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Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
GÊNERO E VIOLÊNCIA NAS PRODUÇÕES ACADÊMICAS EM RONDÔNIA
Gicele Sucupira1
Resumo: Este trabalho apresenta uma análise das produções acadêmicas que abordam a questão de
gênero e/ou mulheres e violências nas instituições de ensino superior em Rondônia. Para o
levantamento, foram feitas consultas às bibliotecas e aos sistemas de registro online das
universidades, além de rápidas conversas com as pesquisadoras identificadas, na ocasião dos 16
dias de ativismo. É importante salientar que o território de Rondônia foi elevado a estado em 1981,
ano da criação da sua primeira universidade pública. As produções sobre gênero, mulheres e
violência, que se tem registro, datam de 1999 e foram orientadas pela da professora Arneide Cemin,
pesquisadora pioneira sobre o tema no estado. A partir de 2003, quando foi instituída a primeira
pós-graduação stricto sensu, e após 2006, ano da promulgação da Lei Maria da Penha, as pesquisas
se intensificaram. As produções, nesse sentido, se concentram nas áreas das pós-graduações
ofertadas como geografia, psicologia e desenvolvimento regional, além de serviço social, direito,
pedagogia e enfermagem. As principais pesquisadoras são mulheres que atuam nas áreas de
antropologia, psicologia, geografia e enfermagem. As produções identificadas se debruçam sobre:
indígenas, gestantes, campesinas, conjugalidade, políticas públicas, redes de enfrentamento,
abrigos, espacialização, amor, estupro, legislação, o papel da (o) assistente social, práticas afro-
religiosas, redes sociais, agressores e perfil epidemiológico.
Palavras-chave: Gênero. Violência. Rondônia.
A discussão apresentada neste trabalho iniciou com uma breve pesquisa sobre as produções
sobre gênero, mulheres e violência no estado de Rondônia, em resposta à solicitação da professora
Flávia Mello (UFAM). No entanto, diante de episódios inesperados na universidade - o caso Samuel
Millet2 - a pesquisa se intensificou e ainda segue novos rumos. Foram identificadas dissertações,
monografias de final de curso de graduação, especialização, projetos de iniciação científica e
pesquisas, além de alguns artigos em diferentes áreas de conhecimento.
Para identificação das produções e das pesquisadoras(es), foram feitas consultas às
bibliotecas, aos sistema de repositórios online das universidades presentes no estado, à plataforma
lattes, às páginas dos cursos de graduação e pós-graduação, além de conversas informais com as
pesquisadoras localizadas, principalmente, durante as atividades do projeto 'Diálogos sobre Gênero,
Diversidade e Violência', por ocasião dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher.
1 Professora da Universidade Federal de Rondônia, Brasil.
2 No dia 20 de outubro de 2016, em aula ministrada ao Curso de Direito, o professor Samuel Milet expressou seu
desacordo quanto à palestra “Por que precisamos falar de gênero no Direito?”, ministrada pela professora, pesquisadora
e advogada Sinara Gumieri, durante a Semana Acadêmica do referido curso por meio de algumas frases como:
- “Aquela vagabunda, entendeu? Defensora de aborto, de gênero. Vagabunda. Mande pra ela me processar, que eu
provo que ela é”
- “ Assim como eu não vou permitir nunca que um homo, um trans, um gay entre no banheiro em que minha esposa
esteja lá porque eu quebro ele todinho de porrada”
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Para situar as produções, é preciso saber que o território de Rondônia foi elevado a estado no
ano de 1981 e em seguida, em 1982, foi criada a primeira e única universidade pública do estado, a
Fundação Universidade Federal de Rondônia.
Após o ano 2000 foi instituída a primeira pós-graduação stricto sensu na universidade, na
área de Biologia Experimental e, nos anos seguintes, surgiram outras na área de ciências humanas e
sociais. De acordo com a plataforma Sucupira, atualmente há 10 mestrados, 3 doutorados e 4
mestrados profissionais em Rondônia.
Este trabalho teve como inspiração a publicação sobre Gênero e Violências nas pesquisas
acadêmicas brasileiras nos anos de 1975 a 2005, de Miriam Grossi, Luzinete Simões e Juliana
Cavilha (2006). No livro, que trata dos resultados de um projeto de pesquisa, as autoras
identificaram que o norte do Brasil havia produzido apenas 3,6% das pesquisas, região com a menor
número de pesquisas. Instituições de Rondônia não apareceram no levantamento.
Parte da pesquisa aqui apresentada, portanto, tenta responder essa lacuna e tratar da situação
das produções sobre violência, mulher e/ou gênero em Rondônia. É importante frisar que o estado
liderava a taxa de homicídios de mulheres desde 2005 (Brasil,2006), continuou na liderança em
2013 ((Waiselfisz,2017) e segundo o atlas da violência (Ipea, 2017), é o quarto estado com maior
número de violência contra mulheres negras.
As pesquisadoras
Arneide Bandeira Cemim
As produções sobre gênero, mulheres e violência, que se tem registro, datam de 1999 e
foram orientadas pela da professora Arneide Cemin, pesquisadora pioneira sobre o tema no estado.
Graduada em História pela Universidade Federal de Rondônia(1986), com mestrado em Sociologia
pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul(1992) e doutorado em Ciência Social
(Antropologia Social) pela Universidade de São Paulo (1998), Arneide Cemin é professora do
Curso de Ciências Sociais e do programa de pós-graduação em Desenvolvimento Regional. Suas
pesquisas se debruçam sobre "Gênero, Família, Violência e Imaginário Social" (Cemin, 2017, s.p.).
Na iniciação científica, de 1999 a 2006, orientou mais de 13 estudantes de diferentes cursos
(medicina, psicologia e ciências sociais), cujas pesquisas versaram sobre violência e gênero na
imprensa e nas redes sociais (NIENOW, 2005), gênero e homicídio (SOUZA, 2004) violência
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sexual entre os Wari, gênero e violência em contexto urbano, violência doméstica e abrigos
institucionais, família e violência. Na pós-graduação orientou pesquisas sobre as formas de
violência e o perfil dos envolvidos em violência doméstica contra a mulher praticada por cônjuges
em Porto Velho (AMORIM, 2013), a aplicação da Lei Maria da Penha em Porto Velho (ONOFRE,
2009), o homicídio conjugal em Porto Velho (SOUZA, 2009) e a rede de enfrentamento à violência
contra a mulher (NASCIMENTO, 2009).
Desde 2007, a professora desenvolve projetos de pesquisa sobre violência contra mulheres,
com ênfase nas mulheres indígenas de Rondônia. No ano de 2009 a 2011, desenvolveu o projeto
'Um estudo das violências que afetam as mulheres indígenas: tipos, contextos e estratégias de
proteção dentro do respeito à pauta do direito à diferença' que visava realizar um:
levantamento dos diversos tipos de violência que vitimizam as mulheres indígenas, suas
condições de ocorrência, os contextos que os propiciam e as possíveis formas de contenção
tanto a partir dos instrumentos jurídicos existentes e da proteção estatal neles prevista,
como também mediante a ativação ou reativação de recursos existentes no direito próprio
dos povos e as associações de mulheres dentro das comunidades. (CEMIN,2016, s.p.)
Já em 2012, incluiu outros conceitos como bioética e interculturalidade para análise em seu
projeto 'Violências que afetam as mulheres indígenas: pluralismo e bioética intercultural crítica ' e
seu foco passou a ser os habitantes das aldeias Ricardo Franco (várias etnias) e Rio Negro Ocaia
(etnia Wari) no Vale do Guaporé. Em 2013, passou a enfatizar a Lei Maria da Penha, por meio da
pesquisa 'Violência contra a mulher indígena e a Lei Maria da Penha, na perspectiva de uma
Bioética Intercultural Crítica e Feminista. Este projeto dava continuidade ao seu projeto de 2009,
que visava um levantamento das formas de violências contra as mulheres indígenas, como também
trazia novos anseios de identificar as representações e os conflitos morais interculturais suscitados
pela Lei Maria da Penha, segundo a ótica dos agentes indígenas e não indígenas, além de "dar início
a construção de uma reflexão teórica que caminhe na perspectiva de uma Bioética Intercultural
Crítica Feminista".
Além dessas pesquisas, a professora atuou como integrante do projeto sobre 'O alcoolismo, a
violência de gênero, os transtornos mentais, o suicídio e o homicídio no DSEI Porto Velho' iniciada
em 2007, sob a coordenação do professor Ari Miguel Ott, com financiamento do Ministério da
Saúde e cujo objetivo era analisar o impacto da violência de gênero e suas implicações para o
desenvolvimento sustentável. A pesquisa foi caracterizada como quantitativo/longitudinal e
qualitativo/transversal entre duas etnias distintas (Wari e Gavião), realizada em dados armazenados
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em instituições governamentais, por meio de pesquisa de campo com aplicação de entrevistas em
profundidade e discussão do tema em grupos focais. Ari Ott tem com formação em medicina,
antropologia e ciências humanas e é atualmente, o reitor da Universidade Federal de Rondônia. O
professor é um dos 2 homens identificados como pesquisadores sobre o tema violência, mulher e/ou
gênero, no entanto, além desta pesquisa, não foram encontradas outras informações no google e em
seu currículo lattes sobre o tema.
Maria Ivonete Tamboril
Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Rondônia(1996), mestra em
Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo (2000) e
doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São
Paulo(2005). Atua como professora do Departamento de Psicologia e ao Programa de Pós-
Graduação em Psicologia e está vinculada ao Grupo Amazônico de Estudos e Pesquisas em
Psicologia e Educação (GAEPPE), na linha de pesquisa 'A condição feminina na Amazônia'.
Em 2011 orientou uma dissertação de mestrado em psicologia sobre amor e dor na violência
conjugal (Teixeira, 2011). Dois anos depois, a professora desenvolveu o projeto de pesquisa
'Violência contra as mulheres em porto velho-ro e as políticas públicas de enfrentamento', cujo
objetivo era investigar violência doméstica e familiar contra as mulheres em Porto Velho após a
promulgação a Lei Maria da Penha e analisar as políticas públicas de enfrentamento de instituições
governamentais por meio de pesquisa documental e entrevistas. Durante o projeto, orientou 4
estudantes de graduação que trataram dos seguintes temas: políticas públicas de enfrentamento a
violência doméstica e familiar contra as mulheres, do serviço de atendimento psicológico e as
mulheres vítimas de violência, caracterização do perfil socioeconômico dos atores envolvidos na
violência doméstica e familiar contra as mulheres, estudo de inquéritos no Ministério Público de
Rondônia. Na mesa de diálogos sobre Violências contra as mulheres em Porto Velho: um olhar da
psicologia a Profª Drª Ivonete Tamboril apresentou alguns dados da sua pesquisa sobre o número
de ocorrências, inquéritos instaurados e medidas protetivas e funcionários da delegacia da
mulher.Durante a pesquisa, Ivonete orientou Maria Liliane dos Santos(2013) que se debruçou sobre
relatos de mulheres sobre a violência doméstica
Maria das Graças Silva Nascimento Silva
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Graduada em Geografia pelas Universidade Federal de Rondônia (1988), mestra em
Geografia (Geografia Humana) pela Universidade de São Paulo (1996) e doutora em Ciências Sócio
Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, Universidade Federal do Pará (2004), é professora do
Programa de Pós-Graduação e suas pesquisas tem ênfase em Políticas Públicas para mulheres do
campo e da Cidade. É coordenadora o Grupo de Estudos e Pesquisas em Geografia, Mulher e
Relações Sociais de Gênero (CNPq), o único grupo de pesquisa que traz as palavras gênero e/ou
mulher no nome.
Na iniciação científica orientou o uma pesquisa sobre a violência doméstica num
assentamento rural e orientou as dissertações: Geografia e Gênero: O Espaço e o Lugar de Meninas
Amazônidas no Contexto da Violência e a Banalização do Corpo (Lyra, 2013) e Geotecnologias,
geografia e crime:espacialização da violência doméstica contra a mulher na área urbana de Porto
Velho-Rondônia (Ribeiro, 2014), que originou outras publicações sobre a violência contra mulheres
situadas no mapa de Porto Velho (Ribeiro e Silva, 2014; Ribeiro, Silva e Silva, 2015). Atualmente,
a professora desenvolve um projeto de pós-doutorado sobre violência contra mulheres indígenas e
orienta uma tese de doutorado sobre violência contra mulheres.
Katia Fernanda Alves Moreira
Graduada em Enfermagem pela Universidade de Pernambuco (1981), mestra em
Enfermagem pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (1994) e Doutora em
Enfermagem, em Saúde Pública pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/Universidade de São
Paulo (2003), a professora Kátia Fernanda Alves Moreira é docente do curso de Enfermagem e do
mestrado profissional em ensino em ciências da saúde. Nos anos de 2010 a 2011 desenvolveu o
projeto 'Violência contra a mulher em Porto Velho-RO' com financiamento do Ministério da Saúde.
Desde então publicou e orientou trabalhos sobre a violência contra as gestantes atendidas nas
unidades de saúde em Porto Velho (Moreira et all, 2012), a (in)visibilidade da violência contra a
mulher no distrito de Jacy-Paraná (Kátia Moreira e Pinheiro, 2010), o Perfil epidemiológico de
violência contra a mulher a partir de agressões notificadas no município de Porto Velho-ro (Moreira
et all, 2015) e a violência doméstica em puérperas da área de abrangência de uma unidade de saúde
da família (usf) em Porto Velho-RO.
Cabe ainda acrescentar à lista de pesquisadoras, Nilza Menezes Lago, Chefe do Centro de
Documentação Histórica do Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, cuja tese, em Ciências da
Religião defendida em 2012 na Universidade Metodista de São Paulo, versou sobre relações entre
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violência de gênero e o processo de masculinização das lideranças das práticas religiosas afro-
brasileiras em Porto Velho.
A situação das produções em Rondônia retratam a identificada no Brasil em 2005 por
Miriam Grossi, Luzinete Simões e Juliana Cavilha(2006), quando poucos homens haviam tomado a
violência de gênero como objeto de estudo. Em Rondônia Ari Ott, já mencionado, e Sérgio Nunes
de Jesus tiveram projetos de pesquisas sobre o tema. Sérgio Jesus é professor do Instituto Federal de
Rondônia da cidade de Cacoal, tem formação na área de letras e educação, desde 2016 desenvolve a
pesquisa ‘Violência contra a mulher: Impactos sociais (um olhar a partir dos boletins de ocorrência
- sob a perspectiva da análise de discurso)”, com a participação de duas estudantes.
Outros professores, mesmo não tendo como foco central a violência contra as mulheres em
suas pesquisas, orientaram trabalhos sobre o tema como os professores do departamento do direito
Sebastião Araújo e David Alves Moreira. Atuando como orientadora também foi possível
identificar Josélia Gomes Neves (UNIR), que orientou 3 trabalhos de conclusão de curso de
graduação em pedagogia que trataram sobre Violência contra a mulher em Ji-Paraná-RO (Pereira,
2006), mulheres vítimas de violência doméstica e seu grau de escolaridade (Alves, 2014) e
violência de gênero no contexto indígena (Kuzma, 2015). A professora também lidera o Grupo de
Pesquisa em Educação na Amazônia GPEA, em que há uma linha de pesquisa sobre 'Coisas do
Gênero: currículo, violência, memória, etnia e direitos reprodutivos', que organiza diversos eventos
sobre violência contra mulher.
Além disso, há pesquisadoras, cujos trabalhos tangenciam a questão da violência contras as
mulheres. A professora Cledenice Blackman (IFRO), por exemplo, descendente de antilhanos e
cuja pesquisa de mestrado versou sobre os estereótipos relacionados a presença dos antilhanos nos
livros de história sobre Porto Velho, salientou se debruçou sobre a violência simbólica presente no
modo que as antilhanas eram caracterizadas: prostitutas. Na mesma perspectiva, a professora Lilian
Moser, também tratou da invisibilidade da mulher na História da Colonização em Rondônia em sua
pesquisa. Além deste projeto, a professora visando, produzir uma atividade de extensão e a cartilha
'Mulher negra : Em busca da Identidade Feminina', também investigou sobre o atendimento salões
de beleza e cabelos afros na cidade de Porto Velho, onde encontrou uma 'violência visual' que nega
a beleza afro. Essas informações foram levantadas no dia 24 de novembro, mês da Consciência
Negra quando foi realizada a mesa 'Violências Contra As Mulheres Negras', com a participação de
Ana Maria Ramos, Cledenice Blackman, Lilian Moser, Marcela Bonfim e Alyne Mayra.
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Algumas Considerações
A partir de 2003, quando foi instituída a primeira pós-graduação stricto sensu na área de
ciências humanas, e após 2006, ano da promulgação da Lei Maria da Penha, as pesquisas se
intensificaram em Rondônia. As produções, nesse sentido, se concentram nas áreas das pós-
graduações ofertadas como geografia, psicologia e desenvolvimento regional. Projetos de pesquisa
e trabalhos de conclusão de curso de graduação e especialização também foram produzidos sobre o
tema nas áreas de saúde, direito, pedagogia, enfermagem e serviço social.
Na Universidade Federal de Rondônia, as pesquisas sobre violência contra mulher têm sido
desenvolvidas principalmente por 4 mulheres professoras: Arneide Cemin (Antropologia), Maria
Ivonete Tamboril (Psicologia), Maria das Graças Silva (Geografia) e Kátia Fernanda Moreira
(Enfermagem). Estas também têm oferecido disciplinas sobre gênero, orientado iniciação científica,
dissertações e especializações. Todas estão vinculadas ao campus de Porto Velho e, exceto
Fernanda, todas também fizeram suas graduações na Federal de Rondônia.
Ao traçar o estado da arte da produção científica sobre mulheres e gênero Universidade
Federal de Rondônia, Patrícia Kley (2017) identificou 25 dissertações no total de 752 dissertações
defendidas nos anos de 2002 a 2015. A autora classificou as dissertações em 4 categorias: Saúde,
Educação Violência, Mulheres Indígenas, Identidade e Abuso Sexual. Na categoria violência
identificou apenas 6 dissertações Edna Wobeto (2013), Clícia de Souza (2009), Mariangela Aloise
Onofre (2009), Joelma Nascimento (2011), Ana Carolina Teixeira (2011), Maria Liliane dos Santos
(2013). A autora não incluiu as dissertações na área de geografia como os de Maria Ivanilse Calderon
(2013) e Ana Paula Lyra (2013). Ainda assim, as produções são limitadas, são 8 no total de 752, isto
é, pouco mais de 1% das dissertações num estado intensamente violento e feminicida como
Rondônia. Todas as dissertações foram orientadas por professoras feministas.
. Também foram identificados 15 trabalhos de conclusão de curso de graduação (direito,
psicologia, pedagogia e ciências sociais) na Universidade Federal de Rondônia, 5 trabalhos de
conclusão de cursos de graduação e uma de especialização na Universidade Luterana do Brasil
(ULBRA) e 8 trabalhos de graduação e 5 de pós-graduação distribuídos nas seguintes instituições:
Faculdade Interamericana de Porto Velho, Faculdades de Educação de Jaru - UNICENTRO,
Faculdades Integradas de Cacoal - UNESC, Faculdade de Ciências Humanas, Exatas e Letras de
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Rondônia, Faculdades Integradas Aparício Carvalho - FIMCA. Os trabalhos foram desenvolvidos
nos cursos de Serviço Social, Direito e Psicologia.
Em resumo, as produções identificadas se debruçaram sobre: indígenas, gestantes,
campesinas, conjugalidade, políticas públicas, redes de enfrentamento, abrigos, espacialização da
violência, amor, estupro, legislação, o papel da (o) assistente social, práticas afro-religiosas, redes
sociais, agressores e perfil epidemiológico. Exceto as monografias da área do direito, que
apresentam análises jurídicas, a maioria das pesquisas empíricas discorrem sobre Porto Velho e
poucas cidades do interior: Cacola, Jaru, Jaci, Ji-Paraná e arredores de Guajará-Mirim.
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Gender and Violence on Rondonian academic productions
Astract: This paper presents an analysis the research of Rondonia's universities academic
productions about gender and / or women and violence. The research was made on libraries and
oline consultations and by interview with gender researchers, during the 16 days of activism
Against Gender-Based Violence. Rondônia is a brazilian state since 1981. The same year was
created its the public university. The productions on gender, women and violence date from 1999,
under tutorial of professor Arneide Cemin, pioneer researcher on the subject. The academic
production has intensified after 2003, when the first graduate was instituted, and mostly after 2006,
the year of the promulgation of the Maria da Penha Law. Geography, psychology and regional
development, as well as social service, law, pedagogy and nursing are the major areas of the
academic production. The top researchers are women who work in the areas of anthropology,
psychology, geography and nursing. The productions focus on: indigenous, pregnant, peasants,
conjugality, public policies, coping networks, shelters, spatialization, love, rape, legislation, the role
of social worker, aggressors and epidemiological profile.
Keywords: Gender. Violence. Rondônia.
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