, que passaria a vigorar a partir de 1 de janeiro de 1995, conforme fora estabelecido peloProtocolo de Ouro Preto, de 17 dezembro de 1994.

    Em respeito ao consenso internacional sobre comrcio, o Regime de Origem do Mercosul obedece seguinte regra bsica: considerado originrio da regio, portanto com direito tarifa zero, qualquerproduto que tenha pelo menos 60% de valor agregado regional.

    Por ltimo, mas no menos importante, deve-se ressaltar que o Regime de Origem s necessrioquando o produto em questo est contido em alguma das listas de excees Tarifa ExternaComum.

    Na Reunio de Colnia no se discutiram os demais temas que constituem o elenco de objetivos queconsolidaro o projeto do Mercosul, quais sejam, a coordenao das polticas macroeconmicas, o livrecomrcio de servios, e a livre circulao de pessoas e de capitais.

    Pg. 24

    Quarta fase (do Protocolo de Ushuaia sobre Compromisso Democrtico no Mercosul at a Reunio de Olivos - julho de 1998

    fevereiro de 2002)Os governantes dos Pases Membros do Mercosul assinaram a Declarao Presidencial de Las Leas, em julho de 1992, que declarao imperativo da plena vigncia das instituies democrticas como condio indispensvel para a existncia e o desenvolvimentoMercosul, tendo a Bolvia e o Chile, pases associados ao bloco, aderido a esse fundamental compromisso democrtico.

    Assumido pelos integrantes do projeto Mercosul, esse compromisso contraria a secular tradio de ruptura da ordem democrticapases do Cone Sul, como revela a histria poltica das sociedades brasileira, argentina, paraguaia e uruguaia e dos demais pasescontinente sul-americano.

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    Desse modo, o Protocolo de Ushuaia, de julho de 1998, exige que as sociedades mercosulinas respeitem a vigncia das instituiesdemocrticas como condio imprescindvel ao pleno desenvolvimento dos processos de integrao regional, ao mesmo tempo emque sinaliza, para os parceiros associados e para aqueles em potencial, que o bloco dispe-se a suspender os direitos e obrigaesde todo aquele scio que venha a desrespeitar o princpio democrtico, essencial para o reconhecimento pela sociedade do Mercosulde um verdadeiro Estado de Direito.

    .

    Pg. 25

    Portanto, qualquer ruptura da ordem democrtica em um dos Estados Partes do Mercosul implicar na aplicao de procedimentos,sob a tutela dos demais parceiros, que levem imediata recomposio e retomada do modelo democrtico de governo (como jaconteceu, por exemplo, quando da crise poltica paraguaia, no ano de 1999, em decorrncia do assassinato do vice-presidenteeleito daquele Estado membro e, recentemente, com a cassao do presidente Fernando Lugo). Caso o pas no proceda retomadada democracia, sofrer sanes diversas no mbito regional, podendo, inclusive, chegar a perder sua condio de membro do bloco.

    importante destacar que, no exemplo citado, o presidente paraguaio, julgado politicamente pelas instituies de seu pas, obteveimediato asilo poltico no Brasil, o que demonstra que o compromisso democrtico, firmado pelo Protocolo de Ushuaia, respeita ademocrtica instituio do asilo poltico, consagrada pelo direito internacional, para qualquer cidado envolvido com questes dedivergncia ideolgica ou de natureza poltica decorrentes de conflitos em seu pas de origem.

    Da mesma forma, a Clusula do Compromisso Democrtico ajudou no desfecho da crise argentina decorrente da renncia dopresidente eleito em 1999, Fernando De La Ra, cuja sucesso teve mais trs empossados, sendo o ltimo Eduardo Duhalde, at a

    posse do Presidente Nstor Kirchner.

    .

    Pg. 26

    Quinta fase (do Protocolo de Olivos, sobre o sistema de soluo de controvrsias e segurana jurdica no Mercosul, at as pr

    refundao do Mercosul - de fevereiro de 2002 a fevereiro de 2003)

    A evoluo do processo de integrao no cenrio do Mercosul exige, como ponto departida para sua consolidao legal, a criao de um direito comunitrio capaz de serautomaticamente recepcionado pelos respectivos ordenamentos jurdicos dos seusEstados Partes.

    O Protocolo de Olivos, de 18 de fevereiro de 2002, sucessor do Protocolo de Brasliapara a Soluo de Controvrsias, criou uma estrutura jurdica para decidir sobrecontrovrsias entre Estados Partes, empresas ou indivduos, no ambiente doMercosul, composta por Tribunais Arbitrais Ad Hoc e um Tribunal ArbitralPermanente de Reviso, cuja sede definitiva foi inaugurada em 13 de agosto de 2004em Assuno, no Paraguai.

    Assim, o Grupo Mercado Comum, agente integrante da estrutura institucional doMercosul, conforme o Protocolo de Ouro Preto, que coordena grupos de trabalhoencarregados de formular polticas econmicas e setoriais, gera linhas de ao para que os segmentos econmicos interessadosmovimento as relaes comerciais e de negcios entre os Estados Partes.

    Pg. 27

    De outro lado, em paralelo ao trabalho do Grupo Mercado Comum, que emite Resolues, existem as Decises do Conselho do

    Mercado Comum e as Diretrizes da Comisso de Comrcio do Mercosul, fontes jurdicas derivadas do Mercosul, que podem gerarcontrovrsias sobre sua interpretao, aplicao ou o no cumprimento do que estabelecem o Tratado de Assuno, o Protocolo deOuro Preto ou outras normas celebradas no marco do Tratado de Assuno, fontes jurdicas bsicas do bloco.

    Ao longo dos primeiros doze anos de existncia do Mercosul, acumularam-se resolues, decises e diretrizes com potencial decontrovrsias, criando-se, ento, para alm dos foros como a Organizao Mundial do Comrcio e outros, um foro especfico para asoluo de controvrsias entre os Estados Partes, empresas e cidados no mbito do Mercosul.

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    .

    Pg. 28

    Sexta fase ( do Programa de Trabalho do Mercosul 2004-2006, agenda que retoma e aprofunda o processo de integrao

    regional, at a aprovao do acordo poltico sobre a Representao Cidad, em 2010)

    Em dezembro de 2003, o Conselho do Mercado Comum, por meio da Deciso n26, de 2003, aprovou um Programa de Trabalhodo Mercosul para o trinio 2004-2006, que se fundamentou em um diagnstico geral do processo de integrao e apontou anecessidade de resgatar o debate de inmeras questes para as quais ainda no se encontrou uma soluo e que impedem aevoluo do processo de integrao.

    O programa destinou-se a instruir as vrias instncias operacionais do Mercosul a inserir em seus respectivos programas detrabalho as linhas de ao destacadas como prioritrias.

    A estrutura da Agenda do Mercosul para 2004-2006, trouxe trs grandes captulos: Mercosul Econmico e

    Comercial, Mercosul Social e Mercosul Institucional.

    Pg. 29

    No Mercosul Econmico e Comercialdestacam-se, entre outros temas, a necessidade de se eliminar a dupla cobrana da TEC e

    de se resolver a questo da repartio da renda aduaneira, de se identificar os aspectos conceituais bsicos do Cdigo

    Aduaneiro do Mercosul a serem definidos no mbito do Grupo Mercado Comum, bem como de promoo dos fundos estruturaisa fim de elevar a competitividade dos membros e regies menos desenvolvidas.

    O Mercosul Social, por sua vez, ressaltou a importncia em se

    ampliar a participao da sociedade civil no processo de integrao.

    Tambm, entre outras questes, foi apontada a necessidade de

    elaborao de propostas para se promover os direitos dos

    trabalhadores no Mercosul, bem como de se buscar a vigncia dosAcordos sobre Residncia de Nacionais do Mercosul e Regularizao

    Migratria para cidados do Mercosul.

    No mbito do Mercosul Institucional, constou como prioridade a

    aprovao da proposta de criao do Parlamento do Mercosul, assim como a concluso dos trabalhos de

    Regulamentao do Protocolo de Olivos e a dotao de infraestrutura e recursos necesssrios para o adequado

    exerccio de suas tarefas. Vislumbrou-se, ainda, a ampliao da agenda de integrao, por exemplo, por

    meio de programa de cooperao em cincia e tecnologia e, no marco da Iniciativa da Infraestrutura Regional

    Sul-Americana (IIRSA), priorizar os projetos de interesse dos Estados partes do bloco.

    Pg. 30

    Nesta sexta fase, vale destacar os seguintes avanos alcanados pelo bloco:

    1)Aprovao do Protocolo Constitutivo do Parlamento do Mercosul, cuja sesso inaugural teve lugar nas dependncias do Congresso

    Nacional brasileiro em dezembro de 2006 (Deciso n 23/05, do CMC)

    2)criao do Observatrio da Democracia do Mercosul (Deciso n 5/07, do CMC)

    3) criao do sistema de pagamentos em moeda local para o comrcio realizado entre os Estados Partes do MERCOSUL (Deciso n

    25/07, do CMC)

    4) aprovao das diretri zes para a implementao da eliminao da dupla cobrana da TEC (deciso n10/01, do CMC

    5) aprovao do Cdigo Aduaneiro do Mercosul (deciso n10/10, do CMC)

    6) aprovao, pelo CMC, por meio da Deciso n28/10, do critrio de Representao Cidad, com base na recomendao do

    Parlamento do Mercosul, tema que ser retomado quando de nosso estudo sobre o Parlamento

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    7) aprovao do programa de Consolidao da Unio Aduaneira (deciso n56/10, do CMC), com o objetivo de promover aes nos

    seguintes campos:

    I Coordenao Macroeconmica II Poltica Automotiva Comum III Incentivos IV Defesa Comercial V Integrao

    Produtiva VI Regimes Comuns Especiais de Importao VII Regimes Nacionais de Admisso Temporria e Draw-Back VIII

    Regimes Nacionais Especiais de Importao no contemplados nas Sees VI e VII IX Eliminao da Dupla Cobrana da Tarifa

    Externa Comum e a Distribuio da Renda

    Aduaneira X Simplificao e Harmonizao dos Procedimentos Aduaneiros Intrazona XI Reviso Integral da Consistncia,

    Disperso e Estrutura da Tarifa Externa Comum XII Bens de Capital e Bens de Informtica e Telecomunicaes XIII Listas

    Nacionais de Exceo Tarifa Externa Comum XIV Aes Pontuais no mbito Tarifrio XV Regulamentos Tcnicos,Procedimentos de Avaliao da Conformidade e Medidas Sanitrias e Fitossanitrias XVI Livre comrcio Intrazona XVII

    Coordenao sobre Medidas de Transparncia XVIII Coordenao em Matria Sanitria e Fitossanitria XIX Zonas Francas,

    Zonas de Processamento de Exportaes e reas Aduaneiras Especiais XX - Negociao de Acordos Comerciais com Terceiros

    Pases e Regies XXI - Fortalecimento dos Mecanismos para a Superao das Assimetrias.

    Pg. 31

    Apresentada essa cronologia, ressaltamos que o Mercosul consitui bloco regional que foi inicialmente formado por quatro Pases

    Membros, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, na regio denominada Cone Sul do Continente Americano. Posteriormente, a ele se

    associaram Bolvia, Chile, Peru, Colmbia e Equador.

    A Venezuela, por sua vez, foi Membro Associado do Mercosul desde 2004 e, em dezembro de 2005, passou

    condio de membro pleno, em processo de adeso, ou seja, com direito de participar

    de todas as reunies do Mercosul, mas s ganhou a prerrogativa do voto quando

    preencheu todos os requisitos para integrar o projeto de Unio Aduaneira. Assim, a

    Venezuela teve de adaptar sua economia Tarifa Externa Comum (TEC) e seguir as

    regras do Mercosul. Acrescente-se que o protocolo de adeso da Venezuela ao Mercosul

    foi aprovado pelos parlamentos da Argentina, Uruguai e, em dezembro de 2009, pelo

    Congresso Nacional Brasileiro.

    Unidade 2 - Anlise dos marcos jurdicos constitutivos do Mercosul.

    O Tratado de Assuno

    A assinatura desse tratado inicia uma fase que se chama, no "jargo mercosulino", de fase de transio. a etapa em que so

    estabelecidos os instrumentos para a conformao de um espao econmico integrado.

    O Tratado de Assuno estabeleceu os instrumentos para a constituio de uma rea de livre comrcio e deuma unio aduaneira, passos iniciais na rota de um mercado comum. Os meios de implementao do projetointegracionista incluem alguns instrumentos:

    Um programa de liberalizao comercial, consistindo de redues tarifrias progressivas, lineares e

    automticas com o objetivo de chegar-se tarifa zero em 31/12/94, e eliminao das restries no-

    tarifrias ou de quaisquer medidas de efeito equivalente. Foram previstas listas de excees para os

    chamados produtos sensveis, as quais deveriam ser reduzidas anualmente em 20% at 31/12/94. As

    listas de excees referem-se a produtos que os pases determinam manter fora da rea de livrecomrcio, sobre eles permanecendo, portanto, certos direitos aduaneiros. Tal medida atendia s

    presses de representantes, em cada pas, daqueles setores produtivos mais sensveis concorrncia

    externa. Essas presses vm-se constituindo, alis, no grande obstculo conformao de reas de livre comrcio na Amri

    Latina, visto que certos setores buscam sempre se proteger da concorrncia externa.

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    16/24

    Pg. 2

    O Tratado de Assuno estipulou tambm a coordenao de polticas macroeconmicas e setoriais. Existem vrios foros

    tcnicos de negociao para a coordenao destas polticas, entre os quais cabe mencionar os subgrupos de trabalho para as

    polticas agrcola, industrial e trabalhista.

    O tratado determinou, ainda, a adoo de uma tarifa externa comum para terceiros pases (TEC).

    Finalmente, o Tratado de Assuno imps a adoo de acordos setoriais, com o fim de otimizar a utilizao e mobilidade dos fatores

    de produo e alcanar escalas operativas eficientes.

    Infelizmente, este ltimo instrumento, que poderia elevar a escala da produo e tornar os produtos da regio mais competitivos no

    mercado internacional, no vem sendo utilizado pelos agentes econmicos.

    De acordo com as etapas de integrao que vimos anteriormente. o Mercosul se configura, no

    momento, como uma unio aduaneira imperfeita, ou parcial, visto que h vrios produtos

    fora da tarifa externa comum, os quais entram no espao econmico integrado pagando tarifas

    diferenciadas segundo o pas. Ainda h cerca de mil tens nas listas nacionais de exceo

    TEC (deciso n58/10). O setor de bens de capital, por exemplo, encontra-se excludo da tarifa

    externa comum (TEC). Nesse ponto, importante novamente registrar a aprovao do

    Programa de Consolidao da Unio Aduaneira, por meio da deciso n56/10, do CMC.

    Pg. 3

    O Protocolo de Ouro Preto

    O Protocolo de Ouro Preto, assinado em 17 de dezembro de 1994, inauguraria a chamada fase de

    consolidao do Mercosul. Confere uma estrutura institucional mais aperfeioada integrao,

    lanando, assim, as bases para o estabelecimento de uma unio aduaneira que ser, neste primeiro

    momento, apenas parcial.

    Em verdade, representa um novo patamar jurdico para o Mercosul ao conferir-lhe personalidade

    jurdica de Direito Internacional, o que lhe permitiu, da em diante, celebrar acordos e tratados com

    outros Estados, agrupamentos de paises e organismos internacionais.

    O protocolo estreita os contatos entre os chefes de estado do Mercosul ao determinar que o conselho poder reunir-se quantas

    estimar oportuno, mas que pelo menos uma vez por semestre o far com a participao dos presidentes da repblica dos estados

    do Mercosul. Alm disso, incluiu a Comisso Parlamentar Conjunta na estrutura orgnica do Mercosul. So definidas a sua comp

    atribuies e competncias. Assim, do ponto de vista do papel do Congresso Nacional no processo de integrao, o Protocolo d

    Preto representa importante marco jurdico.

    Pg. 4

    O Protocolo de Ouro Preto criou, ainda, uma Secretaria Administrativa do Mercosul (SAM), sediada em Montevidu, como rgo deapoio operacional. Mais tarde foi criado, no mbito da SAM, um Setor de Assistncia Tcnica (SAT), com quatro consultoresadmitidos por concurso pblico, um por pas, sendo dois para a rea econmica e dois para a rea jurdica.

    A Deciso n 22/94, do Conselho do Mercado Comum (CMC), criou em dezembro de 2004 a Tarifa Externa Comum (TEC). Osnegociadores decidiram, contudo, permitir que os Estados Partes adotassem listas nacionais de excees TEC e listas setoriais. Aslistas nacionais obedecem definio de cada pas, e cabe ao Mercosul regular a sua extenso.

    As listas de excees setoriais prevem que os pases no esto comprometidos a aplicar a TEC com relao a certos grupos deprodutos. De maneira geral, trata-se de bens no produzidos por alguns dos Estados Partes, a quem interessa import-los deterceiros pases, que so capazes de comercializ-los a preo mais baixo do que se fossem importados de Estados Membros doMercosul. So eles os bens de capital e de informtica e telecomunicaes. Note-se que o Brasil produz esses bens, interessando-

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    lhe, portanto, a proteo de suas indstrias por meio da TEC.

    Desde o inicio da negociao da TEC, a poltica automotiva foi abordada separadamente pelos Estados Partes. At o ano 2000,estava previsto que o comrcio do setor seria determinado por meio de acordos bilaterais. O primeiro acordo conjunto, estabelecidopela Deciso n 70/00, ficou conhecido como Poltica Automotiva do Mercosul. A Deciso n 04/01 incorporou o Paraguai ao Acordo.Contudo, essas normas nunca entraram em funcionamento, e a poltica automotiva no Mercosul permanece regulamentada poracordos bilaterais.

    Pg. 5

    Cumpre, porm, registrar que o Brasil apresentou o Projeto de Adensamento e Complementao Automotiva no mbito do Mercosul,que foi aprovado pelo CMC por meio da deciso n 09/10, a ser financiado com recursos brasileiros e do FOCEM. O outro setor

    inicialmente excludo do regime de convergncia tarifa externa comum o setor aucareiro, tambm excludo da rea de livre

    comrcio. As Decises do CMC n 19/94 e 16/96 regulamentam sua situao.

    O fluxo de produtos provenientes de terceiros pases dentro da rea de livre comrcio do Mercosul deveria dispensar o pagamentode direitos aduaneiros, o que efetivamente no vem acontecendo. Por esse motivo, o Conselho do Mercado Comum aprovou Decisodeterminando que se busque a eliminao da dupla cobrana da TEC no espao econmico integrado (Deciso N 54/04). E,finalmente, por meio da Deciso n 10/10, foram aprovadas as diretrizes e os prazos para que tal objetivo fosse alcanado. Aeliminao deve ocorrer em trs etapas, sendo que a primeira foi em janeiro de 2012, a prxima ser em janeiro de 2014 e a ltimaem janeiro de 2019. A seguir, resumiremos os objetivos do Mercosul, conforme determinados pelos tratados fundadores.

    O Mercosul um processo de integrao econmica regional que objetiva a construo de um Mercado Comum, e as suas metas

    bsicas, que constam do artigo 1 do Tratado de Assuno, podem ser assim alinhadas:

    eliminao das barreiras tarifrias e no-tarifrias no comrcio entre os Pases Membros

    adoo de uma Tarifa Externa Comum (TEC)

    coordenao de polticas macroeconmicas

    livre comrcio de servios

    livre circulao de mo-de-obra e

    livre circulao de capitais.

    Pg. 6

    A partir do quarto ano de sua existncia, ou seja, em 1994, o Mercosul alcanou a condio de Unio Aduaneira, pois criou umaTarifa Externa Comum (TEC) aps haver eliminado grande parte das tarifas e das restries no-tarifrias de cerca de 80% dos benscomercializados entre os Estados Partes.

    Em resumo, no estgio de Unio Aduaneira, os Pases Membros estabelecem tarifas zero para o comrcio intrazona e tarifas iguaispara o intercmbio comercial com terceiros pases.

    Em geral, os acordos de livre comrcio prevem a perspectiva de excluso de certos produtos ou grupos de produtos, ao menos emsuas fases iniciais, e os estudos efetivados pelo GATT (General Agreement on Tariffs and Trade), organizao hoje transformada naOMC (Organizao Mundial do Comrcio), consideravam que uma Zona de Livre Comrcio devia abarcar pelo menos 80% dosprodutos comercializados entre os seus Pases Membros.

    Assim, o Mercosul cumpriu, at agora, os seus dois primeiros objetivos, ainda que de forma parcial:

    eliminar as barreiras tarifrias e no-tarifrias no comrcio intrazona eadotar uma Tarifa Externa Comum (TEC), o que caracteriza a condio de Unio Aduaneira.

    No entanto, para alcanar o estgio de Mercado Comum, o Mercosul ainda ter que concretizar quatro objetivos de grande

    envergadura, quais sejam: a coordenao de polticas macroeconmicas, a liberalizao do comrcio de servios, e a livre

    circulao de mo-de-obra e a de capitais. Delas trataremos um pouco mais detalhadamente a seguir.

    .

    Pg. 7

    Da necessidade de coordenao de polticas macroeconmicas

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    Yin&Yang

    A teoria econmica ensina que a poltica macroeconmica de um pas se divide em

    trs esferas principais:

    poltica cambial, que cuida da taxa de cmbio da moeda nacional em relao

    ao dlar ou a outros padres de referncia externos

    poltica monetria, que fixa a taxa de juros e a quantidade de moeda a ser

    emitida (e que regula, portanto, em grande medida, a poltica creditcia) e

    poltica fiscal, que determina os nveis e alcances da tributao e exerce o controle dos recursosa serem arrecadados e gastos pelo Estado.

    Assim, quanto mais se avana no processo de integrao no Mercosul e tanto mais se consolida a interdependncia entre as

    economias dos Pases Membros, mais necessria e fundamental se torna a convergncia de polticas macroeconmicas coordenadas

    entre os Estados Partes do bloco econmico.

    Essa coordenao de polticas macroeconmicas de fundamental importncia no contexto do processo de integrao regional doMercosul, pois decorre do seu sucesso o equilbrio dos efeitos comerciais entre as economias que conformam o espao geogrfico do

    bloco, bem como o direcionamento dos fluxos de investimento e as condies de concorrncia entre os produtores locais versuspotenciais produtores dos outros Pases Membros.

    .

    Pg. 8

    A vantagem de uma coordenao das polticas macroeconmicas dos Pases Membros do Mercosul vem sendo protelada ao longoda existncia do projeto mercosulino, em decorrncia da sua dependncia externa construda por compromissos assumidosperante organismos e agentes financeiros internacionais.

    Por todo o sculo XX, os pases que assumiram o compromisso de construir o Mercosul foram se enredando em processos deendividamento externo dos quais no conseguiram se desvencilhar, sempre atropelados por ciclos repetitivos de crises financeiras

    mundiais, o que, sem sombra de dvida, vem se constituindo em formidvel obstculo para que se projete uma coordenaoconjunta de suas polticas macroeconmicas e a obteno de uma margem maior de autonomia para planejar e executar polticassoberanas de desenvolvimento regional e de mercados internos ampliados.

    Enfim, ainda que se caracterize como um lento processo, a coordenao das polticas macroeconmicas dos Pases Membros do

    Mercosul constitui pilar bsico do processo de integrao regional sul-americano, pois sem ela no ser possvel a criao de uma

    moeda comum regional, como o Euro da Unio Europeia.

    Pg. 9

    Da liberalizao do comrcio de servios

    Liberar o comrcio de servios no cenrio do Mercosul implica, necessariamente, a eliminao de leis, normas e regulamentaesnacionais que discriminam o fornecedor estrangeiro e protegem o fornecedor nacional de determinado servio, bem como aelaborao de uma poltica integrada.

    O medo da perda da autonomia nacional faz com que existam legislaes, pelo mundo todo, que simplesmente probem a presenade fornecedores estrangeiros de servios no territrio nacional, sendo, portanto, a resistncia liberalizao do comrcio deservios um obstculo a ser resolvido pela agenda do Mercosul, para que se possa construir um verdadeiro Mercado Comum.

    Hoje, para alm da Organizao Mundial do Comrcio (OMC), o tema da liberalizao do comrcio de servios, no planointernacional, to importante que a legislao comercial norte-americana, por meio da pouco divulgada Seo 301, instrumento delegislao comercial daquele pas, autoriza o Presidente dos EUA, em deciso unilateral, quanto a servios, a "restringi-los na formaque julgar apropriada ou, mesmo, negar autorizao para seu acesso ao mercado norte-americano". A Seo 301 foi criada em 1974

    pelos EUA, pas que prega o livre comrcio h duzentos anos.Convm destacar que os servios correspondem a mais da metade do PIB dos pases do Mercosul, e que, acreditando nos princpiosdo livre comrcio, o Brasil abriu seu comrcio de servios de telecomunicaes para empresas de capital estrangeiro, as quais, hoje,competem nesse campo com empresas nacionais.

    .

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    Pg. 10

    Da livre circulao de trabalhadores

    No mundo globalizado, acredita-se que os trabalhadores possam circular livremente na busca de ocupao que lhes permita lutarpela sobrevivncia cotidiana.

    Assim, espera-se que o trabalhador mercosulino possa deslocar-se de seu pas para aproveitar os frutos da integrao na suatotalidade, ou seja, se no encontra emprego na economia do seu pas de origem, ou se as oportunidades de trabalho no resultamatraentes (no s por motivos de remunerao, mas tambm por razes de condies de vida), que seja livre para busc-lo nas

    economias dos demais Estados Partes do Mercosul.

    Os negociadores do Mercosul tero que continuar, portanto, o esforo para dar continuidade ao trabalho de harmonizao daslegislaes trabalhista e previdenciria dos Estados Membros, alm do reconhecimento mtuo de diplomas e ttulos profissionais, oque garantir o exerccio pleno da profisso nos territrios nacionais do bloco. Para isso, contam na estrutura institucional do blococom a existncia do Foro Consultivo Econmico e Social, que opera no sentido de pressionar pelo crescente desenvolvimento deaes facilitadoras da circulao de mo-de-obra no espao geogrfico que conforma a regio de integrao.

    .

    Pg. 11Da livre circulao de capitais

    A globalizao representa o auge da livre circulao de capitais, que, a sua vez, tem gerado muito mais especulao financeira queproduo de bens e servios e distribuio de benefcios ou seja, muito mais crises financeiras causadoras de estagnaoeconmica com impacto mundial do que o desenvolvimento progressivo e organizado das economias nacionais dos pases compotencial para o crescimento, pases que tm urgncia em melhorar a qualidade de vida da maioria dos cidados excludos pelapobreza e misria, alm do respeito pelos bens no renovveis sua disposio no meio ambiente.

    A crise financeira mundial, iniciada em 2008 com a "bolha" imobiliria nos EUA, exemplifica o "efeito domin" causado pelas prticasespeculativas. Entretanto, a atual "Parceria Transatlntica de Comrcio e Investimento" entre os Estados Unidos e a Unio Europeiaavana rumo criao de uma zona de livre comrcio capaz de impulsionar as economias destes dois continentes.

    Os investimentos dos pases do Mercosul j contam com certas facilidades e garantias para suas aplicaes no mercado dosparceiros, mas os Pases Membros do bloco precisam estruturar uma liberalizao bastante qualificada, no sentido de exercer ummaior controle dos movimentos de capitais especulativos, paralelamente a uma estrutura facilitadora dos fluxos de capitais

    destinados produo de bens e servios, em especial de infra-estrutura, que permitir sua incluso sustentada no contexto dacompetio globalizada entre naes, ao lado da imperiosa necessidade de melhoria da qualidade de vida dos cidadosmercosulinos.

    .

    Unidade 3 - Estrutura institucional do Mercosul; Soluo deControvrsias

    Estrutura institucional do Mercosul

    O Tratado de Assuno definiu as instituies que deveriam conduzir o processo de integrao do Mercosul durante o perodo inicial

    de transio, e o Protocolo de Ouro Preto (1994) estabeleceu as instituies bsicas definitivas para prosseguir-se na implantao do

    bloco, alm de dot-lo de personalidade jurdica internacional.

    Assim, a estrutura institucional do Mercosul est constituda pelos seguintes rgos:

    Conselho do Mercado Comum

    O Conselho do Mercado Comum (CMC) o rgo superior responsvel pela conduo poltica do processo de integrao e compostopelos Ministros das Relaes Exteriores e de Economia ou Fazenda dos Pases Membros. O CMC se rene duas vezes por ano e semanifesta por meio de Decises. o rgo responsvel pela conduo poltica do processo de integrao, inclusive habilitado parafirmar acordos com outros pases ou grupo de pases em nome do Mercosul, assumindo a condio de personalidade jurdicainternacional, portanto, de representante do bloco, ainda que na obrigao de sempre decidir por consenso.

    O Conselho do Mercado Comum encarrega-se de traar as grandes linhas do processo de integrao para garantir o impulso poltico

    que sustenta o seu fortalecimento e aprofundamento..

    Pg. 2

    Os Presidentes dos Estados Partes no integram o Conselho do Mercado Comum, mas esto presentes em pelo menos uma das duas

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    reunies anuais desse rgo. As cpulas do Mercosul constituem, evidentemente, a instncia mxima do processo poltico deintegrao mercosulina.

    Ao Conselho do Mercado Comum esto subordinados:

    a) Grupo Mercado Comum (GMC): rgo executivo, integrado por representantes dos Ministrios das Relaes Exteriores, deEconomia e dos Bancos Centrais dos quatro pases. O GMC rene-se, normalmente, quatro vezes por ano e se manifesta por meio deResolues

    b) Foro de Consulta e Concertao Poltica (FCCP): rgo auxiliar do CMC, com o objetivo de ampliar e sistematizar a cooperaopoltica entre os Estados Partes e

    c) Reunies de Ministros de todos os setores governamentais dos Pases Membros.

    Grupo Mercado Comum

    rgo executivo do Mercosul, composto por representantes dos Ministrios mais diretamente envolvidos nos temas da integrao edos Bancos Centrais, em cujo mbito se discutem os principais temas do processo de integrao.

    Ao Grupo Mercado Comum compete implementar os objetivos do Mercosul e supervisionar o seu funcionamento, inclusiveexaminando as questes, mesmo aquelas de grande complexidade, que lhe so encaminhadas em maior nvel de detalhe que oConselho do Mercado Comum.

    Ao Grupo Mercado Comum esto subordinados:

    a) Secretaria do Mercosul (SM): rgo, com sede em Montevidu, que presta apoio tcnico e administrativo aos trabalhos do

    Mercosul e responsvel pela traduo e guarda de documentos oficiais do bloco

    b) Foro Consultivo Econmico e Social (FCES): rgo de carter consultivo, representante dos setores econmicos e sociais dosquatro Estados Partes

    .

    Pg. 3c) Reunies Especializadas: Autoridades de Aplicao em Matria de Drogas (RED) Cincia e Tecnologia (RECYT) ComunicaoSocial (RECS) Cooperativas (REC) Infra-Estrutura da Integrao (REII) Municpios e Intendncias do Mercosul (REM I) Mulher(REM) Promoo Comercial (REPC) e Turismo (RET)

    d) Comits: Automotivo (CAM) Cooperao Tcnica (CCT) Diretores de Aduanas (CDA) e Sanidade Animal e Vegetal (CSAV)

    e) Reunio Tcnica sobre Incorporao da Normativa Mercosulf) Comisso de Comrcio (CCM): rgo assessor do GMC, com a tarefa de velar pela aplicao dos instrumentos de polticacomercial acordados pelos Estados Partes. Rene-se mensalmente e manifesta-se por Diretrizes. CCM esto subordinados osComits Tcnicos: (CT-1) Tarifas, Nomenclatura e Classificao de Mercadorias (CT-2) Assuntos Aduaneiros (CT-3) Normas eDisciplinas Comerciais (CT-4) Polticas Pblicas que Distorcem a Competitividade (CT-5) Defesa da Concorrncia (CT-6) Comit deDefesa Comercial e Salvaguardas e (CT-7) Defesa do Consumidor

    g) Subgrupos de Trabalho: (SGT-1) Comunicaes (SGT-2) Aspectos Institucionais (SGT-3) Regulamentos Tcnicos e Avaliao daConformidade (SGT-4) Assuntos Financeiros (SGT-5) Transportes (SGT-6) Meio Ambiente (SGT-7) Indstria (SGT-8) Agricultura(SGT-9) Energia e minerao (SGT-10) Assuntos Trabalhistas, Emprego e Seguridade Social (SGT-11) Sade (SGT-12)Investimentos (SGT-13) Comrcio Eletrnico e (SGT-14) Acompanhamento da Conjuntura Econmica e Comercial

    h) Grupo de Servios (GS)

    i) Grupos Ad-Hoc: Comrcio de Cigarros (GAHCC) Compras Governamentais (GAHCG) Concesses (GAHCON) IntegraoFronteiria (GAHIF) Relacionamento Externo (GAHRE) Setor Aucareiro (GAHSA) Grupo de Alto Nvel para o Aperfeioamento doSistema de Soluo de Controvrsias (GANPSSC) e Grupo de Alto Nvel para Examinar a Consistncia e Disperso da TEC(GANTEC)

    j) Comisso Scio-Laboral (CSLM)

    k) rea Financeira pelo lado brasileiro: O Banco Central do Brasil membro do Grupo Mercado Comum (GMC) e da Reunio deMinistros de Economia e Presidentes de Bancos Centrais do Mercosul (RMEPBC), coordena o Subgrupo de Trabalho n 4 - AssuntosFinanceiros (SGT-4), participa e acompanha o Grupo de Servios (GS), o Subgrupo de Trabalho n 12 - Investimentos (SGT-12), oSubgrupo de Trabalho n 13 - Comrcio Eletrnico (SGT-13), o Subgrupo de Trabalho n 14 - Acompanhamento da ConjunturaEconmica e Comercial (SGT-14) e o Grupo de Monitoramento Macroeconmico (GMM).

    .

    Pg. 4

    Secretaria do Mercosul

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    Tribunal Administrativo-Trabalhista do Mercosul

    Em quatorze anos de existncia, a estrutura organizacional do Mercosul passou a enfrentar reclamaes de natureza administrativatrabalhista, oriundas das relaes de sua Secretaria Administrativa com os funcionrios sua disposio, inclusive terceirizados.

    O Direito Internacional permite que o Grupo Mercado Comum crie e regule uma instncia administrativa para atender sreclamaes de natureza administrativo-trabalhista de funcionrios da Secretaria Mercosul, com fundamento nas normasinternacionais para Acordos de Sede (Deciso CMC n 04/96).

    Assim, foi criado o Tribunal Administrativo-Trabalhista (TAL), com a finalidade de resolver tais tipos de conflitos, sempre com base

    nas normas Mercosul aplicveis ao pessoal da Secretaria do Mercosul e nas Instrues de Servio ditadas pelo Diretor dessaSecretaria, alm de amparado por um Acordo de Sede que garante ao Grupo Mercado Comum o direito de contratar pessoal.

    O Tribunal Administrativo-Trabalhista rege-se por Estatuto prprio, conforme as Decises ns. 4/96 e 30/02 do Conselho do MercadoComum, e as Resolues ns 42/97 e 01/03 do Grupo Mercado Comum.

    .

    Pg. 7

    Foro Consultivo de Municpios, Estados Federados, Provncias e Departamentos do Mercosul

    A complexidade do processo de integrao regional mercosulino, em sua vertente poltica, fez surgir o Foro Consultivo de Municpios,Estados Federados, Provncias e Departamentos - unidades territoriais especficas de cada Estado Parte do Mercosul -, cuja finalidade

    abrigar e estimular o dilogo e a cooperao entre as autoridades de nvel municipal, estadual, provincial e departamental dosEstados Membros do bloco.

    O Foro Consultivo pode propor medidas destinadas coordenao de polticas para promover o bem-estar e melhorar a qualidade devida dos habitantes dos Municpios, Estados Federados, Provncias e Departamentos da regio do Cone Sul, bem como formularrecomendaes por intermdio do Grupo Mercado Comum.

    O Foro Consultivo formado, conforme a Deciso n 41/04, por um Comit dos Municpios e um Comit dos Estados Federados,Provncias e Departamentos, as unidades territoriais nos diferentes Estados Partes do Mercosul. Previu-se seu RegimentoInterno, que foi aprovado pela resoluo n26/07, do Grupo Mercado Comum.

    O Mercosul possui uma estrutura orgnica intergovernamental (no h rgos supranacionais), havendo, contudo, uma Presidncia

    Pro Tempore, exercida por sistema de rodzio semestral. As decises do Mercosul so sempre tomadas por consenso.

    Pg. 8Reunies Peridicas

    Eis a listagem das reunies peridicas previstas no mbito do bloco:

    Reunies de Cpula dos Presidentes dos Estados Partes do Mercosul e associados (Bolvia, Chile,

    Colmbia, Equador e Peru), realizadas a cada seis meses no pas que tem a Presidncia ProTempore do Mercosul, cujo rodzio obedece a uma cronologia alfabtica, ou seja, Argentina,Brasil, Paraguai, Uruguai e a Venezuela.

    Reunies Ordinrias do Conselho do Mercado Comum, em paralelo s Reunies de Presidentes

    dos Estados Membros.

    Reunies de Ministros de Economia e Presidentes dos Bancos Centrais do Mercosul e associados,

    semestralmente ou quando convocadas em carter extraordinrio.

    Reunies Ordinrias e Extraordinrias do Grupo Mercado Comum, semestrais e sempre que

    convocadas.

    Pg. 9

    Soluo de controvrsias

    Interessante destacar que o Protocolo de Ouro Preto no enumera, dentre os seus rgos, um especfico para dirimir as

    controvrsias. O art. 44 daquela norma apenas refere a criao de sistema permanente de soluo de controvrsias quando se

    consolide a unio aduaneira.

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    Assim que foi criado o sistema provisrio, institudo no Protocolo de Braslia, de 17 de dezembro de 1991. Oiter-arbitral, precedido pela negociao direta e pela conciliao, foi a forma escolhida para compor osdiferendos no Mercosul, conforme o Anexo III, inciso 3, do Tratado de Assuno. Para tanto, foi designado umgrupo de trabalho com vistas a elaborar o Sistema de Soluo de Controvrsias entre os pases contratantes.O Protocolo de Braslia para Solues de Controvrsias (PB), publicado no Dirio Oficial da Unio em 8 de

    janeiro de 1992, passou a viger em 22 de abril de 1993.

    Sem inovar, utilizando a forma tradicional do direito internacional pblico, esse protocolo estabelece trs fases

    para a soluo de controvrsias. A primeira delas a negociao direta, sendo a conciliao a subsequente, e, no caso de

    insucesso das etapas anteriores, prope-se a arbitragem. O Protocolo de Braslia prev a possibilidade de reclamaes advindas

    de particulares, pessoas fsicas ou jurdicas, estabelecendo, no entanto, freios polticos para a sua utilizao.

    Pg. 10O captulo I determina o espectro de aplicao do PB, destinando-se a atuar nas controvrsias entre os Estados Partes que versem

    sobre a interpretao, a aplicao ou o descumprimento das disposies previstas nos tratados institutivos e demais acordossupervenientes, bem como nas normas provenientes de seus rgos, por decises, resolues e diretrizes emanadas pelo Conselhodo Mercado Comum (CMC), pelo Grupo Mercado Comum (GMC) e pela Comisso de Comrcio do Mercosul (CCM).

    As controvrsias entre os Estados Partes sero, inicialmente, resolvidas mediante negociaes diretas, sem forma ou rito definido,sendo seus resultados comunicados ao GMC por intermdio da Secretaria Administrativa do Mercosul (SAM), no podendo exceder oprazo de quinze dias a contar da data em que a controvrsia tiver sido levantada por um dos Estados Partes, nos termos dos arts. 2e 3 do Protocolo de Braslia.

    No h dvida de que a frmula mais adequada para que se alcance uma interpretao uniforme das normas que compem umsistema to complexo, como um mercado comum, a de outorgar a um rgo arbitral permanente ou a um rgo judicial essafuno.

    Porm, sabe-se pela experincia de outros blocos regionais da enorme dificuldade em se atingir tal sofisticao, seja pela parcela de

    soberania que os estados tero que delegar a tais rgos, seja pelo seu carter dispendioso, o que no se coaduna com blocosregionais criados entre Estados em desenvolvimento, como o caso do Mercosul.

    O Protocolo de Olivos (PO), de 18 de fevereiro de 2002, em vigor desde 2004, substituiu o Protocolo de Brasilia (PB), trazendoalgumas inovaes.

    Pg. 11

    A etapa conciliatria, obrigatria no PB, passa a ser facultativa no PO esgotados os caminhos da negociao e conciliao, os E

    recorrer ao procedimento arbitral. O Protocolo de Olivos inova ao permitir s partes a escolha por outro foro de soluo de conflito

    controvrsias compreendidas no mbito de aplicao do presente Protocolo que possam tambm ser submetidas ao siste

    controvrsias da Organizao Mundial do Comrcio ou de outros esquemas preferenciais de comrcio de que sejam parte indiPartes do Mercosul, podero submeter-se a um ou outro foro, escolha da parte demandante. Sem prejuzo disso, as partes n

    de comum acordo, definir o foro. Uma vez iniciado um procedimento de soluo de controvrsias de acordo com o pargrafo

    partes poder recorrer a mecanismos de soluo de controvrsias estabelecidos nos outros foros com relao a um mesmo obj

    do art. 14 deste Protocolo".

    A composio do Tribunal Arbitral ad hoc se dar por trs rbitros: dois indicados pelos Estados Partes, provenientes de uma listapreviamente depositada na Secretaria Administrativa do Mercosul, e um terceiro, neutro, escolhido por ambas as partes, que opresidir, sendo vedado a este ltimo provir dos Estados envolvidos na controvrsia.

    A deciso do Tribunal Arbitral dar-se- por laudos que, de acordo com o art. 21 do PB, so inapelveis e obrigatrios para osEstados Partes a partir do recebimento da respectiva notificao tero fora de coisa julgada, devendo ser cumpridos no prazo dequinze dias, a menos que o Tribunal Arbitral tenha fixado outro prazo. Entretanto, a deciso da primeira instncia arbitral deixa de

    ser inapelvel, haja vista a criao de um Tribunal Permanente de Reviso, no PO.

    A criao desta Corte revisora pretende, de forma paliativa, trazer maior segurana jurdica construo de uma unio aduaneira,prevendo, para o futuro, uma reviso do atual sistema com vistas adoo do Sistema Permanente de Soluo de Controvrsias,

    segundo o disposto no art. 53: "Antes de finalizar o processo de convergncia da tarifa externa comum, os Estados Partes

    efetuaro uma reviso do atual sistema de soluo de controvrsias, a fim de adotar o Sistema Permanente de Soluo de

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    Controvrsias para o Mercado Comum a que se refere o nmero 3 do Anexo III do Tratado de Assuno".

    .

    Pg. 12A Corte Revisora ser composta por cinco rbitros. Cada um dos scios indicar um rbitro e um suplente pelo perodo de dois anosrenovveis. J o quinto rbitro ser designado de comum acordo pelos Estados Partes pelo perodo de trs anos no renovveis,devendo ser nacional de um dos Estados (art. 18).

    Os rbitros indicados pelos Estados, tanto os titulares quanto os suplentes, devero estar permanentemente disponveis para atuar

    nos julgamentos, quando convocados (art. 19), concluindo-se no se tratar de um rgo permanente stricto sensu, mas instaurado

    medida que os casos vo sendo interpostos para julgamento.

    Conforme antiga reivindicao paraguaia, a sede do Tribunal Permanente de Reviso em Assuno, podendo, caso seja necessrio,

    ser transferida para outro local. J os tribunais arbitrais ad hoc podero reunir-se em quaisquer das cidades dos Estados scios.

    Sntese

    Neste Mdulo, vimos que a integrao do Cone Sul teve incio em torno do ncleo Brasil-Argentina, que evoluiria parao Tratado de Assuno, em 1991, j contemplando a participao do Paraguai e do Uruguai. O Protocolo de Ouro Preto

    (1994) estabeleceria a estrutura institucional adequada unio aduaneira. Estudamos, finalmente, o Protocolo de Braslia (1991) e

    o Protocolo de Olivos (2002), instrumentos pelos quais foi criado um sistema para a soluo das controvrsias que viessem aocorrer ao longo do processo de integrao.

    Exerccios de Fixao do Mdulo II

    Parabns! Voc chegou ao final do Mdulo II do curso Fundamentos da Integrao Regional: Mercosul.

    Como parte do processo de aprendizagem, sugerimos que voc faa uma releitura do mesmo e responda aos Exerccios de Fixao,

    que o resultado no influenciar na sua nota final, mas servir como oportunidade de avaliar o seu domnio do contedo.

    Lembramos ainda que a plataforma de ensino faz a correo imediata das suas respostas!

    Para ter acesso aos Exerccios de Fixao, clique aqui.

    http://saberes.senado.leg.br/mod/quiz/view.php?id=26604