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DIREITO ADMINISTRATIVO

1. AGENTES PÚBLICOS

1.1. Disposições Gerais

(Publiconsult/PGM/Itararé/Procurador/2013) João Sonado é servidor munici-pal efetivo, titular do cargo de Vigia na Prefeitura, desde 14 de janeiro de 2013 e, em 14 de novembro desse mesmo ano foi surpreendido dormindo durante seu expediente de trabalho, na portaria da Prefeitura, sem, no entanto, se atentar às movimentações ocor-ridas nas dependências do órgão. Diante disso, o Diretor do Departamento, superior hierárquico do servidor, demitiu-o imediatamente, tendo em vista que o mesmo se en-contra em estágio probatório. Discorra acerca da legalidade do procedimento adotado.

DIRECIONAMENTO DA RESPOSTA

Nesta questão o candidato deverá dissertar sobre o princípio constitucional da ampla defesa e contraditório. Mencionar o artigo 5º, inciso LV e o caput do artigo 37 da Constituição Federal, bem como a Súmula 21/STF.

SUGESTÃO DE RESPOSTA

O servidor efetivo João Sonado, ocupante do cargo de vigia municipal, foi demiti-do sumariamente pelo Diretor do Departamento, seu superior hierárquico, por dormir em serviço. A demissão foi imediata e sem a possibilidade de defesa do servidor.

Em primeiro lugar, há de se registrar que não foi observado o princípio constitucio-nal da legalidade, fundamental do Estado Democrático de Direito, que limita e orienta a atuação do administrador público, previsto no caput do artigo 37 da Constituição Federal, onde se encontram os princípios expressos norteadores da Administração Pública.

Assim, como decorrência do princípio da legalidade, há o dever de observância aos mandamentos constitucionais, os quais o Diretor de Departamento não respeitou. Isso porque a autoridade administrativa se obriga a cumprir o art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal, o qual impõe o contraditório e ampla defesa.

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Desta forma, o administrador público, vinculado que está aos princípios consti-tucionais do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal deveria, pri-meiramente, ter iniciado procedimento administrativo disciplinar, em que pese o fato do servidor estar em estágio probatório, oferecendo ao servidor a oportunidade para apresentar a sua defesa administrativa. Ao final, comprovada a infração funcional do servidor, aplicar a título de sanção, a pena de demissão.

A desinvestidura de um servidor detentor de cargo de provimento efetivo, como ensina Celso Antônio Bandeira de Mello, somente pode ser legitimada através de pro-cesso judicial ou administrativo, em que se comprove o motivo ensejador da sua dis-pensa e que foi oferecido ao servidor a possibilidade de ampla defesa e contraditório1.

Nesses termos, se pretende a Administração Pública demitir o servidor em es-tágio probatório, deverá abrir processo administrativo disciplinar, atestando que o servidor não atendeu as exigências da legislação estatutária municipal, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal, na sua Súmula 21, dando-lhe, previa-mente, oportunidade de ampla defesa2.

(BioRio/PGM/Várzea_Paulista/Procurador/2012) Conceitue o instituto da es-tabilidade do servidor público, com base na Constituição Federal/88, e apresente os re-quisitos constitucionais para alcançá-la.

DIRECIONAMENTO DA RESPOSTA

Na resposta o candidato deverá citar obrigatoriamente o artigo 41 da Constituição Federal que prevê os requisitos para a concessão da estabilidade, o tem-poral e o material. Falar das condições para atingir a estabilidade: concurso público,

1. “Demissão é o desligamento do cargo com caráter sancionador. Corresponde a uma expulsão, aplicável nas hipóteses legalmente previstas. Não se confunde com exoneração. Exoneração é o desligamento sem caráter sancionador, e tanto pode ter lugar “a pedido” do servidor quanto ‘ex officio’, isto é, por deliberação espontânea da Administração, nos seguintes casos: (I) quando se tratar de desinvestir alguém de um cargo em comissão; (II) quando, em cargo de provimento efetivo e antes de completado o triênio para estabilidade, o servidor se revela inadequado ao cargo e a Administração o desliga depois de regular aferição de sua ausência de capacidade para permanecer; (III) quando, na avaliação periódica de desempenho, este haja sido considerado insatisfatório; (IV) quando o servidor, depois de nomeado e empossado, não entrar em exercício no prazo legal; (V) quando o servidor incorrer, de boa-fé, em acumulação proibida, sendo-lhe permitido optar pelo cargo em que desejar persistir”. (BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio, Curso de Direito Administrativo, 13. ed., Malheiros, 2001, p. 278)

2. Súmula 21/STF: “Funcionário em estágio probatório não pode ser exonerado nem demitido sem inquérito ou sem as formalidades legais de apuração de sua capacidade”. Vale observar que, mesmo a desinvestidura por exoneração de servidor público ocupante de cargo efetivo, em estágio probatório, depende da prévia instauração de procedimento administrativo, sobe pena de ofensa ao princípio do devido processo legal. (cf. STF, RE 240735 AgR/MG, DJ 5.5.2006)

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ocupação de cargo de provimento efetivo, estágio probatório e aprovação em comis-são especial de avaliação de desempenho.

SUGESTÃO DE RESPOSTA

A estabilidade é a garantia constitucional concedida ao servidor público efeti-vo de permanência no serviço público, ou seja, de não ser demitido sem que haja sen-tença condenatória transitada em julgado; processo administrativo disciplinar em que lhe seja garantida a ampla defesa e o contraditório; mediante processo de avalia-ção periódica de desempenho, assegurada a ampla defesa; ou nas situações de exces-so de despesa com pessoal, conforme preceitua o art. 169, § 4º da CF. Isto é, preenchi-dos os requisitos constitucionais pertinentes, em o servidor tendo adquirida a estabilidade, não poderá ser exonerado ou demitido sem justo motivo e sem a obser-vação do rito estabelecido em lei.

A primeira condição para a aquisição da estabilidade é o servidor ser deten-tor de cargo de provimento efetivo. Para tanto, deverá se submeter previamente a um concurso público de provas ou provas e títulos. De modo que a estabilidade não alcança aos servidores detentores exclusivamente de cargo de provimento em co-missão e os empregados públicos.

Além disso, nos termos do art. 41, da Constituição Federal, é requisito para a es-tabilidade à aprovação no estágio probatório, período que o servidor será avaliado em suas aptidões para o exercício do cargo. Período esse que após a Emenda Constitucional 19/98 será de três anos, confirmado pelo STF na STA 269 AgR/DF.

Durante o período de estágio probatório o servidor se submete à avaliação espe-cial de desempenho, nos termos do art. 41, § 4º, da Constituição Federal, realizada por comissão constituída para essa finalidade, obedecendo aos critérios da lei que rege cada carreira ou as regras insertas no Estatuto do Servidor.

Para apuração da permanência na Administração Pública, lei do ente da Federação preverá as condições materiais que serão alvo da avaliação especial de desempenho, atestando os requisitos de idoneidade moral, disciplina, dedicação ao serviço, assiduidade e eficiência do servidor.

A aferição do desempenho a ser desdobrada ao longo do período do estágio probatório é verificada através de boletins de avaliação, com a respectiva pontua-ção, conforme previsto em legislação própria.

Em conclusão, são requisitos para a permanência no serviço público: a) prévia aprovação em concurso público; b) efetivo exercício pelo prazo de três anos; c) aprovação em avaliação especial de desempenho.

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COLEÇÃO PREPARANDO PARA CONCURSOS

(FCC/PGM/João_Pessoa/Procurador/2012) Servidor, titular de cargo efetivo de professor em rede pública municipal de ensino, ainda não gozando da garantia de estabilidade, adere à greve da categoria, pleiteando melhores condições de trabalho e aumento remuneratório. Baseado nessa conduta, a Administração, após garantir ao referido servidor o exercício da ampla defesa, procede à sua exoneração, explicitando que tal decisão se justifica pela participação do movimento paredista. Argumenta a autoridade responsável pela exoneração que o exercício do direito de greve não foi ob-jeto de regulamentação legal, e, portanto, o servidor paralisou de forma ilegal suas atividades, configurando assim inassiduidade compatível com o exercício de tal fun-ção pública. Analise juridicamente a decisão da Administração, no tocante à exonera-ção do referido servidor e os fundamentos por ela invocados.

DIRECIONAMENTO DA RESPOSTA

O candidato deve discorrer sobre a greve no serviço público, participação de ser-vidor em estágio probatório na greve e como penalizar as faltas ao trabalho pelos dias parados na greve. Utilizar a jurisprudência do STF como base da resposta.

SUGESTÃO DE RESPOSTA

Servidor público, ocupante do cargo efetivo de professor, que ainda não se tornou estável, foi exonerado, depois de garantida a sua ampla defesa, por partici-pação em movimento paredista. O argumento principal da Administração Pública é a inexistência de lei regulamentando a greve no serviço público e a caracterização, pelos dias parados, da inassiduidade do servidor.

A decisão da Administração Pública de considerar a greve no serviço público ile-gal é baseada no que prevê a Constituição Federal no inciso VII, do artigo 37: “o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei especifica.”

O Superior Tribunal de Justiça (REsp 402674/SC) reconhecia que diante da inexis-tência de lei específica, os servidores não tinham a prerrogativa de exercer o direito de greve, tida por ilegal. O que autorizava, via de consequência, o desconto pelos dias não trabalhados e a caracterização de falta funcional.

No entanto, a jurisprudência do STF firmou posição no sentido de que a Administração Pública deve utilizar a Lei Federal n. 7.783/89 até que sobrevenha lei es-pecifica prevista no inciso VII, do art. 37, acima citado (cf. STF, MI’s 670, 708 e 711).

Assim, o exercício do direito de greve pelo servidor público não caracteriza abandono do cargo, já que suprida a omissão legislativa na regulamentação do art. 37, inciso VII, da Constituição Federal.

Considerando que o servidor público efetivo que cumpre o período do estágio probatório somente pode ser demitido (hipótese de desinvestidura de caráter san-cionador) se não atender as exigências da legislação estatutária, entre elas, a de ser

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assíduo no serviço público, a motivação dada pela Administração Pública para exo-nerar o professor é ilegal, pois a participação no movimento paredista não é consi-derada pela jurisprudência como falta injustificada e não caracteriza como abando-no de cargo, uma vez que não há o ânimo de abandonar, mas simplesmente a participação em um movimento que pleiteia melhores condições de serviço, garan-tido constitucionalmente e reconhecido pelo STF na ADI 3235.

Deve, pois, a Administração Pública, invalidar o seu ato de exoneração do ser-vidor público efetivo, que ocupa o cargo de professor.

1.2. Concurso Público

(Ceperj/PGM/São_Gonçalo/Procurador/2011) Analise as questões jurídicas relevantes relativas ao caso apresentado a seguir. Mévio, brasileiro, solteiro, econo-mista, domiciliado no Distrito Federal, é surpreendido, por ato do Ministro de Estado da Fazenda, que negou sua posse em cargo de nível superior, por não ter apresentado, temporaneamente, diploma comprobatório de sua formação, mas mera declaração de conclusão de curso e colação de grau. Aduziu o candidato que o diploma não pôde ser obtido, diante de movimento grevista na Universidade onde realizou o curso, que se encontrava de portas cerradas, impossível o acesso aos seus órgãos administrativos. Houve a propositura de ação própria perante o órgão judicial competente, que restou procedente. Houve recurso apresentado pela pessoa jurídica vinculada ao Ministro de Estado da Fazenda, que aduziu, no caso em tela, haver norma legal determinando a apresentação do diploma quando da publicação do resultado final, antes da posse, cir-cunstância constante do edital e não impugnada pelo candidato no decorrer do con-curso. Aduziu, ainda, que inúmeros candidatos haviam sido eliminados pela aplica-ção da referida norma e que um candidato único não poderia ser beneficiado, mesmo que por decisão judicial. O recurso apresentado indicou a violação de diversos precei-tos constitucionais, o reflexo da decisão em outros concursos públicos, bem como foi apresentado após o recesso forense de final de ano, tendo em vista que a decisão foi publicada no último dia de trabalho do tribunal no ano anterior.

DIRECIONAMENTO DA RESPOSTA

Para responder a esse questionamento, tendo em vista que o examinador exigiu a análise de todos os pontos da questão, deve o candidato abordar os argumentos de-fensivos da conduta da Administração, enquanto procurador, bem como os argumentos que poderiam ser invocados pelo particular para a procedência da sua pretensão.

SUGESTÃO DE RESPOSTA

Candidato ao cargo de nível superior no Ministério da Fazenda foi desclassifi-cado porque apresentou declaração de conclusão do curso e colação de grau no lugar

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COLEÇÃO PREPARANDO PARA CONCURSOS

do diploma, tendo em vista que a universidade pela qual colou grau estava em greve. Ajuizada ação judicial, esta foi julgada procedente em primeiro grau, tendo a Administração recorrido dentro do prazo legal, pois o Tribunal estava em recesso fo-rense que suspende o curso dos prazos processuais.

No que toca a demanda ajuizada pelo particular é preciso ter presente que o Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido de que o candidato aprovado deve apresentar a documentação na data da sua posse, ou seja, a habilitação para o exer-cício do cargo é comprovada no momento da posse e não quando da publicação do resultado final, que a antecede.

Esse entendimento vem insculpido na Súmula n. 266 do STJ, que, com clareza, define o momento para a apresentação do diploma ou habilitação legal no certame, nos seguintes termos: “O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição para o concurso público”. O candidato, então, tem como argumento favorável a sua pretensão, o entendimento consolidado do STJ.

Tem o particular como argumento favorável, ainda, que não conseguiu a do-cumentação por circunstâncias alheias a sua vontade, reveladas em caso fortuito/força maior, qual seja, a existência de movimento grevista, o que exige da Administração Pública promotora do certame, uma análise pontual e concreta da sua situação, em detrimento dos demais candidatos.

Em complemento, tem o candidato a possibilidade de se beneficiar da regra inserta no art. 518, § 1º, do CPC, o qual aduz que: “o juiz não receberá o recurso de apelação quando a sentença estiver em conformidade com súmula do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal.”

Por sua vez, como mecanismo de defesa, a administração pode arguir, tal como fez, a observância do princípio da vinculação ao edital. E a possibilidade conferida ao particular de impugnar as suas regras em momento oportuno, não o fazendo, so-frerá a preclusão administrativa.

Sendo certo, porém, que não impede a apreciação judicial, nos termos do art. 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal. Ocorre que após ser divulgado o resultado do concurso, ou seja, estando o certame em estágio avançado e o fato de a Administração ter indeferido o pedido de apresentação extemporânea da documentação de vários candidatos, caso venha a ser deferido, judicialmente, o pedido do candidato, haveria grave prejuízo a continuidade do certame e a prestação de serviços públicos à coleti-vidade. Podendo, inclusive, a Administração se valer do Pedido de Suspensão de Tutela Antecipada, caso seja deferida, nos termos do art. 12 da Lei 7.347/85.

Ademais, a Carta Federal, no art. 37, II, dispõe que os cargos públicos são aces-síveis a todos os brasileiros, atendidos os requisitos estabelecidos em lei, através da aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos. Em razão da autonomia dos entes federativos, cabe a cada um deles estabelecer, em lei própria, os requisitos para o provimento dos cargos, obviamente que atendendo normas de superior hierarquia porventura pertinentes.

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Nesse aspecto a administração pública está livre para estabelecer as bases e regras dos editais de concursos públicos para provimento de cargos, desde que os faça com igualdade para todos os candidatos. Respeitando, pois, o princípio da iso-nomia. Sendo o concurso público a via de ingresso nos quadros públicos, nada mais lógico que tal seleção, além de rigorosa seja igualitária.

É clássica a lição de que o edital do concurso público é a sua lei. O candida-to, ao se inscrever no certame, aderiu às normas do edital, aceitando-as. O edital que disciplinou as regras para a realização do concurso público para o provimento do cargo de nível superior no Ministério da Fazenda estabeleceu expressamente, que quando da publicação do resultado final, o candidato, obedecida a ordem de classi-ficação, deverá apresentar os documentos exigidos, dentre eles o diploma de nível superior.

Tendo o Edital previsto expressamente quais e quando deverão ser apresen-tados os documentos previstos no Edital, não poderia ser considerada a pretensão do candidato de apresentar mera declaração de conclusão de curso e colação de grau como se fosse o diploma, pois, caso contrário, seria ele favorecido em detri-mento dos demais candidatos, o que, novamente, iria de encontro à impessoalidade exigida ao administrador público.

Em complemento, a opção da Administração Pública de exigir o documento previsto no edital, o diploma de conclusão de curso no momento da publicação do resultado final, diz respeito aos critérios de conveniência e oportunidade do admi-nistrador em fazer as exigências editalícias, as quais o candidato não atendeu. Por se inserir no juízo de conveniência e oportunidade e pelo fato de o documento exi-gido guardar compatibilidade com o cargo que será ocupado, tendo o candidato ex-pressamente ciência dessa exigência, não há qualquer ilegalidade sujeita ao exame do Poder Judiciário, o que restaria evidente a procedência do recurso. Até porque há norma legal municipal, tal como dito na questão, que impõe o momento de apresen-tação da documentação, do qual o administrador não pode se furtar, considerando que o entendimento da Súmula 266/STJ não tem caráter vinculante.

(PGM/Rio_de_Janeiro/Procurador/2011) Tendo em conta o expressivo volu-me de suspensão de exercício funcional havido no âmbito da Secretaria Municipal de Educação, particularmente na carreira do magistério em decorrência de licença--maternidade, licenças de saúde, licenças para acompanhamento de cônjuge e ou-tras previstas em Estatuto, cogita aquela pasta municipal de uma proposta legisla-tiva que promova uma autorização genérica para a celebração de contratações temporárias destinadas à substituição dos referidos docentes afastados, admitindo-se prorrogação dessas contratações (já que também as causas determinantes do afastamento podem levar à prorrogação das licenças). Examine a viabilidade cons-titucional da proposta legislativa cogitada.

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COLEÇÃO PREPARANDO PARA CONCURSOS

DIRECIONAMENTO DA RESPOSTA

O candidato deverá abordar em sua resposta o princípio constitucional do concurso público, a admissão constitucional excepcional da contratação temporária e suas limitações.

SUGESTÃO DE RESPOSTA

Pretende a Secretaria Municipal de Educação encaminhar uma proposta legisla-tiva que autorize a contratação temporária de professores, para substituir servidores pú-blicos efetivos que ocupam cargo de professores, afastados de suas funções em virtude de licenças previstas no Estatuto dos Servidores Públicos Municipais, bem como admi-tir a respectiva prorrogação dessas contratações, diante da extensão das licenças.

Em primeiro lugar, deve ser considerada que a forma de ingresso no serviço público para ocupação de cargo de provimento efetivo será através de concurso pú-blico de provas ou de provas e títulos, conforme determina o inciso II, do artigo 37, da Constituição Federal.

Em segundo lugar, a Constituição Federal prevê, excepcionalmente, a possibilida-de da Administração Pública contratar temporariamente para atender a necessidade temporária decorrente de excepcional interesse público. Tal como se depreende do art. 37, inciso IX, o qual estabelece que: “a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público.”

Desta forma, a contratação de pessoal temporário deve estar prevista em lei municipal, justamente pela eficácia limitada da norma constitucional. A lei municipal autorizará a contratação temporária, definindo as hipóteses, bem como as limitações.

Todavia, a Constituição, bem como a doutrina e a jurisprudência, já estabelece-ram critérios que devem ser observados pelos legisladores dos entes da federação para que essa hipótese excepcional de contratação seja legítima e não desvirtue do princípio do concurso público.

Sendo assim, com suporte na ADI 3210/PR, para o STF, a contratação tempo-rária terá como requisitos: a) o excepcional interesse público que justifique a con-tratação, definido em lei; b) a provisoriedade da contratação, ou seja, a fixação de

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prazo predeterminado para o contrato3; c) a natureza temporária da função que será exercida pelo contratado4.

Sob esses termos, se houver lei municipal que estabeleça a possibilidade de contratação temporária de professores para suprir os ausentes do serviço em virtude de licenças, o que se justifica na proteção dos interesses da coletividade na continui-dade do serviço público de educação; que a contratação se dê, exclusivamente, duran-te o período da licença do servidor afastado; e que a função a ser exercida pelo con-tratado é de natureza temporária, ilegalidade não haverá na contratação.

Por fim, a lei municipal deve limitar o período de prorrogação da contratação. Isso porque, sucessivas prorrogações descaracterizariam a necessidade temporária, que pas-sa a se tornar necessidade permanente hábil a exigir a realização do concurso público.

(UFG/PGM/Aparecida_de_Goiânia/Procurador/2010) Um trabalhador foi contratado por empresa pública municipal, após o advento da Constituição Federal,

3. O fato de o contrato possuir um prazo limite mostra-se bastante delicado, pois o excepcional interesse público possui duração imprevisível na maioria das situações. Importa, dessa forma, que a duração do vínculo possua relação direta com a transitoriedade das atividades exercidas, mas sempre obedecendo ao prazo limite estabelecido pelo legislador, evitando-se, assim, fraudes ao concurso público. Logo, faz-se imprescindível a conjugação do prazo limite estabelecido pelo legislador com o interesse público excepcional, evitando, de um lado, o perecimento de determinado interesse público, sem ofender, de outro lado, o art. 37, II, da CF.

4. Por mais de uma década, a posição dominante do STF foi a de vedar a contratação por tempo determinado para o exercício de funções permanentes. Vale lembrar a ADI 2229 em que os ministros concederam por unanimidade a liminar visando suspender a eficácia da Lei 6.094, de 20 de janeiro 2000, do Estado do Espírito Santo, que dispunha a contratação temporária, emergencial, de defensores públicos. Também no julgamento do mérito da ação, o STF reafirmou seu posicionamento. Entretanto, o Supremo Tribunal Federal – no julgamento da ADI nº 3.068-0, ocorrido aos 25 de agosto de 2004 – aceitou a contratação de servidores temporários para o cumprimento de função permanente pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), haja vista tratar-se de uma situação excepcional de desorganização administrativa. Como o art. 37, IX, da CF não distingue atividades permanentes e atividades temporárias, apenas determina a contratação por tempo determinado para atender à necessidade temporária, entende-se possível que a atividade seja permanente. Embora se sustente a possibilidade de contratação temporária para o exercício de atividades permanentes, trata-se de hipótese bastante excepcional, necessária ao cumprimento das funções administrativas, devendo a contratação ser devidamente motivada, sempre. Como bem exemplifica Florivaldo Dutra de Araújo: “Suponha-se a ocorrência de uma epidemia, a exigir, por certo tempo, maior número de servidores da área da saúde. As atividades desse setor são permanentes para a administração pública, mas uma necessidade temporária obriga à contratação por tempo determinado”. (ARAÚJO, Florivaldo Dutra. Requisitos Constitucionais para a contratação temporária de servidores públicos. In FORTINI, Cristiana (Org.). Servidor Público: estudos em homenagem ao professor Pedro Paulo de Almeida Dutra. Fórum, 2009, p. 123. Outra hipótese é a contratação de servidores que necessitam de substitutos provisórios para o exercício de atividades permanentes. Cita-se o exemplo de servidores que se afastam para se aperfeiçoarem ou afastam-se em razão de uma enfermidade.

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sem prévia aprovação em concurso público. Após ter sido demitido ingressou com re-clamação na Justiça do Trabalho pleiteando verbas salariais e rescisórias. Ao final do processo a Justiça do Trabalho, amparando-se em súmula de sua própria autoria, en-tendeu que é nula a contratação do empregado sem concurso público. Com base na sú-mula do Tribunal Superior do Trabalho que pacificou o assunto, explique quais efeitos a declaração de nulidade tem nos planos da existência, da validade, e da eficácia.

DIRECIONAMENTO DA RESPOSTA

O candidato deve oferecer um conceito básico de empregado público; a previsão constitucional do concurso público; e a jurisprudência do TST sobre contratação sem concurso público e suas consequências insertas na Súmula 363.

SUGESTÃO DE RESPOSTA

A questão enuncia que determinado trabalhador foi contratado por uma empre-sa pública municipal sem a prévia aprovação em concurso público. Tendo sido demitido ajuizou ação trabalhista requerendo verbas salariais e rescisórias. A justiça laboral en-tendeu que a contratação foi nula, com base em Súmula daquela corte superior.

Inicialmente é de se considerar que os denominados empregados públicos são aqueles que exercem suas atividades na Administração Pública Indireta sob o regime jurídico de direito privado, submetidos, portanto, ao regime celetista5.

A forma de admissão dos empregados públicos será, necessariamente, através de concurso público de provas ou de provas e títulos, não estando, no entanto, subme-tidos às regras de estágio probatório do artigo 41 da Constituição Federal, pois não serão nomeados para cargos públicos de provimento efetivo.

Na hipótese do problema apresentado o empregado foi demitido e, ao entrar com ação trabalhista, foi considerado nulo o seu contrato de trabalho, devido ao fato de o vínculo ter se formado sem a observância de um requisito de validade pre-visto na Constituição, o concurso público.

Com base na Súmula 363/TST, declarado nulo o contrato de trabalho, somente será conferido ao trabalhador direito ao pagamento da contraprestação pactuada, em relação ao período trabalhado e os valores referentes aos depósitos do FGTS6.

5. A Constituição Federal (art. 173, § 1º) obriga as empresas públicas, sociedades de economia mista que explorem atividade econômica devem se submeter ao regime jurídico trabalhista, nas relações de trabalho com seus trabalhadores.

6. Súmula 363/TST: “A contratação de servidor público, após a CF/88, sem prévia aprovação em concurso público, encontra óbice no respectivo art. 37, II e § 2º, somente lhe conferindo direito ao pagamento da contraprestação pactuada, em relação ao número de horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário mínimo, e dos valores referentes aos depósitos do FGTS”.

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Isso significa que as demais parcelas, como décimo terceiro salário, férias, aviso prévio, não serão objeto de pagamento.

O entendimento do TST pauta-se, analisando o problema frente aos diversos pla-nos do negócio jurídico, que o contrato existiu (plano da existência – houve prestação de trabalho), mas é inválido (plano da validade), porque foi violada a determinação constitucional (art. 37, inc. II). E contrato inválido não é apto a produzir efeitos.

Contudo, para se evitar o enriquecimento sem causa da Administração e diante da existência de prestação de serviço pelo empregado, entende o TST que terá, excepcio-nalmente, como efeito, o pagamento da remuneração e do FGTS.

Portanto, correta a Administração Pública ao demitir o empregado público que in-gressou em empresa pública municipal sem a prévia aprovação em concurso, devendo, em cumprimento à Súmula n. 363 do Tribunal Superior do Trabalho, proceder no paga-mento ao empregado demitido, com o pagamento da contraprestação pactuada, a re-muneração pelo número de horas trabalhadas e dos valores referentes aos depósitos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS.

1.3. Regras Remuneratórias

(FJG/PGM/Nova_Iguaçu/Procurador/2005) O valor devido ao empregado público da administração direta por força do disposto no art. 137 da CLT está sujeito ao teto remuneratório de que trata o inciso XI do art. 37 da Constituição Federal? Fundamentar a resposta.

DIRECIONAMENTO DA RESPOSTA

O candidato deve expor brevemente a diferença entre empregado público e servi-dor público, e o teto dos servidores públicos previsto no inciso XI, do artigo 37 da Constituição Federal. Posteriormente discorrer sobre a natureza jurídica do valor devido por força do artigo 137 da CLT. Por fim, a aplicação da jurisprudência ao caso concreto.

SUGESTÃO DE RESPOSTA

Determinado empregado público da administração direta recebeu o valor em do-bro correspondente as férias não gozadas no prazo do artigo 134, da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. Com base no artigo 137 desta legislação, questiona-se a aplica-ção do teto constitucional previsto no inciso XI, do artigo 37 da Constituição Federal.

Em primeiro lugar, é preciso distinguir o empregado público do servidor pú-blico em sentido estrito.

Os empregados públicos são aqueles que mantêm um vínculo de emprego com o Estado, tanto na Administração Direta como na Indireta, regidos pelo regime