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    DIREITO ADMINISTRATIVO

    QUESTO 1

    (Cespe/DP/DF/Defensor/2013) Discorra sobre a anulao e a convalidao do ato administrativo, apontando os vcios passveis de convalidao.

    DIRECIONAMENTO DA RESPOSTA

    A questo trata da retirada dos atos administrativos e o seu enunciado exclui qualquer abordagem acerca da revogao, a qual se coloca como instituto paralelo anulao. Exige-se primeiro conhecimento das teorias da anulao (monista e dualista) e dos requisitos dos atos administrativos (competncia, objeto, motivo, finalidade e for-ma). Uma vez expostos estes aspectos, deve se apontar em qual das teorias se compor-ta a convalidao, a hiptese (atos anulveis) e quais requisitos so passveis de corre-o (competncia e forma).

    PROPOSTA DE RESPOSTA

    A anulao consiste o desfazimento de ato administrativo unilateral e retroativa (ex tunc), em regra envolvendo os efeitos produzidos. D-se pela ilegitimidade ou ilega-lidade nas fases de sua formao. Tanto os atos vinculados como discricionrios podem ser objeto de anulao.

    No direito administrativo h duas teorias principais acerca da anulao. Para a teoria monista, somente existem atos nulos ou perfeitos; assim, o defeito, que atine le-galidade, sempre leva a nulidade e impede a convalidao, admitindo-se exclusivamen-te a edio de novo ato sem o vcio que o inquina. A teoria dualista distingue atos nulos e anulveis conforme a gravidade do vcio. Esta teoria admite a convalidao: os atos nulos no so convalidveis e devem ser retirados de ofcio ou pelo Poder Judicirio; j os atos anulveis podem ser convalidados e a correo tem efeitos retroativos (Smulas 346 e 473 do Supremo Tribunal Federal).

    A prpria administrao pode anular os prprios atos (autotutela), o que exige procedimento administrativo formal e garantia de defesa a beneficirio, admitida a via judiciria na defesa de interesse pessoal, sem prejuzo de indenizao por perda patri-monial ou despesas para se vincular administrao (p. ex. Art. 59, pargrafo nico, da

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    COLEO PREPARANDO PARA CONCURSOS

    Lei n. 8.666/93). O art. 7, 2, da Lei n. 11.417/06 instituiu ainda a reclamao ao Supremo Tribunal Federal motivada pelo descumprimento de Smula Vinculante por parte da administrao, hiptese em que, admitida e julgada procedente, ensejar a anulao do ato (art. 7, 2).

    De forma excepcional o ato nulo pode ser mantido (o que no consiste convali-dao), quando ocorra: (a) o decorrer de tempo, ou prescrio longi temporis, (b) estabi-lizao dos efeitos produzidos pelo ato nulo ou por ato vlido que dele dependa; (c) ca-sos concretos de ato de contedo vinculado. Relevante a anlise da ACO 79 do Supremo Tribunal Federal.

    A convalidao dos atos possvel quando no haja grave ofensa lei e corri-queira na prtica administrativa em ateno aos princpios da economicidade, eficin-cia e segurana jurdica.

    Os atos anulveis podem ser convalidados. A convalidao consiste no suprimento da invalidade de um ato, com efeitos retroativos, ou seja, o administrador, sem desfazer o ato viciado, o corrige atravs da ratificao, reforma ou converso. Atravs da ratificao cor-rigem-se vcios de competncia e forma; pela reforma, apenas a poro invlida exclu-da; e mediante a converso, a poro invlida excluda e substituda por ato vlido.

    Portanto, apenas os vcios decorrentes da competncia e da forma. Excepcionalmente o objeto pode ser corrigido, o que s ocorre quando parte do ato subsistir de forma au-tnoma ou sua eficcia original se mantiver com a substituio da parte defeituosa.

    A convalidao no constitui ofensa ao princpio constitucional da legalidade (CF, art. 37, caput). Decorre, ao revs, da observncia de postulados de igual hierarquia, quais se-jam, a eficincia e economicidade na atuao do administrador. No plano prtico e na pre-sena de certos defeitos, se reconhece que o interesse pblico (finalidade) ser melhor tu-telado pela atuao corretiva do ato do que mediante o seu desfazimento ou repetio.

    QUESTO 2

    (Vunesp/DPE/MS/Defensor/2012) Explique quais so os meios de controle da administrao pblica e se a Defensoria Pblica tambm pode exercer esse controle.

    DIRECIONAMENTO DA RESPOSTA

    A administrao pblica est sempre submetida a controles, salientando-se, como principais, quanto sua origem, natureza do controlador, natureza do controle, hierarquia, oportunidade e iniciativa. A atividade de controle externo pela Defensoria Pblica foi expressado de forma clara com a Emenda Constitucional n. 80/94 e explici-tamente na legislao de regncia.

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    Direito ADministrAtivo

    PROPOSTA DE RESPOSTA

    O Estado, em sentido amplo, se submete aos controles poltico e administrativo. O controle poltico possui natureza constitucional, constitui uma decorrncia da diviso e estruturao do poder do Estado em funes precpuas (CF, art. 2) e destinado a im-pedir a concentrao de poderes.

    Em outro nvel, o controle da administrao pblica incide sobre a atuao dos rgos de governo e exercitado quando praticados atos de execuo. Fundamenta-se na possibilidade de sindicar a atuao do administrador vista dos objetivos da ativi-dade administrativa, em observncia aos padres legais, de forma impessoal, transpa-rente, eficiente e proba. Consiste mecanismos internos e externos para a fiscalizao e a reviso dos atos administrativos no que tange a legalidade e o mrito. O controle da administrao recai sobre toda atividade administrativa independente do nvel de hie-rarquia e em qualquer dos Poderes do Estado.

    O controle da administrao pode ser classificado, quanto origem: a) interno: exercido pelo prprio Poder do qual se originou o ato como decorrncia da organicida-de e da desconcentrao do exerccio da atividade ou b) externo: cujo exerccio reside em rgo estranho Administrao responsvel pela edio do ato; pela natureza do controlador: a) legislativo: com fundamento na legitimidade popular das casas legisla-tivas (p. ex. CF, art. 49, X, e 70); b) judicial: atravs da ao do administrado titular de di-reito lesado ou ameaado buscar tutela junto ao Poder Judicirio; c) administrativo: consiste a regra, representada pela possibilidade de os rgos integrantes de uma mes-ma estrutura administrativa revisarem e fiscalizarem a sua atuao (autotutela).

    Outras distines residem na natureza do controle (de legalidade ou de mrito), no mbito administrativo (por subordinao ou por vinculao), na oportunidade (pr-vio, concomitante ou posterior) e na iniciativa (de ofcio ou provocado).

    A Defensoria Pblica exerce, em nome prprio, o controle externo da administra-o pblica. importante distinguir o controle em nome prprio daquele decorrente da defesa judicial de direitos individuais e coletivos, que consiste o exerccio da fiscaliza-o pelo administrado.

    A Lei n. 11.448/07 incluiu no art. 5 da Lei n. 7.347/85 a Defensoria Pblica den-tre os legitimados para o ajuizamento da ao civil pblica, a sindicar, dentre outros, a responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados a bens e direitos de valor artstico, esttico, histrico, turstico e paisagstico (inciso I); ordem urbanstica (inci-so II) e ao patrimnio pblico e social (inciso VIII).

    Ainda, a Lei n. 12.313/10 incluiu, de relevante a este ponto, os incisos IV a VI no art. 81-B da Lei n. 7.210/84 (fiscalizao de desvios da atividade administrativa em es-tabelecimentos prisionais).

    So dignos de nota os incisos VI, VII, IX, X, XVII e XX do art. 4 da Lei Complementar n. 80/94, com a redao conferida pela Lei Complementar n. 132/09.

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    COLEO PREPARANDO PARA CONCURSOS

    Por fim, a Emenda Constitucional n. 80/14 qualificou a Defensoria Pblica como ex-presso e instrumento do regime democrtico. Sem prejuzo de outras definies, o assen-to constitucional da Defensoria Pblica como expresso e instrumento do regime demo-crtico a torna responsvel, por si prpria, em assegur-lo, e legitima o exerccio do mnus sempre que a atuao do Estado, poltica ou administrativa, ameace os direitos e garantias fundamentais ou prejudique o tratamento materialmente isonmico dos necessitados.

    QUESTO 3

    (Vunesp/DPE/MS/Defensor/2008) Diferencie descentralizao de desconcentrao.

    DIRECIONAMENTO DA RESPOSTA

    A questo trata de tema clssico no direito administrativo, delineado com mais nfase a partir do DL 200/67. Para que se otimize a atividade administrativa, a atuao no pode ser concentrada, motivo pelo qual os poderes so distribudos entre rgos da administrao direta (desconcentrao) ou transferidos para a administrao indireta (descentralizao).

    PROPOSTA DE RESPOSTA

    A descentralizao e a desconcentrao no se confundem, a despeito de a sua fi-nalidade consistir na melhoria e ampliao de atividades e servios administrativos.

    A descentralizao consiste em ceder a execuo de atividade estatal a terceiro, integrante ou no da Administrao Pblica. No se altera a natureza da atividade, que continua pblica e sujeita a regulamentao e controle do descentralizador,

    A primeira modalidade de descentralizao a outorga, atravs desta se procede a transferncia do servio ou utilidade diretamente atravs de lei para entidade estatal no integrante da administrao direta (autarquias, fundaes, sociedades de economia mista e empresas pblicas), sem a necessidade de contrato de concesso ou permisso e, portanto, por prazo indeterminado (CF, art. 37, XIX).

    J atravs da delegao, o servio ou utilidade transferido mediante contrato ad-ministrativo (concesses) ou de ato unilateral da administrao (permisses) a particula-res, sejam eles pessoas jurdicas ou fsicas. O delegado dever prestar o servio por sua conta e risco, mas submetido s condies estabelecidas e ao controle por parte da enti-dade descentralizadora. A delegao possui carter transitrio. O art. 175 da Constituio Federal estabeleceu o carter contratual das delegaes de servios pblicos.

    A desconcentrao da atividade consiste na execuo centralizada da atividade, distribuda, todavia, dentre os rgos da mesma administrao pblica. A despeito de o

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    Direito ADministrAtivo

    DL 200/67 fazer referncia exclusivamente ao termo descentralizao, o seu art. 10 es-tabelece em sua maioria, critrios para a desconcentrao: distino clara entre os nveis de direo e execuo; transferncia das atividades para as unidades federadas median-te convnio; transferncia das rotinas de execuo e formalizao de atos administrati-vos, restringindo a estrutura central ao planejamento, superviso, coordenao e contro-le; estabelecimento pela administrao central de normas, critrios e princpios para a deciso de casos individuais; e deciso de casos individuais pelo rgo executor local.

    QUESTO 4

    (Vunesp/DPE/MS/Defensor/2008) Defina, de forma objetiva, a aplicao da proporcionalidade ao exerccio do poder de polcia.

    DIRECIONAMENTO DA RESPOSTA

    O poder de polcia consistiu um dos primeiros institutos do direito administrativo condicionados pela proporcionalidade. Na medida em que o poder de polcia consiste em larga acepo no exerccio do imprio do Estado sobre o particular, tanto a criao de restries abstratas (regulamentos) quando as restries materiais (atos de interveno) devem ser submetidos pelo filtro da proporcionalidade. Visa-se alcanar da melhor ma-neira a finalidade do ato com o mnimo de sacrifcio de direitos do administrado.

    PROPOSTA DE RESPOSTA

    O poder de polcia se fundamenta na necessidade de a administrao condicio-nar o uso da propriedade e o exerccio da liberdade do particular em benefcio do inte-resse pblico.

    A proporcionalidade consiste condicionante da validade que recai sobre o atribu-to da coercibilidade do poder de polcia. De modo que o seu exerccio seja eficaz, em certas situaes a administrao poder fazer uso da fora pblica para cumprir sano imposta ao administrado. Isto ocorre quando uma prtica acarreta risco iminente de dano sanidade ou incolumidade pblica, so legtimos o uso da fora fsica, a apreen-so, inutilizao e destruio de produtos (polcia sanitria) ou a demolio de obras ir-regulares (polcia urbanstica).

    Nesse contexto, o exerccio do poder ao mesmo tempo em que dever evitar a proteo deficiente ao interesse pblico, assegurando uma sano correspondente in-frao cometida, se limitar ao necessrio para o atingimento da finalidade legal em virtude da qual foi institudo (adequao). Ainda, no deve existir outro meio para que se alcanar o resultado pretendido (exigibilidade). Da mesma forma, vedada a sano que acarrete simples prejuzo ao particular sem que isto acarrete tutela de interesse

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    COLEO PREPARANDO PARA CONCURSOS

    jurdico, ou, to grave que impea a fruio ordinria da propriedade ou o exerccio de atividade lcita (proporcionalidade em sentido estrito). Os atos que excederem estes li-mites constituem abuso de poder e caracterizam ofensa ilcita ao patrimnio material e moral do administrado.

    QUESTO 5

    (DPE MT 2007) O que provimento derivado por reingresso? Defina quais moda-lidades o compreendem. Resposta objetivamente justificada.

    DIRECIONAMENTO DA RESPOSTA

    A questo trata de servidores pblicos e exige conhecimento acerca das formas de provimento de cargos pblicos. No se questiona acerca do provimento originrio, quando o servidor no mantinha vnculo anterior com a administrao pblica, mas das hipteses em que, ao contrrio, o servidor j era detentor de cargo.

    PROPOSTA DE RESPOSTA

    O provimento derivado consiste no retorno do servidor que possua vnculo fun-cional com a administrao pblica, e a espcie por reingresso se distingue pelo efeti-vo desligamento do servidor ou extino com carter definitivo do vnculo. Pode ocor-rer nas seguintes situaes:

    a) reverso: consiste o reingresso ao servio pblico do servidor aposentado, des-de que antes titular de cargo efetivo. Como regra citado o caso de aposentadoria por invalidez nas hipteses de no subsistir o seu motivo, ou seja, quando a avaliao peri-cial tenha sido equivocada ou o servidor tenha se restabelecido.

    b) aproveitamento: o reingresso do servidor estvel posto em disponibilidade, se possvel no cargo de origem ou, no o sendo, em cargo de atribuies equivalentes e remunerao compatvel com o cargo antes ocupado. No se deixa de notar que est presente, tambm, na hiptese do art. 41, 2, da CF/88, quando no for possvel a re-conduo do servidor que ocupava o cargo do aproveitado para o seu cargo anterior.

    c) reintegrao: o reingresso do servidor desligado em virtude de ato ilegal da administrao pblica; ocorre no mesmo cargo ou em similar, de atribuies e remune-rao equivalentes. Pode ocorrer atravs de deciso administrativa ou judicial.

    d) reconduo: o reingresso do servidor estvel ao cargo ocupado anteriormente, seja porque considerado inapto em estgio probatrio de cargo diverso, seja quando ocupava cargo de servidor aproveitado.

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    Direito ADministrAtivo

    QUESTO 6

    (1999 DPE-RJ prova: MPE-RJ) Quais os principais atributos do Poder de Polcia? Explique-os.

    DIRECIONAMENTO DA RESPOSTA

    Os principais poderes administrativos se distinguem pelos seus atributos e o po-der de polcia tem, dada a sua amplitude, comporta todos os poderes (discricionarieade, auto-executoridade e coercibilidade). A recorrente a arguio acerca dos atributos em todas as fases de concursos pblicos.

    PROPOSTA DE RESPOSTA

    O questionamento trata de uma classificao mais ortodoxa do poder de polcia, que pode ser extrada de Hely Lopes Meirelles, para que esta espcie tem atributos es-pecficos e peculiares ao seu exerccio, e tais so a discricionariedade, a auto-executorie-dade e a coercibilidade1

    Em um sentido amplo, a discricionariedade consiste na concesso ao administra-dor, pela lei, de escolher livremente acerca da convenincia, oportunidade e contedo do ato administrativo. Transposta para o poder de polcia, a discricionariedade consiste na faculdade de o administrador, diante do caso concreto, adotar a ao e sano que considerar mais adequada com o objetivo cessar atividade particular contrria lei ou ao interesse pblico. A discricionariedade do poder de polcia no se confunde com o arbtrio, pois a forma ou o limite de atuao consistem aqueles previstos na lei (discri-cionariedade regrada).

    A auto-executoriedade um atributo de todos os atos administrativos. Significa dizer que o ato dispensa a concorrncia da vontade do administrador para sua forma-o. No poder de polcia, torna possvel a atuao, mesmo atravs de sanes ao parti-cular, seja posta a efeito sem a necessidade de que administrao se socorra do Poder Judicirio. Todavia, se o sancionamento consistir na aplicao de multa, acaso no rea-lizado o pagamento espontneo pelo infrator, a cobrana dever ser realizada atravs de processo judicial. Isto no impede que eventual lesado utilize recurso interno ou questione atravs de ao a ilegalidade do ato administrativo.

    Por fim, a coercibilidade constitui atributo mais prprio do poder de polcia. a possibilidade de a administrao, diante da urgncia ou de ofensa acentuada ao inte-resse pblico e independente de autorizao judicial, utilizar a fora estritamente ne-cessria para fazer cessar o ato do particular.

    1. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro, 25 ed., So Paulo: Malheiros, 2000, p. 126.

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    COLEO PREPARANDO PARA CONCURSOS

    QUESTO 7

    (FCC/DPE/AC/Defensor/2012) Um professor da rede pblica estadual utilizou de artifcios ilegais para ficar afastado de seus deveres funcionais. Para tanto, solicitou di-retora da escola e coordenadora pedaggica, suas amigas pessoais, que assinassem o seu nome em lista de presena, como se estivesse presente em sala de aula, conseguindo permanecer nessa situao por aproximadamente sete anos. Em razo de denncia re-cebida, o Ministrio Pblico ajuizou ao de improbidade administrativa, incluindo, en-tre os pedidos, o de devoluo dos salrios indevidamente pagos por todo o perodo em que ocorreu a fraude. Em sua defesa, o professor alegou que a pretenso de ressarcimen-to ao errio deveria ficar restrita aos cinco anos anteriores propositura da ao, em ra-zo da prescrio prevista no art. 22, inciso I, da Lei n. 8.429/1992. Em face dessa situa-o hipottica, redija texto dissertativo, devidamente fundamento, em resposta seguinte indagao: a alegao de prescrio formulada pelo professor deve ser acolhida?

    DIRECIONAMENTO DA RESPOSTA

    A resposta depende de conhecimento doutrinrio e jurisprudencial. Desde a edi-o da Lei n. 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa) se tem debatido em proces-sos o termo inicial, as hipteses e a amplitude da prescrio, seja do ressarcimento, seja das demais sanes civis, administrativas e penais.

    PROPOSTA DE RESPOSTA

    De acordo com as alneas do art. 12 da Lei n. 8.429/92, a cominao de ressarci-mento integral do dano aplicvel em qualquer situao de improbidade administrati-va, sem prejuzo de sanes administrativas, civis e penais. Tratam-se, portanto, de res-ponsabilidades distintas. O art. 23, I, da Lei n. 8.429/92, estabelece que as aes destinadas a levar a efeito as cominaes previstas em lei prescrevem em cinco anos aps o trmi-no do exerccio de mandato, de cargo em comisso ou de funo de confiana.

    A defesa envolve o debate acerca da interpretao do art. 37, 5, da CF/88, que transfere lei estabelecer prazos de prescrio para ilcitos praticados por qualquer agente, servidor ou no, que causem prejuzos ao errio, ressalvadas as respectivas aes de ressarcimento. A este respeito existem duas correntes doutrinrias quanto imprescritibilidade das aes de reparao dos danos.

    Pela doutrina minoritria, a prescrio constituti instituto jurdico geral destina-do estabilizao e segurana das relaes jurdicas e, sendo a imprescritibilidade ex-cepcional, imprescindvel a existncia de norma expressa em texto constitucional para admiti-la, como ocorre, por exemplo, no caso de crimes de racismo ou na ao de grupos armados contra a ordem estatal (CF, art. 5, XLII e XLIV). Este entendimento foi

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    Direito ADministrAtivo

    admitido pelo Min. Marco Aurlio Mello, vencido, no julgamento do MS 26210 pelo Plenrio do Supremo Tribunal Federal, julgado em 04/09/2008.

    H leitura diversa do art. 37, 5, da CF/88, no sentido de que o texto visa evitar que a prescrio da responsabilidade (civil, penal e administrativa) por ilcitos pratica-dos em prejuzo ao errio seja confundida com a responsabilidade pelo ressarcimento, e, por esta razo, os prazos devem ser autnomos e desvinculados daquela, sem impe-dir, entretanto, que sejam os mesmos.

    A doutrina majoritria compreende que o dispositivo constitucional estabelece que a ao de ressarcimento de danos ao errio imprescritvel ao contrrio da respon-sabilizao na seara civil, penal e administrativa, estas submetidas aos prazos do art. 23 da Lei n. 8.429/92.

    O Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justia possuem, hoje, juris-prudncia consolidada no sentido de que as aes de ressarcimento na hiptese de im-probidade administrativa so imprescritveis. No obstante, deve se acompanhar o jul-gamento do RE 669069, Rel. Min. Teori Zavascki, pelo qual a matria foi afeta ao Plenrio em regime de repercusso geral, bem como o provimento do AI 819135, atravs do qual se deu provimento ao recurso especial trancado na origem para nova anlise da ques-to em virtude de franca divergncia existente na 1 Turma do Supremo Tribunal Federal a respeito do entendimento adotado at este momento.

    QUESTO 8

    (FCC/DPE/RS/Defensor/2011) Na fase interna da licitao so definidos os ter-mos do futuro contrato, de acordo com as necessidades do Poder Pblico. Diante disso, discorra, indicando os fundamentos da Lei n. 8.666/1993, sobre os requisitos obrigat-rios a serem satisfeitos previamente elaborao das minutas de edital e de contrato, para a contratao das obras, dos servios e das compras.

    DIRECIONAMENTO DA RESPOSTA

    A resposta depende de conhecimento do direito contratual no mbito da admi-nistrao pblica, com a abordagem das peculiaridades normativas da contratao das obras, dos servios e das compras.

    PROPOSTA DE RESPOSTA

    O art. 7 da Lei n. 8.666/93 estabelece os requisitos prvios para se instaurar o procedimento de licitao, definindo o interesse da administrao pblica e, por conse-quncia, moldar o edital e do contrato subsequente. Estes requisitos so diversos em

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    COLEO PREPARANDO PARA CONCURSOS

    virtude da complexidade do objeto, podendo ser divididos nos grupos de a) obras e ser-vios e b) compras.

    Quando se tratar de obras e servios, so imprescindveis: 1) projeto bsico, ou o conjunto de elementos com nvel de preciso adequado para caracterizar a obra ou ser-vio de acordo com o estudo preliminar, compreendendo a viso global da obra, solues tcnicas, identificao dos servios, informaes sobre mtodos construtivos e instala-es provisrias, plano de licitao e oramento detalhado dos custos estimados (arts. 6, IX, e 7, I, e 2, I); 2) oramento a partir dos custos programados a partir do projeto bsi-co e a serem saldados no respectivo exerccio (art. 7, 2, II); 3) previso oramentria para satisfao das obrigaes no exerccio em curso (art. 7, 2, III); 4) previso do pro-duto no Plano Plurianual previsto no art. 165 da Constituio Federal (art. 7, 2, IV).

    No caso de outras compras (aquisio remunerada de bens para fornecimento em uma ou mais oportunidades), so necessrios: 1) a adequada caracterizao do objeto, ve-dada a incluso de bens ou servios sem similaridade ou de marcas, caractersticas ou es-pecficas exclusivas, salvo justificativa tcnica, ou no caso de administrao contratada (arts. 7, 5, 14, e 15, I) e 2) indicao de recursos oramentrios para pagamento (art. 14).

    QUESTO 9

    (UECE-CEV/DPE/CE/Defensor/2002) Se a sentena penal absolutria concluir que o servidor pblico, demitido aps processo administrativo, praticou ato em estado de necessidade, qual a repercusso da deciso criminal na esfera administrativa? Resposta fundamentada e justificada.

    DIRECIONAMENTO DA RESPOSTA

    Deve ser analisada a responsabilidade do servidor pblico nas esferas adminis-trativa e penal, bem como os efeitos da sentena penal absolutria conforme o seu fundamento.

    PROPOSTA DE RESPOSTA

    A doutrina diverge a respeito da influncia na esfera administrativa pela senten-a penal absolutria em virtude de causa de excluso da ilicitude.

    Hely Lopes Meirelles, referindo entendimento do Plenrio do Supremo Tribunal Federal (RTJ 135/955), aponta que: A absolvio criminal s afastar o ato punitivo se fi-car provada, na ao penal, a existncia do fato ou que o acusado no foi o seu autor.2

    2. MEIRELLES, Hely Lopes. Obra citada, p. 451. Tambm CARVALHO FILHO, Jos dos Santos. Ma-

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    Direito ADministrAtivo

    Assim, somente nas hipteses do atual art. 386, I e IV, do Cdigo de Processo Penal, a sentena absolutria autorizaria a reviso do ato que demitiu o servidor. Cumpre salientar que neste sentido se orientava a jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal (MS 22719/DF) poca do questionamento.

    Esta posio, todavia, no imune a crticas. Em sentido contrrio h o magist-rio de Maria Sylvia Zanella di Pietro, para quem a absolvio fundada na inexistncia de crime permite ao servidor o retorno ao servio pblico3. Ainda, de acordo com Edmir Netto de Arajo, a responsabilidade disciplinar, enquanto espcie do gnero responsa-bilidade depende no apenas da existncia ou autoria do fato, mas da efetiva contra-riedade ao ordenamento jurdico4. A isto se pode somar a prescrio do art. 65 do Cdigo de Processo Penal onde, a despeito de estipular a repercusso apenas na esfera civil, es-tende a justificao da conduta no caso da excluso da ilicitude. Os regulamentos ad-ministrativos dos cargos pblicos em regra estabelecem causas de justificao da con-duta de modo que nem sempre apenas a conduta, observada isoladamente, autoriza imputar a responsabilidade e, por consequncia, sano, ao servidor.

    Acrescentam-se os casos de falta funcional que corresponde a determinado tipo penal, sem subsistir resduo. Se, a teor do art. 23 do Cdigo Penal, no h crime se a con-duta realizada em estado de necessidade, em legtima defesa, no estrito cumprimen-to do dever legal ou no exerccio regular de direito, no se pode cogitar que a conduta claramente orientada pelo direito seja considerada antijurdica.

    O Superior Tribunal de Justia, por outro lado, entende que a absolvio funda-mentada de excluso da ilicitude possui efeitos no mbito administrativo: () 2. A sen-tena penal absolutria que reconhece a ocorrncia de causa excludente de ilicitude (estado de necessidade) faz coisa julgada no mbito administrativo, sendo incabvel a manuteno de pena de demisso baseada exclusivamente em fato que se reconheceu, em deciso transitada em julgado, como lcito.(...) 5

    Deve ser atentado para os casos de infrao funcional residual, regidos pela Smula 18 do Supremo Tribunal Federal, quando, subsistindo falta que justifique a de-misso, a sentena criminal absolutria que excluir um dos fatos apurados na esfera ad-ministrativa no autoriza a reintegrao do servidor.

    nual de direito administrativo, 25 ed., So Paulo: Atlas, 2012, pp. 761/762.

    3. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. DireitoAdministrativo. 14 ed. So Paulo: Atlas, 2002, pp. 498/500.

    4. ARAJO, Edmir Netto de. Curso de direito administrativo. 4 ed. , So Paulo: Saraiva, 2009, pp. 975/976.

    5. STJ, REsp 1090425/AL, Rel. Ministra Maria Thereza de Assis Moura, 6 Turma, j. 01/09/2011.