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1 Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13 th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X NOS TRILHOS DA ESQUERDA, DO CENTRO OU DA DIREITA VOLVER! : UMA ANALISE DE TRÊS CANDIDATURAS AO LEGISLATIVO MUNICIPAL DE MULHERES DE TERREIRO NO RIO GRANDE DO SUL Ìyá Sandrali de Ọ̀ ṣun 1 Resumo: Os avanços das ações afirmativas referente às candidaturas de mulheres no poder legislativo são incontestáveis: fruto da luta e conquistas do movimento social na viajem em busca da equidade de gênero e raça em todos os espaços da sociedade brasileira. As mulheres negras de terreiro também têm feito essa viajem. Permitam-me utilizar da forma poética para definir a situação: o trem é o mesmo e embarcamos na mesma estação. A diferença está no lugar que nos tem sido reservado neste trem. Juntas limpamos a estrada e desentortamos os trilhos; juntas escolhemos o destino. Juntas escolhemos a estação e juntas colocamos o combustível; juntas aquecemos a máquina, lubrificamos as peças; juntas damos a partida. Mas ainda não sentamos nos lugares destinados à primeira classe, aliás, ainda não conseguimos romper com este modelo excludente. Estes lugares continuam sendo ocupados por uma minoria e pouca foi a mudança nas poltronas. A cidade coloriu-se com turbantes, saias, colares. Mas não se consegue mesclar, na mesma proporção, os espaços de poder, com ‘as cores’ e os saberes da s mulheres negras de terreiro. O poder negro/feminino e a visão das mulheres negras, diante da política, não têm corporeidade. Então, utilizando a visão senso perceptiva da tradição de matriz africana, pretendo analisar como o binômio racismo-machismo, no imaginário coletivo da política, resulta no impedimento para mulheres negras de terreiro. Palavras-chave: Racismo, Mulheres de Terreiro, Política, Feminismo Negro 1.Deslocando verdades: pelos caminhos e trilhos da tradição afro-brasileira Uma comunicação oral que se utiliza do senso-percepção da tradição de matriz africana, como ferramenta, para analisar três candidaturas de mulheres negras de terreiro, ao poder legislativo de duas cidades com alto índice de população auto declarada de matriz africana e afro- umbandista, no território sul-rio-grandense, permite-me iniciar saudando o Mensageiro da Comunicação - Bará, o Senhor do Corpo e dos Caminhos e recorrer ao princípio da oralidade como caminho inicial na encruzilhada de saberes, lugares e agenciamentos de verdades que compõe o 13º Mundos de Mulheres & Fazendo Gênero 11. De acordo com o lugar por onde me referencio, enquanto mulher negra, com saber iniciático na filosofia tradicional de matriz africana e afro-umbandista, Batuque do Rio Grande do Sul e no povo da tradição yorùbá, 2 quando Olódùmarè, O Ser supremo, Senhor da Existência e do Universo 1 Ìyá Sandrali de Ọ̀ ṣun é o nome de identidade social/religiosa de Sandrali de Campos Bueno. Ìyálòriá, Autoridade Civilizatória da Tradição de Matriz Africana, Psicóloga, Especialista em Criminologia. Ativista social. Servidora pública. Atualmente Secretária Executiva do Conselho do Povo de Terreiro do Estado do Rio Grande do Sul. Gestão 2014-2018. Porto Alegre, Brasil 2 Segundo S O. Biobaku, citado em VERGER (1981, p.11) “o termo ‘yorùbá’ aplica-se a um grupo linguístico de vários milhões de indivíduos” Ele acrescenta que, “além da linguagem comum, os yorùbá estão reunidos por uma mesma cultura e tradições de sua origem comum, na cidade de Ifé. [...]. Segundo o mesmo autor (ibidem, p.14), “o termo ioruba, efetivamente chegou ao conhecimento do mundo ocidental em 1826, através de um livro do Capitão Clapperton”.

NOS TRILHOS DA ESQUERDA, DO CENTRO OU DA DIREITA … · 1 Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2017,

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Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),

Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X

NOS TRILHOS DA ESQUERDA, DO CENTRO OU DA DIREITA – VOLVER! :

UMA ANALISE DE TRÊS CANDIDATURAS AO LEGISLATIVO MUNICIPAL DE

MULHERES DE TERREIRO NO RIO GRANDE DO SUL

Ìyá Sandrali de Ọ̀ṣun 1

Resumo: Os avanços das ações afirmativas referente às candidaturas de mulheres no poder legislativo são

incontestáveis: fruto da luta e conquistas do movimento social na viajem em busca da equidade de gênero e raça em

todos os espaços da sociedade brasileira. As mulheres negras de terreiro também têm feito essa viajem. Permitam-me

utilizar da forma poética para definir a situação: o trem é o mesmo e embarcamos na mesma estação. A diferença está

no lugar que nos tem sido reservado neste trem. Juntas limpamos a estrada e desentortamos os trilhos; juntas

escolhemos o destino. Juntas escolhemos a estação e juntas colocamos o combustível; juntas aquecemos a máquina,

lubrificamos as peças; juntas damos a partida. Mas ainda não sentamos nos lugares destinados à primeira classe, aliás,

ainda não conseguimos romper com este modelo excludente. Estes lugares continuam sendo ocupados por uma minoria

e pouca foi a mudança nas poltronas. A cidade coloriu-se com turbantes, saias, colares. Mas não se consegue mesclar,

na mesma proporção, os espaços de poder, com ‘as cores’ e os saberes das mulheres negras de terreiro. O poder

negro/feminino e a visão das mulheres negras, diante da política, não têm corporeidade. Então, utilizando a visão senso

perceptiva da tradição de matriz africana, pretendo analisar como o binômio racismo-machismo, no imaginário coletivo

da política, resulta no impedimento para mulheres negras de terreiro.

Palavras-chave: Racismo, Mulheres de Terreiro, Política, Feminismo Negro

1.Deslocando verdades: pelos caminhos e trilhos da tradição afro-brasileira

Uma comunicação oral que se utiliza do senso-percepção da tradição de matriz

africana, como ferramenta, para analisar três candidaturas de mulheres negras de terreiro, ao poder

legislativo de duas cidades com alto índice de população auto declarada de matriz africana e afro-

umbandista, no território sul-rio-grandense, permite-me iniciar saudando o Mensageiro da

Comunicação - Bará, o Senhor do Corpo e dos Caminhos e recorrer ao princípio da oralidade

como caminho inicial na encruzilhada de saberes, lugares e agenciamentos de verdades que compõe

o 13º Mundos de Mulheres & Fazendo Gênero 11.

De acordo com o lugar por onde me referencio, enquanto mulher negra, com saber iniciático

na filosofia tradicional de matriz africana e afro-umbandista, Batuque do Rio Grande do Sul e no

povo da tradição yorùbá,2 quando Olódùmarè, O Ser supremo, Senhor da Existência e do Universo

1 Ìyá Sandrali de Ọ̀ṣun é o nome de identidade social/religiosa de Sandrali de Campos Bueno. Ìyálòriṣá, Autoridade Civilizatória da Tradição de

Matriz Africana, Psicóloga, Especialista em Criminologia. Ativista social. Servidora pública. Atualmente Secretária Executiva do Conselho do Povo de Terreiro do Estado do Rio Grande do Sul. Gestão 2014-2018. Porto Alegre, Brasil 2 Segundo S O. Biobaku, citado em VERGER (1981, p.11) “o termo ‘yorùbá’ aplica-se a um grupo linguístico de vários milhões de indivíduos” Ele

acrescenta que, “além da linguagem comum, os yorùbá estão reunidos por uma mesma cultura e tradições de sua origem comum, na cidade de Ifé. [...]. Segundo o mesmo autor (ibidem, p.14), “o termo ioruba, efetivamente chegou ao conhecimento do mundo ocidental em 1826, através de um livro do Capitão Clapperton”.

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criou a Verdade, ele a fez como um grande espelho sagrado entre o òrun e o àiyé e confiou aos

cuidados de uma filha de Oxum. Todos os dias ela cuidava da Verdade com esmero de quem

reconhece a Beleza e o Sagrado que existe em si, na Outra Pessoa e em todos os seres vivos e não-

vivos. Um dia, por um descuido, destes que não são conscientes, mas que tem origem no desejo

intrínseco de novas possibilidades e descobertas, o espelho se quebrou e espatifou-se em milhares

de pedaços, tantos quantos são os seres existentes no Universo. Preocupada, compreendendo que

provocara uma mudança, - pois, uma vez, quebrado o espelho não teria como reconstituí-lo -,

dirigiu-se a Olódùmarè, temerosa. Olódùmarè, na sua Sabedoria Infinita de que o Acerto existe

porque o Erro o provoca, lhe disse: Agora a Verdade se dividiu em milhares de pedaços e espalhou-

se em todos os lugares e para todas as pessoas; isso fará com que cada pessoa diga: eis aqui a

verdade, eu a tenho.

Bàbá conta que seu Bàbá contava que sua Ìyá contava e eu me utilizo do direito sagrado da

palavra para dizer que a Verdade foi distribuída por Ọ̀ṣun, a Senhora da Fecundidade, por entender

que o Poder da Onipresença e da Onisciência faz parte da conjunção da Energia Feminina e da

Energia Masculina para que as pessoas possam nutrir-se da presença e do conhecimento de todos

para conquistarem o poder de ‘Si-Próprio’ e o Lugar da Verdade ser aquele que está relacionado

com o lugar da vivencia de cada um.

Diante disso, quero afirmar que, também, tenho meu pedaço de espelho e se, por algum

momento, parecer que esteja falando como sendo dona da verdade toda, que as minhas ancestrais

possam me mostrar que necessito da verdade de cada um e de cada uma, que comigo partilha esse

momento de troca de saberes, transformações, conexões e deslocamentos, em tempos de resistência,

para efetivar a construção de espaços de poder equânime na disputa de um projeto político que dê

conta da mudança do paradigma civilizatório, até então caracterizado por resquícios de

colonialismo e capturação de subjetividades.

Contudo, é preciso reafirmar que enquanto não houver paridade de gênero e equidade racial,

em todos os espaços e segmentos da sociedade, a luta das mulheres negras por direitos e por bem

viver ainda será vista como concessão e não como uma conquista.

Nota da autora: Em relação à grafia do termos, em iorubá, utilizados no texto que ora apresentamos nos referenciamos no APÊNDICE – KÍKỌ ATI NÍ

KÍKÀ ÈDÈ YORÙBÁ (ESCREVENDO E LENDO NO IDIOMA IORUBÁ) que consta na Dissertação de Mestrado em Teologia de Hendrix Alessandro

Anzorena Silveira (2014) . Também verificar: www.orelhadelivro.com.br/livros/661312/dicionario-yoruba-portugues/

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2.Conectando verdades: Povo de terreiro na viagem em busca da equidade de gênero e raça

A sociedade e o estado brasileiro têm uma dívida histórica secular, para com o Povo

de Terreiro, sobretudo com as mulheres negras que sustentaram e continuam sustentando, de forma

fascinante, as comunidades religiosas de matriz africana, em contraposição às ações e estratégias

que, por mais de quinhentos anos, estão circunscritas no ideário de aculturamento racista e machista

que, de forma perversa, destituiu e desconstruiu a ordem e a organização da cosmovisão de um

povo cuja dinâmica civilizatória transcende a lógica da subjetividade individual. Assim o é em todo

território brasileiro e não seria diferente no Rio Grande do Sul, estado cujo imaginário social

construiu uma representação de um lugar com características europeias, habitado por descendentes

italianos e alemães numa tentativa de supremacia em relação aos demais grupos étnicos que

compõem a formação da população desse estado.

A historiografia do Rio Grande do Sul é permeada por temas controversos em relação a

participação do negro que transcende à construção identitária do povo sul-rio-grandense. Entretanto,

a cada ressignificação da memória, na perspectiva do estudo da história da África e dos africanos e

da luta dos negros, na diáspora, fica evidente que a dinâmica civilizatória de matiz africana está

intrínseca na busca da identidade afro-brasileira e da afirmação do pertencimento construídas a

partir da recomposição de valores que tem como premissa ontológica a preservação da vida. Esse

processo recompõe e ressignifica a herança combativa de homens e de mulheres que foram

escravizados e serve de referencial às iniciativas pioneiras dos movimentos sociais negros,

incidindo na luta por políticas públicas em defesa dos direitos da população afrodescendente como

um todo.

No ano de 2011, Ano Internacional do Afrodescendente, dignitárias e dignitários dos

Povos de Terreiros da cidade de Porto Alegre e de municípios do Estado do Rio Grande do Sul

potencializam a Marcha Estadual pela Vida e Liberdade Religiosa no Rio Grande do Sul e

entregam uma carta ao governador Tarso Genro, como um ato simbólico de inauguração de um

novo patamar nas relações do movimento social com o governo, ressaltando a importância de um

diálogo produtivo e efetivo junto ao estado.

O Povo de Terreiro do Rio Grande do Sul tem dado mostras de sua capacidade

organizativa, bem como realizado avanços na construção de políticas públicas; a organização das

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mulheres de terreiro espelha esses avanços, assumindo responsabilidades e tarefas na manutenção

dos espaços conquistados, da mesma forma combativa com que suas ancestrais assumiam e

desafiavam a escravidão, muitas vezes pagando com a vida pela sua resistência e desafio.

O racismo e o machismo são estruturantes do sistema colonialista brasileiro que se perpetua

até os dias de hoje. O feminismo ocidental não contempla a realidade das mulheres negras

historicamente subalternizadas e o machismo as atinge, indistintamente. Poucos são os recursos

que tem se mostrado eficiente em se tratando de protagonismo político, social e econômico que

revertam na ocupação do espaço do poder legislativo, ou seja, no lugar de criar leis, lugar onde

poder-se-ia contribuir com a vitalidade da força da mulher negra de terreiro, em políticas de

combate ao binômio racismo/machismo, principal entrave no transcorrer dessa viagem. Tudo isto, e

muito mais, são fios tecidos pelas mulheres de terreiro com alteridade negra e feminina, sobretudo

tendo como força condutora o arcabouço civilizatório presente na memória ancestral e na sabedoria

matricentrada, das mulheres que vieram antes e lutaram pela conquista da cidadania, como refere

Helena Theodoro,

Ser cidadã negra brasileira é sair da retaguarda para a vanguarda, com todo o potencial

herdado da comunidade negra, com toda a espiritualidade e arte de nossas ancestrais –

borboletas coloridas, presas em mel estragado, se arrastando pelo mundo, mas plenas de

sonhos e visões. (THEODORO, 1995, p.57).

3.Município: Um deslocamento possível na interação de forças criativas

O Município, enquanto espaço entendido como lugar onde as atividades humanas

são exercidas numa troca direta no âmbito das relações cotidianas que se conectam com as

experiencias e o viver das pessoas, de forma concreta, mediadas por possibilidades e interações que

mobilizam forças criativas, potencialmente condutoras de respostas aos esquemas de negociação e

de desenvolvimento de oportunidades e garantias de solidariedade, obtenção de saúde, paz e

prosperidade, é, invariavelmente, o espaço onde se expressa a vinculação à arte de aproximação da

célula primeira que gera a vida ao pleno desenvolvimento das condições de promover a existência

digna desse viver, ou seja, é o lugar onde as pessoas nascem, crescem e deveriam ter as mesmas

condições de se desenvolverem integralmente e optarem, ou não, a entrarem em contato com outros

lugares para poderem ampliar sua compreensão das transformações, conexões e deslocamentos dos

mundos singulares e das diferenças que consagram o sagrado direito de ser.

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Dito isto, na visão senso perceptiva da matriz africana, diante das conquistas das mulheres,

da força ativa do movimento de mulheres negras e dos avanços nas políticas públicas, não haveria

qualquer barreira, institucional - ou não - que impedissem as mulheres negras de terreiro, de

embarcar nesta viagem ao encontro de uma atuação como parlamentar que represente sua história e

trajetória, numa concepção matricentrada, a partir do poder de agir em nome de uma coletividade,

cuja religiosidade se anuncia como visão de mundo, como concepção que permeia a existência. No

entanto, é justamente neste momento que o binômio racismo-machismo se expressa na sua forma

mais violenta e cruel, apontando-lhes estereótipos que afetam suas possibilidades, desejos e

motivações para ocupar posições políticas que lhes facilitassem o enfrentamento do mundo branco e

patriarcal.

4.Da escolha dos municípios: constatando verdades na possibilidade de embarque

O deslocamento do lugar de autoridade civilizatória da tradição de matriz africana3

para colocar-me no lugar de pesquisadora afirma um método de interdependência entre razão e

emoção, entre sentir, perceber, pensar e agir que caracteriza uma concepção de mundo diferenciada

da filosofia judaica cristã e da concepção ocidental de análise da realidade, ou seja, como refere

Jose Carlos dos Anjos (2008), na concepção filosófica afro-brasileira, a noção de pessoa se

contrapõe à noção usual de sujeito político que emana da modernidade política ocidental, pois a

concepção de pessoa, na matriz africana, está estritamente vinculada ao modo de enxergar o

universo, as individualidades, as relações com os outros e com a natureza numa dimensão sagrada.

E é com essa interdependência que pretendo permear o estudo e análise dos dados por mim

pesquisados.

Segundo dados do Instituto Brasileiro e Geografia e Estatística – IBGE, Censo 2010, o Rio

Grande do Sul é o estado brasileiro que mais autodeclara o pertencimento às religiosidades de

tradição da matriz africana e afro brasileira. Os dados indicam que 315.198 domicílios, mais de 65

mil terreiros espalhados pelo território gaúcho, configuram um cenário diferenciado enquanto

territorialidade das comunidades tradicionais de matriz africana e afro umbandistas se comparado

3 Termo cunhado por Jayro Pereira de Jesus (Egbon Ògiyán Kalafó Olorode) afroteólogo,) para identificar as pessoas vivenciadores da tradição de

matriz africana, reconhecidas pela comunidade no exercício do sacerdócio de matriz africana. (www.escavador.com/sobre/8383879/jayro-pereira-de-jesus

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com os demais estados brasileiros, podendo suscitar outros estudos, inventários e formulações sobre

as relações inter-religiosas no solo sul-rio-grandense.

Porto Alegre apresenta a maior concentração de domicílios, ocupando o primeiro lugar com

94.571 de domicílios com auto declaração de pertencimento e Pelotas apresenta um escore de

22.178 ficando na quarta posição entre os municípios que apresentam domicílios com auto

declaração de pertencimento à tradição de matriz africana e seus desdobramentos de declarações de

religiosidades afro-brasileiras.

Além do índice de domicílios autodeclarados de tradição de matriz africana e seus

desdobramentos, como Batuque, Umbanda e outras denominações de religiosidades afro brasileiras,

a escolha de Porto Alegre e Pelotas como espaços a serem sentidos, percebidos e pensados,

enquanto lugar de possibilidades eleitorais para mulheres negras de terreiro, também há que se

considerar o índice de população de pessoas negras e pardas. Entre as dez maiores cidades do Rio

Grande do Sul, Porto Alegre é a que possui a maior população de negros e pardos: 225.354 pessoas.

No interior do estado, Pelotas é o município que apresenta a maior população de negros: 51.567

pessoas. A população total destas cidades é de 1.360.590 e 323.158, respectivamente, ou seja,

tratando-se de percentuais, Porto Alegre apresenta um percentual de negros e pardos de 16,5% da

população total e Pelotas um percentual 15,9% da população total.

5.As candidaturas: limpando estrada, desentortando trilhos, já temos o combustível.

.

O cenário político, como um todo, é um terreno bastante hostil para as mulheres.

Infelizmente, as mulheres ainda são criadas visando o espaço privado, o cuidado com o lar, com a

família e as atividades domésticas. A política, como coisa pública que é, ainda continua sendo um

espaço em que as mulheres são colocadas em segundo plano. Embora o acesso das mulheres aos

partidos políticos tenha aumentado significativamente, oriundo de muitas lutas das próprias

mulheres, o poder continua concentrado nas mãos e nas vozes dos homens.

O senso comum nos fez acreditar que religião e política não se misturam nem se discute e não

era ‘coisa para mulheres’. Por muito tempo nossas mais velhas se mantiveram no lugar de

acolhedoras, em seus terreiros, aos políticos, - homens brancos - que, em troca de pequenas

concessões e promessas de melhorias no espaço do terreiro, usufruíram da confiança e do

envolvimento das Mães/Ìyás, em suas candidaturas, apropriando-se do carisma, da liderança e do

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respeito que mães (e pais) de santo exerciam (e exercem) perante suas comunidades e no entorno,

sobretudo pela relação que o terreiro estabelece com a comunidade, ou seja, preservação de

princípios civilizatórios amalgamados num processo de reconhecimento do Outro enquanto Força-

Ser a serviço da coletividade.

Partindo da noção de pessoa em conexão com a história, cultura e religiosidade afro-brasileira,

atribuí uma dijina4 a cada uma das candidaturas: Yemowo, Maré e Alupande - e tratei o espaço do

pleito eleitoral como um patrimônio imaterialmente sagrado já que, conforme refere a concepção

que norteia o pensamento filosófico negro-africano o nome individualiza, situando-o no grupo,

mostrando sua origem, sua atividade e sua realidade como pertencente a uma comunidade com a

qual estabelece um compromisso que dá sentido à vida em coletividade e isso é sagrado, pois todas

as atividades humanas tem um caráter sagrado, principalmente aquelas que emanam do

compartilhamento do poder de realização.

Para formatação do perfil da candidatura fiz a coleta de informações no portal do Supremo

Tribunal Eleitoral e nos sites disponíveis referentes às eleições 2016.

CANDIDATURA YEMOWO5 : Reginete Souza Bispo, Òmóriṣá (filha-de-santo), negra,

socióloga com especialização em Direitos Humanos pela Universidade Federal do Rio Grande do

Sul -UFRGS. Atua desde o início da década de 80 em movimentos sociais, em direitos humanos,

contra o racismo, atuando junto as comunidades quilombolas, especialmente na luta pela

regularização fundiária do Quilombo dos Alpes, um dos poucos quilombos que vivencia a tradição

de matriz africana enquanto religiosidade; defensora da laicidade do estado, integra o movimento de

luta contra a intolerância religiosa e pelo direito à liberdade de culto. Trabalhou na Comissão de

Direitos Humanos e Minorias, atuou como assessora especial no Conselho de Desenvolvimento

Econômico e Social do Estado do Rio Grande do Sul – CEDES; diretora da organização de

mulheres negras Akanni - Instituto de Pesquisa e Assessoria em Direitos Humanos, Gênero, Raça e

Etnias6. Atua junto as comunidades de imigrantes e refugiados, sobretudo os senegaleses e

caribenhos. Dirigente partidária, fazendo parte da executiva do partido e já concorreu em três

4 Nos candomblés e na umbanda , os candomblés bantos nome iniciático pelo qual o filho ou filha de santo será conhecido(a) depois da feitura. Do

quimbundo dijina,”nome”(LOPES, 2011, p.244) 5 Nome recebido quando de sua iniciação na tradição de matriz africana, no Ìlé Àṣe Omi Olodo, cujo significado é: aquela cujo poder foi aceito pelos orixás femininos. Atualmente pertence à comunidade onde militou, nos inícios dos anos 1990, no processo de resistência à remoção da Vila Mirim liderada pela mãe de santo Dorseliria Maria da Silva, Mãe Dorsa de Oxalá (falecida em 2016). Para maior conhecimento desta luta pela territorialidade, Ver: DOS ANJOS. Jose Carlos Gomes. No território da Linha Cruzada: a cosmopolitica afro-brasileira. Porto Alegre: Editora da UFRGS/Fundação Cultural Palmares, 2006. 6. AKANNI significa nosso encontro tem poder. https://www.facebook.com/akanni.ong/#. Acesso em: jun.2017

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eleições ao legislativo, incluído nível estadual. Casada, tem uma filha e um filho, adolescentes,

cursando ensino médio e universitário respectivamente. Mora em Porto Alegre, no bairro Partenon,

na periferia da cidade, com uma concentração significativa de população negra onde se constata

uma série de situações que requerem intervenções do estado no que se refere às políticas públicas.

O bairro também é reduto de várias casas de religião que se caracterizam pela permanência

territorial de várias décadas. Candidatura pelo Partido dos Trabalhadores – PT. Coligação

PT/PCdoB. Plataforma eleitoral: Vamos construir um mandato para: Combater o racismo,

machismo, homofobia, transfobia, e a intolerância religiosa. Criar políticas de proteção,

acolhimento e adaptação a imigrantes e refugiados. Atuar na regularização fundiária e

preservação dos territórios tradicionais. Construir estratégias solidárias no enfrentamento a

violência e ao racismo institucional, responsável pelo genocídio da população negra. Fortalecer

políticas de reconhecimento e valorização cultural das etnias.7

Nome na urna: Reginete Bispo Votos: 1199 Resultado da votação: suplente

CANDIDATURA MARÉ8: Nilza Terezinha Marques Valinodo, Ìyá Nilza de Yemanjá,

Ìyálóriṣá (mãe-de-santo), setenta e um anos de idade, negra, nível de instrução de ensino médio,

líder comunitária, com pertencimento nas comunidades carnavalescas, dirigindo uma organização

de ‘baianas independentes’ que desfilam nas escolas de samba de Porto Alegre e em outros

municípios; divorciada, mãe e avó, abriga em sua casa, filhas e netos, além de algumas filhas-de-

santo, sempre que isso se faz necessário; tem vínculos, de longa data, com lideranças afro-religiosas

e relações políticas atuando como apoiadora de candidaturas. Integra a Rede Nacional de Religiões

Afro-brasileiras e Saúde/NúcleoRS. Participou no documentário Cuidar nos Terreiros. Fez parte da

Comissão Impulsora de criação do Conselho do Povo de Terreiro e é conselheira, representante do

município de Porto Alegre, no Conselho do Povo de Terreiro do Estado do Rio Grande do Sul.

Mora em Porto Alegre, no bairro Bom Jesus, bairro periférico da cidade com grande número de

moradores negros e ‘casas de religião’ com longo histórico de territorialidade no local, sendo

considerado no imaginário social um bairro de batuqueiros. Candidatura pelo Partido Verde – PV.

Plataforma eleitoral: Mãe Nilza de Yemanjá, a força de uma guerreira. A Oportunidade de

Mudança. Propostas: legalização das casas de religião africana e luta pelos direitos do povo de

axé. Inclusão social e capacitação para os moradores de periferias da nossa cidade. Elaboração de

7 Fonte: https://www.facebook.com/groups/amigaseamigosdareginete/photos. Acesso em: jun.2017

8 Aqui uma alusão ao ‘seu Maré’, entidade de Linha Cruzada de Mãe Nilzinha que completou 58 anos de manifestação

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projetos de oficinas do segmento do carnaval, como forma de incentivar a geração de emprego e

renda e fomentar a cadeia produtiva do setor. Assistência e monitoramento a criança e ao

adolescente.9

Nome na urna: Nilza de Iemanjá Votos: 219 Resultado da votação: não eleita

CANDIDATURA ALUPANDÉ10: Patrícia Peres Pontes, negra, casada, professora de

ensino fundamental, cursando faculdade de Educação, microempreendedora, quarenta e três anos de

idade. Iniciada no Batuque por um babalorixá influente na cidade de Porto Alegre, Pai Juarez do

Bará. Tem importante pertencimento na linha cruzada (quimbanda), cujo crescimento é notório no

Rio Grande do Sul e países do Sul do continente, especialmente, Uruguai e Argentina. Faz parte da

associação AFROCONESUL. Promove eventos festivos de caráter religioso, como por exemplo, o

Encontro de Exubandeiros: Personalité. Apresenta um programa de caráter religioso e sócio

cultural, A Voz da Cidade, na TV Cidade Pelotas canal 20 da Blue. Mora em Pelotas, no bairro

Cruzeiro do Sul, periferia da cidade com população negra significativa e um número, considerado

relevante, de centros de religião afro brasileira. Candidata pelo Partido Democratas - DEM,

coligação DEM-PTC-PHS. Plataforma eleitoral11: Não encontrada plataforma, nem propostas.

Nome na urna: Patrícia Pontes. Votos: 124. Resultado da votação: Suplente.

6. Deslocando verdades: O preço moral de uma candidatura de mulher negra de terreiro

Ser mulher e atuar no campo da política é um desafio gigantesco. Ser mulher, negra, de

esquerda, de centro ou de direita atuando na política é um desafio ainda maior, sobretudo quando

vivencia as tradições de matriz africana. Esses desafios se explicitam quando se constata que o

deputado federal mais votado, no estado do Rio Grande do Sul, representa os setores mais

reacionários do estrato social gaúcho e além disso, os próprios partidos políticos silenciam as suas

figuras públicas femininas, negras e de matriz africana e afro-umbandista. Os números de votos

destinados aos homens, com discursos altamente reacionários, exigem que tenhamos uma mudança

de postura dentro dos movimentos sociais e dos partidos políticos, sobretudo dos partidos

declarados como de esquerda. Contudo, os partidos políticos, tanto de centro quanto de esquerda,

também apresentam idiossincrasias em seu fazer que reverberam práticas configuradas na

9 9Fonte: https://www.facebook.com/yalonilzadeyemanja. Acesso em: jun.2017

10Aqui fazendo referência à saudação às entidades de linha cruzada (exus) no Rio Grande do Sul. 11 Fonte: eleicoesepolitica.com/vereador2016/vereador/RS/.../25777. Acesso em: jun.2017

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arbitrariedade cultural que funda a sociedade brasileira sustentada pelo binômio racismo-machismo

E é neste cruzamento que observa-se uma necessidade de dar-se um giro, uma vira-volta para que se

reflita sobre a forma que, muitas vezes, são colocados projetos personalistas acima da construção

política, do coletivo e das possibilidades concretas de avanço e consolidação daqueles e daquelas

que vocalizam as pautas e os anseios da população afro descendente, sobretudo das mulheres negras

de terreiro cuja fala não deve ser percebida apenas como meio de expressão e comunicação, pois na

filosofia de tradição africana, falar é agir.

7. Considerando verdades: o que nos impede de ocuparmos o lugar no trem do poder legislar

O resultado das eleições de 2016, cujo convite ao embarque no trem da livre escolha

apontava para #SEUVOTOSUAVOZ12 numa livre associação do poder da fala representativa e na

força da imagem como veículo de propagação de valores, considerando a ética civilizatória do bem

comum, causa estranhamento a quem acredita na radicalidade da democracia. Porém, entendo que

apenas confirma o fortalecimento de práticas de xenofobia, sexismo e racismo articuladas nos

bastidores do poder e submetidos ao senso comum de uma sociedade historicamente construída sob

a égide vampiresca da culpa e da falta.

Durante o último processo eleitoral, vivenciei, enquanto coordenadora da campanha

de uma das candidaturas, a grande necessidade de construir, cada vez mais, mecanismos e

estratégias, a partir dos pressupostos civilizatórios de matriz africana, de fortalecimento das figuras

públicas femininas e negras que se propõe a serem porta-vozes de ‘Si-mesma’ e de sua comunidade.

Contudo essa construção é árdua, pois lida-se com as adversidades e os impactos causados pelo

legado da supremacia branca e machista que produziu uma vampirização faminta em constante

busca de vida saudável para sua sobrevivência, através do sangue e do suor do povo brasileiro.

Considerações finais neste deslocamento que inauguro no Fazendo Gênero

A feminilidade negra, não é um conceito que individualiza, não é algo subjetivo. É

algo singular- uma singularidade que se expressa a partir do coletivo que ajuda a manter a saúde

mental. A feminilidade negra, ‘orimentalmente matricentrada’ é a Força Vital que não se

categoriza: se experimenta. A prova de que ela existe é porque eu a sinto como algo que me

assemelha à força da outra mulher que está fora de mim e em toda parte da Natureza.

12 http://www.tse.jus.br/imagens/imagens/logo-eleicoes-2016/@@images/9b24cf2f-5260-4e42-bbd1-be5f0a4cbb4d.jpeg. Acesso em: jun.2017.

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Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),

Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X

Acredito que muito há para ser estudado e aprofundado diante dos acontecimentos

que envolveram as eleições de 2016. Não existem fórmulas prontas do ponto de vista do

conhecimento, de técnicas e metodologias conceituadas nos espaços acadêmicos. E concluo essa

breve viagem dizendo: antes de existir a Palavra, existia o conhecimento e sua ação; que antes de

existir a Escrita, podíamos compreender o que conhecíamos e compartilhar; que antes de existirem

as Escolas, existiram e resistem os Terreiros, as Comunidades Tradicionais, as Rodas de Conversa,

a Transmissão Oral, a Transmissão Mãe a filho-filha, Pai a filha-filho; que antes, inclusive da

Palavra e da transmissão oral ou escrita, existe o Exemplo, a Imitação e a imitação que é construtiva

e criativa, que expande o campo da percepção, das sensações e das competências humanas; que

antes de existirem as escolas, nos Terreiros, nas Comunidades Tradicionais há a aprendizagem, há

transmissão dos conhecimentos, há um fio condutor que desloca todos os saberes conectando-os

entre si , não por empatia, mas sim por vivência compartilhada.

Title: On the rails of left, center or right - Back!: analysis of three candidacies to municipal

legislature by black terreiro women in Rio Grande do Sul.

Abstract: The advancements of affirmative actions regarding candidacies of women to

legislative power are uncountable: result from the struggle and achievements of social movements

that search for gender and race equity in every space of Brazilian society. The black terreiro women

are also in this search. Allow me to use some poetry to define the situation: the train is the same and

we board at the same station. The difference is in the seats that have been booked for us in this train.

It is together that we clean the road and fix the rails; together we choose our destination. Together

we choose the station and together we fuel; together we warm the machine up; together we grease

the parts; together we start the engine. But still we do not take the seats that are reserved for the first

class, moreover, we still cannot breakaway from such excluding model. These seats are still taken

by a minority and changes regarding them were minimum. The city became colorful with Afro

turbans, skirts, necklaces. But we are not able to repeat such mixture, in the same proportion, of the

spaces of power and the "colors" and knowledge of black terreiro women. The black/female power

and the views on black women do not have corporeity, facing politics. So, through a sense-

perceptive view from African matrix traditions, I intend to analyse how the binomial racism-sexism,

in the collective politics imaginary, results into a hindrance for black terreiro women.

Keywords: Racism, Sexism, Black Feminism, Politics, Terreiro Women

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Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),

Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X

Referências

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Informativo: Da Marcha pela Vida e Liberdade Religiosa -2011 ao Conselho do Povo de Terreiro

do Estado do Rio Grande do Sul - 2014. CPTERGS/SE/GG. Porto Alegre, dez. 2014. Disponível no

site:http://www.rs.gov.br/conteudo/208964/povo-de-terreiro-entrega-relatorio-de-atividades-ao-

governador-tarso-genro. Acesso em: jun.2017.

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<http://www.tse.jus.br/eleicoes/eleicoes-2016/eleicoes-2016> . Acesso em: jun.2017.